sábado, 8 de agosto de 2015

Noivas de preto

45 anos após o casamento da Rainha Victoria
Entre os muitos hábitos e costumes trazidos pelos imigrantes alemães para a Colônia Blumenau - Região do Vale do Itajaí e também, para outras regiões do Brasil - um nos intrigou muito - Casamentos, cujas noivas se vestiam de preto. Este fato era contado de mãe para filha e desses repasses foram concluídas muitas coisas e "causos" foram contados, estes também repassados de uma geração para outra - tornando-se lenda.
Quando pesquisamos e escrevemos sobre outras etnias, como por exemplo - os letos, percebemos que não é uma tradição exclusiva dos pomeranos. Suas noivas também casavam-se de preto. Recebemos pedidos para que escrevêssemos sobre o assunto. Também chegaram diferentes versões até nós, supostamente explicando o motivo desta tradição. Ouvimos comentários, estudamos as histórias destes povos que habitavam regiões próximas ao mar Báltico como os pomeranos, mas não tínhamos certeza do porque e como surgiu esta tradição. Durante nossas viagens para a Alemanha percebemos que em todas as regiões do país, em um determinado recorte de tempo histórico, as noivas se casavam de preto.
Em nossa região, este hábito é muito comemorado e divulgado entre os descendentes de pomeranos, como se fosse algo exclusivo somente de sua cultura. Práticas de imigrantes prussianos (ex pomeranos) que chegaram em diferentes regiões do Brasil, de um mesmo  local da atual Alemanha (na ápoca ainda não formada como país).

Pomerania - Fonte: Ireck Andreas Litzbarski
Pomerania - Fonte: Ireck Andreas Litzbarski




















 Já tínhamos publicado sobre...
Relembrando...
A Pomerânia

Os pomeranos, originalmente, faziam parte de um povo que possuía cultura própria. Ao longo da história transcorrida em seu território, passou a fazer parte do domínio prussiano. 
Vamos conhecer um pouco desta história de maneira resumida.
O Sacro Império Romano, a partir das Cruzadas Cristãs dominaram todo seu território – sob a organização social do feudalismo e a conversão, através das armas, ao cristianismo. A Igreja Cristã de Roma prometeram aos Teutônicos, que em troca da missão de converter os pagãos da região do Báltico, seriam Senhores dessas terras e tornariam-se seus suseranos. E assim aconteceu. O Senhores Teutônicos  tornaram-se representantes formais da Igreja Católica e do Sacro Império Romano na região - a elite. O período que permaneceu sob o domínio do Sacro Império Romano Germânico foi mais de 6 séculos – de 1186 até 1806, quando ocorreu a dissolução deste Império pelo exército do francês Napoleão Bonaparte. 
Neste tempo, a Pomerânia passou a fazer parte do Reino da Prússia e logo após, do Império Alemão, quando mais de 330 mil pomeranos migraram para os Estados Unidos da América e muitos outros, para o Brasil.
A primeira Dinastia de Duques pomeranos chamava-se Greifen. A Família Greifen ficou no poder por mais de 500 anos (Século XII até meados do século XVII). Rompeu seu domínio, quando o último Duque faleceu sem deixar herdeiros diretos.                                       
Pomerânia era uma Província da Prússia - e mantinha
 muito de seus hábitos e costumes.
Após a morte do último Duque da família Greifen, seu cunhado, que pertencia a Família Hohenzollern, Duque do estado alemão de Brandenburg, assumiu o Ducado. A família Hohenzollern, com os dois Ducados, herdou também o Ducado da Prússia, criando um superestado conhecido como Bradenburg-Prússia. Através de conquistas, foi somando sob seu poder, outras regiões, quando o duque recebeu o direito e o Título de Rei.
O superestado passou a ser chamado de Reino da Prússia e a Pomerânia passou a ser uma província dentro deste novo reino. Mesmo após a unificação da nação da Alemanha, a Pomerânia continuava como província dentro da Alemanha. 
Permaneceu assim, até a Segunda Guerra Mundial, quando a região da Pomerânia ficou sob controle militar da União Soviética. Também, o limite que existia entre Alemanha e Polônia foi deslocado para o oeste na linha Oder-Neisse. A região que restou em território alemão se tornou a República Comunista da Alemanha Oriental. A população que residia ao oeste da nova divisa - os pomeranos - foram quase totalmente expulsos e a área foi ocupada por poloneses, russos, ucranianos. Provavelmente foi um grande impacto na identidade local.
Pomerânia que restou ficou muito pequena, então foi reunificada com o estado de Mecklemburgo – sendo chamado Mecklemburg-Pomerânia Ocidental. O que restou da verdadeira cultura Pomerana nesta região sudoeste do Báltico? Talvez esta esteja mais original com os descendentes de Pomeranos que vieram para o Brasil no final do Século XIX e não passaram pelo processo pós Segunda Guerra Mundial. 
A lenda e a prática do "casamento pomerano" é resgatado em algumas comunidades fundadas por pomeranos no Brasilque não existe mais em nenhuma região da Europa, onde as noivas se casam de qualquer cor e também de branco. Isto aconteceu dentro de um período histórico, em toda a Europa. 
A pergunta é...

Por que suas noivas casavam-se preto?

A região da
Alemanha - onde estava localizada a antiga Pomerânia - região de origem dos antepassados das "noivas  de preto" que vieram para o Brasil, não apresenta mais esta tradição de casamento. Atualmente é a mesma região da faixa de terra junto ao mar Báltico - coincide aproximadamente com a  fronteira entre a atual  Alemanha e o Mar Báltico.


 Os primeiros pomeranos chegaram no Brasil - no Século XIX, antes mesmo da data da unificação da Alemanha que aconteceu no ano de 1871. Em sua bagagem trouxeram o hábito de - suas noivas usarem o "melhor vestido" no dia de seus casamentos, que geralmente eram pretos.
Vamos entender isso, através de uma análise histórica.

Qual a origem dos vestidos de noivas

A Jovem Rainha Vitória vestida de noiva
A adoção do vestido de noiva branco é muito recente. Foi adotado pela primeira vez no Século XIX - mais precisamente em 1840 (10 anos antes do primeiros pomeranos e imigrantes alemães de outras regiões chegarem no Vale do Itajaí), quando a Rainha Victória da Inglaterra pediu em casamento e se casou com seu primo - o Príncipe Albert de Saxe-Coburg. Seu vestido foi a sensação e assunto por muito tempo em todo o mundo e a partir de então, foi incansavelmente imitado. Há registros e conhecimento de um ou outro casamento onde as noivas se vestiram de branco, mas não teve o "eco" e a sensação deste casamento, já reproduzido pela sétima arte, em 2009.
O vestido de sua majestade inglesa foi confeccionado em cetim branco, adornado com flores de laranjeira e uma grinalda com véu de 5,58m. Foi este o vestido que chamou atenção e foi copiado por muito tempo, pelas noivas em torno do mundo, tornando-se tendência. O vestido da Rainha Victória ofuscou, até mesmo, a história da primeira noiva que supostamente usou vestido de noiva branco - (Nem tão branco assim, mas é mencionado na história) que foi usado por Maria de Medici, no seu casamento  com Henrique IV - herdeiro da coroa francesa. Contam que Maria foi de encontro aos costumes da família do noivo - espanhola, mostrando a exuberância italiana - para isto usou um vestido com degote quadrado com o colo amostra - escandalizando a família do marido. Repetimos, vestido de Maria de Medici não era totalmente branco.
Vestido da Rainha Victória com as jóias - Fonte: www.casamentos.com.br




Confeccionado em cetim branco - com modelo da época
modelo esta adotado por muito, como modelo de vestidos de noivas.
A Rainha Victória noiva foi cena do filme de 2009
 A Jovem Rainha Vitória - Esta réplica  apresentada 

no filme está levemente  descaracterizado do original.



A Jovem Rainha Vitória vestida de noiva


Cena do filme de 2009
 A Jovem Rainha Vitória - Casamento
Casamento de Maria de Médici com Henrique IV, com vestido não
totalmente branco-  1600.

Fonte: Wikipédia
É interessante como o vestido de noiva da Rainha Victória seguia a moda do início do Século XIX - Gola Bertha.
Mas por que a Rainha usou vestido de casamento branco? De acordo com os guias de etiqueta da época, branco era a cor mais elegante, pois como suja facilmente, não daria para ser reusado. Podendo ser usado por poucas e ilustres mulheres. A cor dos vestidos usados pelas mulheres da nobreza ou de família abastadas.
O vestido branco realmente só passou a se tornar padrão depois da Rainha Vitória. Ela reinou com uma regra rígida de conduta (daí que vem a expressão "moral vitoriana") e os costumes das cortes europeias em termos de sexualidade, que até então eram bastante liberados, passaram a ser mais fiscalizados. Ficou viúva aos 24 e guardou luto até morrer. Foi uma época de intensa repressão, que influenciou todos os países da Europa, porque ela era ligada, através de casamentos de filhos e netos, a todas as outras cortes. A questão do vestido preto entre os pomeranos também é verdade, mas não tem a ver com a Prima Nocta (direito do senhor feudal de passar a noite de núpcias com esposa de quem morasse em suas terras). Na verdade a Prima Nocta é uma lenda, alimentada por achismo e preconceitos contra a Idade Média e filmes estilo Coração Valente. A questão da virgindade antes do casamento só existia para as moças de nobreza (e olha lá) por causa da linha de sucessão, mas não era tabu para as demais (até chegar a Rainha Vitória). Além do que eram povos majoritariamente cristãos e isso também geraria muitas revoltas. Mas no caso dos vestido, as mulheres "do povo" casavam com seu melhor traje. Poderia ser de qualquer cor. Azuis e vermelhos sempre foram tecidos caros, por causa dos corantes (a maioria das realezas usam eles). Verdes, rosas e laranjas tem corantes naturais mais fáceis de achar. Mas marrons e pretos são mais baratos, logo eram mais comuns. Brancos não são práticos, sujam, é coisa de quem não trabalha. Isabel Wittmann -  Antropóloga.
 
Casamento em Chicago (Estados Unidos)
Entre os pomeranos, contam que o uso do vestido preto foi uma maneira encontrada de protestar contra os senhores feudais - que se for observado, a partir da História, são oriundos dos Teutônicos (Alemães) que chegaram à região com as cruzadas, no Século XII e, em troca da cristianização dos nativos, recebiam as terras como recompensa a partir da autoridade da Igreja Católica de Roma. 
É uma versão contada pelos descendentes de pomeranos e dos letos - o uso do vestido preto seria uma forma de protesto - algo paralelo, local e peculiar, se comparado à história ampla do uso do vestido de noiva preto ou, branco. Muito tempo antes do uso histórico do primeiro vestido de noiva branco, como vimos, aconteceu somente no Século XIX (bem depois do Século XII), permaneceu a tradição, do uso do "luto"e não do vestido de noiva, que praticamente inexistia, entre as noivas das classes mais humildes.

Cavaleiros Teutônicos

Na época das cruzadas, o território próximo ao Mar Báltico estava a mercê e sob o domínio dos Cavaleiros Teutônicos, enviados pela Igreja de Roma, para cristianizar os "pagãos". Em troca, os alemães católicos tinham como promessa e premiação a partir da missão cumprida, as terras do povo cristianizado. De acordo com o sistema feudal - tornar-se-iam seus senhores e de todo seu povo - do Século IX ao Século XII - recebendo títulos de nobreza.  

Algumas passagens da história destes povos - pomeranos e letos tem semelhança, com a diferença, de que o território pomerano foi anexado ao território da nação alemã e perderam toda sua identidade cultural e língua diante do novo contexto histórico. Desta maneira, os alemães mantiveram contato e saída pelo Báltico.
Nesta época, mesmo sob o domínio da Rússia, os Senhores das terras em toda a região do Báltico, foram os membros da Ordem Teutônica
Também os letos tornaram-se seus servos. Muitas histórias deste período não eram muito nobres dentro das relações senhor e vassalos e sob os preceitos do próprio Cristianismo que pregavam à força dentro do sistema de servidão. Um destes exemplos, dizem ser a origem da tradição, não pela tendência e moda internacional, das noivas desta região - pomerana e leta, casarem-se de preto. Foi uma maneira de protestar contra o ato tirano - de a noiva ser obrigada a passar sua primeira noite de núpcias com seu senhor e não com seu marido. É um história local, trazida para o Brasil pelos imigrantes pomeranos e letos e que coincidiu com a prática e a tendência da moda do uso de outros vestidos no casamento, não especificamente branco. No caso do letos e pomerano, propositadamente com um significado e comunicação a partir de uma simbologia - o luto.  
É uma lenda, a exemplo do que expressa Isabel Wittmann - pesquisadora da área e Doutoranda da USP -  confirmado por nós, após viagens à Alemanha. 
As Cruzadas Teutônicas chegaram à região da Pomerânia no Século XII. Os imigrantes, que trouxeram as noivas de preto para o  Brasil, chegaram no Século XIX.
 

A partir de registros e lembrando que a história pode ser contada pelo "vencedor", como dito: o vestido branco pela  primeira vez só foi usado no Século XIX. Antes do Século XIX, não somente na Alemanha, mas em vários países da Europa, as noivas se casavam de preto, marrom, vermelho, azul, cinza. As noivas se casavam com o seu melhor vestido e não o usavam somente no dia do casamento, mas também em outros dias. 
Fonte: www.labadiena.lv
Casavam com seu melhor vestido, geralmente preto, porque não era tão caro, não sujava muito, ou não aparecia muito a sujeira. Poderia-se, desta forma, ser usado mais vezes, se comparado com um vestido de cor clara ou branco - usado por aquelas que não precisavam trabalhar. Mesmo dentro das novas classes sociais do renascimento, as noivas usavam o vestido festivo, de passeio no seu casamento. Noivas oriundas do seio de famílias de agricultores e artesãos casavam com seu melhor vestido preto e que geralmente usavam nos domingos - muitos destes trajes são os trajes históricos resgatados nos grupos de danças folclóricos. Em algumas partes da Europa, o valor gasto com a noiva e com a festa de seu casamento, era um indicador de status social, de riqueza ou poder da família. Aqueles que podiam pagar, escolhiam tecidos luxuosos como o veludos, sedas ou mesmo prata e ouro, brocados, decorados e cravejados com pedras semipreciosas para fazer os vestidos de suas noivas. As cores eram variadas. Na idade média e também no renascimento, as noivas das classes mais abastadas se casavam vestidas de azuis, verdes e vermelhas.
Casamento de Filipe III com Maria de Brabant, em 1274 - Vestido vermelho.


Na idade média, o  casamento nas classes sociais mais abastadas, geralmente era uma espécie de negócio combinado entre duas famílias, visando conveniências econômicas ou prestígio social. Estas combinações, na maioria das vezes, eram feitas quando os bebês nasciam, tornando-se um pacto entre famílias. Imagem de uma noiva com vestido colorido.
As jovens mulheres da sociedade de elite casavam-se cedo - em geral com 13, 15 anos. Os enxovais, repletos de peças de linho bordadas com esmero, veludos e brocados, começavam a ser feitos quando a jovem estava com 12 anos e eram guardados em baús, religiosamente protegidos por folhas de eucalipto e mesinhas de proteção. Fonte: http://fashioniser.com/index/art/128

Noiva apresentada em veludo e brocado, ostentando o brasão de sua família e as cores do herdeiro ao qual sua casa estava se filiando. O uso da tiara passou a ser um adereço obrigatório e temos nela a ancestral da grinalda. O uso dos anéis era de grande importância e representavam a possibilidade de uma dama viver sem precisar trabalhar na lida com as coisas da casa. As Mãos brancas da noiva e os dedos cheios de anel demonstravam a competência do marido para prover sua esposa sem necessitar da ajuda dela em qualquer tarefa doméstica.  Casal Arnofini - pintado por  Jan Van Eyck  - 1434.  Fonte: http://www.mulhersingular.com.br.
Vestido de Noiva modelo by Stern Brithers
New York 1890
 Foto: Photograph by John Chase
 Museu Victoria and Albert, em Londres
Fonte: www.noivasdobrasil.com.br/
A cor preta ganhou notoriedade no modo de vestir feminino, também por influencia da igreja católica, na Espanha do Século XVI - época do surgimento da contra reforma e a escola jesuítica. O preto com tendência, estampavam vestidos sóbrios e longos - registrados em fotografias, onde quase sempre elas tinham a bíblia nas mãos. Não somente a classe alta, mas também noivas das regiões rurais se casavam de preto. Como já comentado, era uma cor fácil de se manter limpa e poderia ser usado em muitas e diferentes ocasiões especiais - Preto - o nosso "básico"atual.


O vestido branco usado pelas noivas a partir do Século XIX, após o casamento real da Rainha Victória com seu primo o Príncipe Albert, foram adotados por noivas das mais variadas classes sociais, principalmente noivas da nobreza. Período que o vestido de noiva passou, definitivamente, a ser  um simbolo de status e um "sonho" de um bom número das mulheres do ocidente. Também passou a ser o símbolo da "pureza sexual" e do ideal virginal proposto pela Cristianismo.
Outro casamento histórico e de grande repercussão e, também registrado pela sétima arte, foi o casamento da Princesa Elisabeth Amalie Eugenie von Wittelsbach da Baviera - Sissi, com Imperador Franz Joseph I da Áustria, em 1854 - trajou um riquíssimo vestido branco.

Elisabeth Amalie Eugenie von Wittelsbach

Fonte: pt.wikipedia.org
Em 1854 (A Colônia Blumenau tinha 4 anos de fundação), o Papa Pio IX proclamou que as noivas deveriam demonstrar através do traje brancoa Imaculada Concepção assim como Maria a Imaculada. Esta fala papal, estabeleceu para a noiva do Romantismo um padrão católico e cristão que se estende até os dias atuais.
Esta noiva agregou à sua veste um adereço de mão que, podia ser um terço ou um pequeno livro de orações porque, além de casta, ela deveria também ser religiosa.

Estivemos na Alemanha observamos o tema...
Estivemos na Alemanha buscando um pouco mais de respostas. Como se casavam as moças em determinadas regiões, e por que?
Ficamos satisfeitos que as respostas encontradas vieram de encontro com aquilo que já tínhamos postado neste trabalho. As noivas casavam-se de preto por sua deliberada vontade e tendência da época. Também casavam-se com vestidos de cores variadas para quem podia. Encontramos algumas imagens em álbuns de família comprovando isso.
Estivemos em duas regiões distintas - Francônia e Suábia e em ambos os locais, suas noivas casaram-se de preto em um determinado período histórico.
Na Francônia (Bavaria) estivemos na cidade de Glosslangheimer e na Suábia (Baden-Württermberg), nas cidades de Stuttgart e Winterbach.

Casamento em Suttgart



Casamento em  Winterbach
Emma Louse é a Oma do Roberto Wittmann - Blumenau - Foi testemunha de uma noiva que vestia o vestido preto na cidade suábia - Winterbach.
Casamento em Glosslangheimer

Os noivos anteriores - com filhos e a senhora continua a usar o vestido preto






















Foi muito interessante observarmos, na Alemanha, as imagens de festividades que comprovam o clima festivo e sem a conotação de manifestações das noivas a partir da cor de seu vestido de casamento. Todos felizes, comemorando um casamento. 
Na sequência um pouco sobre os casamentos no Brasil - no mesmo período histórico - Século XIX - século da chegada de muitos imigrantes alemães no Brasil.

Colônias no Brasil
Casamentos 1860 e 1870

Se observarmos as noivas das fotografias abaixo, podemos afirmar que estão trajadas com vestidos de passeios em cor preta. Seria muito interessante, conhecer como casavam-se as plebeias no Brasil colônia, antes de 1840, entre as famílias portuguesas. Iremos pesquisar mais sobre.  Sabemos que também haviam casamento com noivas de preto, entre os portugueses. Mas não encontramos registros sobre o tema na história do Brasil colônia..
Petrópolis
Fonte: imigracaoalema.com
Petrópolis
Fonte: imigracaoalema.com
Petrópolis
Casamento com vestido preto - etnia Portuguesa
Fonte: http://blogcasadinhos.blogspot.com.br/



"Em meados de 1930, por mais estranho
 que isso possa parecer era moda casar-se
 de preto. A foto abaixo retrata o casal espanhol
 Prifiacion e Miguel no dia de seu casamento. "
Fonte: http://blogcasadinhos.blogspot.com.br/
Estrela - Rio Grande do Sul - Imigração Alemã
Acervo pessoal da Sra. Denise Pollnow Heinz - Fotografia de seus 
bisavós. Foto digitalizada e restaurada. Imigrantes pomeranos
Sra. Bertha e Sr.Carl Pollnow - Data: aproximada 1890
Local Joinville SC.
Venâncio Aires - RS - Casal Schneider - Ano do casamento - 1908
A noiva era Regina Gibbert

As noivas de preto da família de Roni Loebens
Roni Loebens
Em maio de 2018, Roni Loebens de Santa Cruz do Sul - Rio Grande do Sul, após ler nossa pesquisa, comentou conosco que era muito comum, as mulheres de sua família casarem-se de preto. Disse-nos que todas as 10 irmãs de seu avô usaram vestidos pretos no dia de seu casamento como também suas bisavós e tetravós. Sua contribuição não limitou-se somente a esta informação. Enviou-nos inúmeras fotografias históricas destas passagens na família. Loebens, que originalmente poderia ser Löbens, afirmou que tem uma cervo de mais de 400 fotografias dos antepassados. 
Algumas imagens das noivas de preto de sua família.

João Schaeffer e Amália Schaeffer 
Jakob Loebens e Rosalina Schaeffer



Arnoldo Baumgarten e Elizabeth Schaeffer
Fhilip Limberg e noiva



Germano Hildebrandt e Alvina Riese

Os Rauber
Frederico Weigel e Olivia  Wink


Mathias Loebens e noiva
José Morsch e Maria Schaeffer


Miguel Bech e Anna Morsch
Os Riese
Prosseguindo...

Casamentos do Imperador Pedro I - no primeiro casamento, sua noiva Caroline Josepha Leopoldine von Habsburg-Lothringen - Imperatriz Leopoldina está trajando um vestido de noiva verde (13 de maio de 1817 - em Viena). No segundo casamento, sua noiva Princesa Amélia de Beauharnais da Baviera está trajando um vestido dourado com branco (11 de dezembro de 1826).

Primeiro casamento D. Pedro I do Brasil
Noiva : Imperatriz Leopoldina
Segundo casamento D Pedro I do Brasil - Noiva : Princesa Amélia - Contrariando registros históricos, aparentemente esta  princesa bávara casou com o Imperador do Brasil com vestido de noiva branco - quadro feito Debret - integrante  da Missão Artística Francesa, que fundou a Academia de Artes e Ofícios no Rio de Janeiro.
Princesa Isabel e Conde d'Eu no dia
do casamento - 1868
Casamento de um casal de escravos de uma família rica do Rio de Janeiro
Jean Baptiste Debret - integrante  da Missão Artística Francesa,
que fundou a Academia de Artes e Ofícios no Rio de Janeiro.
É curioso que na comunidade da colônia alemã do Espírito Santo foi somente na década de 1940 que suas as noivas passaram a usar vestido branco - um século depois do casamento da Rainha Victória. Até então, as moças se casavam de vestido preto, de feitio muito simples. Contam que o caminho percorrido até a igreja pelos noivos era todo enfeitado com ramos de ciprestes e flores de papel colorido. A noiva quase sempre era arrumada pela mãe e vestia o vestido preto geralmente de cetim com uma faixa verde, também de cetim na cintura, acompanhada de um coroa verde tecida de murta, alecrim ou de cipreste, adornada com flores de laranjeira.
O vestido de noiva tem raízes nos tempos antigos, mas a idealização de se casar com branco surgiu pela primeira vez na idade moderna e ganhou notabilidade e tendência, mais especificamente, no Século XIX. Tem ligações estreitas com as tendências da moda ao longo dos séculos e muda sua aparência  muitas vezes. Atualmente, novamente, a noiva pode usar qualquer vestido que se adeque ao seu gosto, ao seu bolso ou estilo pessoal até  vestido preto.


 

Angelina Wittmann - julho de 1984 - São José SC.
















Resumindo -Até o Século XIX, não existia a moda de se casar de branco. A cor preta era frequentemente usada pelas noivas de toda a Europa e não somente pelos pomeranos. A cor preta era uma cor popular, por diversos motivos. Portanto, mais acessível às pessoas mais humildes. Poderiam se casar de preto ou, com o melhor vestido de passeio, que durante um período coincidia com a tendência do preto, usado durante o Século XVI, na Europa. 
Vestidos pretos de noivas contemporâneos
Passarelas de Paris nos dias atuais.




Leituras complementares
  1. Noivas de Preto
 Mais alguns deste Blog
Para acessar - Clicar sobre:
  1. Perchta - Da Mitologia Germânica à tradição dos f...
  2. Plätzchen - Docinhos de Natal
  3. Dia da Língua Alemã - Dia da Unidade Alemã - Tag ...
  4. Guildas ou Corporação de Ofícios
  5. Alemanha - Campeã da Copa do Mundo do Brasil
  6. Berlin - Capital da Alemanha - Parte 2/2
  7. Berlin - Capital da Alemanha - Parte 1/2
  8. Stammtisch - Origem e Tradição
  9. Tribos germânicas - História
  10. Conversando um pouco sobre História - História
  11. Germanos e sua Mitologia - Crenças e Panteon - Parte 1
  12. Germanos e sua Mitologia - Crenças e Panteon - Parte 2
  13. O Culto da Colheita - Mitologia Germânica
  14. Primavera entre os antigos povos germânicos - Mitologia
  15. História... Origem da Expressão: Deutschland e Germania
  16. História...A páscoa na cultura alemã
  17. Antes do surgimento do Estado alemão - Século XIX
  18. História...Parte I - Dos Germanos ao surgimento: "Deutschland"
  19. Sequência Parte I - Livro Germânia - Tácito
  20. História...Hino da Prússia e um pouco de sua História
  21. História - Prússia e Alemanha
  22. História... Primeiros Imperadores Germânicos
  23. Império Alemão
  24. A Unificação da Alemanha
  25. Um pouco de História...Würzburg - Capital de Unterfranken
  26. Natal - Sua origem Histórica
  27. Culinária - Pão Pumpernickel 

    Esse material tornou-se referência bibliográficaProcurar em Revista História Catarina - Noivas de Preto - Ano XI, Número 88. Páginas entre 46 e 63. Editora Leão Baio - Lages SC.

    Em construção...





    11 comentários:

    1. Respostas
      1. A história dos hábitos, costumes , das cidades e as relações sociais que nele acontecem estão presentes nas ações históricas registradas ou não. Basta reconstruiemos a sequência. Abraços.

        Excluir
    2. Respostas
      1. agradecemos. É um prazer compartilhar algumas repostas...Questionamentos ainda são muitos.
        Abraços.

        Excluir
    3. Adorei. Gostaria de saber as referencias bibliograficas utilizadas na formulação da postagem.

      ResponderExcluir
      Respostas
      1. Hallo, Carla...
        Não as tenho. O trabalho do blog é feito a noite, madrugadas e requer certa fluidez. Se nos preocupássemos com mais detalhes não damos conta. O objetivo é provocar a busca e reavaliar alguns pontos. É fruto de pesquisa, dou-lhe certeza disso, existe a fonte. Para fazer um trabalho científico é preciso buscar. As fontes existem. Também cruzamos informações que temos a partir de 10 anos de pesquisas. São conclusões a partir de fatos e dados históricos cruzados. Basta ler sobre tudo que comentamos que o leitor também concluirá alguma coisa. Que bom que gostou. Abraços.

        Excluir
    4. Esse material tornou-se referência bibliográfica.
      Procurar em Revista História Catarina - Noivas de Preto - Ano XI, Número 88. Páginas entre 46 e 63. Editora Leão Baio - Lages SC.

      ResponderExcluir