Há muito tempo, em função de nossas pesquisas em campo - durante o curso de Mestrado na UFSC, conhecemos o pesquisador Niels Deeke, dono de uma personalidade única e curiosa, que lhe tornou um dos pesquisadores mais conhecidos e respeitados, não somente na cidade de Blumenau e região, mas também, no meio acadêmico estadual e nacional.
Em um momento de buscas entramos em contato com o pesquisador e perguntamos sobre o Coronel Peter Christian Feddersen (Pedro Christiano Feddersen). Sua contribuição está presente nesta postagem.
Oportunizamos essa lembrança e apresentamos um pouco da biografia deste personagem da História da Colônia Blumenau e do Estado de Santa Catarina.
Em um segundo momento, no mês de agosto de 2017, bem depois da publicação dessa postagem, deparamo-nos com a preciosa publicação de autoria do Professor Max Humpl escrita nos anos 1918 e 1919 - contemporâneo de Feddersen e que esclarece passagens de sua vida que não tínhamos informações, completando esse trabalho, importante para a história local e estadual. Muitos fatos surpreendentes.
A história...
Peter Christian Feddersen nasceu no dia 05 de outubro de 1857, na cidade de Tondern - Schleswig-Holstein - Atual Dinamarca. Na metade do Século XIX, esta região estava sob domínio dos alemães, que ainda não estava organizados como país - o que de fato somente ocorreu em 1871.
Oportunizamos essa lembrança e apresentamos um pouco da biografia deste personagem da História da Colônia Blumenau e do Estado de Santa Catarina.
Em um segundo momento, no mês de agosto de 2017, bem depois da publicação dessa postagem, deparamo-nos com a preciosa publicação de autoria do Professor Max Humpl escrita nos anos 1918 e 1919 - contemporâneo de Feddersen e que esclarece passagens de sua vida que não tínhamos informações, completando esse trabalho, importante para a história local e estadual. Muitos fatos surpreendentes.
A história...
Peter Christian Feddersen nasceu no dia 05 de outubro de 1857, na cidade de Tondern - Schleswig-Holstein - Atual Dinamarca. Na metade do Século XIX, esta região estava sob domínio dos alemães, que ainda não estava organizados como país - o que de fato somente ocorreu em 1871.
Em sua terra natal, após sua formação, ele seguiu a atividade ligada ao comércio. Emigrou para a Colônia Blumenau, com 22 anos incompletos, no dia 22 de setembro de 1879. Chegou no Brasil com uma pequena fortuna em marcos. Segundo o relato do Professor Max Humpl (Página 168), adquiriu o lote colonial no Rio do Testo inferior do colono Harb (emigrado para a Colônia Blumenau, em ano de 1864). O restante de seu dinheiro confiou aos comerciantes locais, Meyer e Sperling. Nessa época, os comerciantes faziam o papel de banco. Guardavam e também emprestavam dinheiro a quem necessitasse, cobrando juros e também devolviam o dinheiro guardado com acréscimo de juros (prática responsável pelo surgimento dos primeiros bancos no Estado de Estado de Santa Catarina).
Seguindo o ideal de todos os imigrantes, primeiramente ele queria praticar a agricultura e a pecuária. Contudo, ele logo percebeu que para esse empreendimento era necessário não somente trabalho duro e perseverante juntamente com a renúncia a todas as coisas boas a que ele estava habituado, mas também que ele, um jovem homem solteiro, dificilmente poderia manter a casa na devida ordem. Para isso provavelmente também contribuiu o conhecimento de que a vida comercial que dava oportunidades a comerciantes ativos e instruídos de conseguirem um futuro certo, aqui ainda estava para surgir. HUMPL, Max - página 168.
Pois assim o fez. Voltou sua atenção e trabalho para o comércio - na Colônia Blumenau - no ano de 1880. Não contava com a enchente de 1880, que segundo o relato do Professor Max Humpl, exterminou suas perspectivas de desenvolvimento.
Esse ocorrido o fez decidir a mudar-se para Santos - São Paulo. Por que São Paulo? Porque o tino comercial de Peter Christian Feddersen assinalava que São Paulo tinha o ambiente propício para desenvolver como comerciante, uma vez que o estado estava envolvido com inúmeras construções de ferrovias em direção ao interior do país.
Esse ocorrido o fez decidir a mudar-se para Santos - São Paulo. Por que São Paulo? Porque o tino comercial de Peter Christian Feddersen assinalava que São Paulo tinha o ambiente propício para desenvolver como comerciante, uma vez que o estado estava envolvido com inúmeras construções de ferrovias em direção ao interior do país.
Santos - 1880 |
Do livro - Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau/Max Humpl; |
Em Santos conheceu e casou-se com Ella Guthe, nascida em Bremen - Alemanha.
O casal teve a primeira filha - Elza Feddersen (casada Höschl) - em Santos. Logo após o nascimento de Elza, em 1885, Peter Christian Feddersen e família mudaram-se novamente para a Colônia Blumenau, onde fixaram residência em um lote colonial no Salto Weissbach. Mudou-se porque não foi bem sucedido em tratativas com um comerciante local de Santos, desprovido de escrúpulos.
Do livro - Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau/Max Humpl; |
A esperança de estabelecer em São Paulo o seu futuro fracassou para ele pelo contato com um comerciante descuidado e sem escrúpulo, o que infelizmente se reconheceu muito tarde, e novamente ele tomou a decisão de retornar a Blumenau.Aqui, entretanto Gustav Salinger, que durante muito tempo desempenhou as funções de procurista no negócio de Wilhelm Asseburg havia se estabelecido no Stadtplatz de Blumenau e mantinha um significativo comércio de produtos importados de todos os tipos e produtos da Colônia para exportação. Salinger tencionou abrir uma filial em Altona, onde o tráfego do e para o interior do distrito da colônia se desenvolvia cada vez mais, e escolheu Peter Christian Feddersen como gerente desse empreendimento. HUMPL, Max - página 169.
Gustav Salinger |
Casarão do Comércio Salinger - Importação e Exportação - foi localizado estrategicamente, junto ao porto fluvial, que durante as primeiras décadas, foi a única "porta" de acesso a Colônia Blumenau. Construção do final do Século XIX.
Continuando...
Como já mencionado, em Blumenau, Peter Christian Feddersen tornou-se funcionário da filial da Companhia Salinger Indústria e Comércio, localizada na Itoupava Seca - na época localidade de Altona.
A filial sob a direção de Peter Christian Feddersen foi inaugurada no mesmo ano de 1885 - ano que chegou de Santos. A filial da Cia Salinger em Altona começou suas atividades na casa de Richard Stein.
A filial da firma da Cia Salinger em Altona (atual bairro de Itoupava Seca) cresceu e se desenvolveu tanto, que o espaço da casa de Richard Stein não atendia mais com funcionalidade.
"Logo o negócio cresceu da tal maneira que as salas apertadas da casa não eram mais suficientes, e de acordo com a proposta de Feddersen, a firma Gustav Salinger adquiriu uma parte do terreno da família Thomsen, e lá construiu a grande casa comercial, ainda existente, e depósitos. HUMPL, Max - página 169.
A edificação da nova sede da firma na localidade de Altona mencionada no relato do professor Max Humpl, de propriedade da FURB (Universidade Regional de Blumenau), se encontra em estado de ruinificação.
Companhia Gustav Salinger Indústria e Comércio |
Edificação histórica da Companhia Gustav Salinger Indústria e Comércio pertencente ao patrimônio da FURB - Universidade Regional de Blumenau - Foto atual |
"A escolha de um lugar situado fora do risco de inundação e a construção da casa comercial servem como prova da prudência de Feddersen, como também a sua capacidade como homem de negócios, que se ressaltava cada vez mais. Para assinalar a sua perspicácia com relação a capacidade de desenvolvimento de Altona e de todo o município, menciona-se que ele, nos primeiros anos de sua estadia aqui (1879/1880), com predileção procurava a grande cachoeira (Salto) acima de Altona, e lá entregava-se durante horas a pensamentos sobre o aproveitamento da enorme cachoeira, para o interesse da indústria de Blumenau. Somente cerca de 30 anos depois é que lhe foi possível, pela sua obstinada perseverança, realizar o plano de aproveitamento da cachoeira." HUMPL, Max - página 170.
Foi comentado dentro de livros de história de Blumenau, que a Ponte Lauro Müller, a primeira ponte a ter o início de sua construção sobre o Rio Itajaí Açu (1886) e a segunda a ser inaugurada que foi construída no local que está - Salto - por vontade de Peter Christian Feddersen. De fato, o foi, mas não como muitos mencionaram, construída nesse local porque Feddersen tinha interesses pessoais no local, como por exemplo valorização de suas terras, pois diziam ser proprietário, na localidade. Ousamos a firmar que seu pensamento era muito abrangente e aquém. Tinha seu foco voltado para toda a comunidade da Colônia Blumenau. Pretendia chamar atenção para o Salto e a grande cachoeira no Rio Itajaí Açu e para o que representavam junto com a tecnologia para o futuro da colônia.
Vislumbrou usar a cachoeira para a transformação de energia mecânica em energia elétrica, para alimentar as fábricas que surgiam na região nesse período - início do Século XX. Teve êxito o visionário Peter Christian Feddersen. A Usina do Salto - a primeira usina elétrica do Estado de Santa Catarina. A Usina do Salto foi construída em 1912 e entrou em operação dois dias antes do natal de 1914. A Ponte lauro Linhares (Ponte de Ferro) foi inaugurara no dia 26 de junho de 1913.
A construção da nova sede da filial da firma Gustav Salinger, com uma considerável ampliação sob a administração de Feddersen, também fez desenvolver a nucleação urbana de Altona - descrita no livro do professor Max Humpl. O tráfego diário na estrada principal e a navegabilidade do rio Itajaí Açu, possível até a altura de Altona, atraiu mais moradores, que por sua vez, resultou no surgimento de uma sociedade ativa e quase independente do Stadtplatz da Colônia Blumenau, com a presença até, de uma certa rivalidade.
Nesse tempo, Peter Christian Feddersen tornou-se sócio da firma Gustav Salinger e teve novas iniciativas que mexeu com a comunidade de Altona. Junto com a casa comercial, abriu diversos estabelecimentos industriais, para implementar a exportação de produtos agrícolas com mais qualidade e também fornecer mais conforto aos residentes da colônia. Por exemplo: fundou uma funilaria, fábrica de caixotes, fábrica de charutos, triagem de tabaco, e embalagem, descascamento de arroz, moenda, fabricação de arame farpado, serraria, etc. A princípio suas pequenas fábricas eram alimentadas a vapor, depois de inaugurada a usina elétrica do Salto, as mesmas eram movidas a eletricidade, bem como a iluminação pública da comunidade.
Juntamente com o progressivo desenvolvimento da própria indústria, Feddersen se dedicou sobretudo à melhoria da indústria agrícola. Ele ajudou os colonos que plantavam cana-de-açúcar, adquirindo aperfeiçoadas moendas de ferro, em substituição às poucas produtivas moendas de madeira, ele também facilitou a aquisição de grandes caldeiras rasas de cobre para ferver o caldo de cana. Alambiques para destilar aguardente de cana (cachaça), centrifugas para leite, forrageira, arados, grades e outras ferramentas agrícolas foram importadas e foram levadas de Altona para todas as localidades do extenso Vale do Itajaí, trazendo inúmero benefícios. Se os recursos dos próprios colonos não eram suficientes para a aquisição, eles eram auxiliados por concessão de crédito. Muitas vezes, com o auxílio material de Peter Christian Feddersen foram construídas serrarias para corte de tábuas para exportação como também para o uso na colônia. HUMPL, Max - página 170.
Com isso, Peter Christian Feddersen fez aumentar o público consumidor e foi uma das causas do sucesso de seus negócios. Foi hábil e perspicaz ao oferecer instrumentos de melhorias a todos os colonos que continuavam chegando e habitando a grande Colônia de Blumenau e foi um dos motivos que o fez incentivar e promover a construção da Estrada de Ferro Santa Catarina, inaugurada em 1909, pois suas mercadorias passaram também e ser entregues de trem para o interior e leste da colônia.
Próximo a localidade da Estação de Hansa |
Peter Christian Feddersen instalou filiais nos distritos (núcleos mais desenvolvidos) da grande colônia de Blumenau. Há registro de filiais em Timbó, gerenciada alternadamente pelos filhos August e Max Feddersen; Fortaleza – Blumenau; Warnow; Rio do Testo; Hammonia; Nova Breslau; Taió, entre outras. As lojas Peter Christian Feddersen comercializavam desde bicicletas, brinquedos, fazendas (Tecidos), até artigos de ferragem, e atendiam consumidores da sede colonial, Altona/Itoupava Seca, e também grande parte de todo o Vale do Itajaí. Faziam-se necessárias melhorias nos caminhos para o transporte dos produtos. Isso aconteceu em função do aumento e a expansão dos negócios, cada vez mais para o interior da Colônia Blumenau, Feddersen sentiu a necessidade de criar filiais em algumas regiões importantes dentro da grande Colônia Blumenau, para melhor controle dos mesmos. Na época que o professor Max Humpl escreveu o livro sobre Altona - 1918/1919, a firma possuía 16 filiais. Cada uma das filiais recebiam da Casa Comercial de Altona todos os seus produtos para a venda. Além das 16 filiais, também outros comerciantes adquiriam os produtos da Casa Comercial de Altona, para revenda em todos os cantos da grande Colônia Blumenau, na época.
Mapa territorial da Colônia Blumenau feito pelo engenheiro agrimensor José Deeke em 1905 |
A Companhia também fabricava produtos para os colonos, como moendas de ferro para a fabricação de açúcar, tachos de cobre para o cozimento de garapa e alambiques para a obtenção da cachaça. Ele importava centrífugas de leite, máquinas de cortar ferragens, arados, grades e toda a sorte de utensílios agrícolas. O empreendedor também desenvolvia atividades creditícias e instalou filiais em diversos pontos da cidade, chegando a 16 unidades - embrião da fundação dos primeiros bancos do Estado de Santa Catarina, materializado durante a implantação e construção da Estrada de Ferro Santa Catarina - EFSC.
Feddersen foi um dos grandes nomes da implantação da Estrada de Ferro Santa Catarina - EFSC. Isso aconteceu durante a formação da Companhia Colonizadora Hanseática em Hamburg - Alemanha. Isso iniciou no ano de 1900, quando a companhia hanseática adquiriu grandes áreas de terra na região dos afluentes ao norte do Rio Itajaí Açu.
"O empreendimento parecia ineficaz sem a construção de uma ferrovia de Blumenau até a nova região de colonização, e conseguiu-se construir a ferrovia. no ano de 1907 começaram os trabalhos definitivos de construção da ferrovia, depois do que Feddersen, na sua condição de deputado estadual pelo município de Blumenau muitas vezes ajudou a concluir satisfatoriamente as negociações entre o governo federal e estadual e a companhia construtora da ferrovia. Deve-se à influência de Feddersen a instalação do escritório da construtora da ferrovia em Altona, que criou um imenso movimento durante os anos seguintes da construção." HUMPL, Max - página 172.
Também lembramos que, por sua vontade e empenho, a Ponte Lauro Müller - ponte de ferro foi construída no Salto. Após a Proclamação da República e a mudança na política nacional, estadual e regional, entre os anos de 1896 até 1900, o novo governador estadual foi Hercílio Pedro da Luz, um antigo funcionário público na Colônia Blumenau - Comissário de Terras e Colonização. O novo governador republicano mantinha estreitos laços com as lideranças da Colônia Blumenau e, entre esses, com Feddersen. Em seu mandato no governo do estado de Santa Catarina, foi no qual Feddesern conseguiu com que fossem construídos os três pilares da ponte de ferro sobre o rio Itajaí Açu, nas proximidades da grande cachoeira - obra concluída em junho de 1913.
Pilares da Ponte Lauro Müller - Ponte de Ferro - Salto |
A posição política de Feddersen com relação ao governo estadual, bem como sua influência sobre o governo municipal consolidou-se cada vez mais no decorrer dos anos, e não seria dizer demais, se o qualificássemos como instigador intelectual e o realizador das questões mais importantes que dizem respeito ao bem do município.Como chefe político do município e homem de confiança do governo, era raro que a visita de um político estrangeiro de alto-escalão não procurasse a casa hospitaleira de Feddersen, e com ele visitasse o interior da colônia. HUMPL, Max - página 172.
Outra grande visão desse personagem da história catarinense, dentro do desenvolvimento regional e estadual foi o momento que Feddersen encontrou a forma de utilizar a grande cachoeira no rio Itajaí Açu - Salto - divisor onde marca a região (acima) que não sofre com inundações. Nesse local foi construída a primeira usina elétrica no estado de Santa Catarina, a Usina do Salto, conhecida Empresa de Força e Luz Santa Catarina S.A - inaugurada em dezembro de 2014, fato já mencionado anteriormente.
Peter Christian Feddersen também muito contribuiu para a vida social da localidade de Altona. auxiliou a construção do Clube Social Teutônia - atual Clube Ipiranga - no ano de 1893.
Em todas as realizações de festas e coisas similares, ele era solícito e colaborador, de modo que durante longos anos ele foi eleito como presidente. Onde a situação de emergência de algum habitante de Altona exigia, Feddersen ajudava de forma altruísta, sem falar muito sobre isso. Instituições públicas de caridade e clubes regularmente foram auxiliados e aconselhados por ele. HUMPL, Max - página 172.
Feddersen também foi um mecenas no quesito educação. Foi membro da associação escolar "Hertls Schule", membro da associação escolar Altona, fundada no ano de 1907. Ajudou na compra do terreno e na reforma do prédio da escola - atual Escola M. Machado de Assis. Também auxiliou nas construção da "Nova Escola Alemã" - Neu Schule in Blumenau - localizada no Stadtplatz da Colônia Blumenau, sendo também seu diretor por vários anos.
Foi membro atuante da comunidade da Igreja Evangélica de Blumenau - tanto da comunidade centro, como na comunidade de Altona - Itoupava Seca.
Quanto aos negócios, mais tarde Peter Christian Feddersen, a fonte não cita datas, assumiu a direção geral dos negócios das empresas Cia Gustav Salinger. Seu sócio afastou-se e faleceu. É uma lacuna que precisamos preencher e encontrar as informações históricas - quando e como aconteceu.
Antigo Companhia Salinger Indústria e Comércio - Foto atual |
Em síntese, seu sucesso empresarial levou-o à política, elegendo-o deputado estadual em sete legislaturas.
Com o passar do tempo, os negócios das filiais não tinham mais lucros como antes e nem o mesmo desempenho da matriz, na sede da colônia, conhecida como Casa Matriz. Por volta da década de 30 do Século XX seus negócios foram sucumbindo, até a falência.
Recebeu o título honorário de “Coronel”, por serviços prestados à causa pública e, “principalmente, pela incansável colaboração nos vários setores econômicos, dos quais Blumenau ainda está colhendo os frutos e que é a atual pujança do Vale do Itajaí”. (ZUEGE, 1975).
Marcos Konder |
Na política, também teve participação, e foi figura exponencial e correligionário do Partido Republicano, fazendo mais a política nos bastidores do que pessoalmente aparecendo, sendo contudo um dos mais influentes membros do cenário blumenauense e catarinense. Amigo pessoal do grande político teuto-brasileiro Marcos Konder, e dos “Konder” em geral. (ZUEGE, 1975).
Como um dos idealizadores da construção da EFSC, Zuege (1975) comenta sobre sua importância na viabilização da construção da EFSC no Vale do Itajaí. Também comenta o grande padrinho da História de Blumenau - o saudoso José Ferreira da Silva. Na sequência:
"Também teve ele voz ativa na construção da extinta Estrada de Ferro Santa Catarina, a qual, como todos devem estar lembrados, prestou incalculáveis serviços à região, e que por muitos anos foi o único meio de transporte, além das carroças, do qual o grande celeiro do Vale se servia, levando seus produtos a Blumenau, e daqui ao porto de Itajaí, onde foram despachados para os mais diferentes centros do país e exterior. Não é de época remota a sua erradicação, e todo catarinense deve se lembrar disso. Falar sobre a EFSC S.A. seria um capítulo à parte e desperdício de tempo pouco interessante, haja vista os fatores que levaram as nossas autoridades governamentais de sua re-implantação, mas, nós sinceramente jamais acreditamos na sua re-abertura, achando que não há, pelo menos nesta década, condições capazes que garantam lucro àqueles que se lançaram nesta aventura. Somos de opinião, que por hora, é a vez do automóvel e dos caminhões, e que os mesmos influíram decididamente no seu prematuro fechamento." (ZUEGUE, 1975).
Peter Christian Feddersen que, como deputado estadual, como Conselheiro Municipal e como chefe político, foi sempre ardoroso incentivador do progresso de Blumenau, pondo-se à frente de iniciativas que trouxeram grandes benefícios à Comuna, pôs todo seu entusiasmo e o seu prestígio a serviço da solução de tão premente problema. (SILVA, 1969).
Hercílio Deeke |
"Era um sábado a tarde e Feddersen estava acamado, diziam que o afligia uma “peritonite” e Niels Deeke ainda teve oportunidade de vê-lo, depois foi para o jardim e apanhou um balde d’água para tirar o pó do automóvel Studebaker 46 - cor azul oceano, de seu pai (Foi o 2° automóvel novo, americano, que chegou à Blumenau após a 2ª grande guerra) enquanto aguardava. Grande parte dos livros da biblioteca de Feddersen, mormente os relativos a 1°. Grande Guerra, foram resgatados por Niels Deeke e integram suas coleções. Verbete: coronel. Bras. Chefe político, em geral proprietário de terra, do interior do País. "
Cemitério Luterano Centro - Blumenau - Foto 2015 |
Seus dados biográficos constam do “Livro do Centenário de Blumenau” - Edição da Comissão de Festejos - páginas 392 a 396, compilados de um trecho da obra : “Crônica da Altona” de autoria do Prof. Max Humpl, extenso e valioso relatório perdido no incêndio da Prefeitura Municipal de Blumenau de novembro de 1958.
De acordo com Niels Deeke, foi cognominado com a antonomásia de O Mauá do Norte Catarinense. Em 1946, já especulava-se a colocação de seu busto no Bairro Itoupava Seca.
Busto de Peter Christian FeddersenDe acordo com Niels Deeke, foi cognominado com a antonomásia de O Mauá do Norte Catarinense. Em 1946, já especulava-se a colocação de seu busto no Bairro Itoupava Seca.
"O Busto foi inaugurado a 04 de setembro de 1950, às 16 horas. Obra do escultor Erwin Teichmann. O monumento foi erigido no então chamado “Largo Coronel Feddersen” , no fim da rua São Paulo, entroncamentos com as ruas Bahia e rua Cel. Feddersen. Denominação instituída através do Projeto de Lei de autoria do vereador Hercílio Deeke, datado de 21/7/1948. Art. 1º Fica mudado para “ Coronel Feddersen” o nome da atual “Rua Acre” e denominada “Largo Coronel Feddersen” a praça formada pelo entroncamento da pré-citada rua com as ruas São Paulo, Bahia e Marcílio Dias. No centro do “Largo” a se refere o artigo anterior , fica destinada uma área necessária à ereção de um monumento ou busto do falecido Coronel Peter Christian Feddersen, justa homenagem do povo de Blumenau e municípios vizinhos à memória daquele que foi um dos maiores fautores do progresso material do Vale do Itajaí – Sala das Sessões, 21.7.1948- Hercílio Deeke – vereador. (Vide Jornal de Santa Catarina – de 31.8.1988- Caderno Econômico pág.03 in entrevista de Ernesto Stodieck jr. –“Feddersen anteviu o Futuro” – trata-se de um muito interessante relato das atividades de Feddersen).O Busto esculpido e fundido em bronze foi custeado por Ernesto Stodieck jr. - através da Empresa Industrial Garcia SA. Grande parte dos livros da biblioteca de Peter Christian Feddersen, mormente os relativos a 1a. Grande Guerra, foram resgatados por Niels Deeke, após um de seus familiares se desfazer dos bens para mudar-se ao Rio de Janeiro, e atualmente integram suas coleções. Foi “Coronel” da “Guarda Nacional”. Verbete: coronel. : Chefe político, em geral proprietário de terra, do interior do País. O Busto do Coronel Pedro Christian Feddersen foi inaugurado a 04 de setembro de 1950. às 16 horas, durante as comemorações do Centenário de Blumenau. O monumento foi erigido no então chamado “Largo Coronel Feddersen”, no fim da rua São Paulo, entroncamentos com as ruas Bahia e rua Cel. Feddersen, próximo as casas de Hertel, Paul, Pastor Andresen, - enfim defronte à Fábrica de Gaitas Alfredo Hering. A Lista inicial para angariar numerário destinado ao custeio da Herma e do Busto de Feddersen, constando indicados os contribuintes e valores integra o TABULARIUM NIELS DEEKE. O dinheiro entretanto foi devolvido aos subscritores pois Ernesto Stodieck jr arcou, individualmente, com todos os encargos decorrentes e merece, por isto, o reconhecimento público. Consta dos arquivos particulares de Hercílio Deeke documento que atesta terem sido desenvolvidos os trabalhos de execução do Busto, como molde em gesso, modelo em cera, forma em gelatina e modelo em cera, novo modelo de Feddersen, 2º modelo cera e retoque, trabalho no bronze de Feddersen, retoque no busto de Feddersen e Busto Hering, Retoque cera busto Hering, e patinar os dois bustos de bronze, nas oficinas de modelagem e fundição da Empresa Industrial Garcia, com início dos trabalhos em 11/10/1949 e término em 16/5/1950, cujos preços somados ao busto de Feddersen perfizeram Cr$ 13.000,00. Os subscritos da Lista de Contribuição para execução da “Herma e Busto” foram diversos e suas consignações, algumas significativas, outras denotando indiferença, encontram-se documentadas – in TABULARIUM NIELS DEEKE." Niels Deeke
Local original do busto de Peter Christian Feddersen apontado por Deeke |
Nesta foto da matéria do JSC de novembro de 1997 - Percebe-se a presença do ponto de Táxi próximo a praça do Busto. |
Comentário:
Leituras complementares - Clicar sobre o título escolhido:
Temos assunto para completar com a descrição de outras tantas atividades de Peter Christian Feddersen - como o ofício de construtor, por exemplo - as quais apresentaremos em postagens complementares, bem como sobre o seu busto que estava no Largo Coronel Feddersen desde a década de 1940 até, mais ou menos, o ano de 2005 e sumiu durante obra de revitalização da praça pu do Largo como sempre foi. Feddesern construiu, entre outras, edificações com estrutura enxaimel. Aguardem!
Leituras complementares - Clicar sobre o título escolhido:
- História do Bairro Itoupava Seca
- Estrada de Ferro Santa Catarina
- Comunidade Horto Florestal - Blumenau
- Primeira Usina Hidrelétrica de Santa Catarina
- Ponte do Salto
- Hercílio Deeke
Referências
Livro do Centenário de Blumenau” - Edição da Comissão de Festejos - páginas 392 a 396.
SANTIAGO, Nelson Marcelo; PETRY, Sueli Maria Vanzuita; FERREIRA, Cristina. ACIB: 100 anos construindo Blumenau. Florianópolis: Expressão, 2001. 205 p, il.
_____. A evolução urbana de Blumenau: o (des)controle urbanístico e a exclusão sócio-espacial. 1999. 190f. Dissertação (Mestrado), Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1999.
SILVA, José Ferreira da. Estrada de Ferro Santa Catarina – Há Sessenta Anos Emprestando Inestimáveis Serviços ao Vale do Itajaí e ao Nosso Estado. Blumenau em Cadernos, Blumenau, tomo 20, n.5, p. 81-86, maio 1969.
SANTIAGO, Nelson Marcelo; PETRY, Sueli Maria Vanzuita; FERREIRA, Cristina. ACIB: 100 anos construindo Blumenau. Florianópolis: Expressão, 2001. 205 p, il.
_____. A evolução urbana de Blumenau: o (des)controle urbanístico e a exclusão sócio-espacial. 1999. 190f. Dissertação (Mestrado), Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1999.
SILVA, José Ferreira da. Estrada de Ferro Santa Catarina – Há Sessenta Anos Emprestando Inestimáveis Serviços ao Vale do Itajaí e ao Nosso Estado. Blumenau em Cadernos, Blumenau, tomo 20, n.5, p. 81-86, maio 1969.
_____. História de Blumenau. 2. ed. Blumenau : Fundação "Casa Dr. Blumenau", 1988. 299 p.
ZUEGUE, Harry. Quem era Peter Christian Feddersen. Blumenau em Cadernos, Blumenau, tomo 16, n. 2, p.37- 41, fev. 1975.
Com atualizações no ano de 2017 - baseada na publicação:
Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau/Max Humpl; Méri Frotscher Kramer e Johannes Kramer (orgs.). - Blumenau SC: Edifurb, 2015. - 226 p. :il.
Nenhum comentário:
Postar um comentário