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Palmenallee - Boulevard Hermann Wendeburg, Rua das Palmeiras, início do século XX. |
Por que o pesquisador August Johann Ludolf von Eye não aceitou o convite de Hermann Blumenau para migrar para sua colônia, no Vale do Itajaí. Ele migrou para o Rio Grande do Sul.
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Do livro: "Colônia Blumenau - no Sul do Brasil" - Gilberto Schmidt Gerlach - Bruno Kilian Kadletz - Marcondes Marchetti. |
Como fonte de dados históricos, sem dúvida, algumas cartas e discursos são fontes inquestionáveis. Apresentamos a carta de Hermann Bruno Otto Blumenau enviada para August Johann Ludolf von Eye. Ele também é conhecido como Johann Ludolph August von Eye Von. A carta está publicada no livro Colônia Blumenau - no Sul do Brasil,na página 225 do Tomo I. Eye nasceu em 24 de maio de 1825 na cidade de Fürstenau, distrito de Osnabrück, Baixa Saxônia - no território da atual Alemanha. August Johann Ludolf von Eye foi poeta, filósofo, escritor, historiador e pintor cultural e de arte.
Eye nasceu em uma família nobre da Baixa Saxônia. Era o filho mais velho do secretário municipal Friedrich Ludwig Von Eye e de Justine Marie Agnese Von Eye. Em 1845, Eye ingressou na Universidade de Göttingen para estudar direito, mas logo se voltou para estudos filosóficos e históricos, os quais prosseguiu na Universidade de Berlim. Durante seus estudos, em 1845, ele se tornou membro da Old Berlin Burschenschaft Germania.
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O mais conhecido de seus livros: Leben und Wirken Albrecht Dürers - Vida e obra de Albrecht Dürer (Nördlingen 1860), esta uma publicação de 1889. |
Em 1853, August Johann Ludolf von Eye foi nomeado por Hans Philipp Werner von und zu Aufseß (1801–1872) para o cargo de chefe das coleções de arte e antiguidades no Germanisches Museum em Nuremberg. No cargo, ele organizou, catalogou e aumentou as coleções, as quais, ao mesmo tempo, lhe forneceram material para pesquisa de história da arte e da cultura.
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Barão Hans Philipp Werner von und zu Aufseß (1801- 1872), arqueólogo alemão e fundador do Germanisches Museum, atual Museu Nacional Germânico, em Nuremberg. |
Ainda em Nuremberg, em 17 de fevereiro de 1856, Eye se casou com
Friederika Christiana Eugenia Wilhelmina Ludmilla Wasser. No final da década de 1860, trocou correspondência com
Hermann Blumenau. Em 1875,
Eye aceitou um cargo na
Escola de Artes e Ofícios de
Dresden, até que, em 1879, se mudou para o Brasil, onde se dedicou aos esforços de colonização alemã, passagem registrada no livro
Der Auswanderer,
O Emigrante,
Berlim 1885. Até que ponto houve influência de
Hermann Blumenau para
Eye migrar para a América do Sul?
Uma das cartas do fundador da
Colônia Blumenau,
Hermann Blumenau para o pesquisador da Alemanha,
August Johann Ludolf von Eye. Detalhe: a troca de cartas foi feitas quando
Hermann Blumenau se encontrava na
Alemanha. Quem administrava a
Colônia Blumenau neste período, por 4 anos, era
Hermann Wendeburg.
De acordo com
José Ferreira da Silva, na página 85 de sua publicação -
História de Blumenau, Hermann Blumenau embarcou para a Europa - sem previsão de retorno - como representante do governo brasileiro, para contornar as
denúncias de maus-tratos ao imigrante "alemão", principalmente nas fazendas de café, onde este vinha ocupando paulatinamente o lugar da
mão de obra escrava. E também para apresentar, através de
propaganda de convencimento, as "vantagens" para que os "alemães" migrassem para o Brasil e para a
Colônia Blumenau. Hermann Blumenau partiu para Europa em 18 de março de 1865, onde permaneceu por 4 anos. neste intervalo de tempo trocou correspondência com
Von Eye, sendo esta aqui publicado trocada no ano que retornou para o Brasil.
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Hermann Bruno Otto Blumenau escreveu para August Johann Ludolf von Eye do território onde está a atual Alemanha. |
Hamburg, 31.07.1869.
Prezado senhor!
A sua preciosa carta do dia 8 deste mês eu me apresso em me desculpar que somente hoje a respondo. Já há mais tempo me sinto bastante mal e todo esforço mental me cansa muito. Por outro lado, eu tinha, embora não quisesse, muitas outras obrigações a fazer.
Em consideração a isto, espero que o senhor perdoe o meu longo silêncio. Atualmente nem consigo mais escrever “manu própria”, mas sou obrigado a ditar; tenho muito trabalho e complicações contra as quais há mais tempo enfrento e que há uns 8 - 9 meses, me prejudicaram muito e no final me esgotaram, tanto mentalmente como fisicamente. Não fosse este o caso, eu teria que embarcar o mais tardar no dia 15 de agosto para o Brasil. Não foi possível e agora, infelizmente, isto acontecerá no dia 15 de setembro. Sobre a sua honrada missiva, lhe agradeço de coração pela maneira amigável e sábia com a qual o senhor outra vez me conduziu ao sentimento estimulante de justiça. Cartas como a sua, são um real raio de luz na luta contra a burrice e as limitações - principalmente com a baixeza por outro lado, com as quais Sturz e os redatores do jornal por ele influenciados, há mais tempo me denegriram e não deixaram nenhum cabelo bom em mim. Em última instância, isto não lhes ajudou muito. A emigração alemã para o sul do Brasil está crescendo consideravelmente e seria ainda maior no futuro se o Ministro da Agricultura regente ou por cegueira incompreensível ou por motivos políticos não tivesse desencadeado perseguições, provavelmente por carência no conhecimento sobre tudo relacionado com colonização não teria virado de cabeça para baixo todas as medidas imigratórias e colonizadoras, empurrando o Brasil para mãos inimigas e dando um pontapé nas florescentes colônias alemãs. Os raros e venenosos ataques e os infames meios odiosos com os quais - nominalmente diversos folhetins de Berlin aceitaram as mais palpáveis mentiras de Sturz, que foram consequentemente revidados por mim.
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Johann Jacob Sturz, Cônsul Geral do Brasil na Prússia - 1878. |
Isto é apropriado para me amargurar a vida e
continuar a luta por mais tempo. Eu ficarei feliz - estiver novamente em Blumenau, pois se lá nunca me faltaram duras lutas, do mesmo não me faltará árduo trabalho. Não serão estas miseráveis provocações, com a qual uma parte da Imprensa alemã perseguiu a mim e à boa causa, que me farão desistir.
Mas o senhor, prezado senhor, denomina Sturz um pedante amargurado, ele é mais do que isso e um dos piores caracteres que durante minha muito movimentada vida pude encontrar, um perfeito jesuíta e fingido, para quem qualquer meio é útil para espraiar o seu narcisismo e ânsia de vingança - duas de suas qualidades mais salientes. Isto muitos poucos sabem, e talvez muitos não o queiram saber, para não terem que confessar que se enganaram assustadoramente e que foram dopados. Se o senhor ler as coisas que lhe envio encadernadas e observar profundamente as ações de Sturz, o senhor chegará convicto à conclusão de que eu não exagero. Contudo, isto é profundamente lamentável, que uma tão enorme capacidade de trabalho esteja ligada a significativos, e também desordenados, conhecimentos e inteligência de seus proprietários e que de maneira tão asquerosa são difundidos, sendo usados somente para atrapalhar e destruir, e nunca de maneira continuada produzir algo de bom.
Com a sua enorme capacidade de trabalho e carisma, Sturz poderia ter feito coisas enormes, mas preferiu se exibir em jornais para ser citado. Em vez de perseguir um plano, com persistência e calado para realmente realizar algo de grande. Com isto, ele chegou onde ele está, um produtor de projetos falidos, e que sobre tudo aquilo que não lhe serve lança bile e veneno. De momento, ele se ocupa em esclarecer aos berlinenses, que fortunas se poderiam produzir garimpando ouro no Paraguai. Eles mesmo quer ir para lá, como no passado foi para Dahomey. Eu posso lhe dar a certeza que a atual crua e simples atividade agrícola que o senhor conhece do passado, no Brasil dificilmente corresponderá as suas aspirações e não lhe serão suficientes para uma futura industrialização dos produtos para que lhe possam satisfazer as suas necessidades de subsistência e bem estar.
Antes de mais nada, são necessárias empresas para a fabricação do açúcar de cana e depois necessitam-se de máquinas para os moinhos, descascadores de arroz, serrarias, outros moinhos, olarias, máquinas para descaroçar algodão, compra e elaboração de tabaco para a exportação, máquinas para descascar e moer a mandioca, etc.
Saliento que recomendo, aos que pretendem emigrar, que antes se aperfeiçoem em primeira linha na fabricação de açúcar de beterraba, principalmente para os que já tenham, ou ainda possam adquirir, conhecimentos químicos e técnicos e só depois de um ano e meio emigrem. Infelizmente o número de homens jovens, que estejam propensos a abraçar tais atividades rurais técnicas e que estejam capazes não é grande. Os que no Brasil poderiam fazer os melhores negócios, raramente emigram, também é necessário algum capital para assumir tais empreendimentos ou conseguirem capitalistas dispostos a investir.
Estes costumam resistir, depois de algumas vezes terem sido enganados por conversadores, vigaristas ou incompetentes e por terem perdido seus investimentos. Quase todos empresários, tanto jovens como velhos, que investiram seus bens em tais empresas esperando sucesso e lucros, com os quais até agora tive contato, não conseguiram sair dos conflitos econômicos ou administrativos por terem sido muito bobos ou preguiçosos para com conhecimento fundarem empresas, dirigirem com proveito e não o fizeram melhor que qualquer colono da Pommern o faria, às vezes até de modo muito pior ou tentam se dedicar a outras maneiras de produzir.
Outros técnicos, num total, até o momento, muitos poucos vieram para cá, embora para muitos destes, nas nossas colônias alemãs exista um território amplo e inexplorado. Por exemplo, em diversas colônias instalações para descaroçar o algodão bruto, para a fiação do mesmo a fim de transformá-lo em material para produção de sacos ou outros tecidos brutos, seria certamente um negócio rendoso e poderia com relativamente poucos recursos ser mantido porque no início pouca coisa necessita ser investida.
Somente descaroçar e o fiar, poderia ser um negócio magnífico, porque em todas as colônias existem incontáveis tecelões que poderiam com grande vantagem dedicar 6 a 8 horas por dia do tempo que lhes resta da atividade na terra. Eu, infelizmente, não tive o tempo de me dedicar o esforço necessário e conseguir um homem capacitado, que deva entender com profundeza esta atividade, para a instalação de uma pequena fábrica deste ramo.
Com poucos milhares de Thaleres, o negócio poderia começar a ser organizado. Sim, seria inadequado e incompreensível começar de maneira grande demais. Altos impostos de importação, por antecipação não garantem o lucro.
No ramo da agricultura e principalmente na indústria, necessitamos urgentemente da inteligência e sua representação, por exemplo, para a educação e ensino da juventude.
Também aqui as duas premissas devem ser úteis sendo corretas e práticas. Portanto, eficientes e laboriosos professores primários, os quais para os seus circunstantes e para a juventude ensinar, não somente ensinem a ler, escrever e calcular, mas que também estejam capacitados para atuarem através de seus conhecimentos estejam dispostos a ensinar coisas úteis. Pessoas, por exemplo, que sejam capazes para o ensino e que também entendam algo de apicultura, sericultura, fruticultura e vinicultura para que possam ensinar a vizinhança. Infelizmente estas pessoas não são muitas, raramente emigram e as escolas no Brasil, nem sempre oferecem atraentes vantagens.
Os colonos, que formam a grande massa dos habitantes das colônias, não gostam de gastar muito, costumam gastar muito pouco para o ensino e não valorizam um bom ensino para seus filhos. O professor muitas vezes deve ser formado e encontrado no próprio circulo de influências da colônia. Com o passar do tempo, isto certamente irá melhorar, assim que melhore o bem estar da massa dos colonos muito pobres que para cá vieram. Até agora a frequência escolar na maioria das localidades ainda é muito insatisfatória e principalmente para professores de classes superiores, o terreno das possibilidades é particularmente não recomendável, bem como o é para os Estados Unidos.
Do citado até agora, prezado senhor, poderá mais ou menos, concluir, se uma emigração para uma de nossas colônias lhe servirá. Eu lhe aconselho, pensar profundamente e MUITO bem antes de tomar uma decisão irrevogável.
Sugiro-lhe antes de se decidir fazer uma viagem ao Brasil e observar a coisa no local. É uma terra bela, mas só disso não se pode viver física ou mentalmente, a não ser vegetar. Por outro lado, o convívio com a natureza livre, apesar das atrações que nela se encontra, não oferece com o passar do tempo, uma compensação. Para mim, muitas coisas que antes me oprimiam e torturavam, fui obrigado a superar. No Brasil encontrei alguns homens que se tinham como muito bem educados, o que em verdade, em parte, realmente o eram, que se sentiram desconfortáveis e infelizes, porque sacrificando a sua comodidade e inércia e nem sempre conseguiam comer e beber tão bem como no passado o faziam muitas vezes às custas de estranhos. Cada um que pretende emigrar deve conhecer a si mesmo, saber do que ele é capaz de fazer ou tolerar. Muitos não compreendem isto, quando finalmente reconhecem isto, regularmente acusam, não a si, mas o país ou a terceiros. Eu tive experiências muito amargas com estas pessoas.
O prezado senhor, certamente me acreditará, que, depois de ter, durante quase um quarto de século, trabalhando por minha causa, está no meu interesse, desanimar a alguém adequado e interessado em emigrar e principalmente assustar quem pretende vir para Blumenau. Eu vivi muitas coisas, a emigração decide muitas vezes sobre a felicidade ou infelicidade de uma família e eu posso, devo e quero me responsabilizar por esta decisão. Por isto eu lhe aconselho novamente, examinar a coisa no local para ver como as coisas são. Eu me alegraria imensamente se o senhor quiser me visitar no Brasil. Algumas coisas não servem para todos, o diarista, o pequeno agricultor, o profissional autônomo, e diversos industriais, assim como os jovens fisicamente e mentalmente sadios, de diversos e diferentes ofícios queiram, em nome de Deus, emigrar. Se trabalharem e se movimentarem fisicamente, quase sem exceções farão a sua felicidade. Já pessoas mais velhas, principalmente pais de família, devem encarar a coisa duas ou três vezes antes de darem o passo definitivo, a não ser que estejam em grande miséria e sejam pressionados pela necessidade.
Talvez, o que lhe escrevi com o meu melhor saber e consciência, não corresponda bem aos seus desejos e tendências, apesar disso espero e lhe peço de coração encarar a nossa colonização alemã-brasileira com um olho de bondade, e onde lhe seja possível interceder publicamente com a sua palavra.
A colonização necessita isto urgentemente e por todos os lados, porque tanto na Alemanha como no Brasil, onde muitos amigos, mas não menos inimigos e negativistas, por estreiteza de espírito ou mesquinhez do coração lutam contra a colonização. Ela tem uma muito grande importância futura para a Alemanha e para o seu povo. Isto por seu lado é triste e incompreensível que tantos homens, sob outros aspectos compreensivos, capazes de ver as coisas, bem intencionados não podem ver, ou não conseguem ver a vantagem da colonização, por causa de um enganador e conversador como Sturz. Uma minoria se esforça procurando, após intenso estudo, avaliar as condições, no final endurecem afirmando, mesmo tendo mudado de opinião, que se enganaram ou que foram enganados. Deste tipo é a maioria dos redatores de jornais políticos. Eles estão por demais ocupados para conseguirem se esclarecer profundamente. Devem e querem mesmo assim ter e emitir uma opinião e são por isto uma fácil vítima de um fabulista de sofismas, desde que este tenha o necessário carisma e safadeza para sempre e sempre novamente se insinuarem.
O Dr. Andrée, no Globus, já criticou diversas vezes, e de maneira bem dura e de modo algum injusto a estes senhores. Eu também teria bons motivos para isto, mas estou cansado destas brigas, deixo acontecer o que não posso evitar. Tenho em mão a carta do Sr. Räthensahner, redator do jornal Fränkischen Kurier de 29.04.1869, o qual, como parece, escreveu para um desejoso de emigrar e que me foi enviado por três ou quatro pessoas.
Um homem tão bravo e de boa vontade que aparenta ser, revelou a maior ignorância sobre o Brasil. Eu não consigo enfrentar todas estas opiniões tortas e inimizades, mesmo que já esteja melhor do que há 2 ou 3 anos.
Para poder enfrentar eu teria que manter um escritório com milhares de colaboradores capazes à disposição. Mas este não é bem o meu caso, ter tal ocupação que corresponda às minhas tendências e capacidades. Eu prefiro atuar e trabalhar, de preferência nos campos e matos em Blumenau do que na Alemanha, sentado numa escrivaninha onde um pouco de satisfação poderia sentir, mas foi onde perdi minha saúde.
Pela sua gentil e amiga lembrança futura também eu me recomendo.
Com alta consideração,
H. Blumenau.
Hermann Blumenau, contrariando teor da carta para Eye, retornou o território da atual Alemanha, definitivamente, em 1884 e viveu mais 15 anos longe dos campos e matos em Blumenau.
Considerando-se o teor da carta e as informações históricas, August Johann Ludolf von Eye se mudou para o Brasil,
6 anos depois. Não para residir na Colônia Blumenau, mas sim, em um local do Rio Grande do Sul. Não tivemos êxito em encontrar seu "rastro", embora tenhamos encontrado muitos nomes da família von Eye e a informação de que ele faleceu na Alemanha, na cidade de Nordhausen, em 10 de janeiro de 1896. Será que Eye conversou com Sturtz?
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As notícias que chegavam na Alemanha sobre a situação dos imigrantes no Brasil não eram muito boas, principalmente nas Fazendas de Café. Isso fez surgir o fiscal Hermann Blumenau, para averiguar a situação. O que ele fez? Campanha para a migração de pessoas de seu pais para as colônias do Brasil e para a Colônia Blumenau, sua empresa privada. |
Também comentamos que Hermann Blumenau, em suas palavras, sutilmente desenhadas, procurou tirar um pouco da imagem negativa - consequência do processo histórico da fundação da Colônia Blumenau, o qual foi testemunhado e narrado por - Johann Jacob Sturz, Cônsul Geral do Brasil na Prússia, em Berlim. Procurou obscurecer a veracidade de suas palavras, com outras, nada amáveis - usadas na carta.
Por meio do seu texto, Blumenau faz um alerta ao interlocutor, avisando de que o destino Brasil não poderia ser necessariamente aquilo que alardeou durante os primeiros momentos de sua história, no qual fez propaganda na região da atual Alemanha sobre as vantagens de se escolher o Brasil para residir, criando um impacto não muito positivo no Cônsul alemão, o qual que percebia o quadro um pouco diferente daquele propagado.
Hermann Blumenau conheceu Sturz no ano de 1843, quando viajou para a capital da Inglaterra, a trabalho - na época. A conversa entre os dois foi longa.
Foi durante esse encontro, foi quando Hermann Blumenau ouviu, pela primeira vez, as histórias sobre o Brasil, desde narrativas sobre a natureza e muito da propaganda de que o governo brasileiro vinha fazendo na Europa, para atrair imigrantes para desenvolver e povoar, o quanto antes, o inabitado Sul do Brasil - há muito tempo, região cobiçada pela Espanha. Foi o que atraiu a atenção para seu plano de fundar sua empresa, uma Colônia Agrícola.
E para terminar, aparentemente, Hermann Blumenau praticava Bullying, quando mencionava os colonos - principalmente aqueles oriundos de Pommern. Havia uma forma diferenciada de tratar as famílias, de acordo com a sua distância determinada no momento do assentamento em relação ao Stadtplatz da Colônia Blumenau e essa carta, parece materializar a forma de mencionar "colono" de maneira pejorativa.
Colono era todo aquele que chegava para residir em uma colônia, portanto, todos o eram, indistintamente.
Von Eye, A., Dr. Phil. viveu em Joinville por alguns anos (1881-1888). Em 1883 retornou à Alemanha após falecimento da esposa. Um dos seus três filhos, Ludwig, criou uma escola na vila, que foi incorporada em 1887 ao Liceu de Joinville (Gymnasium, da Associação escolar de Jlle-mais tarde Deutsche Schule). A filha, Marie von Eye (c.c. Rahe) também criou uma escola, de curta duração, em S. Bento. Em 1888 criou uma empresa denominada "Deutschbrasilianische Plantagegesellschaft" com projeto de plantações na Bahia e em Jlle, para exportação de papaína, abacaxi, banana. A plantação de mamão instalou em sua propriedade em Jlle, na rua 15, próximo à propriedade de O. Dörffel. A coisa toda aparentemente não tinha futuro, além de envolver recursos de terceiros. Uma história longa que foi exposta em artigos de jornal local. Mas von Eye estudou sambaquis na região e escreveu outros artigos sobre seus envolvimento com a criação de um museu na Alemanha. Brigitte Brandenburg, em 5 de março de 2025.
Um Registro para a História.
Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
@angewittmann (Instagram)
Referências
- BRASILIANA FOTOGRÁFICA. Instituto Moreira Salles. Álbum de Blumenau – Vista Parcial da Cidade – Acervo Pedro Corrêa do Lago. Disponível em: <http://brasilianafotografica. bn.br/brasiliana/handle/20.500.12156.1/2621> Acesso em: 30 de setembro de 2019 – 21:27h.
- GERLACH, Gilberto S.; KADLETZ, Bruno K.; MARCHETTI, Marcondes. Colônia Blumenau no Sul do Brasil. 1. ed. São José: Clube de cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019.
- SILVA, José Ferreira da. História de Blumenau. 2.ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 p.
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