segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Walter Malewschik - um construtor de cultura e de violinos - São Bento do Sul SC

Um porta fotografias com sua imagem fazendo seu ofício - em seu atelier - São Bento do Sul SC.
Estivemos em São Bento do Sul SC - (Südbrasilien), no mês de dezembro de 2017, para as comemorações do (Clicar sobre)  40° aniversário do GFG Böhmerwald - grupo folclórico mais longevo da região - cidade da centenária (Clicar sobre)Banda Treml, patrimônio catarinense e sobre a qual também já escrevemos nesse Blog.
Banda Treml do Oktoberfest Blumenau 2017 com o compositor alemão Norbert Gälle.

Interagindo com a comunidade de São Bento do Sul, registrando e pesquisando simultaneamente, encontramos a história de um personagem catarinense - Walter Malewschik, a qual compartilhamos nesse momento.
Walter Malewschik.
Ouvimos sobre Walter Malewschik pela primeira vez, durante o evento de aniversário do G.F. Böhmerwald. 
No período histórico do início do grupo de danças folclóricas, a partir de uma iniciativa de Rose Marie Scharf e várias pessoas convidadas, aconteceu uma assembléia para concretizar a fundação do grupo de danças germânicas. 
No dia 03 de dezembro de 1977, reuniam-se no Centro Social da Igreja Puríssimo Coração de Maria: Roberto (Rose Marie) Scharf, Norberto (Reny) Lobermeier, Arnordo (Norma Théa) Harms, Walter (Mônica) Malewschik, Mario Weiher Mann (Daisy Elisa Beckert), Edison (Edaly Lízete) Liebl e Marcos Malewschik. Antes da assembléia, de comum acordo, decidiram adotar o nome - Grupo Folclórico Germânico Böhmerwald. Os primeiros ensaios, foram realizados com músicas do acordeão de Marcos Malewschik, que mais tarde fundou um grupo musical para esse fim. Walter Malewschik foi coordenador do G.F. Böhmerwald, na gestão do presidente Alvacir Morais, e também folclorista, junto com sua esposa Mônica, Roberto (Rose Marie) Scharf, Alvacir (Neusal Morais, Afonso (Mima) Rank, Nilo Schôlge e Roseli Meros, Orlando (Alminda) Ramalho, Valverdi (Bernadete Müller) Roberti, Norberto (Reny) Lobermeier e Genésio Kotovicz (Elenice Beckert). 
O grupo musical era formado por: José Sluminsky (regente), Marcos Malewschik (arranjador e acordeonista), Roberto Koch e Sérgio Stein (saxofone), Rubens Buchinger, Márcio Rank, Charles Tascheck (pistões), Dilmar Tascheck (baixo), Heinz Pienink (percussão) e Pedro Braier (Sax-tenor).
Também a Sociedade Ginástica São Bento, fundada em 1925, foi reduto e teve a contribuição do trabalho de Walter Malewschik, lembrando que seu pai Leo Malewschik foi um de seus fundadores
As atividades na sociedade foram suspensas por conta da 2° Guerra Mundial. 


Walter Malewschik.
Trabalhos reiniciados, na década de 1950, o instrutor alemão Fritz Beck resgatou as atividades, com muito rigor e trabalho.
Walter Malewschik ficou sócio, independente de sua família - no ano de 1969
Em 1982, um número de mais de 100 atletas participaram, na cidade de São Bento do Sul, do Campeonato Brasileiro Interclubes Infanto-Juvenil – coordenado pelo então presidente da CME - Comissão Municipal de Esportes - Magno Bollmann. Nesse tempo, Walter Malewschik  era um dos integrantes da equipe e da organização. 
Em 1988, Walter assumiu a direção da Sociedade Ginástica e então teve a iniciativa de construir um ginásio próprio para a ginástica – sociedade. Nessa época, Walter também foi instrutor da Sociedade Ginasta e Desportiva São Bento.
A família Malewschik sempre esteve muito envolvida com a modalidade da ginástica.
O ginasta mais conhecido foi o filho de Walter e de Mônica -  Charley Malewschik. Foi campeão municipal, estadual, brasileiro, sul-americano e pan-americano. Atuou na Seleção Brasileira durante 10 anos e disputou 3 Mundiais. A equipe masculina da cidade de São Bento foi a 3° melhor do Brasil, em 2001 e a equipe feminina conquistou os campeonatos do Jasc em 1976, 1977, 1978, 1987, 1997 e 1999.
No destaque - Walter Malewschik. Seu filho Charley Malewschik era uma das crianças.

Quando Walter Malewschik adoeceu e sem condições de se manter na Sociedade Ginástica e Desportiva São Bento nesse tempo, foi convidado a se retirar da mesma. 
Walter Malewschik foi sócio da Sociedade Ginástica e Desportiva São Bento por mais de 40 anos.
Mas não foram essas contribuições, a partir do foco cultural e esportivo, na cidade de São Bento do Sul, por parte de Walter Malewschik que nos inspiraram a escrever sobre sua pessoa - mas sim, sua arte de construir violinos - transformar madeira em música.
Obra de Walter Malewschik.


Residência dos Malewschik  - construída por Walter - em etapas - Parte inferior  à direita era seu atelier de transformar madeira em melodia.
São Bento do Sul SC - Dia 4 de dezembro de 2017 
 Residencia dos Malewschik.
Estivemos em sua casa na cidade de São Bento do Sul, onde ainda reside sua esposa Mônica Malewschik, em dezembro de 2017 e conhecemos seu atelier de trabalho, o qual se encontra como se ele estivesse tido trabalhado no dia anterior, no local. Tudo estava como ele deixou, quando partiu prematuramente em 2011, vítima de câncer. 
A casa onde residia e onde está o atelier, foi construída, em etapas, por Walter. Apresenta a linguagem arquitetônica da edificação vernacular existente no Tirol - Sul da Alemanha e na Áustria - rodeada de árvores que plantou, junto com sua esposa Mônica. 
Quintal da residência dos Malewschik - São Bento do Sul SC.

Visitamos sua oficina (Em um anexo - junto ao quintal - onde funcionava uma pequena marcenaria) e fotografamos objetos que guardou durante sua vida, que lembram a cultura na qual estavam suas raízes - a cultura de seus antepassados. Casa onde ainda reside sua esposa Mônica Malewschik.
Observando os locais onde trabalhou e nos quais fazia sua arte - que o tornou um luthier. Observando sua obra,  resolvemos compartilhar para a História.

Luthier é um fabricante de violas, violinos e outros instrumentos musicais de corda. A palavra é francesa e é derivado de luth (alaúde). O termo lutherie, aportuguesado para luteria, designa a arte da construção de instrumentos de cordas ou, ainda, é o ateliê, onde os instrumentos (de corda) são construídos). Portanto - Walter Malewschik, de artesão, tornou-se em um luthier muito respeitado no estado de Santa Catarina e no Brasil.
"Beethoven e suas sinfonias, Vivaldi e sua Primavera, Strauss e Bach revezam-se no aparelho de som, enquanto inspiram Walter Malewschik em mais uma de suas obras. De seu ateliê rodeado de árvores, na germânica São Bento do Sul, a 70 Km de Joinville, já saíram aproximadamente 300 Km. O luthier tornou-se uma referência estadual na construção destes instrumentos musicais e não demorou a conquistar encomendas de todas as partes do país. Construir um violino de som perfeito é como fazer uma escultura. A escolha da madeira é fundamental. A matéria-prima precisa passar pela secagem de, no mínimo, dez anos. Se for mais tempo, melhor. O período de secagem influi no preço da madeira e, por conseqüência, O catarinense Walter Malewshik é referência nacional na construção de violinos." 30/05/2017 Por Marília Maciel - do Jornal Laboratório ISSUU
O local onde trabalhava está exatamente assim como na foto da reportagem de Marília Maciel - só falta a figura de Walter Malewschik.
Walter iniciou o ofício de luthier quase por acaso, há mais de 20 anos. Mas, o contato com violinos iniciou bem antes. Quando quebrou, acidentalmente, o violino de seu pai, buscou ajuda de uma amigo e antigo artesão e luthier para concertá-lo. Foi até o atelier de Augusto Pfau (nascido em 1910 - Corupá), também em São Bento do Sul.
Augusto Pfau chegou em São Bento do Sul no ano de 1932, para aprender o ofício de Marceneiro com os Irmãos Weihermann. Nesse meio - também aprendeu o ofício de luthier, e tornou-se construtor de instrumentos de cordas e órgãos de Igreja. Por muitos anos fez trabalhos para a Orquestra Sinfônica do Paraná e para a Escola de Música de São Bento do Sul. Acompanhou a equipe da construção de toda a parte de madeira dos Órgãos das Igrejas de São Bento do Sul, Rio Negrinho, Jaraguá do Sul e de Rio do Sul. Em 1950 foram a Petrópolis/RJ, onde reformaram o Órgão da Capela Imperial, onde também restaurou o Órgão da Congregação Franciscana em São Paulo SP, mais tarde na cidade de Agudos SP, construiu um Órgão no Convento Franciscano, o qual nós fotografamos, em 2012.
Órgão do Convento Franciscano - Agudos SP - trabalho de Augusto Pfau.
Pfau  não concertou o violino quebrado - e disse a Malewschik, que ele próprio deveria fazê-lo. Auxiliou e ensinou as primeiras etapas da técnica a Walter Malewschik para que esse pudesse concertar o violino de seu pai. Após algum tempo, Walter adotou a profissão de luthier.
Walter Malewschik foi o único aprendiz de Augusto Pfau. Antes de construir violinos, possuía um atelier onde produzia artefatos de madeira - era um artesão de madeira. Sua pequena marcenaria ainda se encontra na propriedade.
No trabalho com instrumentos musicais, iniciou concertando, fazendo manutenção e construindo violinos infantis. Nessa ápoca era difícil encontrar violinos pequenos. Esse trabalho com violino para crianças, durou aproximadamente 7 anos.
Na época de abertura ao mercado internacional, mais precisamente - mercado chines - chegaram violinos produzidos naquele país a preço menor e de qualidade não muito boa. Resolveu construir violinos também para adultos, mais exigentes - no quesito qualidade sonora
Fotografamos seu primeiro violino construído para adulto - cuidadosamente conservado e guardado por Mônica  Malewschik.






Walter Malewschik viajou algumas vezes para a Europa  buscando aperfeiçoamento e também, material tecnicamente apropriado para os violinos - usava  material das florestas da Alemanha e Suíça. Em um depoimento seu, disse  que a matéria prima são oriundas de árvores cultivadas nas montanhas, onde a taxa de crescimento não ultrapassa a um milímetro por ano. Esta característica garante uma beleza muito maior ao instrumento. 
O custo de seu trabalho, por peça construída - violino - variava entre R$ 1500,00 a R$ 2000,00.  Cada violino seu levava de 20 a 30 dias de trabalho para ser feito. O fabrico era totalmente artesanal, garantindo o melhor acabamento e qualidade acústica.

Encontramos suas ferramentas e formões com os quais esculpia a frente e o verso do violino. Era um trabalho delicado e de arte. Sua filha Taciana Malewschik contou-nos que seu pai apreciava trabalhar no silêncio da noite. Seus dedos alisavam a madeira, depois se fechavam para bater levemente sobre o bojo. Dizia:  “Pelo som da batida eu sei se já atingi a espessura ideal”. 
Walter Malewschik também construiu violas, violoncelos e pesquisava a técnica de construir o Alphorn - instrumento sobre o qual já escrevemos - Clicar sobre: Alphorn - Um instrumento feito artesanalmente - Por Hubert Hense.
Quando estivemos, em dezembro de 2017, no seu atelier, fotografamos seu primeiro violino construído. Também, como já comentamos, encontramos a bancada de trabalho, estudos, desenhos, gabaritos, todos no mesmo local, desde que trabalhou pela última vez no local. 
Seu primeiro violino construído  para músico adulto.
Conversando com alguns músicos,  foi-nos confirmado de que Walter Malewschik foi uma referência como luthier, e os instrumentos construídos por ele, são muito procurados no mercado e apresentam a qualidade que ele mesmo sempre buscou, para disponibilizar uma opção aos músicos mais exigentes.
Anúncio do violino do luthier Walter Malewschik na web.
Pretendemos complementar essa postagem (ainda em pesquisa) com mais informações e imagens. Entramos em contato com sua esposa Mônica Malewschik - que nos atendeu - e confirmou que, nos enviará mais informações e documentos históricos da história de seu esposo para a História - nos próximos dias.

Pedimos também, a todos os músicos que entrarem em contato com essa postagem, que possuam um Walter Malewschik, fotografem-no e nos enviem sua fotografia para o e mail (angewitt@hotmail.com), acompanhada de seu nome e o nome de sua cidade. Enriquecerá muito esta matéria.

Algumas imagens do atelier e oficinas do luthier Walter Malewschik  - São Bento do Sul SC














































Dois violinos ficaram por terminar - estão assim desde 2011.





Tudo muito organizado - pronto para o trabalho

Tudo muito organizado - pronto para o trabalho.





Sua cidade - São Bento do Sul SC
























Com a Família de Walter Malewschik
Nós, com sua filha Taciana Malewschik, seu genro Adelino Treml Jr., seu cunhado e sua esposa Mônica Malewschik - Foto de Roberto Wittmann.
Seu filho Charley Malewschik, sua nora Karine B. Malewschik e netos.
Neto de Walter Malewschik - Guilherme Malewschik, vive em sus descendência.
Sua história...para a História - Expressão catarinense
Dois violinos permaneceram inacabados.


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