Guten Abend Freunde!
Um pouco de música na noite.
Bis Morgen!
Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.Contatos:@angewittmann (Instagram)@AngelWittmann (X)
Bis Morgen!
Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.Contatos:@angewittmann (Instagram)@AngelWittmann (X)
- Reinhold Gaertner - 26 anos de idade, solteiro, natural de Braunschweig, sobrinho de Hermann Bruno Otto Blumenau;
- Franz Sallentien - 24 anos, solteiro, lavrador - (não foi somente lavrador e sua profissão era esta - o que todos teriam que ser ao chegar em um local desprovido de infraestrutura), natural de Braunschweig. Era agrônomo formado e na região em que nasceu e para onde retornou, ocupava um cargo burocrático;
- Paul Kellner - 23 anos, solteiro, lavrador, igualmente de Braunschweig;
- Julius Ritscher - 22 anos, solteiro, agrimensor, natural de Hannover.
- Wilhelm Friedenreich - com 27 anos de idade, alveitar, natural da Prússia, casado com ...
- Minna Friedenreich - 24 anos de idade, possuindo o casal os seguintes filhos;
- Clara Friedenreich - com 2 anos de idade;
- Alma Friedenreich - com 9 meses.
- Daniel Pfaffendorf - 26 anos de idade, solteiro, carpinteiro, natural da Saxônia;
- Friedrich Geier - 27 anos de idade, solteiro, marceneiro, natural de Holstein;
- Friedrich Riemer - 46 anos de idade, solteiro, charuteiro, natural da Prússia.
- Erich Hoffmann - 22 anos de idade, ferreiro, funileiro, também da Prússia;
- Andreas Kuhlmann - 52 anos de idade, ferreiro, igualmente da Prússia, acompanhado da esposa;
- Johanna Kuhlmann - 44 anos de idade, e das filhas;
- Maria Kuhlmann - 20 anos de idade;
- Christine Kuhlmann - 17 anos.
- Andreas Boettcher - 22 anos de idade, solteiro, ferreiro, natural da Prússia.
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Braunschweig em 1850. Fonte: Wikipédia. |
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Origem e região da Família Sallentien. |
É sinceramente de lamentar que pouco, muito pouco mesmo, se sabia do destino e mesmo da biografia dos primeiros 17 imigrantes aportados em 2 de setembro de 1850, à barra do Ribeirão da Velha, para dar começo ao estabelecimento fundado pelo Dr. Blumenau. Entre esses imigrantes , como se sabe, veio um jovem de 23 anos, de nome Franz Sallentien. E graças a um bisneto desse pioneiro, Klaus Sallentien, residente em São Paulo, que se deu ao trabalho de pesquisar o passado de seu ancestral, viemos a conhecer dados muito interessantes relacionados com os primeiros dias da Colônia Blumenau. Klaus, além de fornecer-nos importantes dados bibliográficos de seu antepassado, cedeu-nos cópias de quatro cartas de Franz Sallentien a seus familiares e algumas fotografias destes. José Ferreira da Silva, junho de 1970
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Localização da nova propriedade de Franz Sallentien, no território da atual Brusque, povoação de Águas Claras. |
“Aqueles que pretendem dirigir-se à minha colônia, via porto de Itajaí, serão ajudados pelo Sr. Franz Sallentien”.
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Caminho até a Foz do Rio Itahahi - barra do rio, percorrido pelos imigrantes que chegavam pelo mar até o porto. Mapa de 1828 - S. Sidney - Fonte: Pelos caminhos-antigos |
[...] Assim que Gärtner me arranjar as alianças na sua volta da cidade, festejarei meu noivado com Johanne Osterland, filha de um pobre trabalhador que vive nas proximidades de Neustrelitz. Tanto aspirei casar com uma moça afortunada, de índole rica e de virtude cristã, que estou muito feliz pela minha escolha. (...)Na sua chegada aqui em Itajaí eu fui o primeiro a ajudá-la, encorajando-a. Mais tarde ela viria a me dizer que ficara irritada com minha insistência sobre ela. Acompanhei-os até sua Colônia em Blumenau, onde havia somente uma casa, melhor dizendo, uma cabana. Ela começou a chorar amargamente, pois pensava que esta cidade fosse maior. Depois passei a observá-la melhor e vi que ela tinha um caráter ordeiro e aplicado. Seu cunhado logo percebeu que não dava para este trabalho na mata virgem e tratou de vender sua Colônia e vir cá para baixo (Itajaí) exercer sua profissão de marceneiro.Eu, na época, assumi o negócio de Meurer & Gärtner e deixei uma das casas de habitação para o marceneiro Hahn. (...) Resolvemos então, eu e Hannchen, vivermos um para o outro, não imaginem como nos amamos! Ela é uma boa moça, modesta, amável, uma alma magnificamente educada; ela é Hannchen, cara Hannchen, minha Hannchen, exclusiva. Façam uma imagem do seu caráter e índole, apesar de eu nunca desenhar ou pintar, imaginem esta figura de Hercules feminino. Sua idade é de 27 anos e ela exerce um poder sobre mim, em seus olhos castanhos vivos há um encanto mágico que me domina. Vou deixar o retrato inacabado e assim que houver uma oportunidade vou lhes mandar um retrato dela. No mais estou muito bem, bastante contente como podem imaginar e não poderia ser diferente ao lado de uma noiva tão amável. Com meus negócios também estou contente, há uma vida animada aqui, diariamente passam diante de minha casa carregamentos de madeira, que no momento têm um preço bem elevado. Mais detalhes sobre isso vocês saberão de minha carta para Heinrich. Por hoje me despeço e aceitem as mais cordiais saudações, minhas e de minha noiva.Gostaria de anexar algumas linhas para a avó, porem, por falta de tempo, fica para o próximo vapor.No amor de seu irmão, Franz Sallentien. Franz Sallentien - 26 de agosto de 1854.
No sábado, dia 10 de março, veio o Pastor Hölzel, da Colônia Dona Francisca, a quem eu havia convidado anteriormente, para celebrar meu casamento. Nos dias 11 e 12 tivemos a festa da matança. A 13, nós comungamos, minha esposa e eu, a irmã dela e seu marido, Gärtner, e os dois Kellner. Inicialmente foi entoada uma canção; depois o Pastor nos proporcionou uma primorosa prédica. Foi um dia emocionante que me sensibilizou muito. Há quase 5 anos, foi a primeira vez que recebi a Santa Ceia sem vocês. Tive a sensação de que estavam aqui; muito me lembrei dos nossos pais, achando que o espírito deles olharia bondosamente por mim, dando a bênção para minha vida futura. Oh, como me senti divinamente feliz enquanto rezava fervorosamente pela memória de meus pais, prometendo guardar e seguir sempre o exemplo deles.Dia 13 de março foi o dia do casamento, que passou tranquilo e alegre. Nos dias seguintes viajamos com o Pastor Hölzel para a Colônia Blumenau, escutamos uma forte prédica sobre o destino do homem e festejamos no outro dia o casamento dos Baumgarten. (NR: Julius Baumgarten, aproveitando a presença do Pastor Hölzel, casara-se com Margarethe Wagner). Franz Sallenntien, 24 de março de 1855.
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Fotografia feita quando a família viajou para a Alemanha, 1861. Fonte: GERLACH, 2019. |
Um "lavrador", com 34 anos de idade, viajando com a família do Brasil para a Alemanha em 1861, o casal e três crianças, com uma a caminho, com direito a registro fotográfico do momento.O comentário é para gerar a reflexão de o quanto os pioneiros eram descriminados na região do Vale do Itajaí, por aqueles que residiam nas centralidades das povoações. Também Dr. Fritz Müller, foi humilhado em Nossa Senhora do Desterro, quando não foi aceito por alguns, para ser professor de seus filhos, por também ser "colono". Até bem pouco tempo, na região, testemunhamos o uso pejorativo da expressão "colono".
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Vista de Braunschweig em 1861. Xilogravura de aproximadamente 1861. |
- Luise Wilhelmine Sallentien, nasceu em 11 de novembro de 1855. Afilhada de Luise Sallentien e Wilhelmine Hahn. Casou-se no território da atual Alemanha, em 25 de agosto de 1881, com Otto Drewes - pastor luterano (3 filhos). Faleceu em São Paulo em 24 de julho de 1940.
- Franz Max Sallentien, nasceu em 8 de maio de 1857. Afilhado de Reinhold e Maria Gaertner e Heinrich Sallentien. Casou-se em Braunschweig com Adelina Berta Hedwig Augusta Estefânia, em 16 de abril de 1895. (2 filhos)
- Paul Sallentien, nasceu em 30 de outubro de 1858. Faleceu no ano seguinte. Faleceu na Barra do Rio - Itajaí.
- Reinhold Paul Louis Sallentien, nasceu em 12 de novembro de 1859. Afilhado de Louise Hahn e Paul Kellner. Casou-se em Braunschweig com Mathilde Julie Adelheid Stephany, em 27 de agosto de 1898. (1 filha). Faleceu em faleceu a 29 de agosto de 1937, em Braunschweig.
- Minna Johanna Auguste Sallentien, nasceu em 5 de dezembro de 1861. Afilhada de Minna Schlueter e Auguste Schrader. Faleceu solteira, em Braunschweig, em 16 de janeiro de 1920.
- Karl Sallentien, nasceu em 13 de fevereiro de 1864. Faleceu um mês após o nascimento. Faleceu na Barra do Rio ltajaí Mirim.
- Ludwig Sallentien, nasceu em janeiro de 1864. Faleceu alguns dias após o nascimento, na Barra do Itajaí Mirim.
- Maria Madalena Sallentien, nasceu em 22 de julho de 1866. Faleceu solteira em Braunschweig, em 10 de julho de 1883
- Jinny Emilia Sallentien, nasceu em 20 de março de 1870. Não se casou. Faleceu em Kassel em 16 de fevereiro de 1876.
Meu pedido mais urgente é um Forte piano com algumas partituras. Na compra, procurem a ajuda do Sr. Böhme, que é um entendido, a quem envio minhas cordiais saudações. Vejam que o instrumento irá atravessar o Atlântico. É mesmo a música que me faz mais falta e isto irá me distrair muito. Se fizer a conta de quanto dinheiro eu teria gasto em concerto, etc. nestes 5 anos, teria gasto muito mais do que aqui economizei. Não acharão injusto e luxuoso este pedido, ainda mais que os negócios aqui agora vão muito bem. Já que meu quartinho tem boa aparência, uma banqueta bordada pela minha senhorita sobrinha seria bem vinda e iria conservá-la com muita honra. Uma peça de algodão fino e branco para 2 dúzias de camisas para mim, junto com uma peça de linho para peitilho e gola para estas camisas. Um ferro bem grande de passar roupa e 1 meio-quilo de linha de algodão para minhas meias. Para 6 janelas de divisória, chita brilhante, mas de cor firme para não desbotar com o sol forte daqui. E chita brilhante para forrar um sofá. Dois pares de lustres de porcelana, junto com as tesouras de pavio. Franz Sallentien , carta à família de 24 de março de 1855
As cartas Franz Sallentien traduzidas e compartilhadas pelo filho
Carta de 26 de agosto de 1854Minhas queridas irmãs!Suas cartas datadas de abril recebi-as certamente, e lhes agradeço muito por elas. Assim como me alegrei com elas, no entanto, a negativa de Jettchen vir para cá me deprimiu. Sei exatamente quão justas são as causas, cara irmãzinha, e seria injusto de minha parte querer insistir nisso. Mas este pensamento me era tão caro, pois há anos pensava nisso e via como seria lindo tê-la aqui. Destinei-lhe o meu quarto melhor e às escondidas pensei como poderia enfeitá-lo da melhor maneira: tinha reservado a melhor madeira preta de jacarandá para secar e surpreendê-la, na sua chegada, com um quarto lindamente mobiliado. Outras amabilidades havia imaginado fazer para você. Suas pretensões são, para mim, muito modestas. Rapidamente procurei algo para substituir esta decepção e espero que cause admiração em vocês a notícia do meu noivado. Como gostaria de estar aí e escondido observar o momento em que vocês estivessem lendo esta carta!Assim que Gärtner me arranjar as alianças na sua volta da cidade, festejarei meu noivado com Johanne Osterland, a filha de um pobre trabalhador que vive nas proximidades de Neu-Strelitz. Tanto aspirei casar com uma moça afortunada, de índole rica e de virtude cristã, que estou muito feliz pela minha escolha. (...)Na sua chegada aqui em Itajai eu fui o primeiro a ajudá-la, encoranjando-a. Mais tarde ela viria a me dizer que ficara irritada com minha insistência sobre ela. Acompanhei-os até sua Colônia em Blumenau, onde havia somente uma casa, melhor dizendo, uma cabana. Ela começou a chorar amargamente, pois pensava que esta cidade fosse maior. Depois passei a observá-la melhor e vi que ela tinha um caráter ordeiro e aplicado. Seu cunhado logo percebeu que não dava para este trabalho na mata virgem e tratou de vender sua Colônia e vir cá para baixo (Itajaí) exercer sua profissão de marceneiro.Eu, na época, assumi o negócio de Meurer & Gärtner e deixei uma das casas de habitação para o marceneiro Hahn. (...) Resolvemos então, eu e Hannchen, vivermos um para o outro, não imaginem como nos amamos! Ela é uma boa moça, modesta, amável, uma alma magnificamente educada; ela é Hannchen, cara Hannchen, minha Hannchen, exclusiva.Façam uma imagem do seu caráter e índole, apesar de eu nunca desenhar ou pintar, imaginem esta figura de Hercules feminino. Sua idade é de 27 anos e ela exerce um poder sobre mim, em seus olhos castanhos vivos há um encanto mágico que me domina. Vou deixar o retrato inacabado e assim que houver uma oportunidade vou lhes mandar um retrato dela.No mais estou muito bem, bastante contente como podem imaginar e não poderia ser diferente ao lado de uma noiva tão amável. Com meus negócios também estou contente, há uma vida animada aqui, diariamente passam diante de minha casa carregamentos de madeira, que no momento têm um preço bem elevado. Mais detalhes sobre isso vocês saberão de minha carta para Heinrich. Por hoje me despeço e aceitem as mais cordiais saudações, minhas e de minha noiva. Gostaria de anexar algumas linhas para a avó, porem, por falta de tempo, fica para o próximo vapor. No amor de seu irmão, Franz Sallentien.
Carta de 24 de março de 1855
Meus queridos irmãos! Faz 14 dias que não saímos do alvoroço. No sábado, dia 10 de março, veio o Pastor Hölzel, da Colônia Dona Francisca, a quem eu havia convidado anteriormente, para celebrar meu casamento. Nos dias 11 e 12 tivemos a festa da matança. A 13, nós comungamos, minha esposa e eu, a irmã dela e seu marido, Gärtner, e os dois Kellner. Inicialmente foi entoada uma canção; depois o Pastor nos proporcionou uma primorosa prédica. Foi um dia emocionante que me sensibilizou muito. Há quase 5 anos, foi a primeira vez que recebi a Santa Ceia sem vocês. Tive a sensação de que estavam aqui; muito me lembrei dos nossos pais, achando que o espírito deles olharia bondosamente por mim, dando a bênção para minha vida futura. Oh, como me senti divinamente feliz enquanto rezava fervorosamente pela memória de meus pais, prometendo guardar e seguir sempre o exemplo deles.Dia 13 de março foi o dia do casamento, que passou tranquilo e alegre. Nos dias seguintes viajamos com o Pastor Hölzel para a Colônia Blumenau, escutamos uma forte prédica sobre o destino do homem e festejamos no outro dia o casamento dos Baumgarten. (NR: Julius Baumgarten, aproveitando a presença do Pastor Hölzel, casara-se com Margarethe Wagner).Assim passou o tempo em dulci jubilo e, quando eu queria entrar em mais detalhes, Gärtner chegou com a notícia de que o navio, cuja partida estava prevista para alguns dias mais, iria zarpar ainda naquela noite. Vocês precisam me desculpar pelas notícias curtas que agora envio; preciso acertar assuntos de negócio com Gärtner, de forma que hoje não posso mais pensar em escrever. Permitam que Gärtner lhes contem intensa e detalhadamente tudo. Por intermédio dele envio algumas lembranças que peço aceitarem carinhosamente e repartirem entre vocês. Coroazinhas de flores e um pequeno e engraçadinho papagaio, que estava destinado a Jettchen. Infelizmente não posso mandar tudo agora; assim, seguem algumas pequenas lembranças doces do Brasil, etc. que vocês devem degustar, pensando em mim.Sinto muitíssimo que a viagem de Gärtner tenha se dado tão rapidamente. Gostaria de mandar muitas coisas pequenas que nos cercam e possam interessar a vocês; o pequeno papagaio vou mandar, mesmo assim eu ficaria contente se ele chegasse vivo; ele me deu muita alegria, é tão manso que me visitou muitas vezes na minha escrivaninha e sentou-se na minha cabeça; tenho ele já há muito tempo e por isto vocês vão gostar dele. Da mesma forma vocês recebem pelo Gärtner meu álbum, que – peço-lhes para completar; em muitas horas tirei grande consolo neste livro; peço encarecidamente de me devolverem prontamente. Gostaria de ter enviado também uma foto de minha esposa, mas foi impossível neste curto espaço de tempo. Anexo ainda, como pequena curiosidade, o cordão de um bugre que foi morto nas proximidades de Blumenau. Eles usam estes cordões no tornozelo, provavelmente para não torcerem os pés quando pulam. Vocês vão admirar também o firme, mas lindo trançado do arco e flecha que perderam na perseguição.Já são altas horas da noite e por isto preciso dar-lhes um cordial adeus. Da minha satisfação e felicidade, Gärtner vai lhes contar. Também, não podia ser diferente ao lado de uma jovem e amável mulher. Para finalizar, quero fazer ainda algumas encomendas que vocês, por favor, arranjem para mim. O dinheiro, se faltar, peço-vos que me emprestem. Devolverei por intermédio de Ch. M. Schroeder, de Hamburg. Sem dúvida será muita coisa pedida, mas não posso deixar de perder esta oportunidade.Meu pedido mais urgente é um Fortepiano com algumas partituras. Na compra, procurem a ajuda do Sr. Böhme, que é um entendido, a quem envio minhas cordiais saudações. Vejam que o instrumento irá atravessar o Atlântico. É mesmo a música que me faz mais falta e isto irá me distrair muito. Se fizer a conta de quanto dinheiro eu teria gasto em concerto, etc. nestes 5 anos, teria gasto muito mais do que aqui economizei. Não acharão injusto e luxuoso este pedido, ainda mais que os negócios aqui agora vão muito bem. Já que meu quartinho tem boa aparência, uma banqueta bordada pela minha senhorita sobrinha seria bem vinda e iria conservá-la com muita honra. Uma peça de algodão fino e branco para 2 dúzias de camisas para mim, junto com uma peça de linho para peitilho e gola para estas camisas. Um ferro bem grande de passar roupa e 1 meio-quilo de linha de algodão para minhas meias. Para 6 janelas de divisória, chita brilhante, mas de cor firme para não desbotar com o sol forte daqui. E chita brilhante para forrar um sofá. Dois pares de lustres de porcelana, junto com as tesouras de pavio. Colheres, facas e garfos que aqui são caros e difíceis de comprar. Um tacho grande de cobre para a cozinha, cabendo de 4 a 6 litros. Alguns cortes de chitas para vestidos de casa para minha esposa. Um pedaço de pano de linho. Retrós, linha de seda, lã safira em várias cores (Kannova). Sutach para enfeite de vestidos na barra e grega. Alguns lenços brancos de linho para mim e minha esposa. Agulhas de costura e agulhas de tricô. Fazenda listrada para aventais de trabalho, e mais fina para usar em casa. Com isto, termino. Olhem até onde vai chegar o dinheiro e me comprem tudo. Minha esposa gostaria de ter escrito uma linhas também, mas ela está ocupada em passar a roupa do Gärtner. Passem bem e aceitem saudações de minha esposa e de seu querido irmão, Franz.
Carta de 28 de março 1856
Minha querida irmã Luise!Enquanto estou escrevendo estas linhas minha pequena filha está deitada ao lado no quarto de minha esposa no berço e está tão divertida que às vezes, às gargalhadas e com sons incompreensíveis conta algo para a mãe, que está sentada no sofá ao seu lado e descasca batatas para o almoço. A criança está sempre tão bem e tão alegre, o que nos dá um prazer extraordinário. Se você visse a imagem deste circulo familiar você poderia compreender como estou feliz. A criança agora já tem 3 meses e se o Pastor Hölzel chegar de Dona Francisca iremos batizá-la. Pensamos em você, cara irmã, como madrinha de nossa filha e assim você seria minha comadre. Como você não vai poder estar no batizado, minha esposa irá substituí-la. Já demos o nome de Luise para ela. No dia do batismo nos lembraremos muito de você.O céu dê sua benção e deixe ficar esta criança boa e sadia, permanecendo assim, esse é o nosso desejo mais íntimo!Se estivermos todos com saúde e os negócios andarem bem, espero ir aí daqui a alguns anos, e talvez lhe deixar nossa pequena Luise para fazer seus estudos e educação, isto se você se submeter a esta tarefa. São somente ideias que só o tempo poderá confirmar.Certamente você deve estar zangada comigo por não lhe haver escrito antes. Mas realmente não foi possível. Se você soubesse o que aconteceu aqui nos últimos três meses, você me daria razão. Tive muito trabalho com a enchente, tornando-se muito difícil cuidar sozinho das coisas. Por dois meses inteiros estive na selva para colocar em ordem os negócios com os engenhos de serraria. Minha esposa, nesse tempo, teve que gerir os negócios em Itajaí. Um dia antes da Páscoa coloquei tudo em ordem nos engenhos e passei com muita alegria a Páscoa em casa. Foi uma grande festa após ter me ausentado dois meses de casa. Mas tenho muita coisa para colocar em seu lugar e desta forma o trabalho nunca chega ao fim. Estamos sós, pois não queremos nenhuma pessoa estranha em casa; em parte para poupar dinheiro, por outra para podermos estar mais a vontade, agradavelmente. Daí você pode imaginar que minha esposa tem bastante coisa para fazer. Cozinhar, manter a casa limpa e ainda uma criança pequena que deve ser cuidada nos ocupa o dia todo, daí não sobrar tempo. Também faço o papel de babá, o que faço com muito prazer e, como disse, evitar empregar uma pessoa estranha. Meu negro é muito ativo; ao anoitecer tem que arrumar lenha e água na cozinha e até pode olhar pela casa.Nossos negócios agora vão bem novamente, se bem que a enchente nos colocou bem para trás. (Tivemos um prejuízo de no mínimo 30.000 réis.) Assim, espero que se tudo correr bem até o fim do ano que vem teremos recuperado mais ou menos o prejuízo. Também não devemos ter rancor pelo prejuízo sofrido porque 1.000 réis a mais ou a menos não é motivo para tal. Tinha que acontecer e o melhor é se acalmar. No mais tudo vai bem. Kellner está outra vez bem de saúde e já trabalhando. Deveremos ter nos próximos meses uma guerra formal contra os “bugres”; para isso teremos que nos armar. Gärtner lamentará não estar aqui agora para tomar parte nesta aventura.Além disso, fundamos uma empresa de mineração de ouro e cavaremos em nossas terras. Já achamos alguma coisa, mas os trabalhos preliminares são bastante difíceis. O Diretor da empresa é um californiano que afirma haver ouro em maior quantidade que lá na Califórnia. Veremos no que vai dar. Se acontecer haverá grande atração pelo lugar, vindo muita gente para a região.Agradecemos às encomendas solicitadas, minha esposa está muito contente com o pano, a fazenda e manterá em honras a memória de nossa mãe bondosa. Minha esposa acha tudo muito bom, mas está receosa quanto ao pagamento das coisas que saem do ordenado que passo para ela. A relação das despesas peço entregar ao Gärtner para que eu possa providenciar a remessa do dinheiro para Hamburg. Com as cordiais saudações de minha esposa para você bem como a todos que se lembram de mim com alegria. Seu irmão, Franz.
Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.Contatos:@angewittmann (Instagram)@AngelWittmann (X)
Referências
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Parte da História da Oktoberfest Blumenau - Os Högls em dois períodos históricos (Décadas de 1980/1990 e 2020) e a canção "Hallo Blumenau". |
Músico mostra amor por Blumenau
Blumenau - A grande atração da Oktoberfest, o músico e compositor Helmut Högl, no dia de seu aniversário, lançará oficialmente a música que dedicou a Blumenau e sua festa popular. A música já é grande sucesso no Brasil, mas seu autor faz questão de dizer que a composição é apenas uma homenagem.O criador de "Hallo Blumenau!" é mais modesto do que se esperava: "A música é uma criação familiar", salienta. Ele recebeu a ideia do filho Michael, também integrante da banda e da mulher, Sonir, uma brasileira que ensina todos a falar português. Logo depois da quarta Oktoberfest, no ano passado, durante a viagem, começaram a conversar sobre o assunto, saindo uma composição, que pode não ser uma "obra de arte", mas que o povo e turistas da cidade já consagraram como um verdadeiro hino à festa de outubro.Helmuth e seu grupo ensaiaram ontem à tarde no Pavilhão A da PROEB, e, mesmo com a privacidade solicitada pelo líder do grupo, a segurança teve dificuldades em conter o público que pretendia assistir ao ídolo em seu ensaio. Högl ficou impressionado com o grande movimento, orgulhando-se por sempre ser convidado a participar da festa: "Se fosse apenas para ganhar dinheiro, nem sairia de casa. Eu gosto do pessoal, e, se é para trazer alegria da Alemanha, faço questão de vir sempre. Diário Catarinense, 11 de outubro de 1988
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Helmut Högl e banda tocando na Prefeitura Municipal de Blumenau, 1988. Acervo: Reinhold Klotz. |
Eu era uma das fanáticas que ficava na frente do palco. Depois dos Beatles, Högl foi meu ídolo, disse a escritora Urda Alice Klueger. O que encantou milhares de pessoas, como Urda, foi a simpatia do músico, a animação e o profissionalismo da sua banda. Sem contar o eterno voto de amor a Blumenau e ao Brasil, que Högl fazia questão de promulgar. OGEDA, 2001
Hallo Blumenau,Bom dia Brasil,Dezessete dias de foliaMúsica, cerveja e alegria
Hallo BlumenauBom dia BrasilSchön ist wieder hier bei Euch zu seinHier lacht auch bei Regen Sonnenschein
Hallo Blumenau,Bom dia BrasilHoje todo mundo está cantandoHoje todo mundo está dançando
Hallo BlumenauBom dia BrasilDezessete dias de folia,Música, cerveja e alegria,
Hallo Blumenau,Bom dia Brasil,Schön ist wieder hier bei Euch zu seinHier lacht auch bei Regen Sonnenschein
Hallo Blumenau,Bom dia oh BrasilFestas para o povo da cidade,Música pra nossa mocidade.
Hallo Blumenau, Bom dia oh Brasil,Oktoberfest em Blumenau, Festa cada vez mais legal.,Freu mich schon das ganze Jahr auf EuchEuch zu sehen, euch Freunde
Hallo Blumenau,Bom dia Brasil,Alles gut, alles BlauAlles Himmelblau in Blumenau
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Michael Högl, em pé, no centro . |
Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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Referências