domingo, 8 de dezembro de 2024

O pioneiro August Küster - possui família na Rota do Enxaimel - Pomerode/SC

Casa construída no lote colonial 166 que August Küster adquiriu em 5 de setembro de 1896, quando chegou à região. Quem construiu a casa foi seu neto Albert Carl August Siewert (1889–1970), pai do atual proprietario.

Recebemos muitas comunicações e nas trocas, sempre surge um nome e os nomes - principalmente os anônimos dentro da história oficial, nos desperta curiosidade. Conversando com uma moça que reside em Bombinhas, litoral de Santa Catarina, ela comentou sobre o pioneiro de sua família, August Küster, pomerano, que junto com a família, chegou na Colônia Blumenau, no início da década de 1870.
A família se instalou  à Margem Esquerda do Rio do Testo, no lote colonial 166, atualmente, dentro da Rota do Enxaimel, em Pomerode. 
Vamos encontrar este local na atualidade?
Quando trocávamos impressões genealógicas sobre os Küster, encontramos um documento muito interessante que é o documento-escritura do lote colonial 166.
Escritura do lote colonial de August Küstner e sua família. Acervo Lohane Kester da Silva.
Hercílio Pedro da Luz.
Quem assinou o documento, em 5 de setembro de 1896, foi o governador de Santa Catarina, e que havia residido em Blumenau, o republicano Hercílio Pedro da Luz.
Descobrimos que August Küster, sua esposa Amalie (Balfanz) Küster e filhos, chegaram ao Brasil originários de uma cidade da Pomerania - Prússia e foram residir em Rio do Testo, o nome oficial da região antes de se chamar Pomerode.
O local do lote colonial 166 existe e ainda reside na casa, descendentes dos Küsters, atualmente conhecidos como Siewerts.

Personalidade da história de Blumenau, que foi fuzilado na Fortaleza de Anhatomirim - o Comissário de Polícia Elesbão Pinto da Luz. Seu maior adversário político foi seu cunhado e primo, de acordo com o Coronel Wiederspahn - um fanático Republicano, Hercílio Pedro da Luz, que depois da manobra, ocupou o cargo de Governador de Santa Catarina.
August Küster nasceu em 4 de abril de 1825, em Pomerania, Prússia, no território que atualmente pertence ao da Alemanha. Ele se casou antes vir para o Brasil com Amalie, da família Balfanz. Tiveram filhos nascidos na Europa e migraram para o Vale do Itajaí, com a família, na década de 1860. 
Registro de nascimento do pioneiro August Küster (1825–1906).
O casal  Küster teve 2 filhos e 4 filhas. São eles: Carl Cristhof Ludwig Küster (1849–1894); Wilhelmine Auguste Friederike Küster (1855–1941); Friedrich Wilhelm August Küster (1858–1928); Wilhelmine Albertine Caroline Küster (1863–1908); Bertha Ida Emma Kuester (1869–1952) - permaneceu na propriedade da família e Lina Küster ( - –1908)
Bertha Ida Emma Kuester, que permaneceu no lote colonial 166 da Margem Esquerda do Rio do Testo nasceu em Belgard, no Ducado de Gross-Tychow, Pomerania, atualmente, um município localizado no noroeste da Polônia,  sede da comuna de Tychowo.

História do local de nascimento de Bertha Ida Emma Küster - Tychowo
Igreja de Tychowo - construída em pedra natural - final do século XV.
Tychowo está localizado na divisa da Região dos Lagos de Drawsko e da Planície do Belgard, na bacia do rio Liśnica. Estende-se por uma área territorial de 3,96 km², com 2 518 habitantes, segundo o censo de 31 de dezembro de 2016, com uma densidade populacional de 638,6 hab/km².
Localização de Tychowo. Fonte: Google Earth.
Tychowo, em alemão - Gross Tychow, provavelmente é a maior vila do distrito de Belgard. O local está localizado há dezoito quilômetros a sudeste da cidade distrital, entre Leitznitz e Hasselbach, na linha ferroviária Kolberg NeustettinPosen. A comunidade com a antiga Schloss Allodial e sua própria igreja paroquial também inclui Vorwerke Johannsberg (também chamado de Hansberg), Papwiese, Wilhelmshof, Marienhof, Bamnitz, Charlottenaue, Flachsland e Vogelsang
Gross Tychow é uma típica vila de rua, cercada por prados, campos e extensas florestas mistas. As florestas ao longo do Hasselbach são chamadas Flachsland, Bamnitz e Zülow. Devido à sua localização entre as cidades de Belgard, Köslin, Bublitz e Bad Polzin, Gross Tychow tornou-se o principal centro de tráfego e centro de abastecimento para as comunidades rurais vizinhas. 
Gross Tychow
foi originalmente propriedade da família nobre von Kleist. O local foi mencionado pela primeira vez em documentos de 1250 e, mencionando a propriedade de Kleist, foi descrito também a existência do Schloss de Belgard. Desde 1540, em contraste com Wendisch e Woldisch Tychow de Kleist, foi inicialmente chamado de "Groten Tichow". O ramo Tychow da família von Kleist, que ainda existe hoje, Conde Kleist-Zützen, leva o seu nome. A maior parte da propriedade sempre pertenceu à família von Kleist, desde os tempos antigos, quando consistia em três partes. Duas das quais eram um feudo von Kleistsche e a terceira, um feudo von Versensche. Depois que os direitos da família von Versen foram legalmente revogados, Marie Charlotte von Kleist, nascida Retzow (Filha do General Wolf Friedrich von Retsow), comprou esta parte, após a morte do marido, Peter Christian von Kleist (1727-1777) em 1777. Marie Charlotte von Kleist também assumiu as duas ações dele na propriedade e as combinou em um todo. Após sua morte, seu filho caçula, e então administrador distrital, militar do Regimento de Dragões N° 12 em 1786, Hans Jürgen von Kleist-Retzow (1771–1844) assumiu a propriedade. Antes de assumir as propriedades, também recebeu as divisas de alferes em 1788 e de segundo-tenente em 1790. Após a morte da mãe, Hans Jürgen passou a administrar as propriedades herdadas de Gross Tychow e Klein Krössin, a partir de 1793.
Explicando o seu nome Hans Jürgen von Kleist-Retzow - Sua avó materna havia determinado em seu testamento que se um de seus genros herdasse o majorado, ele também deveria levar o brasão e o nome da nobre família von Retzow. Em 1839, Hans Jürgen von Kleist aprovou o aumento do brasão e o uso do nome von Kleist-Retzow, e passou a usar o nome de família sua mãe. Neste tempo a família Küster vivia na região.
No período da Guerra Napoleônica, em 1809,  Hans Jürgen teve que vender a propriedade. Mas como restava um terço do preço de compra e o comprador não tinha condições de pagar os juros, o administrador distrital teve de readquirir a propriedade em 1826, debitando os restantes bens. Permaneceu assim, até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Como aconteceu?
No inverno de 1944/1945, grupos de refugiados da Prússia Oriental e unidades de tropas em retirada passaram pela cidade. Para a própria Gross Tychow, a ordem de caminhada ou a partida dos grupos individuais chegou tarde demais, no início de março de 1945. Em Standemin e Treptow, as jornadas foram invadidas pela frente russa e forçadas a voltar atrás. Em 1946, após o fim da expulsão, quase não restavam de alemães na cidade.
Os poloneses rebatizaram Gross Tychow de Tychowo. O “Krause Baum” foi ultrapassado pelas outras árvores da avenida, seu tronco grosso é preso por uma pinça de ferro. A colheitadeira Tychowo está instalada na antiga propriedade, o Schloss foi demolido e uma escola agrícola foi construída no terreno. Muitos edifícios familiares foram demolidos na cidade. Atualmente a antiga Gross Tychow é uma pequena cidade polonesa com cerca de 3.000 habitantes.

A Igreja de Gross Tychow 

Igreja Gross Tychow
As origens da igreja de Gross Tychow remontam à Idade Média. Foi reconstruída várias vezes ao longo dos séculos. Enquanto a parte inferior da torre foi construída em pedra natural, a metade superior da torre e a nave são em alvenaria e com a técnica construtiva enxaimel, isso aconteceu em 1830, quando a nave foi ampliada em 13,4 m com a adição de paredes enxaimel. A igreja é um dos patrimônios que simbolizam a Pommerania. O altar possui inúmeras imagens de madeira da Idade Medieval tardia, a galeria e o camarote do conde não existem mais, talvez por ser remanescentes dos alemães. A torre ostenta um cata-vento com o ano de 1811. 
Em 1859, foi acrescentada uma capela barroca, onde é percebida facilmente, através da presença do frontão com decorativismo barroco. No local foi instalada uma cripta funerária. 
Nossa Senhora Auxiliadora.
Em 1870 a parte superior da torre juntamente com o leme foram incendiadas, foi reconstruída em 1871, ano que surgiu a nação da Alemanha e os Küster se mudaram para o Brasil. No início do século XX, durante a renovação, a torre foi reforçada com uma estrutura de aço. Após a Segunda Guerra Mundial, a igreja foi consagrada em 1º de agosto de 1945. Em 1976, durante a reforma do interior da igreja, sua orientação foi alterada e o altar foi transferido para a parede oeste. Desde então é dedicado a Nossa Senhora Auxiliadora
Este foi o cenário histórico do nascimento da filha dos pioneiros August e Amalie Küster, Bertha Ida Emma Küster, em  29 de maio de 1869 e que no Vale do Testo se casou com Wilhelm Friedrich Albert Siewert e construiu sua família no histórico lote colonial 166, Margem Esquerda do Rio do Testo, interior da Colônia Blumenau.

August Küster faleceu em 17 de julho de 1906, com 81 anos e Amalie em 8 de agosto de 1908, também com 81 anos.
Óbito de Amalie Küster.


Lote 166 - Atualmente - Pomerode (Rota do Enxaimel)

A filha do casal August Küster e Amalie KüsterBertha Ida Emma Küster se casou com Wilhelm Friedrich Albert Siewert(1866-1931), nascido na antiga Pomerânia, atual cidade de Koszalin, na Polônia, em 28 de novembro de 1866 em Badenfurt - atual bairro de Blumenau. Posteriormente a família foi residir na Margem Esquerda do Rio do Testo, no lote colonial 166.
O casal Bertha Ida Emma (Küster) Siewert(1869–1952) Wilhelm Friedrich Albert Siewert (1866–1931) deu 13 netos para os pioneiros August Küster Amalie (Balfanz) Küster. Ou seja, tiveram 13 filhos. São eles: Albert Siewert (1888–1952); Albert Carl August Siewert (1889–1970); Richard Carl Wilhelm Siewert (1889– -); Emilie Bertha Auguste Siewert (1893–1969); Hermann Carl Wilhelm Siewert (1895–1973); Anna Siewert (1897–1957); Wilhelm Hermann Albert Siewert (1897– -); Richard Carl Wilhelm Siewert (1899–1973); Anna Auguste Caroline Siewert (1901– -); Emil Friedrich Albert Siewert (1903–1955); Bertha Marie Helene Siewert (1904–1965); Ottilie Auguste Wilhelmine Siewert (1908–1961) Alvina Siewert (1911–1988).
A família de Bertha Ida Emma e Wilhelm Friedrich Albert Siewert fixaram residência no lote colonial 166, dos sogros. Construíram uma casa enxaimel.
As filhas do casal, na medida que foram se casando, foram residir em outras localidades mais afastadas da Margem Esquerda do Rio do Testo. Permaneceram no local, os filhos: Albert Carl August Siewert (1889–1970)Hermann Carl Wilhelm Siewert (1895–1973), Richard Carl Wilhelm Siewert (1889– -) e Emil Friedrich Albert Siewert (1903–1955), sendo que Emil ficou na casa onde residia os pais: Wilhelm (que faleceu com somente 65 anos) e Bertha
O filho Albert Carl August Siewert (1889–1970) construiu, em 1913, em uma parte do lote colonial 166, uma casa enxaimel semelhante a casa dos pais, que ainda está na paisagem atual e é uma das mais visitadas da Rota do Enxaimel.
Casa Siewert construída pelo neto de  August Küster e de Amalie (Balfanz) Küster, Albert Carl August Siewert (1889–1970), em 1913, igual a casa dos pais, que ficaram residindo no lote colonial 166. Casa construída com a técnica construtiva enxaimel.Wendelin e Rovena, na extrema direita.

Casamento de Wendelin Siewert  e Rovena Krahn
A casa construída com a técnica construtiva enxaimel pelo neto de August KüsterAlbert Carl August Siewert (1889–1970), de acordo com a classificação publicada no livro "Fachwerk - A Técnica Construtiva Enxaimel" está classificada como a casa permanente do primeiro período, pois não possui os anexos característicos, elementos criados dentro de uma evolução da construção enxaimel na região, em áreas rurais, que é o acréscimo dos anexos frontal e posterior - varandas e ambiente do fogo, ou, a cozinha, responsáveis pelo surgimento da "quebra" do telhado. Há indícios que foi construída em dois momentos, quando recebeu ampliação. Nesta casa nasceram os 12 filhos do casal e nela cresceram, inclusive, Wendelin Siewert, nascido em 2 de outubro de 1935 que reside na casa atualmente, junto com sua esposa  Rovena Krahn nascida em 3 de julho de 1937. 
Os 12 filhos de Albert e Anna: Hedwig Siewert (1913–2013); Ricardo Siewert (1915–1994); Leopold Siewert (1917–2004); Adele Siewert (1919–2007); Henrique Siewert (1921–2010); Alfredo Siewert (1923–2016); Gertrudes Siewert (1925–2016); Anna Siewert (1927– -); Evaldo Siewert (1929–2008); Erica Siewert (1931–2019); Cecilia Siewert (1934– -) e Wendelin Siewert (1935 -   )
A Casa Siewert sem a varanda e a quebra do telhado, volumetria da casa permanente do primeiro período da evolução da construção enxaimel na região, em áreas rurais. 

O casamento de  10, dos 12 filhos de Albert e Anna, aconteceram na sala da Casa Siewert. Cecília e Wendelin fizeram a festa do casamento do Salão do Testo Alto.
Wendelin e Rovena, que residem atualmente na Casa  Siewert, tiveram 5 filhos. São eles: Leonilda Siewert, Alcido Siewert, Adir Siewert, Rosali Siewert e Rogério Siewert, o qual registramos em um momento que apresentava a casa para visitantes.
O pai de Albert Siewert que construiu a Casa Siewert, Wilhelm Friedrich Albert Siewert faleceu em 10 de junho de 1931 e foi sepultado no cemitério do Testo Alto 2, Pomerode. Visitaremos o local para fotografar dados históricos nas inscrições cemiteriais.
O nome Wilhelm em português é Guilherme. Muitos nomes alemães provocam confusão em relatos históricos porque foram traduzidos para o português, o que não deveria acontecer.
Em 2018 estivemos na Casa Siewert, na companhia de Ronald Kreidel  e conversamos com Wendelin Siewert (bisneto do pioneiro August Küster), seu filho Adir Siewert e seu neto, Jackson Siewert, sem a mínima noção de que efetuaríamos esta conexão, entre  as famílias Küster e Siewert, em 2024.
Com representantes das últimas três gerações da família Siewert: Jackson, Adir e Wendelin.



Um registro para a História.
 
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (X)











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