terça-feira, 7 de março de 2017

Bohemia - República Tcheca e sua História - Böhmen Trachten

Igreja de St. Anne, em Graupen - Bohemia
 Adrian Ludwig Richter - em breve sua biografia aqui no Blog.







Muitos são os resgates culturais e também os Volkstanzgruppen - Grupos de Danças folclóricas na região de Blumenau, região Sul do país, no Brasil e no globo. 
Com isso, é inevitável a troca de informações, pesquisa e também podemos dizer, tratar-se ser uma prática salutar. Em cada conto, se aumenta um ponto, ou seria? São acrescidas mais informações?

No mês de janeiro de 2017, junto com o tradicional "Prost Neujahr" alguém nos perguntou sobre o traje histórico da antiga região da Bohemia - localizada atualmente na República Tcheca. Para isso, é inevitável não "mergulhar" na história da região. Encontramos por aí, muitos descendentes direto de Bohemios e também, vimos que há ligações  com a cultura alemã e a história da República Tcheca simultaneamente, durante eventos desse Consulado em Blumenau. 
Antes de dissertarmos sobre o Traje Histórico Bohemio - Böhmen Trachten - vamos conhecer a história da Bohemia  ou Böhmen, de maneira resumida. 
Abordaremos a história da Bohemia sob dois enfoques. O primeiro,  contando de maneira informal e mais ampla, sem aprofundamentos. O segundo enfoque, é a história formal que envolvem seus governantes.
E para encerrar, concluímos e fazemos uma reflexão sobre o Traje Histórico da Bohemia Böhmen Trachten.
Ano de 1871 - Unificação da Alemanha - Localização da Bohemia - muito próxima da do estado alemão - Baviera.

Ano 1919  - localização da Boehmia - circundada por regiões do território austríaco.
Não tínhamos noção do quanto a história dos Bohemios tem laços estreitos com a cultura atual de alguns povos, não somente do continente europeu, mas também do Brasil, a partir de seus descendentes e também, com a República Tcheca.

O termo alemão Böhmen é designação ou um termo coletivo para chamar os alemães que viviam na área da Bohemian, um dos Impérios Tchecos. Sua origem tem  relação a uma tribo que chegou a região muito tempo atrás - assunto será retomado. 
Na região dos reinos que estavam no território da Böhmen - Mähren e Silesien, chamavam-se também de Deutschmährer ou Sudetenschlesiern, quando viviam na Silesia austríaca.
Os habitantes, em sua grande maioria, eram colonos alemães, que chegaram à região, principalmente entre os séculos XII e XIII, durante o Ostsiedlung, oriundos da Baviera, Francônia, Saxonia Superior e Morávia. Mais tarde, ocorreu migração a partir de regiões alemãs - pós guerras hussitas (esclarecido na segunda parte do texto), epidemia da peste negra e a Guerra de Trinta anos, principalmente da monarquia dos Habsburgo na Bohemia, Morávia e Silésia. Muitos vieram de diferentes regiões povoados por diferentes etnias, línguas e dialetos diferentes do Reino de Habsburgo, e acabaram assimilando a língua e a cultura alemãs.
Explicando... 
Ostsiedlung (traduzindo do alemão - Colonização no Leste), é a denominação dada a  expansão alemã - sentido Leste. Colonização alemã na Europa Central e Oriental que teve início no século XII e quase se extinguiu no  Século XV.
A população germânica (Ainda não existia o estado da Alemanha) aumentou consideravelmente durante a alta idade média fomentando a migração em toda a região - desde a Renânia, Flandes e Saxônia - regiões do grande Sacro- Império-Germânico que era suseranos do Império Romano. Aconteceram assentamentos entre os rios Elba e Saale e também, nas regiões bálticas e da Polônia - até então povoados pelos bálticos e eslavos respectivamente.
Esses movimentos migratórios eram incentivados pela nobreza germânica, reis polacos, Duques e pela Igreja Católica Romana, sem o conhecimento dos povos nativos do báltico.
Dessas movimentações surgiu o grande Reino Prussiano. No finalzinho da Idade Média, os Cavaleiros Teutônicos enviados por Konrad de Masóvia, chegaram ao norte da Polônia. Já tinham sob seu domínio grande parte das costas bálticas. Mas, em sua empreitada, foram derrotados pelo exército polaco - entre 1410 e 1466, quando foi transformado em um Feudo polaco. Houve um declínio do processo de colonização da região durante o século XIV, motivado pela peste negra. Mesmo essa terminada no século XV, depois da derrota dos Teutônicos, não impediu que todas as terras agrícolas fossem ocupadas.
Nos anos de 1772, 1793 e 1795, após a divisão da Polônia pelos prussianos, austríacos e russos, grande parte do ocidente polaco permaneceu no território prussiano. Nesse tempo iniciou um novo período de migrações/colonização, sem intenção de germanizar as novas aquisições, pois essa região estava densamente povoada.
 Após o fim da 1º Guerra Mundial, sob a liderança de Jozef Pilsudski, a Polônia aplicou uma política assimiladora de migração de povos alemãesApós a 2° Guerra Mundial - entre 1945 e 1948 - a população alemã que vivia no leste europeu foi expulsa maciçamente. A iniciativa teve base  nas decisões da Conferencia de Potsdam, com relação à Linha  Oder-Neisse. Foi redesenhada a fronteira oriental da Alemanha como era no ano de 1181. Mesmo que em algumas regiões dos antigos eslavos localizadas entre a linha Oder-Neisse e o Rio Elba tenham ficado no território alemão, no entorno, aproximadamente 15 milhões de alemães de províncias orientais foram expulsos e enviados à República Federal Alemã, ou a República Democrática Alemã, revertendo quase totalmente os números da antiga colonização alemã de tempos passados.
Expansão alemã - sentido leste europeu.
Conversando...
O nome alemão dado à região Bohemia, Deutschmährer e Silesia, surgiu durante levantes nacionais em 1848, junto com o aumento  gradual do uso do termo tcheco. No século XX, termo usado foi o Sudeto comum e novamente, a população de língua alemã que residia há muito tempo na região, sentiu-se novamente excluída. Defendem que o termo alemão Bohemio e Deutschmährer são mais adequados  dos que dizer "alemães dos sudetos", pois houve também assentamento fora da região do Sudeto.
Durante séculos, os Bohemios deixaram sua contribuição para a economia da sociedade Tcheca. Uma dessas contribuições, foi a cristaleria. Quem ainda não ouviu falar dos cristais da Boehmia? 
Mantiveram e resguardaram sua identidade social e suas práticas dentro da região - atualmente parte  do território da República Tcheca.

Fatos importantes que interferiram na história dos Bohemios, dentro do território dos Impérios e países tchecos, como: Guerras Hussitas (Hussitenkriege), as atividades da Brethren Tcheca, a Guerra de Trinta Anos e as Guerras de Frederik II contra a Áustria, para tomar a Silésia que prejudicou a Áustria, fazendo com que essa perdesse grande parte do território junto aos Tchecos. Essa diminuição enfraqueceu  a cultura alemã dentro do território Tcheco, onde os camponeses alemães  continuaram a povoar as terras ainda não povoadas da região. O traje desses camponeses são aqueles observados como os atuais trajes históricos da Boehmia ou Böhmen Trachten.
Hussitenkriege.
Após o término da Batalha da Montanha Branca, a nobreza Bohemian  perdeu as terras em território tcheco localizadas em Viena, para os alemães de Habsburgo, o que fez aumentar o domínio da língua e a cultura alemã na região. Esse fato criou uma tensão dentro dos Impérios Tchecos, aumentando durante o século XIX.
Batalha da Montanha Branca - Praga - 1620 - Schlacht am Weissen Bergbei Prag 1620.



Em 1848, houve um movimento na região, pela igualdade cultural entre tchecos e alemães. Nesse tempo, os alemães tentaram viver nas regiões da Bohemia onde eram a maioria da população - como grupo étnico e no local, tentavam preservar sua soberania política, religiosa e cultural. Essas iniciativas foram oficializadas no Congresso de Teplitz - 1848.
Em 1867, foi aprovado, em constituição, a igualdade de todas as nacionalidades, inclusive a austríaca - criação do Cisleithanien. Já estava em vigor o Reichsgesetzblatt desde 1849. Após a criação do Cisleithanien, ficou muito difícil preservar o domínio e liberdade de expressão do a política e cultura alemãs.
Para compreender, relembramos que o estado alemão - como nação surgiu somente no ano de 1871. O Império Bohemio era o equivalente ou análogo ao Império Bávaro e ao Império Austríaco - ambos tinham culturas e dialetos semelhantes. Só que, com o surgimento da nação alemã, somente a Bavaria ficou parte do território alemão. A Áustria tornou-se outro país e a Bohemia, ficou parte de um território eclético parte de um território de outro país - República Tcheca. Os três exemplos, ou reinos, em um determinado período histórico, tinham a mesma força histórica e muita coisa em comum, como a  língua alemã.
Cisleithanien - Parte austríaca do grande Império Austro-Húngaro.
Continuando a conversar...

Cisleithanien, em tcheco é Předlitavsko foi o nome da parte austríaca do grande Império Austro-Húngaro - Áustria-Hungria, a monarquia dual criada em 1867 e dissolvida em 1918, após a derrota, na 1° Guerra Mundial. 
A capital da Cisleitânien era a cidade austríaca de Viena. O território tinha uma população de 28.571.900, em 1910.
Viena - Wien - 1910.

Nem Cisleitânien e nem Transleitânia eram termos usados na Áustria.
Entre 1868 e 1871 - quando surgiu o estado alemão - o número de alemães que viviam  na Bohemia era grande. A situação ficou tensa entre alemães  Bohemios e tchecos. Em 1900 houve a hipótese para a divisão da Bohemia em uma zona alemã e uma zona Tcheca. Em 1903, sob a liderança do médico Josef Titta, criou-se o Conselho do Povo Alemão da Bohemia com um dos principais objetivos  - de unir os partidos alemães rebeldes para encontrar uma solução para o problema nacionalidade.
Embora o Conselho do Povo  pudesse formalizar a coligação de partidos políticos na Alemanha, não teve o mesmo desempenho e influencia para a  associação protetora dos alemães em Old Áustria. Em contrapartida, em  Moravian existiam 1.905 leis estaduais aprovadas, o que garantiu uma solução dos problemas originários em rixas étnicas entre alemães e tchecos, na região. Criou-se um precedente entre os alemães e  tchecos  da Old Áustria.
No ano de 1907, o Conselho Imperial  elegeu pela primeira vez o Parlamento Cisleithanien. (Políticos tchecos disputavam vagas no Conselho Imperial de Viena para as terras tchecas, sem êxito. As negociações políticas foram prejudicadas, o que fez surgir seu próprio Parlamento Tcheco na cidade de Praga. Em uma readequação política foram redistribuídos  os distritos eleitorais de área de colonização alemã e tcheca - sempre que possível, separados.
Parlamento em Praga - 1907.
Em 1909 foi criado um Comitê da separação alemã. Uma iniciativa sem cunho político, embasada na situação insustentável da Bohemia, que defendia a criação de uma região para a Bohemia alemã
O surgimento do antagonismo fundamental surgido em Praga, a partir dos tchecos que reivindicavam o governo para si, Alemão Bohemia e o Deutschmährer se resumia nessa aparente solução, que não pode ser resolvido na Old Áustria, na esfera da monarquia.
Em 1930, houve uma redistribuição interna da população alemã nas terras tchecas. Grande parte do território tcheco era habitado por pessoas que falavam a língua alemã. Estavam distribuídos na região de Egerland, Norte e oeste da Bohemia, Morávia-Silésia e  norte e sul  da Moravia. De acordo com o senso de 1910 viviam em território tcheco do Império Austro-Húngaro cerca de 3,25 milhões de alemães,(quase um terço da população local, de um total de quase 10 milhões.)
A Tchecoslovaquia foi proclamada um estado independente no dia 28 de outubro de 1918. Houve rejeição à criação do novo estado por parte daqueles  que residiam nas regiões fronteiriças da Bohemia alemã,  Morávia e Morávia Silésia e se autoproclamaram parte da Áustria alemã. 


Tratado de Saint-Germain-en-Laye.
Tchoslováquia não aceitou e insubordinação e em novembro de 1918 invadiram as regiões rebeldes com tropas. Sangrentas manifestações, com opiniões divididas aconteceram no dia 4 de março de 1919. No dia 10 de setembro de 1919 foi assinado o Tratado de Saint-Germain-en-Laye, confirmando e aceitando as áreas habitadas por alemães.
Tratado de Saint-Germain-en-Laye.
Durante a 1º República Tchecoslovaca surgiram diferentes correntes políticas, também dentro das regiões de língua alemã, que então se chamavam alemães dos Sudetos, nome originado do Sudetenland, oriundo da Bohemia, parte do do Império Austro-húngaro, que boicotaram o estado tchecoslovaco.
Os alemães da frente dos Sudetos, mais tarde conhecido como Partido alemão dos Sudetos (Sudeten) uniram-se a outros partidos de oposição ao governo tcheco, o que o tornou um partido forte. O descontentamento a partir de áreas alemãs com alto índice de desemprego, faziam as pessoas - nesse momento, minorias de língua alemã da Bohemia, Morávia e Silésia se aproximarem  do Reich alemão, que fortalecia os Sudetos dentro da Tchecoslováquia.
No dia 5 de novembro de 1937, uma liderança local expressou o desejo  de incorporar o território alemão dos Sudetos - que na verdade era o espaço da Bohemian-Moravian-Silesian - ao Reino do Reich.
No dia 29 de setembro de 1937 houve o acordo de München sem a presença de representantes da Tchecoslováquia, que determinou  a incorporação dos territórios alemães pelo Reich alemão. O distrito de Sudetenland foi fundado no dia 30 de outubro de 1938. A área compreendia a área de colonização alemã ao norte da Bohemia e norte da Moravia. Restante das áreas ficaram sob tutela da Bavaria  e Áustria.
No dia 15 de março de 1939, Hitler viola o Acordo de München, que chamou de "Garupa Tchecoslováquia", e ocupa as regiões centrais da Bohemia e Morávia. Nesse momento declarou esse território como Protetorado de Bohemia e Morávia.
Protektorat Böhmen, Moehren Sudetenland, Wehrmacht, Ww Ii, Weltkrieg, Wenig, Lang, 15 1939, March 1939.

De 1939 a 1945 as áreas de língua alemã da Bohemia, Morávia e Silésia tcheca participam e comungam das políticas aplicadas pela Alemanha dessa época. Durante a 2° Guerra Mundial, em 1945, após a chegada das tropas americanas e russas na região, fugiram muitos alemães do Sudeto e alemães da antiga Tchecoslovaquia. Em maio desse ano, Edvard Benes propaga a necessidade de expulsar os alemães, que teve como consequências atos violentos e de brutalidades, com o despejo de aproximadamente 800 mil  pessoas de suas casas, que foram confiscadas pelo decreto 108.
Edvard Benes - Edvard Beneš foi um líder do movimento da independência da Tchechoslováquia e tornou-se, em 1935, o segundo presidente deste país. Após a anexação dos Sudetos pelos alemães.

Atualmente existe uma pequena parte da Bohemia alemã, Deutschmährer e alemão silesiano na República Tcheca. Em 2001 foi computado 39.000 pessoas parte das etnias: alemães da Bohemia, Deutschmährer e Silésia. A participação dessa minoria alemã dentro da população total da República Tcheca, em 2001, foi de 0,4%. Vivem principalmente ao norte e oeste da Bohemia. Numericamente o maior grupo dentro das minorias alemãs é um grupo de 9500 pessoas que vivem ao norte da Bohemia - Uati Region. Ao oeste da Bohemia vivem aproximadamente 3%  e no Distrito Sokolov, vive 4,5 % e é a maior concentração de alemães dentro do total da população da República Tcheca atual.

Muitas famílias de alemães da Bohemia e Deutschmährer, após a 2° Guerra Mundial  se estabeleceram na Áustria e em outros países. Há famílias e descendentes de bohemios, também no Brasil.
Em evento do Consulado da República Tcheca na cidade de Blumenau SC - Descendentes de Bohemios se encontram.
Muitos que se mudaram para a Alemanha, se estabeleceram  em áreas da antiga zona  de ocupação norte-americana, especialmente na Baviera, um tempo depois, também se estabeleceram em Hessen e norte de Baden-Würtemberg.
Outros grupos de bohemios ocuparam áreas da antiga RDA, como por exemplo Saxônia e Turíngia. Também ao norte da Alemanha, antigas regiões da Alemanha Oriental e também na Áustria vivem alemão Bohemia, Deutschmächerr e seus descendentes.
Apesar das atuais relações diplomáticas amigáveis na região, envolvendo a República Tcheca e a Alemanha, ressaltamos que também há um Consulado da República Tcheca em Blumenau, as relações ainda são um pouco tensas entre os grupos envolvidos nessa. Como a história conta, a reconciliação, indenizações e o diálogo entre os países fronteiriços continuam a ser prejudicados pela desconfiança mútua, de ambos os lados. O receio de muitos tchecos tem relacionamento com a possível reivindicação de propriedade por parte do povo expulso da região. O Decreto firmado, conhecido Decreto Benes não foi contrário a esse procedimento - ou foi contrário às reivindicações de associações de refugiados para ser inválido e por isso solicitam sua abolição.
Os debates, diálogos e tratados permanecem entre as duas nações onde o foco é o futuro desse povo, que, após séculos de história, foram despatriados e se mantém em diversas regiões em volta do globo como Bohemios ou descendente de Bohemios, com culturas e identidades próprias e que falam a língua alemã.
Brasão do Reino da Bohemia.
História Resumida da Bohemia a partir dos governantes locais

O reino da Bohemia  foi estabelecido formalmente no anos de 1212 através de documento da Sicília promulgado pelo Imperador do Sacro Império Romano-Germânico  - Frederico II. Seu primeiro rei foi Otacar I da Bohemia.
No ano de 1251, o rei Otacar II entre ou guerra com o Arquiducado da Áustria. Em 1261, incorporou o reino da Bohemia a este.
Otacar II.
Em 1322, Luigi IV da Bavaria cede a região de Eger à Bohemia. Lembramos da canção famosa Blasmusik sobre essa região. A partir desse momento, a região passou a fazer parte do Império Austríaco.
Em 1867, o Reino da Bohemia passou a fazer parte do Império Austro-Húngaro.
O reino foi dissolvido em 1918, com a abdicação do último rei da Bohemia Carlos III. Como consequência, aconteceu o desmembramento do Império Austro-Húngaro do qual fazia parte. A Assembleia Nacional de Praga depôs oficialmente a Dinastia Habsburgo e proclamou a República Tchecoslovaquia.
Brasão do Império Austro-Húngaro.

Os boios eram a principal tribo que habitava aquela zona por volta do século V, e a eles se deve o nome da Bohemia. Os boios foram expulsos por tribos germânicas dos marcomanos até o Século I. Entre os séculos V e VIII, a Bohemia foi ocupada pelos eslavos e, mais tarde, pelos ávaros. Tempos depois, caíram sob o domínio de Carlos Magno. Com a decadência do Império Carolíngio, a região viveu um período de independência, onde o povo ficou conhecido e chamado chamado de tcheco. No século X, o Reino da Bohemia consolida-se sob a dinastia Premislidas com capital em Praga.
Venceslau I é considerado o patrono da República Tcheca.
A primeira dinastia bohemia pertenceu à família Premislida (em tcheco Dynastie Přemyslovců), subiu ao poder no século X onde permaneceu até 1306.

Borivoj I - 1° Duque da Bohemia.
Borivoj I foi o primeiro Duque da Bohemia a assumir o poder em 851, conseguiu a independência da Bohemia antes sob o reinado da Grande Morávia. Venceslau I foi canonizado depois de ter sido assassinado por seu irmão no dia 28 de setembro de 935. 
Seu irmão Boleslau I assumiu o poder e o expandiu até a Morávia e Silésia. Em 973 foi criada a arquidiocese de Praga sob o governo de Boleslau II.
Venceslau I.
O rei polaco Boleslau IV - também chamado de Boneslau I, conquistou a Bohemia no ano de 1003 e se auto proclamou Duque da Bohemia. Seu governo durou apenas um ano quando Jaromir, segundo filho de Boleslau II, reconquistou Praga e o Reino da Bohemia.
Vratislau II é considerado o primeiro rei da Bohemia. Ele ganhou o título real do Sacro Império Romano-Germânico em 1085, mas sem ser reconhecido como título hereditário. Seu filho não foi considerado rei, somente Duque. O rei seguinte, Ladislau II, somente subiu ao trono no ano de 1140, após a sucessão de vários Duques. No ano de 1198, tanto o Sacro Império Romano, quanto o Papa Inocêncio III reconheceram o título de rei da Bohemia como hereditário. Dessa forma, Otacar I foi o primeiro rei totalmente "reconhecido" da história da Bohemia.
  
Coroa de Otacar II.
O sucessor de Otacar I foi o rei Venceslau I que conseguiu reprimir uma invasão mongol de Batu Khan. O filho de Venceslau I, o rei Otacar II é considerado como um dos maiores reis, ao lado de Carlos VI, por ter fundado várias cidades ao longo da história e se tornou um personagem famoso lembrado em diversas lendas locais. Com a morte de Otacar II, seu filho Venceslau II assumiu o trono. Após descobrir uma mina de prata, criou a moeda de praga (em checo pražský groš) que se tornou uma das mais importantes da região na época.
Venceslau III foi o último rei da Dinastia Premislida.
Com o fim da Dinastia Premislida, houve um período conhecido como não-dinástico na Bohemia. Em 1306, após o assassinato de Venceslau III, Henrique I da Caríntia subiu ao trono. Henrique era casado com a filha de Venceslau III, Anna. No mesmo ano, Rodolfo I reivindicou o trono por ter se casado com Isabel Richeza, viúva de Venceslau II e acabou ocupando o trono da Bohemia. Morreu dois anos depois, o que fez com que Henrique I retornar ao trono, onde permaneceu até 1310.


Praga  - 1310.












João de Luxemburgo.
Em 1310, João de Luxemburgo assumiu o trono da Bohemia por direito, ao se casar com Elizabeth, filha do Rei Venceslau III. Aliado da França, João morreu na Batalha de Crécy durante a Guerra dos Cem Anos. Com João de Luxemburgo iniciava-se a uma nova dinastia.
Filho de João da Boêmia, Carlos IV assumiu o trono da Bohemia em 1346. No mesmo ano, foi coroado também, Rei dos Romanos e em 1355, como Imperador Romano-Germânico.
A batalha de Crecy por Richard Caton Woodville (1825-1855, United States).
Inicialmente
Carlos IV trabalhou para assegurar seu poder. A Bohemia tinha permanecido quase intocada pela peste negra. A cidade de Praga tornou-se a capital de Carlos IV e foi reconstruída inspirada em Paris. Carlos fundou a Cidade Nova de Praga (em tcheco, Nové Město) e em 1348, fundou  a primeira Universidade da Europa Central que levava o nome da cidade. Nesse período, Praga se tornou em centro intelectual e cultural na região.
Carlos IV também mandou construir uma ponte de pedra sobre o rio Moldava que foi chamada de Ponte Carlos e passou a ser o ponto focal e símbolo da cidade de Praga. A Ponte Carlos uniu a Cidade Nova à Cidade Velha e ao Castelo de Praga. A cidade se desenvolveu. Tanto, que na época chegou a ter quarenta mil habitantes, tornando-se uma das cidades mais populosas da Europa.

Castelo de Carlos IV - Praga.

Ponte  Carlos.


Ponte  Carlos

Ponte  Carlos.
Carlos IV.
Fora da cidade, Carlos IV tentou expandir a Bohemia, usando sua imperial autoridade para adquirir terras na Silésia, Palatinado e Francônia. Posteriormente estas regiões fariam parte da "Nova Bohemia".
Em 1356, Carlos IV promulgou a famosa Bula Dourada que regulava a eleição dos reis do Sacro Império Romano-Germânico. 
Para compreender - Carlos IV se casou quatro vezes, mantendo várias alianças políticas. Sua primeira esposa foi a meia-irmã  de Filipe VI da França - Branca de Valois. Após sua morte, em 1349 - Carlos IV se casou com Anne do Palatinado. Após sua morte em 1353, o rei se casou com Anne de Schweidnitz. Desse casamento nasceram Isabel, futura esposa de Albrecht III de Habsburgo, e Venceslau IV, seu primeiro descendente do sexo masculino e que seria seu futuro sucessor. Viúvo novamente em 1363, Carlos IV se casou com Isabel da Pomerânia, filha de Boguslau V (Duque da Pomerânia) em 1363 .
No início do século XV, durante o reinado do filho de Carlos IV - Venceslau IV, começaram a propagar idéias que se opunham às injustiças da Igreja Católica e solicitavam sua reforma. Era o início das Guerras Hussitas (1420 - 1434). O personagem  mais importante desse movimento na época, foi o reitor da Universidade de Praga, o professor Jan Hus que foi executado na fogueira.
Hussitenkriege - Guerras Hussitas.
Hussitenkriege - Guerras Hussitas.
Os sermões de Jan Hus provocam a ira na Igreja Católica e e têm grande eco em toda a região. No ano de 1414, Jan Hus foi julgado pelo Concílio de Constança sob a acusação de heresia. Apesar das pressões, Hus não se retratou de suas opiniões e também não mudou, condição para escapar da pena de morte. No dia 6 de julho de 1415 foi queimado como herege pela decisão do Concílio, na cidade de Kostnice.
Quando a notícia da morte de Jan Hus se espalhou pela Bohemia, a rivalidade entre os hussitas e os católicos se converteram paulatinamente em inimizade aberta. No dia 30 de julho de 1419, grupos hussitas jogaram conselheiros da prefeitura pela janela na chamada defenestração de Praga. Neste mesmo ano, o rei Venceslau IV morreu e foi substituído por seu irmão Sigismundo. Os hussitas se dividiram formando duas fações. Pouco tempo antes de sua morte,  Jan Hus tinha aceito uma doutrina adotada, durante sua ausência, por seus seguidores em Praga, denominada Ultraquismo. Ao mesmo tempo, os reformadores mais radicais negando-se a reconhecer qualquer autoridade e desejando viver exclusivamente segundo as leis da Bíblia, começaram a ser conhecidos como Taboristas - por ser a cidade de Tábor o lugar sede de seu movimento.
Jan Hus
Contrariamente seu irmão Venceslau IV, que tolerou o movimento hussita, Sigismundo (1419-1437) decidiu eliminá-lo. Nesse momento, um grande grupo de hussitas deixaram Praga. Reunindo-se em diversos lugares da Bohemia, em particular em Usti, preparando-se para a guerra. A Igreja Católica reagiu aos acontecimentos dos países tchecos a partir do ano 1420 até 1431 e promoveu cinco Cruzadas. Todas as tentativas das Cruzadas foram derrotadas pelos hussitas, comandada por Jan Zizka
Jan Zizka.
Dentro do grupo dos hussitas, existiam disputas internas entre os extremistas e os que buscavam um acordo com o Imperador e a Igreja Católica Romana. Essas disputas terminaram na Batalla de Lipany em 1434. Em 1436, aconteceu um acordo com o Imperador Sigismundo e com o Reino da Bohemia.
Jan Zizka.
O marido da filha de Sigismundo - Albert II  tornou-se Duque da Áustria em 1404, quando seu pai morreu. Com a  morte de Sigismundo em 1438, Albert II assumiu também o trono da Bohemia. Era o fim da dinastia de Luxemburgo e início da dinastia dos Habsburgo. Ladislau V da Hungria nasceu em 1440, pouco meses depois da morte do pai, mas assumiu o trono da Bohemia somente em 1453. Este morreu sem deixar filhos, encerrando a primeira breve dinastia de Habsburgo.
Albert recebendo a coroa da Bohemia - 1438
No ano 1458, Jorge de Poděbrady foi proclamado rei, na assembleia de Praga, coroa recebido via testamento de Ladislau V - como herança. Em pouco tempo de seu governo, Poděbrady foi acusado de ser partidário dos "hereges" hussitas, de proteger-lhes em seu reino e de não perseguir-los como pedia a Igreja Católica. Essa acusação fez com que Matias Corvino, sob ordens do Papa Pio II, atacasse a Bohemia - aos moldes de uma cruzada - contra os "hereges", em 1467. 
Jorge de Poděbrady.


Matias Corvino.
Ainda no ano de 1467, o rei da Bohemia foi excomungado. Mesmo excomungado, derrotou o rei húngaro, capturando-o. Logo, colocou-o em liberdade sob a promessa de que esse, não contra-atacasse, o que não aconteceu. Matias Corvino aliou-se a nobres tchecos e proclamou-se o rei daquela região na cidade de Olomouc, reiniciando a luta contra Poděbrady, que morreu em combate. Matias Corvino só se tornou rei em 1469, uma vez que o rei anterior tinha deixado o reino para Vladislau II. Houve lutas com o sucessor por direito, mas, em 1478 sem vencedores e vencidos, chegou-se a um pacto: Vladislau ficou com a Bohemia e Matias Corvino com a Silésia, Morávia e Lusácia.
Com isso, depois da morte do "rei hussita", sobe ao trono tcheco a Dinastia Jaguelônica. O primeiro rei desta dinastia foi Vladislau II sucedido por Luís II que governou até o ano de 1526, quando acabou falecendo na Batalha de Mohács. Foi sucedido por seu cunhado, o católico Fernando I. 
Fernando I.
Como isso aconteceu? 

A Dinastia dos Habsburgo se dividiu em dois ramos no ano de 1521 - um austríaco e outro espanhol. O Arquiduque austríaco Fernando I, marido da filha de Vladislau II, reivindicou o trono da Bohemia em 1526. 
Como rei da Bohemia, o católico Fernando I tentou combater a "heresia" protestante e se esforçou por diminuir o conflito religioso. Negociou a Paz na Conferência de Augsburgo, no ano de 1555.
Conferência de Augsburgo - 1555.



Rodolfo II (1576-1611) mudou a capital dos Habsburgos, de Viena para Praga, no ano de 1583. Praga voltou então a ser um dos centros culturais mais importantes da Europa, Rodolfo II era um grande colecionador e mecenas de arte. Apesar de tudo, com a sua morte, surgiram novos conflitos entre católicos e defensores das reformas, que culminaram com o levantamento contra o irmão e sucessor de Rodolfo, Matias (1611-1617). Matias foi acusado de não cumprir as promessas de tolerância religiosa e reposição de privilégios à Igreja Católica.

Fernando II (1617-1619) assumiu o trono da Bohemia em 1617 e colocou a nobreza, de maioria protestante, em uma situação praticamente de rebelião. No dia 23 de maio de 1618 ocorreu a segunda defenestração de Praga Prager Fenstersturz - quando dois conselheiros católicos e seus representantes foram jogados pela janela do Schloss Hradcany.
Prager Fenstersturz - 1618 - Schloss Hradcany.





O conflito estendeu-se para todas as regiões dos reinados tchecos, (Bohemia, Silésia, Lusácia e Morávia). Fernando II pede ajuda Filipe III da Espanha. Em 1619, Fernando II é deposto pelos estados protestantes da Bohemia e sua coroa e oferecida a Frederico V, membro influente da União Protestante, uma organização fundada por seu pai para a proteção do Protestantismo no império. A primeira grande batalha desse período foi a da Montanha Branca (em checo: Bílá hora) em 1620, próxima a cidade de Praga. 
Frederico V.
Esse conflito fez parte da Guerra dos Trinta Anos e na Bohemia, estendeu-se até 1624. Esse conflito acabou com o Império que passou de três milhões de habitantes para oitocentos mil. Praga deixou de ser a capital do Império e a administração passou a ser feita de Viena. A língua alemã passou ser a segunda língua oficial, na Constituição de 1627. Mas o alemão começa a dominar a região e a língua tcheca fica mais restrita ao campo.
Herdando o contexto histórico formado a partir da Guerra dos Trinta Anos, Fernando III buscou fazer negociações de paz, iniciadas no ano de 1644, mas, concluídas somente no ano de 1648 com o Tratado de Westfalia. A firme recusa de Fernando III em permitir a liberdade de culto em seus territórios e a retomada da expulsão dos rebeldes (Contra-Reforma), contribuíram para o atraso da conquista dos acordos de paz na região.
Tratado de Westfalia.


Josef II
A guerra não foi boa para o Império e dizimou parte de sua população, como já mencionado - passou a ter três milhões de habitantes a oitocentos mil. Os intelectuais e pensadores tchecos tiveram que partir para o exílio e os que ficaram, foram obrigados a converter-se ao catolicismo
Esse contexto histórico estendeu-se por mais de um século, durante esse tempo, a cultura tcheca esteve influenciada pela cultura alemã. As reformas do Rei Josef II (1780–1790) deram um pequeno alívio: proibiu a Ordem de Jesus (Jesuítas) e a tortura, separou o poder judiciário do poder executivo. Em 1781, aprovou a tolerância religiosa. Nesse período aconteceu a centralização da administração e do poder em Viena e a célere germanização dos órgãos da administração.
Os tchecos não participavam da administração, da literatura, escolas, desde a Batalha da Montanha Branca - 1620. Os livros escritos em tcheco eram queimados e toda nova publicação em tcheco era considerada heresia pelos jesuítas. A língua tcheca era reduzida nos meios de comunicação. No final do século XVIII teve início um movimento tcheco para a revitalização nacional e resgate cultural.
No século XIX, a Bohemia e Morávia tinham se desenvolvido notavelmente graças à indústria, o que provocou a mudança dos habitantes dos campos tchecos para os grandes centros urbanos, na maioria povoados por alemães. Esta situação foi aproveitada pelos intelectuais e jornalistas da época para fomentar uma maior consciência nacionalista no povo tcheco.
Em 1848, os tchecos participaram de uma série de revoluções que aconteciam na Europa, e Praga foi a primeira cidade do Império Austríaco a se posicionar contra o poder central. Depois da formação do Império Austro-Húngaro em 1867, as aspirações tchecas em ter representação no parlamento não foram atendidas, o que aumentou o sentimento nacionalista e de descontentamento.
Algumas amostras deste ressurgimento cultural são os primeiros jornais tchecos fundados no século VII, o começo das representações teatrais, em tcheco, da mesma época, a divisão da Universidade Carolina em duas secções (alemã e tcheca) em 1882, a construção do Teatro Nacional de Praga em 1883 e a inauguração de um museu nacional em 1990.
Teatro Nacional de Praga.





Tomáš Masaryk.
Após a 1º Guerra MundialBohemia passou a fazer parte de um novo país - Tchecoslováquia fundada em outubro de 1918 como um dos estados de sucessores do Império Austro-Húngaro. Foi resultado da combinação da Bohemia, Morávia, Silésia, Eslováquia e a Rutênia em um só estado. O primeiro presidente foi Tomáš Masaryk e a Tchecoslováquia tornou-se em uma república democrática rica mas, caracterizado por problemas étnicos devido ao problema de que as duas maiores etnias em seu território - alemães e eslovacos - não estavam satisfeitas com a dominação política e econômica dos tchecos. A maioria de alemães e húngaros da Tchecoslováquia nunca concordaram com a criação do novo estado.
Seguindo o Acordo de Munique de 1938, a Alemanha comandada por Adolf Hitler invadiu os Sudetos (Sudetenland em alemão), região predominante habitada por alemães que fazia parte da Tchecoslováquia. 
As tropas tchecoslovacas, grandemente debilitada, foram forçadas a conceder concessões importantes aos não-tchecos, criando as repúblicas autônomas da Eslováquia e Rutênia.
A Tchecoslováquia deixou de existir no dia 15 de março de 1939, quando Hitler ocupou o resto das terras tchecas e o restante da Eslováquia declarou independência. Durante a 2° Guerra Mundial, as terras tchecas foram chamadas de Protetorado de Bohemia Protektorat Böhmene - Morávia e governadas diretamente pelo estado alemão. A república eslovaca novamente independente foi um aliado da Alemanha. Durante a 2° Guerra Mundial, um governo em exílio tchecoslovaco foi estabelecido em Londres, por Edvard Beneš, que foi reconhecido como presidente da Tchecoslováquia pelos britânicos e seus aliados. Ele voltou ao poder como presidente quando a Tchecoslováquia foi libertada no final da 2° Guerra Mundial, em 1945.











Com o final da 2° Guerra Mundial, Edvard Beneš aprovou um decreto que estabelecia a deportação massiva dos traidores, com o qual, milhares de alemães e húngaros tiveram que abandonar suas propriedades e pertences na Tchecoslováquia. A Rutênia foi ocupada (e formalmente cedida em junho de 1945) pela União Soviética. Em 1946, o Partido Comunista venceu as eleições parlamentares na Tchecoslováquia. Em fevereiro de 1948, com o golpe de Praga, os comunistas tomam o poder.
























Alexander Dubcek








No dia 5 de janeiro de 1968, sob o comando de Alexander Dubcek iniciou-se na Tchecoslováquia, a Primavera de Praga (Pražské jaro em tcheco), um período de tentativa de liberalização política. Esse movimento terminou no dia 20 de agosto do mesmo ano quando o país foi invadido pela União Soviética e seus aliados do Pacto de Varsóvia, em uma ação que pretendia evitar o ingresso de um potencial sistema capitalista dentro da Tchecoslováquia. Entre 1969 e 1990, a Tchecoslováquia foi convertida em uma federação formada pela República Socialista Tcheca e República Socialista Eslovaca. O político Gustáv Husák apoiou a União Soviética e tornou-se líder do Partido Comunista da Tchecoslováquia em 1969, expulsando a todos liberais que apoiavam Dubček. 
Gustáv Husák



Em 1975, Husák foi eleito presidente e a Tchecoslováquia tornou-se um dos maiores aliados de Moscou. Seu governo foi marcado pela estabilidade econômica mas com uma dura repressão feita sob o comando da polícia secreta. O período compreendido entre 1969 e 1987 ficou conhecido como Normalização e é caracterizado pela restauração das condições que prevaleciam antes da reforma de Dubček.
Em 1977, 243 tchecos entre eles Václav Havel assinaram um documento chamado de a Carta 77 motivados após a prisão de membros da banda de rock tcheca Plastic People of the Universe. 
Plastic People of the Universe. 






A Carta 77 criticava o governo por falhar na implementação dos direitos humanos e descumprir o Acordo de Helsinque assinado pela Tchecoslováquia, em 1975. O Governo reagiu com repressão e condenou alguns dos assinantes à prisão.
Na década de 1980, sob o governo de Mikhail Gorbachev, a União Soviética inicia-se em um período de abertura. Entre novembro e dezembro de 1989, aconteceu uma revolução pacífica chamada de Revolução de Veludo e fez com que o Partido Comunista perdesse o monopólio do poder e com isso a Tchecoslováquia voltou a ser uma democracia.
Václav Havel - Foto da exposição Václav Havel na metamorfose da Europa - em Blumenau de Oldřich Škácha. No dia 1º de fevereiro de 2017 aconteceu a abertura da exposição Václav Havel na metamorfose da Europa no Salão Angelim, na Biblioteca Universitária - FURB - Universidade Regional de Blumenau. Abaixo - vídeo de 
Parte da fala da Consulesa da República Tcheca em São São Paulo: Lucie Lachoutová Natal da Luz.


Para ler e ver mais sobre a exposição - Clicar sobre: Václav Havel na metamorfose da Europa
Vaclav Havel.
Em junho de 1990, foram realizadas as primeiras eleições democráticas do país após um período de comunismo e Václav Havel foi eleito presidente da república. Em 1991 e 1992 surgiu um movimento nacionalista que se traduziu na independência da República Tcheca e da Eslováquia no ano de 1993. Vaclav Havel tornou-se o primeiro presidente da República Tcheca e Vaclav Klaus, no Primeiro-Ministro. Em 2004, a República Tcheca ingressou, junto com a Eslováquia, na União Europeia e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O atual estado da República Tcheca criou, em 2007, o Instituto para o Estudo dos Regimes Totalitários para esclarecer os fatos sobre os regimes nazista e comunista que governaram o país. Seu senado federal firmou, em 2008, a Declaração de Praga sobre Consciência Europeia e Comunismo, documento que condena e coloca no mesmo nível, os crimes contra a humanidade cometidos pelos regimes anteriores. Neste mesmo ano, o Parlamento Europeu designou a data de 23 de agosto (data da assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop em 1939) como o Dia Europeu da Memória das Vítimas dos regimes anteriores, internacionalmente conhecido como o "Dia da Fita Preta".


Conversando...
Depois de depurar a história Bohemia sob dois aspectos (Informal e oficial) que aconteceu em um período que se estende por séculos, podemos dizer que aqueles que usavam os trajes históricos - ou Böhmen Trachtenna Bohemia, e também em outras regiões da Europa, estavam submetidos às vontades de uma Igreja centralizadora e ditadora desprovida de piedade e de cabeças coroadas que tratavam suas cortes e reinos como se fosse os quintais de suas casas.  
Decidiam o futuro de uma população a partir de um casamento, entre membro de família de sua casta, do qual, seus herdeiros poderiam não somente herdar esse reino, como outros tantos pertencente a familiares seus, mudando muito a vida das pessoas que viviam sob sua proteção e responsabilidades. Muitos dos complexos acordos e relações entre monarquias e reinos eram cheios de meandros, onde, na ponta desta cadeia feudal estavam aqueles - camponeses - que hoje observamos para definir o traje histórico de uma determinada região - onde viviam os nossos antepassados. Defendemos a origem, a originalidade dos grupos étnicos e culturais, que muitas vezes estavam submetidos à tiranos de outras regiões que tinham o poder local a partir de laços familiares de outra realidade que não a local. As cabeças coroadas da Europa eram uma grande família. Os camponeses viviam em outra esfera e eram esses que mantinham a tradição e a repassavam de pai para filho. Os nobres e a igreja, inspiravam-se, por exemplo - na França? Ou Itália? E a cultural local? Por isso a Idade Média tem seus méritos, com a queda do grande Império. A partir de então, surgiram as identidades, oriundas das muitas tribos, que muitos insistem em denominar bárbaros.
Tal como escrevemos sobre os Pomeranos e os Kaschubien, também, deixamos registrado uma reflexão sobre o traje. Esse tem relação direta com o camponês que residiu na vila ou na povoação aos pés de um Schloss onde vivia seu senhor e, a esse cabia qual seria a cor de sua bandeira, na sequência histórica. O camponês que plantava e alimentava os exércitos dos Nobres e as Igrejas. 



Os Trajes

Os trajes históricos Bohemian ou Böhmen Trachten são muito coloridos e também tem suas origens na zona rural da região - trajes usados pelos camponeses da região da Bohemia, em vários períodos históricos. O modelo e a cor estava relacionado ao período que fosse estudados. Muitas foram as mudanças e influências de outros povos na região. Seria impossível definir "Um traje" Bohemio ou Böhmen Trachten. Lembramos que os músicos do grupo de Blamussik fundado e regido por muito anos, pelo Bohemio   Ernst Mosch usam um traje Bohemio.

























"...Eu não tenho muita material sobre o traje da região de Böhmen, atual República Tcheca." Via Facebook
Caroline Wortmeyer
Abraços, Caroline.
Agradecemos a oportunidade de conhecer essa vibrante história dos Bohemios e sua proximidade com a história dos antepassados que fundaram muitas das cidades da região do Vale do Itajaí, Vale do Iktapocu e região Sul do Brasil.

9 comentários:

  1. Meus muitíssimos agradecimentos pelo tempo tirado, e pela dedicação em resgatar um contexto histórico com tantos detalhes! Verdadeiramente, esta construção de um post sobre tal traje ( que nosso grupo adquiriu há 5 anos atrás) esclarece muitas dúvidas, e divergencias de informação!

    Não sei como lhe agradecer, apenas como já havia comentado, está mais que convidada a fazer parte de nosso encontro adulto em comemoração a nossos 30 anos de existência, grupo este sendo o Sünnros Volkstanzgruppe de Jaraguá do Sul!!!

    Deixo aqui em nome do grupo o convite e os agradecimentos!

    ResponderExcluir
  2. Foi um prazer compartilhar conhecimentos e devo eu agradecer a oportunidade do aprendizado. Pesquisamos em fontes Tchecas e alemãs, e resumindo um pouco, mesmo assim ficou um pouco grande, mas vale a pena ler. Tomamos a liberdade, até mesmo de externar uma pequena conclusão. Abraço grande a todos os amigos de Jaraguá do Sul. Agradecemos o convite e se tudo der certo, estaremos lá comemorando com o grupo, seu aniversário.

    ResponderExcluir
  3. Maravilhosa pesquisa!! Angelina sempre nos surpreendendo!!

    ResponderExcluir
  4. Um dos trabalhos mais completos que até hoje encontrei em língua portuguesa, e com isto pude me melhor avaliar as razões a imigração da minhas bisavós,Margarida Diener e Anna Randig , naturais de Rosshaupt, hoje Rosvadow, que imigraram para São Bento do Sul, via São Francisco e Joinville

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom! Agradecemos o retorno. Sempre que tivermos nova informação, colocamos nessa postagem. Abraços.

      Excluir
  5. Foi um prazer compartilhar conhecimentos e devo eu agradecer a oportunidade do aprendizado. Pesquisamos em fontes Tchecas e alemãs, e resumindo um pouco, mesmo assim ficou um pouco grande, mas vale a pena ler. Tomamos a liberdade, até mesmo de externar uma pequena conclusão. Abraço grande a todos os amigos de Jaraguá do Sul. Agradecemos o convite e se tudo der certo, estaremos lá comemorando com o grupo, seu aniversário.Mario Colin

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite, Mário. É muito bom poder trocar informações e conhecimento. Abração.

      Excluir
  6. Eu fico muito feliz que apreciou o relato histórico que existe para esclarecer. Abraços João.

    ResponderExcluir