quinta-feira, 30 de abril de 2015

A Plano de Mobilidade Urbana e a cidade de Blumenau

Fortaleza, bairro que adensou sem critérios 
Hoje participamos da apresentação das Diretrizes do Plano de Mobilidade Urbana por parte da Secretaria de Planejamento - SEPLAN - da cidade de Blumenau - no espaço da ACIB.
A partir de uma legislação federal, desde abril deste ano, não somente de Plano Diretor deve estar munido os municípios com mais de 20 mil habitantes. Deverão estar também, munidos com um Plano de Mobilidade Urbana - se não assim for,  não terão direito a repasse de verbas públicas
Participamos da apresentação, a última de três apresentações, promovida pela ACIB e fomos ao evento um pouco céticos, a partir das últimas ações desta mesma Secretaria quanto ao método, sistema de ações e diretrizes com relação aos espaços da cidade
Porque não se pode discutir os espaços e planejamento de uma cidade a partir do foco de uma questão somente  - no caso, mobilidade - desconsiderando todos os demais agentes que a compõem. Esta é a causa e um dos grandes erros, em nossa opinião, de existir tantos conflitos no espaço de Blumenau no momento presente.
Paisagem nascendo com conflitos evidentes dentro de espaços já  com conflitos - Vila Nova
"Gastamos" dedos, tempo e saliva, durante a campanha da atual gestão municipal tentando chamar a atenção para estas questões da cidade.

Relembrando...
A cidade é um organismo vivo que "respira" e muda sua configuração a todo momento,  interruptamente. Em seus espaços ocorrem as relações sociais e se no Brasil, todo o dia, um casal se casa e no outro, se divorcia, também ela - a cidade muda, porque o espaço desta nova configuração desta relação social ou das relações, são outros.
Um tempo - em Blumenau - no qual, eram observados os locais dos pontos focais, além dos naturais...

Todo o tempo, como organismo vivo - seus espaços devem estar sendo observados, analisados a partir de uma equipe técnica interdisciplinar - Não importa o nome do órgão público que a receber. Os assuntos deste organismo devem ser estudados, analisados separadamente, considerando a totalidade - o corpo total -  que em se tratando de cidades próximas a nós - está doente.
Centro Histórico largado à própria sorte há muito tempo

A sociedade, que faz a cidade pulsar e ocupa seus espaços, tem sua importância durante o levantamento do diagnóstico e a definição da patologia desta cidade por parte da equipe técnica interdisciplinar, pois ela sabe onde "dói".
 É importante, para que esta equipe de profissionais técnicos elabore projetos nas mais variadas escalas a partir de reformulações pautadas em um diagnóstico levantado a partir de pesquisas e números, que são diuturnamente variáveis, para então, promover uma sugestão do "tratamento" patológico, ministrado por profissionais da área através de um projeto de intervenção. Pessoas leigas não devem ministrar e gerir estes projetos de intervenção urbana.
Apreciamos citar um exemplo de analogia para a compreensão de todos, independentemente de sua formação profissional a partir da ideia que a cidade é um organismo vivo.
Se a mãe de qualquer pessoa estiver aparentemente muito doente, com dores fortes no coração - suponhamos que, figurativamente, este corpo materno seja a cidade e  a sociedade será reapresentada pelos familiares da paciente quando esta, não for mais auto-suficiente, por conta da  doença. Os familiares informarão todos os dados, em forma de descrição à equipe técnica médica que se responsabilizará por providenciar exames adequados, medicamentos e a partir da leitura destes, concluirá um tratamento local ou geral adequado à cura da patologia do paciente, podendo ser a partir de uma intervenção, dieta ou novos hábitos. Ou as três opções ministradas no momento certo de acordo com parecer técnico. Esta equipe técnica jamais poderá solicitar opinião dos familiares, quanto ao local de uma possível intervenção cirúrgica, quanto mais se esta for cardíaca. Perguntar, por exemplo, a opinião das pessoas onde deverá ser colocada uma ponte de safena. Muitos "acharão" alguma coisa, sem a fundamentação técnica e de conhecimento, mas de opinião de vontades e muitas vezes de vaidades.
Podemos contribuir com a equipe, mostrando a doença, o local do mal estar e o período que ocorre o mal, mas nunca ministrar o tratamento e tampouco, sugerir o local da intervenção e ministrar a medicação.
Hoje, durante a apresentação das Diretrizes do Plano de Mobilidade de Blumenau, nos surpreendemos duplamente. No primeiro momento percebemos diretrizes a partir da presença de uma equipe técnica, muitos dos quais conhecemos profissionalmente. Percebemos o trabalho de uma equipe técnica  interdisciplinar que há muito tempo não percebíamos na cidade de Blumenau. A exposição das Diretrizes do Plano em andamento foram e estavam de acordo como deve ser o procedimento de uma equipe interdisciplinar. Se não foi feito o Plano,  exigido em abril, e de lá até agora, percebemos que existe um trabalho pautado no conjunto do organismo da cidade e não somente na questão da mobilidade urbana, como deve ser de fato, em se tratando de um trabalho sólido. A apresentação mostrou  um trabalho elencado no desenvolvimento dos planos urbanos, de maneira histórica e neles fundamentados, como se fosse observado o "prontuário médico" dos "últimos tratamentos". Coerente.
Muitos "acharão" e responderão movidos por vaidades e motivos políticos a exemplo da agressão verbal ao Secretário da SEPLAN de Blumenau no final do evento - hoje. Lembremos - o foco deve ser sempre a Cidade de Blumenau - para isto é necessário extrair vaidades e espaços políticos. 
Dentro do planejamento urbano, o acompanhamento preventivo deve ser uma prática constante dentro de uma equipe técnica permanente.
Bairro Bom Retiro - Pressão do ramo Imobiliário para verticalizar
Se a legislação federal cobra um Plano de Mobilidade, a administração municipal tem dados suficientes para elaborar, dentro de uma equipe profissional um trabalho satisfatório diante da emergência, por que não? São profissionais e fazem parte da folha de pagamento da Prefeitura Municipal de Blumenau, também para isto. Qual é o problema? Este trabalho não é definitivo e sim, emergencial.
Para quem não sabe, existem escritórios vendendo Planos Diretores para pequenas e médias cidades, onde os mesmo só tem contato prévio com a realidade local no momento dos trabalhos contratados. Nesta apresentação percebemos a existência de uma equipe técnica, parte da administração pública, que trabalhou e  mostrou coerência e metodologia em sua apresentação, como há muito tempo não percebíamos. 
Foto ACIB



Mais uma vezO Foco deve ser a cidade e a equipe técnica da cidade deve ter liberdade para externar seu parecer técnico a partir de um diagnóstico - com o auxílio da sociedade.

Para finalizar Os planos urbanos, qualquer um - do Diretor, Mobilidade, etc , não devem ser "engessados", devem estar submetido em constantes adequações às melhorias dos espaços urbanos, com foco no melhor para a saúde urbana. 

Lembremos que, quem deve dizer onde será localizada a "ponte de safena" de um paciente é o médico e nunca o filho do paciente.
Obs:. Nosso ponto de vista foi exposto como Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura das Cidades - Professora das disciplinas de Planejamento Regional e Planejamento Urbano dos cursos de Arquitetura e Engenharia e também, como Urbanista.
Algumas imagens da "paciente"...

Verticalização no Centro histórico - é uma realidade.
Nasceram dois edifícios com mais de 20 pavimentos

Rodovias que tinham tudo para ser as melhores vias da malha urbana de Blumenau estão sucateadas por conta de instalações terceirizadas


Infra estrutura aquém da qualidade
A intermodalidade era uma realidade na cidade, do trem, ao barco, ciclovia e rodovias e caminhos de pedestres e veículos tracionados a animal.

Atualmente- somente espaço para automóveis
 Se não o uso, como se queria, de bicicletas, como já existiu, é porque não há espaço e segurança nos caminhos da cidade.
A imagem comunica

















Vídeo de entrevista sobre o tema na Rádio CBN


Leituras complementares - Basta clicar sobre o título...


  • História de Blumenau - 1915 - Fotografia
  • Salto Weissbach
  • Santa Catarina teve única ferrovia brasileira
  • Cemitério - local de visitação e História 
  • Blumenau - Crescimento desordenado e aparente
  • Centro histórico de Blumenau - Stadtplatz - Ontem e Hoje
  •  Ferrovia da Integração - Encontro de trabalhos
  • Ponte coberta de madeira de Blumenau - Badenfurt
  • Túneis de Blumenau
  • Kulturverein - Die Colonie Blumenau 
  • O Caminho de Blumenau-Curitibanos - Segunda metad...
  • Um passeio pelo Bairro de Itoupava Seca e um pouc...
  • Construção sobre Antigo Porto Fluvial em Blumenau
  • Enxaimel e História na paisagem - Uma tarde Domingo
  • Enxaimel e História na paisagem
  • Mansarddach - Uma tipologia de telhado trazida pelos imigrantes
  • Os Primeiros Caminhos no Vale do Itajaí e do interior
  • Complexo Viário Bernardo Wolfgang Werner e Biografia
  • A Prainha...Praça Juscelino Kubitschek de Oliveir...
  • Primeiro Núcleo Urbano de Blumenau - Stadtplatz
  • Usina do Salto - Ponte de Ferro e Rio Itajaí Açú
  • As embarcações no Rio Itajaí Açú - Blumenau
  • Blumenau - do Stadtplatz ao Enxaimel
  • Rua das Palmeiras e o Museu da Família Colonial
  • Blumenau - Século XIX até a construção da Ferrovia
  • Fundação de Blumenau a partir de seus meios de transportes
  • Weingarten - Primeira cidade irmã de Blumenau
  • Stammtisch - Origem e Tradição
  • Da Associação dos Proprietários de Imóveis Antigo - Instinto Bertha Blumenau

  • Vídeo - Transporte Público em Blumenau
    Em Construção...








    Um pouco da culinária do Norte da Alemanha

    A culinária da Alemanha é tão diversificada regionalmente, quase como no continental território do Brasil. Não apenas por conta das regiões, mas da recente história da reunificação de inúmeras cidades independentes na segunda metade do século 19, onde cada uma delas, além de possuir sua própria bandeira, muitas vezes resultado de inúmeros domínios, a partir de histórias de lutas ou conquistas, possuíam, também, seu dialeto, geografia, música, entre outras características peculiar a cada uma.
    Para ler sobre a unificação da Alemanha - Clicar sobre:Unificação
    Muitos foram os imigrantes alemães que chegaram ao Brasil oriundos do norte da Alemanha. De uma região que nem sempre foi a Alemanha e sequer pertencia aos povos de língua alemã ao longo de sua história. Ao longo de sua história, foram conquistados e conquistaram, em vai e vem - a partir de seu perfil cultural.
    A culinária recebeu todas estas influencias e apresenta pratos característicos - parte da memórias das pessoas oriundas daquela região - junto do mar Báltico.
    Hamburg













    Mesmo na região norte, há muitas variações na culinária. Nas regiões costeiras, o peixe e frutos do mar  tem espaço importante na mesa do alemão. Nas cidades hanseáticas a exigência na cozinha é antiga. Pela importação de especiarias estrangeiras, acontecia a internacionalização do paladar e da culinária nestas cidades. Há diferenças entre a culinária de Bremen e a de Hamburg e outras especialidades locais nas áreas rurais do norte do país. Alguns pratos típicos são conhecidos somente em determinadas áreas, enquanto outros são servido em toda a região norte. Muitos não apresentam suas origens muito claras, outros tem fortes ligações históricas com determinadas regiões e seus hábitos e costumes.
    Durante a estação de outono e inverno começa na Alemanha a temporada de couve. Embora o vegetal seja conhecido em todo o país é usado na culinária de acordo com a região. Por exemplo: Em Oldenburg e Bremen - a couve a cozida com mingau ou aveia.Também é usado em vários tipos de pratos de carne, como Pinkel - um pudim preto defumado.
    Pinkel
    Em Hamburg e Schleswig-Holstein - o Kassler ou salsichas cozindas são tradicionalmente servidas com parte polvilhado com açúcar. Na região de Hanover e Brausschweig é servida uma salsicha levemente defumada. Em Mecklenburg-Vorpommen é comum servir couve com batatas tradicionais e com Kassler, salsicha de pulmão de porco. Também tradicional são as batatas fritas e batatas caramelizadas, em  Schleswig-Holstein.
    Kassler, salsicha e couve
    Labskaus 
    Labskaus é um purê de batata, beterraba e carne enlatada salgada, cebola,  ovo frito, pepino em conserva e arenque em conserva. A iguaria provavelmente foi criada por marinheiros, diante das limitações de muitas opções para os alimentos à bordos dos navios, onde passavam longos períodos.
    Sua origem, é das cidades de Bremen, Lübeck e Hamburg. A origem da palavra que denomina o prato é incerta. Alguns afirmam que sua origem é leta e é originária da palavra Labs kausis – que significa “bom prato”.
    Hamburg
    Comercializado
    Receita
    4 porções
    700 g de peito de boi salgado
    6 cebolas
    4 cravos
    2 folhas de louro
    1 kg de batata

    Modo de Preparar





    1. Descasque as cebolas. Espete 2 cravos em 2 cebolas. Reserve as outras.
    2. Encha até a metade uma panela de ferro com água. Mergulhe nela a carne, as 2 cebolas e o louro. Deixe ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar por cerca de 2 horas.
    3. Enquanto isso, descasque e lave as batatas. Corte o restante das cebolas em cubos. Cozinhe-as junto na água. Escorra-as e faça um purê. Regue com o caldo da carne.
    4. Tire a carne do caldo e pique-a. Misture com o purê. Despeje numa travessa previamente aquecida e sirva.
    O labskaus é acompanhado com ovos fritos e cornichons agridoces ou ainda com arenque e beterrabas no vinagre.

    Não se encontrando peito de boi salgado no mercado pode-se substituir por peito de boi fresco.


























    Franzbrötchen 

    O Franzbrötchen é encontrado em qualquer padaria de Hamburg. É uma massa folhada tradicionalmente assada e polvilhada com muita canela e açúcar. Pode receber na massa, passas, polvilhada com chocolate, nozes e também com pedaços de maçã.

    É uma iguaria típica de cidade Hamburg. Sua origem ainda é incerta. Alguns contam que teve início com a invasão francesa no século 19 - tipo de um pão francês baguette baking conhecido Franz. Um destes padeiros teve a ideia de fritar o pão em uma panela com açúcar e canela e com isto criou o Franzbrötchen. Outros contam, que uma padaria inventou a iguaria por volta de 1825, na região que ainda pertencia a Dinamarca e recebeu o nome do padeiro - Franz´scher. Outros ainda contam que os padeiros hamburgueses se inspiraram no rolos de canela escandinavas. 
















    Os ingredientes (cerca de 12 unidades)
    250 ml de leite
    70 g de manteiga
    500 g de farinha de trigo
    1 embalagem. Dr. Oetker Trockenbackhefe
    70 g de açúcar
    Estanho dispensar 2 colheres de chá de açúcar de baunilha 
    1 ovo (tamanho M)
    1 Pr. Sal
    Recheio:
    100 g de manteiga 
    100 g de açúcar
    3 gestr. Colher de chá de canela em pó
    Para esmalte:
    Coloque cerca de 2 colheres de sopa de leite

    Preparo:
    Aqueça o leite em uma panela pequena e derreta-manteiga.
    Recheio:
    Mexer a Manteiga com açúcar e canela com colher de pau e reservar. Na bancada de trabalho levemente enfarinhada amassar misturar ingredientes da massa e amassar. Quando estiver homogenia espalhar a massa com um rolo. Enrolar com o recheio chimiado.
    Depois enrolar e cortar em forma de trapézio.

    O lado maior deve fica para baixo na assadeira. Com uma colher de cabo de madeira pressionar no lado mais estreito. Deixar repousar por 10 minutos.
    No Brasil, existe este doce e se chama "Chinecker", abrasileirado  - chineca - também conhecido de pão caracol. Sua origem é de Hamburg.

    Fazendo Franzbrötchen 

    Guten Appetit!






    Pomerânia - Por José Carlos Heinemann

    As tipologias das construções pomeranas eram diferentes
     das tipologias construídas no sul da Alemanha.
    "Casa típica no interior da Pomerânia. Casa coberta com feno, e acima, está cruzada uma figura de águia para espantar os maus olhados (superstição). Mulher de colono pomerano alimentando seus gansos. Ao lado, sua horta, e ao fundo, pequena mata e pessegueiros. No tempo de colheita, faziam-se compotas, frutas cristalizadas e sopa doce e quente de pêssego, para os dias de inverno." Heinemann
    Os pomeranos que viveram na costa báltica ("Vorpommern" - costa norte da Alemanha e Polônia), trabalharam junto ao mar, confeccionando redes, barcos, cordas e durante décadas dedicaram-se à pesca de caracóis, mariscos, moréias, ostras, salmônidos, focas, arenques ("Hering" = sardinhas); a vida de marinheiro lhes garantiu o seu sustento.
    No interior, as terras aráveis serviam no cultivo de cânhamo e beterraba branca da qual extraiam o açúcar e faziam a bebida vodka. Desses produtos agrícolas, os mais importantes consistiam em, centeio, cevada, batata e milho.
    Nos vales dos rios "Oder" e "Peene" haviam ricos campos de pastagem, principalmente para os criadores de ovelhas. Na fronteira sul com a região de "Brandenburgo", na cidade de "Gartz', fundada em 1249, haviam as plantações de tabaco e em "Pölitz" as de lúpulo e na região de "Ueckermunde", fundada em 1260, grandes extensões de bosques.
    Em "Stettin", a diversidade de trabalhos abrangia as famosas plantações de maçãs, a fábrica de papel e na região portuária, um intenso tráfego de embarcações, as quais continham um contingente de pomeranos trabalhando como mão-de-obra de baixo custo, na descarga e suprindo os navios com as mais diversas mercadorias perecíveis e duráveis.Na antiga cidade de "Wollin" (fundada em 1279), havia um campo de experimentação de melhoria de raça na propriedade dos Schelske. Uma das famílias acostumadas com o trato de suínos, tinha o sobrenome Buss, conhecedores e exímios criadores. Uma vez no Brasil, não se saíram tão bem na parte agrícola e sim na criação de animais diversos e suínos.As famílias pomeranas cujos sobrenomes são Ramalow, Nienow e Randow, são de procedência de povos eslavos (wenden) que já habitavam as terras pomeranas antes de 1250, particularmente junto ao rio Oder, na parte oriental sul polonesa.
    Não podemos esquecer, porém, que por volta do século XV famílias alemãs procedentes das regiões da "Westfália" e da "Baviera', imigraram também para terras do norte da Europa e para costa do mar báltico. A região a leste do rio Oder, no povoado de "Strahlsund" (cidade hanseática da parte pomerana alemã, fundada em 1243 que no final do século XVII continha uma população de 50.000 habitantes), havia os chamados "gutsber" (fazendeiros), preparavam frutas secas como pêras, maçãs, ameixas e conservas de repolho em tonéis de carvalho (pipas).
    Nas outras regiões da Pomerânia, principalmente no interior da cidade de "Belgard", de onde veio a famíliaKnack, os colonos criavam gansos. Esta fama percorreu o mundo no século XVIII, ao ponto de exportarem penas de gansos para os países vizinhos para confecção de acolchoados, principalmente para a Dinamarca.
    As reservas salinas encontravam-se nas cidades de "Kolberg" (da parte polonesa, cidade fundada em 1235) e "Greifswald" (conhecida como "a cidade dos intelectuais", fundada em 1456 e nesse ano já possuía uma universidade). Estas duas cidades utilizavam as suas reservas salinas somente para fins medicinais.
    Poucos pomeranos possuíam terras, porém a grande maioria trabalhava nas propriedades dos nobres e os que não possuíam bens. Viviam como diaristas ou empregados para certos períodos específicos, como na colheita de alguma fazenda. Cada trabalhador diarista com sua família recebia pelo dia trabalhado o equivalente a 3 Pfenning que correspondia a compra de um pão ("Brot") e um ganso para alimentação familiar.
    Os que possuíam terras, seguiam as regras do "Instituto do Mogardio da Propriedade Paterna" e buscavam seu ganha-pão com o próprio suor, cabendo a herança das terras a apenas um único filho, o qual tinha a incumbência de zelar pelos pais até as suas mortes.
    O maior rio do território pomerano chama-se "Oder" que forma um lago abaixo da cidade de "Stettin" e desemboca em uma baía do mar Báltico (Haff), junto com os rios "Peene", "Swine" e "Divenow". Os pomeranos utilizavam esses rios e outros menores, assim como os muitos lagos ao sul como meio de locomoção e para deslocarem seus produtos.
    Suas terras tinham o solo arenoso e não muito produtivo. Entretanto na "Pomerânia Anterior", junto às cidades de "Pyritz" e "Stargard", existe uma faixa paralela junto ao mar, que é muito fértil. A região de "Neumark", anexada à Pomerânia, tinha um solo leve e arenoso e em poucos lugares era arável.
    A Pomerânia limita-se a oeste com "Mecklemburgo", ao sul com "Brandeburgo", a leste com a "Prússia Ocidental" e ao norte com o "Mar Báltico". Possui uma superfície de 30.120 Km2 com uma população de 668.000 habitantes. A Pomerânia tem uma das terras mais baixas de toda a Alemanha e alguns grupos de colinas costeiras, elevam-nas a 159 metros, na região de "Harthaberg" e em "Gollenberg" a 144 metros e no interior, perto de "Bütow" chega a altura de 256 metros.
    Em minerais, a Pomerânia não possuía o suficiente para o seu próprio consumo. Havia o minério de pântano, que era fundido na cidade de "Torgelow", alúmen, sal, âmbar (principalmente na região de "Stolp/Neugard"), cal, calcário argiloso e turfa. A indústria era pouco expressiva, com a fabricação de peças de linho, o qual aproveitavam para um ativo comércio interno e externo.
    Nas terras pomeranas também sobressaiam-se as fábricas de tabaco, tecidos de lã, de artigos de algodão, fábrica de açúcar (que era extraído da beterraba branca em "Stettin") e de uma indústria de âncoras.
    No passado, toda essa região recebeu figuras ilustres como a do pintor artístico Caspar David Friedrich (1774-1840) que imortalizou em seus quadros a vida simples dessa gente, os penedos brancos de "greis" (calcários) e algumas praias cobertas de cascalhos, restos das últimas glaciações de "Würm" (Plistoceno Superior-65.000 anos - Pomerânia Sul), da costa do mar Báltico e na Ilha de "Rügen" (Alemanha) coberta nas encostas atualmente por pequenas matas pela erva "sanfeno".
    O compositor clássico Johann Sebastian Bach (Eisenach 1685 - Leipzig 1750), passou por terras pomeranas em outubro de 1705 saindo da cidade de "Arnstadt", na Turíngia. Caminhou a pé por um trecho das estradas em direção ao norte, por não possuir recursos financeiros. Seu objetivo maior consistia em conhecer e aprimorar seus conhecimentos musicais, com um dos maiores organistas e compositores de sua época de nome Dietrich Buxtehude. A sua estada na cidade de "Lübeck", junto ao mar Báltico, até fins de janeiro de 1706 permitiu um contato com uma pequena parcela da população pomerana e principalmente com as comunidades luteranas locais. Sem dúvida dessa experiência resultou mais tarde a inspiração para compor algumas de suas obras clássicas para corais, prelúdios e fugas para teatro.
    Para ler mais sobre - Clicar sobre: Alemão de Pomerode

    Pintura de Caspar David Friedrich