sexta-feira, 12 de março de 2021

O Centro Histórico de Blumenau - Seu papel na cidade de Blumenau dentro dos períodos Históricos.

Introdução

O assunto "Centro Histórico de Blumenau" despertou nossa atenção, não somente para esta postagem mas também, para uma palestra seguida de um debate aberto e público sobre que proferimos através de um Live na primeira quinzena de março de 2021. 
Espaço de importância histórica para a cidade de Blumenau fundada em 1850, e também, importante para toda a região que abrange mais ou menos a mesma área da Bacia do Itajaí, cujos cursos de água estruturaram a cadeia das atuais cidades do Vale do Itajaí e de suas regiões adjacentes cortadas por caminhos, quase sempre, construídos e abertos por estes mesmos pioneiros e descendentes destes, no século XIX e início do século XX, os quais, interligavam regiões do interior de Santa Catarina. Este processo histórico teve início na área do Stadtplatz da Colônia Blumenau, atual centro histórico de Blumenau, que manteve ao longo de sua história, praticamente a mesma morfologia urbana, durante seus mais de 170 anos. 
Esta estruturação de malha de cidade, contando com a presença do rio, dos ribeirões, do porto, da rua, do casario e do paisagismo - localizada nas proximidades da foz do Ribeirão Garcia no Rio Itajaí Açu.
De acordo com a coluna do jornalista Francisco Fresard - o  Pancho, o Centro Histórico de Blumenau - poderá receber na sua paisagem homogênea e centenária, a edificação de uma  loja de departamentos, cuja característica principal e de mídia é  mostrar o fachadismo exótico da residência formal do governo norte americano - a Casa Branca, que originalmente foi construída  entre os anos de 1792 e 1800 na cidade de Washington. 
Loja de Departamento. Foto: Reprodução Google

Antes de apresentar o Centro Histórico de Blumenau - amplamente abordado neste Blog (link's no final desta postagem), apresentamos estudos sobre o tema - Centro Histórico da Cidade e reflexões.
Também existirá em comum nas imagens, uma linha vermelha que anuncia a presença da Rua das Palmeiras, ou a Palmenalle e que também foi chamada de Boulevard Hemann Wenderburg, atual Alameda Duque de Caxias - resquício do período do Nacionalismo.

Conceitos

O centro histórico de uma cidade, de maneira geral, é a área mais antiga que se tornou progressivamente o centro da cidade moderna (pós-guerra) e que, coincide quase sempre, com o local do embrião da primeira nucleação urbana. Deste ponto irradiaram a formação de outras áreas urbanas, no decorrer dos períodos históricos, com maior ou menor densidade, conferindo assim a esta zona, uma característica própria.
Uma das primeiras imagens do Stadtplatz da Colônia Blumenau com o casario ao longo do eixo onde seria o traçado da Rua das Palmeiras.

O centro histórico de uma cidade é por definição, um lugar central, sendo definido pelo seu poder de atração das pessoas, como foco polarizador da vida econômica e social. Este núcleo corresponde assim ao centro funcional tradicional das cidades, o qual apesar de ter perdido alguma atratividade, tendo-se tornado menos acessível que outras áreas novas, permanecerá sempre como a parte antiga da cidade, e isso explica que o elemento mais marcante de um centro histórico na atualidade seja a sua imagem simbólica. CARVALHO, 2011.

Centro Histórico e sua relevância na Cidade

centro histórico das cidades geralmente constitui-se, ainda na atualidade, como espaço urbano naturalmente dotado de um eixo gravitacional, que pode variar de uma cidade para outra,  o que justifica  sua preservação e valorização. De acordo com CARVALHO, é inquestionável a necessidade de preservação do antigo núcleo histórico da cidade, pois defender e valorizar o legado físico do passado, representa um imperativo para a sociedade contemporânea e um desafio para o território, além de que esta área é dotada, quase sempre de alto valor fundiário - por sua localização central a qual, induz a elevação de valores e pode reintroduzi-lo em um processo especulativo de produção urbana, o que, no Brasil, quase sempre ocorre.

Permissão de novas construções - edifícios de mais de 10 pavimentos na área do Centro Histórico de Blumenau, estruturados  com um corredor, cujas vias são asfaltadas, criado para o fluxo de veículo oriundos do bairro mais populoso de Blumenau, o Garcia para outras regiões da cidade -desconsiderando o espaço do conjunto histórico.





















Principais questões que contribuem para o declínio dos Centros Históricos

A partir da década de 1950, o surgimento  do fenômeno de suburbanização desfaz a anterior e linear matriz de cidade. Surgem novas morfologias urbanas e novas centralidades periféricas. A cidade perde a sua centralidade radial. Nas últimas décadas, os processos de urbanização sofreram grandes mudanças e seus limites deixam de ser "definidos" e visíveis. A cidade aumenta sua área urbanizada e sua área ocupa áreas rurais e o território do entorno da área urbana. O campo circundante - área rural - perde as suas características tradicionais. A continuidade dos espaços naturais e agrícolas é interrompida pelas urbanizações espalhadas através de infra-estruturas ou, pelas atividades da sociedade contemporânea a este momento. 
O desenvolvimento dos transportes  associado a estes processos de suburbanização, acabou por fomentar a separação entre o local de trabalho e o da residência, que também em Blumenau, conviviam juntos no Stadtplatz e na rua do comércio - Wurststraße, atual Rua  XV de Novembro.

Com a prioridade voltada para a presença do automóvel no centro histórico, este sofre ações impactantes no seu meio ambiente, como por exemplo a pavimentação asfáltica na histórica pista de rolagem como qualquer rodovia da cidade, antes disto, pavimentada com paralelepípedos de granitos.
Este modelo fez surgir problemas nas áreas urbanas, pela insustentabilidade de um convívio no espaço da centralidade como o era, com a presença do espaço de residir, da escola, com acessibilidade, lazer, (...). E pelo aumento das deslocações de pessoas, que resultou em um aumento do consumo de energia, e por outro lado, resultando no abandono dos centros históricos das cidades, deixando-os  em estado de degradação. Com isto, faz-se necessário a presença de uma equipe técnica e interdisciplinar, para a elaboração de um projeto de readequação, sem com isto comprometer o ambiente histórico de maneira funcional e sustentável.

Vista para a Praça da Prefeitura/Porto apresentando sua movimentação - localizada na entrada da Rua das Palmeiras. Local de chegada, partida e convívio de pessoas, encontros, lazer entre outros. Movimento e uso do espaço. A presença do transporte fluvial, com ponto final na última área navegável do Rio Itajaí Açu.
O mesmo local, após as transformações sociais citadas. Término do transporte fluvial. Esvaziamento do porto. A sede da administração Pública muda de endereço e passa a despachar de um edifício Fake, construído no local da construção original enxaimel, da primeira estação de Blumenau inaugurada em 1909. A presença da construção embargada do Edifício América, desde 1979, por ter sido construído sobre área de preservação APP. Na outra margem do Rio Itajaí Açu, também foi permitido a construção de um dos edifícios mais altos de Blumenau - junto à histórica "Prainha" - Praça Juscelino Kubitschek de Oliveira, espaço público nobre, atualmente fechada para o acesso de pessoas. E para terminar, a construção sobre a Praça Hercílio Luz, do antigo porto, permitida em 1994, quando alteraram o plano diretor para isso. Na época era o edifício de uma cervejaria, atualmente é um restaurante.
Apesar de todas estas modificações, o declínio das áreas históricas das cidades brasileiras ocorre com maior intensidade a partir da década de 1970, quando o desenvolvimento dos transportes e comunicações acarretam importantes alterações na organização econômica e social e também, nas práticas sociais e modos de produção e apropriação do território, a partir da estrutura das cidades. Governantes das esferas nacional, estadual e local dão prioridade ao transporte rodoviário, "atordoados" pelas possíveis "parcerias" com a indústria de automóveis e "sabotam" o modal ferroviário, por exemplo, com fortes reflexos no "Stadtplatz" de Blumenau a partir do Rodoviarismo. As mesmas lideranças e instituições locais, que outrora implantaram a ferrovia na região, também foram seus algozes e apoiadores do novo e "moderno" modal de transportes. Tudo está bem detalhado no livro (Clicar sobre)"A Ferrovia no Vale do Itajaí - Estrada de Ferro Santa Catarina", de nossa autoria. Há exemplares em bibliotecas da cidade.
O Schützenverein - Sociedade,  foi o que melhor se adaptou ao meio, como modalidade de recreação e interação entre os imigrantes além de ser cultural e usual até o momento presente na Alemanha, lembrando a característica do perfil social germânico de apreciar o convívio e lazer nas Sociedades.


























Estas transformações decorrentes do pós-guerra levam o centro histórico tradicional ao declínio, dentro da cidade e faz surgir novas centralidades. Surgem assim, outros destes conjuntos de fatores, com padrões de urbanização variados e territorialmente, cada vez mais extensos, os quais provocam uma variedade de tendências. Com isso, ocorre a perda da hegemonia dos convencionais centros históricos das cidades e o surgimento das novas centralidades periféricas.
  

O uso maciço do automóvel, por exemplo, acarretou um efeito duplamente negativo para estes núcleos históricos, por um lado, facilitou o acesso à habitação nas periferias das cidades na medida em que aproximou distâncias, por outro, invadiu uma zona que não estava pronta nem desenhada para assumir de forma maciça este novo elemento. Toda esta saturação provocada pelo excesso de trânsito rodoviário nos centros históricos das cidades retirou espaço para o convívio. CARVALHO, 2011. 

A Rua das Palmeiras munida de espaço para caminhar e pedestres e de contemplação, na década de 2010 recebeu asfalto nas suas duas pistas para receber o tráfego pesado oriundo do bairro mais populoso de Blumenau - Bairro Garcia, sem outra alternativa, destoando complementa da paisagem bucólica de outro tempo e também, histórica. O espaço é dos veículos e de passagem, a exemplo de outros bairros, que “morrem” mediante às presenças de corredores semelhantes implantados em seus espaços muitas vezes residenciais e que eram munidos de um comércio local, sem reflexões urbanísticas.
Skyline de uma torre, construída na área de Preservação Permanente APP, ao lado da Prainha, na outra margem do Rio Itajaí Açu, de onde está localizado o antigo porto fluvial e a vista do local que acessa a Rua das Palmeiras – Palmenalle - Boulevard Hermann Wenderburg, a partir do morro da Igreja Luterana Centro – Igreja Espírito Santo, uma das tipologias tombadas na região.

Não bastasse, há outras intervenções no local do Centro Histórico de Blumenau. Acima, mapa publicado na coluna do jornalista Francisco Fresard. É "preciso espaço para os automóveis" - para isto se constrói mais uma ponte impactando com a ponte existente sobre o ribeirão Garcia parte do projeto de revitalização da década de 1960 que contava com o destaque de vários caminhos e plástica belíssima. Caminhos, sob esta ponte que margeavam o ribeirão rumo à propriedade de Hermann Blumenau e o Cemitério do Gatos ficamo sob pontes e sem o mesmo caráter. Ponte concluída em março de 2021. 
"A ponte do Centro Histórico, próxima à Rua XV de Novembro e à Thapyoka, foi liberada para o tráfego na manhã desta quinta-feira (11), às 8h. Ela será utilizada pelos motoristas que desejaram seguir da Rua XV de Novembro para a Beira-Rio. Já a antiga ponte, Desembargador Pedro Silva, deve ser utilizada apenas para quem pretende seguir pela Rua XV de Novembro.(...) A licitação da ponte foi aberta no dia 4 de março de 2020, há mais de um ano atrás. A empresa vencedora, foi a Pacopedra, de Gaspar, ficou responsável pela construção da estrutura que tem 48 metros. Na época, ela apresentou proposta de R$ 3,7 milhões para executar a obra e ganhou a licitação em maio de 2020. A ordem de serviço foi assinada no dia 8 de junho. A construção faz parte do Corredor Estrutural Sul e será financiada com recursos do Ministério das Cidades. A obra custou R$ 3,3 milhõesBITTENCOURT, 2021.

Ao contrário do que geralmente acontece, onde as ruas dos centros históricos das cidades neste novo contexto espacial que ocupou um local de interações e encontros - como o era o Stadtplatz de Blumenau, as vias estruturadoras são tomadas pelos veículos, os quais impacta e inibe a presença de pessoas e também usuários do modal cicloviário, pois apresenta características  de um  corredor de passagem de uma via rápida/via arterial e deveria ser contemplada apenas de trânsito local. Este "fenômeno" também ocorre em outros bairros da cidade de Blumenau, como no bairro da Velha, Itoupava Norte e Vila Nova. Nesta nova configuração espacial, o conjunto "expulsa" as pessoas do espaço e também do centro histórico de Blumenau. 
Miltenberg - Alemanha. Centro Histórico - restrições para automóveis tendo o espaço destinado prioritariamente à contemplação, visitação, encontros de pessoas e ciclistas. Pavimentação das vias são adequadas à paisagem histórica e são permeáveis.

Em Blumenau....
Atualmente, no Brasil, suas cidades se desenvolvem observando  orientações do mercado imobiliário e o setor econômico. As diretrizes não são mais oriundas somente do mercado local, mas de investidores externos - escala nacional - os quais avisam nas mídias locais que "estão chegando". No local, na paisagem da cidade, estes investidores nacionais e até internacionais, estão moldando a "nova forma" da morfologia urbana da cidade, processo desprovido de orientação técnica do gestor local que passa a ser "sócio" de toda esta estrutura e metodologia de gerenciar. Também há instabilidade e ausência de um plano diretor firme, atualizado, estável e contínuo, enquanto aplicação, no que tange, estudos, projeto e pesquisas permanentes e necessárias. A cidade se movimenta como um organismo vivo e toma "novas configurações" o tempo todo. 
Os investidores externos, quase sempre  não têm compromisso com a identidade e com a história locais, presentes nos espaços do conjunto urbano representado nos centros históricos e na cidade, de uma maneira geral. O interesse deste investidor externo, geralmente é o lucro a partir do contexto local, e de sua sociedade que passa a ser parte de sua massa consumidora. Ao contrário, não se fixaria no local.
Paisagem do Centro Histórico de Blumenau atual, usada para fomentar narrativas e justificar ações como a colocação de uma loja de departamentos no vazio urbano existente no local, como se fosse a única alternativa e intervenção possível para salvar a decadência do nobre espaço urbano. 
As ações usadas responder às novas necessidades,  fazem surgir conflitos na malha urbana dos núcleos históricos, na medida em que se esvazia de seu conteúdo, principalmente quando num primeiro momento, os novos espaços criados na periferia se dotam de todas as vantagens da modernidade e do progresso tecnológico, em detrimento do simples recanto histórico que passa a ser residual.

A par desta emergência de novas centralidades além do perímetro urbano, começam assim a manifestar-se nos centros históricos, problemas que se prendem com a fuga de população para a periferia, o abandono e consequente deterioração do parque habitacional e a própria perda de competitividade das áreas centrais das aglomerações urbanas, são cada vez mais preteridas pelas novas atividades de serviços e pelo comércio qualificado, em favor de localizações periféricas e semiperiféricas beneficiadas pelas modernas acessibilidades. Todos estes problemas, levam a que a vida nos centros históricos seja dificultada pela inexistência de comércio, serviços de proximidade, jardins, estacionamento, existindo ainda “alguns perigos e incômodos relacionados com conflitos que opõem atividades incompatíveis.CARVALHO, 2011.

O Movimento Moderno e os Centros Históricos
 
As primeiras preocupações com os Centros Históricos das cidades foram registradas em 1933, ano em que foi produzida a Carta de Atenas sobre o Restauro dos Monumentos - primeiro ato normativo internacional exclusivamente dedicado ao patrimônio histórico. 

Carta de Atenas é um manifesto urbanístico resultante do IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), realizado em Atenas em 1933.

Foi demonstrada uma preocupação presente nos debates e nos documentos extraídos destes, com os conjuntos urbanos, destacando a necessidade de preservação dos mesmos e de algumas perspectivas especiais. Essa necessidade de proteger a área do entorno dos monumentos, no entanto, era somente percebida sob a perspectiva de valorização dos mesmos. 
A Carta de Atenas, considerada o marco do Urbanismo Moderno, aponta que os espaços físicos (traçados e construções) são testemunhos importantes do passado, devendo ser respeitados pelo seu valor histórico ou sentimental e por sua qualidade plástica. 
Alguns pesquisadores emitem críticas ao documento Carta de Atenas, por considerarem um retrocesso do ponto de vista de preservar o patrimônio e da preservação dos conjuntos - como pode ser considerado o conjunto do  Centro Histórico de Blumenau. A Carta de Atenas introduz a questão higiene-funcionalista, defendendo o zoneamento funcional do território e que em situação alguma, pode a valorização do simples e da história sobrepor-se à salubridade da edificação, geralmente edificadas em períodos históricos anteriores e desprovido de características e técnicas atuais. A maior difusão do movimento moderno na arquitetura e no urbanismo aconteceu no período pós Segunda Guerra Mundial, quando a Europa iniciou o seu processo de reconstrução.
Nesse período, com as atenções centradas nas grandes expansões da periferia, os centros das cidades, em particular os centros históricos entraram em processo de descaracterização devido, não só às estratégias de renovação em curso naqueles territórios, como também, à pouca sensibilidade para preservação do patrimônio construído.

Também a própria desindustrialização da cidade, associada ao florescimento da indústria automóvel, provocou a expansão das áreas envolventes ao antigo centro urbano, e enquanto os núcleos históricos das cidades sofriam amplas operações de renovação urbana, nas áreas envolventes foram lançados de forma maciça programas de habitação social, com construção de novos bairros, ampliação de vias rápidas urbanas e construção de infraestruturas e equipamentos. Foi na “expansão do sector da construção civil, tanto na reconstrução e renovação do centro das cidades como na expansão das áreas periféricas, e das correntes políticas do pós-guerra, onde o movimento moderno encontrou um veículo de propaganda.CARVALHO, 2011.

Desde quando as ideias do movimento moderno ocuparam as áreas da arquitetura e do planeamento  e que houve o florescimento econômico, foi nas décadas de 1950 e 1960 que se houve a sua grande difusão. Toda a ideologia de planeamento urbano da escola moderna combateu ferozmente a morfologia urbana dos centros históricos da cidade, pois os princípios base da arquitetura moderna definem um novo tipo de cidade, aquela se contrapõe à cidade histórica. Esta corrente moderna inspirou a renovação urbana, operação que consiste na demolição de áreas mais ou menos vastas, para se poderem construir vias rápidas, edifícios entre outras coisas, tendo todo o contexto de devastação do pós-guerra facilitado a adesão a este processo nos países ocidentais. O novo conceito de cidade regeu-se assim pela aplicação dos princípios defendidos na Carta de Atenas, e caracterizou-se pela composição setorial das funções. 
No entanto, na década de 2010 foi permitido a construção de uma torre na APP, na outra margem do Rio Itajaí Açu, junto à histórica Prainha.





































A crítica ao Movimento Moderno 

Ao mesmo tempo, as cidades americanas conheciam a "descentralização" trazida pelo surgimento dos shopping centers, Malls e subúrbios. Em julho de 1951, o centro, definido como "coração da cidade", foi o tema do 8° CIAM (Congresso internacional de Arquitetura Moderna),  na pequena cidade de Hoddesdon, próxima a Londres. Naquele encontro falou-se das cidades americanas e seus subúrbios, da criação de zonas centrais para pedestres nas cidades inglesas, suecas e holandesas e da importância dos centros históricos das cidades italianas. O Centro urbano passava a ser o elemento caracterizador de uma comunidade, voltado aos seu habitantes, o repositório da memória da coletividade, como disse Gropius no mesmo congresso, e o local que possibilitava entender o aspecto comunitário da vida humana como definiu Jacob B. Bakema. MENEGUELLO

A partir deste ideário do período pós-guerra, a arquitetura moderna, originada para combater o excesso nas construções de decorações artificiais impostas pelo gosto eclético do século XVIII foi adotada pelo capitalismo em ascensão para a sua ética de austeridade e de simplicidade, tendo se transformado, contraditoriamente em uma arquitetura do desperdício energético e em um grande mecanismo de consumo dos recursos limitados existentes na terra - atualmente, nada sustentável.
A aplicação dos princípios funcionalistas do urbanismo moderno nas áreas periféricas das cidades resultou na emergência de áreas monofuncionalistas e sem qualidade arquitetônica e ambiental.
A arquitetura moderna teve que se munir dos hábitos vulgares dos novos ricos, dos protagonistas do boom econômico, da especulação imobiliária desenfreada e da construção civil, fato que fez prevalecer a quantidade sobre a qualidade arquitetônica. 
As periferias urbanas, os bairros foram os espaços que sentiram, de como a construção civil simplificou e degenerou os modelos eruditos propostos pelo movimento moderno, que desconsiderou questões e características específicas da cultura e identidade locais e nacionais através de uma linguagem universal e sem comprometimento com o local.
O Grande Hotel construído no Centro Histórico no local do Hotel Holetz, projeto do Arquiteto de Hans Broos e uma arquitetura de qualidade. Poderia ser construída em qualquer local do mundo, ao contrário do Hotel Holetz, como também do Cafeteria Katz, marcada na foto  localizada na frente do hotel.
Em muitas cidades, durante a manutenção das malhas urbanas dos antigos núcleos históricos foram sacrificados com a construção de novos traçados, alojamentos e equipamentos, numa oportunidade única de aplicar os conceitos da urbanística moderna. Também o zonamento funcional originou ocupações desenraizadas do passado, criando ambientes artificiais, o que por sua vez levou à necessidade de voltar a atenção para os centros das cidades, que começavam a dar mostras de decadência física e social.
De acordo com  MENEGUELLO, se identificava que "centro" não dizia mais respeito à ideia espacial de "centralidade". Com o crescimento das cidades, diluiu-se a localização do "centro" como coordenada espacial, vigorando a ideia de centro cívico, comercial e, especialmente, de repositório e expressão física de experiências coletivas.
Praça da Prefeitura/Porto, década de 1960, com novos equipamentos e layout integrando paisagens, arquitetura, caminhos com a presença de um paisagismo formal.


O urbanismo de Estado do pós-guerra criou impasse do funcionalismo e por vezes procurou justificar isto na narrativa da "urgência" da "reconstrução" e do déficit, mas foi observado que em cidades alemãs, país com a presença de grande número de edifícios e cidades  a serem reconstruídas, reconstruíram sua história e apresentam e comprovam que  outras opções eram viáveis e que o erro estratégico dos grandes blocos, impacta e é uma escolha de natureza ideológica, motivada por falta de sensibilidade, e segundo CARVALHO 2011, por uma ignorância dos contributos da historia e das ciências humanas. Abaixo, imagens da cidade alemã de Stuttgart, logo após a guerra e atualmente, apresentando a recuperação da história presente na arquitetura da paisagem. Vimos inúmeros exemplos semelhantes, durante nossas pesquisas na Alemanha.
A cidade moderna começa a ser criticada na década de 1960, quando se começa a argumentar que a variedade de tipos e épocas dos edifícios é vital para a vida das áreas urbanas e também, o entendimento sobre a importância social das formas tradicionais e históricas urbanas, como os núcleos históricos, quando ocorre o início da valorização do ambiente urbano histórico, do qual fazem parte os centros históricos das cidades.
Desta maneira, compreendemos porque muitas cidades do Brasil receberam intervenções e seus espaços públicas semelhantes a esta da Praça da Prefeitura/Porto do Centro Histórico de Blumenau da década de 1960, com uma linguagem destoante daquele do desenho moderno. Esta espacialidade contemplou paisagismo, equipamentos e caminhos para diversos usos e locais, inclusiva às margens do ribeirão Garcia e um mirante. A ponte contém uma plástica belíssima, a qual sofreu o impacto da 2° ponte, mencionada anteriormente construída em 2020.
Desafios Futuros

Desde que o homem se fixou na terra e deixou de ser caçador e coletor e passou a ser agricultor e pastor, há um processo continuo e que acompanha a movimentação, práticas e avanços das sociedades no qual está inserido. Nada é permanente e fixo e acompanha a evolução tecnológica inerente a estas modificações. Por isso se afirma que a cidade é um organismo vivo que pode adoecer e necessita de uma equipe interdisciplinar técnica que abrange todas as áreas da ciência, para acompanhar a saúde deste organismo vivo sob várias óticas. As ações podem ser patológicas ou preventivas, como acontece realmente na área da saúde. Ou, poderá ser ambas. O espaço é questão relacionada à saúde pública. 
O espaço do Centro Histórico tem sua importância dentro deste equilíbrio de continuidade na paisagem.

Principal via do Centro Histórico de Blumenau - a Rua das Palmeiras, com pavimentação impermeável e corredor de transporte público atual passando próximo a edificações históricas, construídas com a técnica construtiva enxaimel (original), residências de personagens da história local e uma destas, considerada a mais longeva do Vale do Itajaí - construída em 1858, capa do livro Fachwerk - A Técnica Construtiva Enxaimel.
Enquanto a pressão urbanística foi pequena, as principais características das estruturas e funções dos centros históricos das cidades, não alteravam até o momento, que há  o aumento da pressão imobiliária e de investidores externos descompromissados com a história e cultura locais. Devido às novas procuras, se percebe uma grande incapacidade de antecipar respostas numa política articulada, responsável, consciente e coerente. 
Embora sejam todos diferentes, os centros históricos apresentam problemas comuns, os quais normalmente se prendam à existência de propriedades construídas em outro recorte de tempo histórico e para são cenários de ações de outra sociedade, que não a presente.
Há dificuldades e entraves difíceis de ultrapassar perante a necessidade de uma intervenção nestas áreas históricas, levantando questões muito complexas e sérios e diferentes interesses a conciliar. Na tentativa de resolver estes problemas e inverter as tendências de declínio dos centros históricos, têm-se verificado a tentativa de prática de algumas intervenções com o intuito de "atrair as pessoas" para o local, como também "gerar empregos", que são em verdade, narrativas para justificar "qualquer coisa" e ação construída ou feito neste espaço atemporal e da cidade, como é este caso presente -  a construção de uma loja de departamentos, dotada de  uma arquitetura exótica e munida de MerchandisingMarketing para um grupo de outra cidade. 
Arquitetura, tão Kitsch, quanto o fachadismo a partir de ripas coladas na parede.
Fake na Praça. Para ler mais sobre - Clicar sobre: Falso enxaimel sobre a Praça Victor Konder.
Atualmente, poderia-se afirmar de que não se respeita a arquitetura histórica original e se constrói o Fake e cenário que reporta a um tempo passado para atrair divisas a partir de consumo simples sem a presença histórico/cultural de fato.




Reflexões de Cristina Meneguello do IPHAN

Nos últimos tempos, muito se tem falado sobre a questão da revitalização dos centros históricos, estando a discussão polarizada entre opostos. De um lado, é vista como estratégia de preservação e revalorização de tecidos degradados das cidades; de outro, como processos de gentrificação, com a expulsão dos habitantes historicamente enraizados e a transformação de centros históricos em simulacros da vida tradicional, voltados aos turistas. Muitos também tem se referido  sobre um suposto conflito entre, de um lado, os centros preservados por lei e, como dizem seus detratores, "congelados" em seu desenvolvimento, e, de outro, as necessidades premente de moradia em áreas centrais, inviabilizadas pela ação de valor de uso e de consumo trazida revalorização das mesma áreas. MENEGUELLO

De acordo com MEBEGUELLO, cedo as autoridades e os grupos civis organizados em torno da proteção dos antigos centros urbanos deram-se conta que a viabilidade desses projetos dependia de uma complexa rede de ações físicas e não físicas. Sem a conjunção entre políticas oficiais, investimentos, regulamentações de tombamentos e zoneamento, controle do comércio e da expansão imobiliária, divulgação de valores históricos e artísticos junto a escolas, sociedade, particularmente, sem a participação da população local, os caminhos da preservação se tornam bem mais áridos do que o esperado. 
De acordo com CARVALHO, o que Choay,  ao afirmar que:“…centros e bairros históricos manifestam atualmente uma imagem privilegiada, sintética e, de certa maneira, engrandecida das dificuldades e das contradições com que se confrontam a valorização do patrimônio edificado, e em particular a sua reutilização. Noutras palavras: a má integração na vida contemporânea”, evidencia uma realidade que se aplica à maioria dos centros históricos, ou seja, é consensual o seu valor enquanto paisagem, patrimônio arquitetônico e cultural, contudo essa valoração não é correspondida em termos de ocupação. A utilização que é dada aos centros históricos nem sempre corresponde às expectativas decorrentes da identidade que estes possuem e uso adequado e apropriado - indo de encontro às demandas socais no que tange lazer e interações culturais, artísticas e de conhecimento formal. 

Quem conhece, gosta e quem gosta, cuida! 

Histórico Stadtplatz - Centro Histórico de Blumenau

Em 15 de maio de 1850, através da assinatura de contrato entre os Príncipes de Joinville e a Sociedade de Colonização de Hamburg, aprovado pelo decreto governamental, foi fundado a Colônia de Dona Francisca, atual Joinville. No mesmo ano, Hermann Blumenau funda a Colônia Blumenau.
Em 1850 é instituída a Lei de Terras, regulamentada pelo Decreto 1.318 de 1854, acelerando o processo de povoamento na Província de Santa Catarina. 
O contexto do Centro Histórico de Blumenau - Stadtplatz da Colônia Blumenau em sua origem, é resultado de um projeto privado de instaurar uma colônia agrícola, com uma linha de produção observando o ideário do economista francês Quasnay. Com uma população inicial inferior a 20 pessoas, o embrião urbano construído por estes primeiros pioneiros, nas primeiras décadas de história, contava com uma equipe técnica para organizar, não somente o traçado urbano da Colônia Blumenau - Stadtplatz e sede da colônia agrícola, baseada nas diretrizes de Quasnay, mas também para desenvolver um projeto regional a partir da infra estrutura. Para isto, as primeiras lideranças, contavam com engenheiros agrimensores para efetuarem o levantamento do principal elemento natural estruturador, os cursos d'água. Entre estes: Emil Odebrecht, José Deeke, Heinrich Krohberger, Heinrich Kreplin.
Bacia do Itajaí que - através do levantamento de engenheiros agrimensores e técnicos, estruturam a rede de cidades da Colônia Blumenau e depois do Vale do Itajaí, quando estas foram emancipadas do Stadtplatz da Colônia Blumenau. O mapa mostra a localizações das atuais nucleações nos vales e junto  aos cursos de água da hidro bacia. 

Mapa de José Deeke, que aprendeu o ofício com seu tio Heinrich Krohberger, engenheiro de muitas obras da Colônia Blumenau das primeiras décadas. Ano 1900.

Mapa também de José Deeke, do ano de 1905. Mapa da Colônia Blumenau e municípios vizinhos.

A partir dos cursos d'água e observando sua navegabilidade foi estudado o local onde seria a sede da Colônia Blumenau. No último ponto navegável do Rio Itajaí Açu e deste ponto para o interior - observando a estrutura formada por rios ribeirões formadores da atual Bacia do Itajaí.
A configuração geográfica do Vale do Itajaí, e da região junto à foz do Ribeirão Garcia foi importante para a definição do local do sítio do primeiro núcleo urbano da Colônia de Blumenau - Stadtplatz (a centralidade). No local foram observados o Rio Itajaí Açu, os ribeirões Garcia, da Velha e outros ribeirões menores, como os ribeirões Bom Retiro e Fresco, os quais estruturaram e foram os guias e caminhos fluviais de penetração na área, e o vale foi, o limitador, através de sua topografia acidentada, quanto ao tipo de apropriação e uso do solo.
Galpão do imigrante, próximo a estrada da praça do porto e início onde seria a Rua das Palmeira, onde depois seria construído o Hotel Brasil. Técnica construtiva é enxaimel, com fechamento em taipa, técnica também trazida pelos pioneiros.

O sítio físico onde foi assentado o primeiro núcleo urbano da Colônia Blumenau está situado na confluência do Rio Itajaí Açu com o Ribeirão Garcia, último trecho navegável do Itajaí Açu. O acesso ao local, pelos primeiros imigrantes, foi feito através de balsas e canoas. A ocupação do sítio foi efetivada com a demarcação dos lotes coloniais a partir da estrutura fundiária desenhada por agrimensores alemães em 1864, embora os primeiros imigrantes já tenham tido posse da terra em 1852.
O Stadtplatz no destaque - a centralidade da Colônia Blumenau - primeira nucleação - onde está parte do Centro Histórico de Blumenau atual.

“Nos vales do rio, mais a jusante, podiam-se ver extensos campos e pastagens, os arredores da cidade apresentavam, em sua maioria, aspecto agreste. Na verdade existia um lugar e não uma cidade. Havia uma casa e nela um comércio de toda Blumenau e o escritório do diretor da Colônia. Todas as demais construções eram choupanas de barro. Na embocadura do ribeirão Garcia localizava-se a edificação mais importante para quem chegava, o Galpão da Recepção. Em geral, havia terras não habitadas entre um e outro morador, pois os lotes, naquele tempo, como também agora, não eram distribuídos em série: Cada um podia escolher o número do lote que melhor lhe agradasse. À montante, o rio Itajaí Açu estava desmatado a partir do centro da cidade até onde é hoje se ergue a igreja católica. Depois vinha a floresta até o ribeirão da Velha, na foz do qual teve início a colônia”. DEEKE – 1995, .50)

Foram locados neste traçado, os rios, traçados de picadas, para deslocamentos a pé, a cavalo e estradas carroçáveis. Também foi desenhado o primeiro parcelamento de terras no Vale do Itajaí. Neste primeiro projeto teve destaque juntamente com o porto fluvial, a rua principal que posteriormente recebeu ajustes e paisagismo. Um boulevard com arborização central, nos moldes dos boulevares franceses na época da intervenção de Haussmann naquela cidade, conhecida Rua das Palmeiras, atual Alameda Duque de Caxias.
Desenho de  Joseph Brüggemann de 1864. Vista para o morro onde foi construída a igreja luterana, projeto de Krohnerg. Também, à esquerda a Casa de Hermann Wenderburg. e no centro "demarcado" com a linha vermelho, também em outras imagens desta postagem, o local da Rua das Palmeiras - O local do Centro Histórico de Blumenau, e onde  pretendem construir uma loja de departamento.

Vista em direção ao Rio Itajaí Açu, com apresentação do Galpão do imigrante e o morro do Aipim coberto pela mata e ainda na atualidade, é uma espaço pública, com uma construção sobre. Um mirante natural para uma vista privilegiada de Blumenau. 
Traçado estruturados da centralidade da Colônia Blumenau - através de estradas, rios e ribeirões, com lotes de testada pequena e grande profundidade, maneira de muitos terem acesso aos cursos d'água.
Formação dos espaços da cidade
“No intervalo compreendido entre a chegada e a ocupação do lote próprio, os migrantes se ocupavam de trabalhos agrícolas, da derrubada de matas; eles eram igualmente obrigados a participar nos serviços gerais de abertura de estradas, construções de pontes e outras obras de interesse coletivo, não somente para não ficarem na ociosidade, segundo disseram, mas, sobretudo, para conhecerem o novo quadro da vida.” (VIDOR, 1995)

O traçado dos primeiros lotes urbanos surgiu a partir da localização e orientação do Rio Itajaí Açu e ribeirões. Este cuidado estava relacionado à acessibilidade através destes caminhos naturais, e também, a facilidade do livre acesso à água, para fins de uso doméstico na propriedade e para irrigação da plantação.
O parcelamento e desenho do solo eram formados por lotes estreitos e compridos, paralelos entre si e perpendiculares ao rio, aos caminhos e às curvas de níveis. Predominou lotes com testadas muito estreitas para o caminho (estrada, picada, rio ou ribeirão) e com profundidades extensas, tão extensas que em algumas situações se confrontavam com a profundidade de um lote situado em outro curso d´água.
Rua das Palmeiras no final do século XIX, com a presença do Hotel Brasil - lado direito.

Praça da Prefeitura/Porto com os registros da intervenção recebida na década de 1960, desde iluminação, equipamentos, infraestrutura e caminhos, interligando locais dentro do próprio centro histórico, com o caminho sob a ponte, ornamentado por um arco, que levava ao cemitério dos gatos e na propriedade de Hermann Blumenau. O croqui mostra exatamente o local da ponte construída em 202, para escoar mais veículos através deste local e impactou a ponte histórica e cobriu o caminho, que poderia ser resgata, proposta que apresentamos a Fundação Cultural, Prefeito e Secretários, quando éramos gerente do Patrimônio - em 2012. Ficamos no cargo um mês, quando percebemos que a gerência de Patrimônio de Blumenau era quase algo ornamental.






O Porto fluvial e o Stadplatz com  toda a movimentação que tinha a centralidade da Colônia Blumenau em um tempo que tinha dentro de seu território, a intermodalidade, parte do plano dos pioneiros e no tempo presente, um espaço esvaziado e e sem conteúdo, por motivos refletidos no início deste trabalho.




Bons Exemplos - Do Centro Histórico
Localizado ao lado do Porto e foi totalmente restaurado.
Casa Alwim Schrader, dos fundos - também restaurada, como também o Museu de Hábitos e Costumes, que na virada do Século era o negócio de importação de Salinger - localizado nas proximidades do porto fluvial.
Hotel Oliveira, que já se encontrou em estado muito ruim de conservação. o Arquiteto e Professor Vilmar vidor através de políticas públicas e envolvimento da Prefeitura Municipal de Blumenau e a FURB, restauram esta tipologia do Patrimônio Histórico, localizado na Rua das Palmeiras.
Local de Fatos Históricos
Cenário do encontro dos blumenauense de todas as regiões da Colônia Blumenau, em manifesto contra o governo federal, durante período do Nacionalismo, que em forma de retaliação aos descendentes e alemães diante de uma política de restrições e a fim de  enfraquecer o município o repartiu em 32 municípios. 
Mapa de José Deeke - envolvendo a região do Centro Histórico e desenho dos lotes coloniais e mapa do Google , que utiliza imagens de satélite para conseguir as imagens, quase idênticas as do desenho de Deeke. A estrutura do Stadtplatz ainda existe e também a espacialização. Não descaracterização e tudo depende do que se construirá no Centro Histórico e o tratamento destinado a ele. 
Local da primeira sociedade, do local da residência do fundador, da igreja luterana, do histórico cemitério luterano, da Rua das Palmeiras, da Praça do Porto, da Construção sobre a praça, do Ed. América e do casario ainda presente. Blumenau têm um Centro histórico espetacular com o perfil e terrenos para receber um parque para as pessoas.
O parque urbano de Blumenau, junto a Vila Germânica, Ramiro Ruedger não comporta a demanda de todos as pessoas que o procuram e utilizam seus espaços. O mesmo é policiado e tem infraestrutura e equipamentos. Por que não é utilizado os terrenos vazios no Centro Histórico e fazem um Parque Ramiro Ruedger II?
Registro do Centro Histórico e  entrevistas  com o Arquiteto Vilmar Vidor, na época era o Presidente do IPPUB - Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Blumenau e também, com a Professora Sueli Petry, entre outros entrevistados. Alguns dos entrevistados foram muito pontuais na mesma questão da pauta desta postagem - O Centro Histórico e suas falas são de grande valia nesta reflexão. Éramos estudante de Arquitetura e Urbanismo e tratava-se de um trabalho acadêmico . 
 
Um comentário: Faz praticamente 30 anos que efetuamos esta pesquisa, do vídeo anterior, junto ao Centro Histórico de Blumenau e neste momento, o foco era o aspecto decadente do mesmo, já em 1992. As falas das pessoas entrevistadas, são tão atuais, como se fosse feitas hoje. E é nesta administração, a partir desta ação sem lógica que pretendem, ao construir algo impactante com a região, trazer vitalidade ao espaço e aerificar. Entregando um espaço nobre de Blumenau a uma pessoa de Brusque, que tem o foco nos seus negócios, em detrimento da cidade de todos os blumenauenses. Uma aventura !
Façam um concurso com os arquitetos de Blumenau e escolham o projeto adequado à área. Precisamos urgentemente de um Parque Ramiro Ruedger II, com segurança equipamentos, paisagismo e limpeza. Arquiteta Urbanista Angelina Wittmann - Mestrado e Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade - UFSC.
Qual será o futuro do Centro Histórico de Blumenau?
Que cidade estamos deixando às novas gerações?
Vai desvirtuar o conjunto e sua estrutura, do Centro Histórico de Blumenau, cujo eixo iniciava no porto fluvial (atual praça Hercílio Luz), passa pela Rua das Palmeiras e segue  até o Morro da Igreja luterana centro. O conjunto ainda existe e é original. Por que isso?

Segundo o Jornalista Francisco Fresard, a construção da loja de departamento, mesmo já existindo 3 lojas da mesma rede em Blumenau, poderá ocorrer a execução do projeto da 4° loja em pleno centro histórico de Blumenau. De acordo com a matéria, o projeto  foi aprovado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN e na Fundação Cultural Catarinense - FCC, instituições onde o projeto poderia encontrar entraves para sua realização. Só falta ser aprovado no COPE - Prefeitura Municipal de Blumenau. 
Lembramos que na Oktoberfest Blumenau 2019, a última vez que registramos a festa de maneira presencial, a administração pública de Blumenau homenageou o empresário desta cadeia de lojas que pretende construir no Centro Histórico de Blumenau, cuja sede não está em Blumenau - lhe cedendo o direito de "sangrar" o primeiro barril de chope desta edição da festa e também, este entregou o caneco oficial à Realeza da festa, que trata-se de uma honraria e homenagem destinado a alguém que muito contribuiu para a cidade.
Momento da abertura do Oktoberfest Blumenau 2019, empresário da cadeia de lojas de departamento, devidamente trajado com o novo Lederhosen, sendo homenageado pela Administração Pública de Blumenau ao ser escolhido para entregar o caneco oficial da festa à Realeza. Espaço geralmente destinado às pessoas que ajudam e ajudaram a construir a festa de maneira direta e indiretamente ou contribuiu com a cultura local.
Ricardo Stodieck com o filho de Letzow -
após a homenagem.
Ricardo Stodieck, ex presidente da Vila Germânica e ex Secretário do Turismo, por exemplo, em edições anteriores, homenageou o filho de Harold Letzow (2013) - ex presidente do C.C. 25 de Julho de Blumenau e um dos responsáveis pelas primeiras edições sob o aspecto cultural, das primeiras Oktoberfest's Blumenau (2013). Stodieck  também homenageou, Rikobert Döring (2016) - fundador da Banda Cavalinho Branco, que tocou em todas as edições do Oktoberfest Blumenau, desde 1984. Também homenageou o Vovô Chopão e Vovó Chopona, que dispensam  apresentações. Ou seja, eram, até então homenageados, àqueles que ajudam a fazer o Oktoberfest na cidade de Blumenau, ou contribuem com a cultura.
A parceria que está culminando com a construção de uma loja de departamento munida de uma arquitetura exótica e tão kitsch quando a arquitetura com sarrafos colados nas fachadas da arquitetura cênica sugerida, igualmente para a praça da Prefeitura Municipal, é perceptível a partir destes momentos no palco do Oktoberfest Blumenau 2019.
Rikobert Döring entregando o caneco oficial à Rainha desta edição - Oktoberfest  Blumenau 2016 e sendo homenageado. 



Confirmação da aprovação na Fundação Catarinense de Cultura - o FCC, via e mail.

Registrado para a História!
Está sob revisão e construção.

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Referências

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BIELSCHOWSKY, Bernardo Brasil.  As Sucessivas Políticas Públicas de Desvalorização da História de Blumenau SC. Cadernos NAUI Vol. 3, No. 5, ju l –dez 2014. Disponível em: https://naui.paginas.ufsc.br/files/2015/06/As-Sucessivas-Pol%C3%ADticas-P%C3%BAblicas-de-Desvaloriza%C3%A7%C3%A3o-da-Hist%C3%B3ria-da-Cidade-de-Blumenau-SC.pdf. Acesso em: 8 de março de 2021.

BITTENCOURT,  Brenda. Ponte do Centro Histórico tem trânsito liberado em Blumenau. Mobilidade Urbana. Ponte faz conexão entre a Rua XV de Novembro e a Avenida Beira-Rio. Capa NSC Total Cotidiano. 11/03/2021 - 08h17 - Atualizada em: 11/03/2021 - 08h19. Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/ponte-do-centro-historico-tem-transito-liberado-em-blumenau. Acessado em: 12 de março de 2021 - 15:07h

CARVALHO, Maria João Esperança. O Centro Histórico na Dinamização das Cidades - O Centro Histórico do Porto. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Riscos Cidades e Ordenamento do Território – Variante Políticas Urbanas. Setembro de 2011. Porto

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 SCHMIDT, Gerlach, Gilberto. Colônia Blumenau no sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.) : il., retrs.

SEYFERTH, Giralda. O Colono Múltiplo: Transformações Sociais e Re Significação da Identidade Camponesa. Raízes v.31, n.1, jan-jun / 2011. Dossiê: Povos e Comunidades Tradicionais (Carlos Guilherme Octaviano do Valle, Rodrigo de Azeredo Grünewald - Orgs.)

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WITTMANN, Angelina C.R. Análise Morfológica do Primeiro Núcleo Urbano de Blumenau - Stadtplatz - Entre 1850 - 1880. Pós-Graduação Em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade - 2005/02. Disciplina: Morfologia Urbana, Parcelamento da Terra e Tipologia Arquitetônica. Professoras Orientadora: Gilcéia Pesce.

WITTMANN, Angelina C.R. A ferrovia no Vale do Itajaí: Estrada de Ferro Santa Catarina. Blumenau: Edifurb, 2010. - 304 p. :il.

WITTMANN, Angelina C.R. Fachwerk : a técnica construtiva enxaimel. 1.ed. - Blumenau, SC : AmoLer, 2019. - 405 p. : il.

















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