sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Igreja Matriz de Itajaí - Santíssimo Sacramento - Projeto do arquiteto alemão Simon Gramlich - Modificado durante a obra

 Igreja Santíssimo Sacramento de Itajaí. 
Itajaí tem uma relação muito estreita com o Vale do Itajaí e a história de suas principais cidades. O desenvolvimento do Vale do Itajaí passou por Itajaí, como também, muitos dos imigrantes e nomes da história de toda a região. Portanto a pesquisa envolvendo a rede de cidades do Vale do Itajaí tem relação estreite com a cidade de Itajaí que surgiu algumas décadas antes, quando um visionário imigrante português percebeu na foz do grande rio, características necessárias para o desenvolvimento de uma nucleação urbana neste ponto geográfico, que neste tempo geralmente surgia em torno de uma igreja católica, ou curato. Primeira iniciativa e ser tomada.
Caminho até a Foz do Rio Itahahi - percorrido pelos Wagner pelo mar
Mapa de 1828 -  S. Sidney - Fonte: Pelos caminhos-antigos.

Achei interessante que um pesquisadora disse: "Itajaí teve um crescimento típico como o de muitas outras cidades brasileiras. Foi implantada à beira de um rio, o Itajaí-açú, pois naquela época 'era comum [...] situarem-se as cidades ao longo dos rios, dado o maior papel que a estes cabia, na circulação' (GEIGER, 1963, p.74.)

Diríamos que não são muitas as cidades que tem sua localização na foz de um rio com a envergadura do rio Itajaí Açu, mas sim, pelo curato,  cuja fundação foi solicitada pelo imigrante português Agostinho Alves Ramos, que percebeu   o local incomum e o grande vale que se estendia a frente deste. E assim de fato aconteceu, a partir deste ponto, o surgimento e o desenvolvimento  outras cidades ao longo do vale acima, como também, surgiu uma paróquia no local, para justificar o curato solicitado, ciente que em torno de si surgiria uma cidade, a cidade de Itajaí.
Isso foi possível porque foi instaurada a Lei de Terras em 15 de dezembro de 1830, cujo artigo 4° assinalava: "Fica abolida em todas as Províncias do Império a despesa com a colonização estrangeira." Em meio à confusão burocrática e também, de problemas internos de instalação, muitos dos imigrantes assentados em São Pedro de Alcântara foram "incentivados" mediante ressarcimento, a mudar-se para outras regiões do estado de Santa Catarina, e foi neste momento que inicia a história publicada de Itajaí e também, do Vale do Itajaí.  
Itajaí - Ano de 1955 - Fonte: IBGE.



















Mapa de SC em 1892.

Em 5 de maio de 1835 foi criada e Lei Provincial N° 11, através da qual foi fundada duas colônias na Freguesia do Santíssimo Sacramento do Itajaí - caminho novo para os imigrantes que mudavam-se da Colônia de São Pedro de Alcântara, considerado a partir de então, o centro emissor de correntes migratórias internas. A partir deste momento histórico, famílias de imigrantes subiram o Vale do Itajaí via Itajaí, antes mesmo de ser fundada a Colônia Blumenau. A partir da Lei Provincial mencionada anteriormente, foram criadas  uma colônia no arraial Pocinho e outra, no Itajaí-Mirim, com o Arraial Tabuleiro, a partir do desenvolvimentismo destes, surgiu outros dois que são: Belchior e Ribeirão Conceição (Atual Gaspar). Nesta época, toda esta região desde o mar até o Alto Vale, pertencia à jurisdição  do município de Porto Belo. A nova lei estabelecia que cada imigrante tinha o direito uma porção de terra.
E foi neste período que foi fundada Itajaí ou,  a freguesia do Santíssimo Sacramento do Itajaí, na foz do grande Rio Itajaí Açu - a "porta do Vale do Itajaí".
Major Agostinho Alves Ramos.
Estas movimentações 
sociais do início do século XIX foram acontecendo de maneira muito natural, após a migração interna ou, a partir dela. O porto de Itajaí ficava entre o Pontal do Norte e a Ponta Cabeçuda, ao Sul.  Na frente do ancoradouro onde ficava a embarcação dos primeiros imigrantes chegantes à região, existia somente a Fazenda do Arzão - agora do  Administrador da Freguesia do Santíssimo Sacramento do Itajaí, Major Agostinho Alves Ramos. A fazenda, foi residência de João Dias de Arzão, companheiro do fundador de São Francisco do Sul, em 1658. Por isto era conhecida por este nome. João Dias de Arzão era oriundo de São Paulo e sua família procurava minas de ouro e outros metais preciosos pelo interior do Brasil. Naquele ano, ele requereu e obteve uma sesmaria - que é um lote colonial, às margens do Rio Itajaí-Açu, em frente à foz do Rio Itajaí-Mirim e ali construiu sua casa. Não tinha intenção de fundar uma povoação. Seu interesse, como todo bandeirante paulista, era de encontrar ouro e não teve sucesso desejado. O imigrante português Agostinho Alves Ramos - o administrador, quando conheceu o local - nas proximidades da foz do Rio Itajaí-Açu, viajava buscando negócios, e o local lhe despertou ideias. Este português vivia em Nossa Senhora do Desterro onde era sócio de uma pequena venda. Também lembrando que no início do século XIX, a viagem via modal marítimo era muito comum na costa brasileira. Em uma dessas viagens, Agostinho Alves Ramos visitou primeira vez a Foz do Itajaí-Açu. Tanto gostou que mudou-se para o local e foi quando requereu ao Bispo do Rio de Janeiro, a fundação de um Curato que aconteceu em 31 de março de 1824. Para esclarecer, curato é um termo religioso, derivado de cura, ou padre, que era usado para designar aldeias e povoados com as condições necessárias para se tornar uma paróquia e geralmente, as cidades "surgiam" em torno de uma igreja. O que de fato aconteceu, com a criação do Curato do Santíssimo Sacramento, estava fundada Itajaí. Construída uma pequenina capela e o cemitério aos fundos logo começaram a ser então envolvidas por outros residentes, entre os quais, a liderança foi exercida por Agostinho Alves Ramos, seu fundador e neste momento, Itajaí foi a porta de entrada de muitos pioneiros, através do transporte fluvial pelo Rio Itajaí Açu, para fundar inúmeras cidades da rede de cidade da Bacia do Itajaí.
Agostinho Alves Ramos mudou-se para o local com sua esposa Ana, alguns escravos e  o Frei espanhol Agote que reunia os fiéis em uma pequena capela rudimentar. Foram feitas as delimitações do Distrito: rio Gravatá ao norte e rio Camboriú ao Sul e, caracterizando a fundação do Santíssimo Sacramento do Itajaí. Como dito, foram construídos a capela de taipa e o cemitério, ainda no ano de 1824 e que passou a ser chamada de  Capela do Santíssimo Sacramento e o cemitério estava localizado aos fundos. Em função da técnica construída e de forma rudimentar, esta construção não durou muito tempo. Foi construída a segunda capela no mesmo local da primeira utilizando alvenaria de pedras. Coincidentemente, o escravo que a construiu foi o Simeão, quase o mesmo nome do arquiteto que projetou  atual Matriz do Santíssimo Sacramento - Simon. 
A segunda capela também teve problemas estruturais. Em 1843, uma de suas paredes foi ao chão e no ano seguinte, as missas foram ministradas na residência do padre, pois a igreja não apresentava segurança. Não demorou muito para ruir, o que aconteceu em 1851. Não existia um  edifício descente para sediar o templo, mas existia o curato e Itajaí se desenvolveu em torno dele e da imigração oriundo de São Pedro de Alcântara para toda a região e não eram imigrantes portugueses e seus descendentes como tentam emplacar como cultura predominante, mas sim, imigrantes alemães e seus descendentes. Nesta metade do século XIX, também foi fundada a Colônia Blumenau, que deu impulsionou o desenvolvimento de Itajaí. O intercâmbio entre a nova colônia e o curato do Santíssimo Sacramento de Itajaí era grande sob os aspectos econômicos, cultural  e social.
A igreja foi o ponto focal estruturador da malha primeira do centro histórico de Itajaí. Local onde está e cenário da história da primeira sociedade local. 
Praça na frente da Igreja em manutenção - janeiro de 2022.

Igreja antiga.


A Nova Igreja - Matriz  - Projeto de Simon Gramlich

Mas após a Revolução e com a presença de muitos imigrantes ou de seus descendentes em Itajaí, as coisas começam a mudar. Tanto que foi somente no final de década de 1940 que o primeiro prefeito municipal foi eleito por voto popular; antes disso, eram eleitos pela indicação de um interventor federal. Por ser uma cidade portuária, Itajaí era porta de entrada e saída para a circulação de pessoas e mercadorias e, por isso, durante a Revolução de 1930, acabou recebendo muita atenção. D’Ávila (1982,p.62) diz que: “[...] a Revolução de 1930, na verdade, abriu nova página na história de Itajaí, pois propiciou o surgimento de inúmeras lideranças politicas”. VIEIRA, 2016.
A pedra fundamental da nova igreja matriz de Itajaí foi lançada em 1920, em meio as comemorações do centenário de fundação de Itajaí. Em 1936,  o Padre Francisco Xavier Gieberts permutou com a Prefeitura. o terreno onde estava localizado o antigo cemitério, que em 1930 havia sido transferido para o bairro Fazenda. Também se retomou o assunto da construção da nova matriz de Itajaí. 
Em 1940, o vigário padre José Locks nomeou a Comissão Construtora da nova Igreja, formada por:
  • Presidente: Francisco Queiroz de Almeida –Prefeito de Itajaí; Vice-Presidente: Irineu Bornhausen;
  • Tesoureiro: Antônio Ramos; 
  • Vice-Tesoureiro: Bonifácio Schmitt; 
  • 1º Secretário: Juventino Linhares; 
  • 2º Secretário: Ralf Thieme.
  • Conselheiros: João Cesário Pereira, Luiz Martins de Almeida, Lindolfo Vieira, Felix Malburg, Alois Emmendierfer. 
A Comissão da Construção da Nova Matriz escolheu o arquiteto Simon Gramlich, para projetar sua igreja, como já havia projetada inúmeras igrejas, inclusive a matriz de Rio do Sul que tem partes internas muito semelhante com a da nova igreja matriz de Itajaí.
Foi decidido que seria contratado o já renomado arquiteto alemão das catedrais - que residia em Blumenau, Simon Gramlich.

Arquiteto Simon Gramlich
Quem foi Simon Gramlich? Por que nenhum contemporâneo seu, escreveu sobre sua vida e obraPor que não fizeram fotografias do arquiteto em ação?
Quase não encontramos fonte primária que apresentasse mais informações sobre esse profissional da arquitetura do Sul do Brasil, que trabalhou por 46 anos na área. Projetou com a linguagem de períodos distintos da História da Arte, produzindo em muitas linguagens artísticas, com esmero e qualidade da técnica. 
Aparentemente, não teve o devido reconhecimento, sendo que foi lembrado somente meio século após a sua morte. Sua contribuição vai além do Urbanismo, como é lembrado em manifestações atuais nas quais é mencionado. Sua contribuição foi e aconteceu na Arquitetura local, da região e do Sul do Brasil.
Foi um Engenheiro-arquiteto nascido na cidade de Herbolzheim - estado de Baden Würtemberg - Alemanha, no dia 7 de agosto de 1887. Pouco, muito pouco registro sobre sua vida privada e profissional a não ser sua vasta obra executada em muitas cidades do Sul do Brasil, composta de projetos com características  ecléticas da virada do século XIX para o século XX, Art Decó, neogótico, neoclássico e moderno - que variam de residências de todos os tamanhos, fábricas, escolas, espaços comerciais e muitas igrejas, obras das quais listaremos algumas
Impressiona é que não houveram registros - ocasionado talvez, por "ecos" do Nacionalismo impetrado em solo brasileiro após a década de 1930, com reflexos até os anos de de 1980. Através desse clima político, talvez tenha tido problemas no Rio Grande do Sul - o que o fez mudar-se para Blumenau SC, deixando a obra da Igreja de Santa Cruz do Sul inacabada.


A Construção da Nova Matriz Santíssimo Sacramento - Projeto de Gramlich


A Comissão de Construção contratou  Simon Gramlich, mesmo não havendo unanimidade entre os responsáveis pela escolha. Alguns achavam que o projeto de Gramlich era muito dispendioso com  um alto custo e a necessidade de um longo tempo para sua construção. O projeto apresentado pelo arquiteto alemão ao Arcebispo Dom Joaquim Domingues de Oliveira eram muito elaborado, rebuscado e caro para ser executado, ao contrário daquilo que ele pessoalmente idealizava, fazendo com que, em um determinado momento, Gramlich chegasse a ser descartado  como opção para tocar o projeto. O Arcebispo gostou de outro projeto, este assinado por Buendgens - engenheiro da EFSC. Mas foi a Comissão Construtora da Igreja que conseguiu convencer o Arcebispo de que o projeto de Gramlich era o que a comunidade queria. A Comissão preferia o projeto de Gramlich e convenceu o Arcebisto a construir este, por sua monumentalidade e detalhes decorativos. Solicitaram a redução e algumas observações ao arquiteto, mas ele desconsiderou todos, que foi executada seguindo os desenhos originais, embora percebemos que algumas coisa foram alteradas e descaracterizados, pela busca da maior monumentalidade, além daquela proposta no projeto original. Há características nos elementos externos da igreja que mostram a não execução do projeto original e de que isto não aconteceu plenamente. Prevaleceu a vontade da comunidade que pretendia ter uma igreja como um novo ponto focal dentro de Itajaí e propulsora do crescimento da malha urbana no seu entorno. Explicaremos na sequência.

A Obra
Observar o espigão do telhado
 - atrás empena. Maior igreja neogótica.
Antes de iniciar a história da execução do projeto da nova igreja matriz de Itajaí, esclarecemos que o estilo arquitetônico da igreja, principalmente após sua descaracterização no canteiro de obras por parte do padre e do pedreiro, é eclético e com ressalvas. Não se pode reconhecer o neogótico nesta obra, como lemos em algumas fontes. Longe disto. Originalmente, talvez fosse, mas não esta igreja que foi construída.
Ao lado, arquitetura religiosa neogótica, uma obra do mesmo arquiteto - Simon Gramlich, construída de maneira original, Igreja de São Sebastião Mártir, em Venâncio Aires. Observar o telhado e monumentalidade sem "condomínio de empenas", respeitando uma proporcionalidade.
Igreja de São Sebastião Mártir, Venâncio Aires.
 Projeto Gramlich - considerada a maior igreja neogótica.



Fonte: Centro de Documentação e Memória Histórica (CDMH) / Arquivo Público de Itajaí.
O início da obra aconteceu em
19 de fevereiro de 1941, através da mobilização de uma equipe formada por seis  pessoas lideradas pelo pedreiro espanhol Manoel Dono Morgado, contando com ele próprio - equipe aprovada pelo arquiteto. O padre da paróquia, padre José Locks acompanhava a sua execução. 
Retirado do livro Tombo que menciona a data do início da construção da nova igreja matriz.
Acontecia o período, sobre o qual já escrevemos - o Nacionalismo, e este padre também foi perseguido e sofreu o Bullyng oficial, por ser alemão e teve que sair de Itajaí por um mês. Com estes incidentes foi  concluída as fundações e efetuada a benção do primeiro tijolo, da pedra fundamental que aconteceu em  15 de Novembro de 1942. Foi feita uma cápsula do tempo fechada em uma cavidade da parede e, por remate do fechamento foi colocada uma placa de mármore com os dizeres: Para ser aberta a 15 de novembro 1992. Dentro desta cápsula foram colocadas pequenas mensagens, cartinhas das famílias dirigidas às gerações futuras, e o pedido de que no dia 1º de dezembro seguinte mandassem celebrar uma missa de Réquiem solene pelo eterno descanso dos que cooperaram na construção da igreja. E assim foi feito em 1992.
Em 1942, acabou o dinheiro da construção da nova igreja. Houve solicitações à comunidade que contribuíssem para que a construção da igreja nova não fosse paralisada e prosseguisse. Houve muitas contribuições em dinheiro e também com mão de obra voluntária, mas mesmo assim, não impediu a paralização da obra entre 1945 e 1947. Salientamos - que ao observar as fotografias da obra, neste tempo, registramos que sua estrutura era  de paredes de tijolos maciços, autoportantes com um  trabalho muito bem acabado e munida, desde esta etapa, com a presença dos detalhes do decorativismo, moldados durante esta fase da construção.
Fonte: Centro de Documentação e Memória Histórica (CDMH) / Arquivo Público de Itajaí.

Construção seguindo a originalidade do projeto que foi modificado depois sob comando de outro pároco. Fonte: Centro de Documentação e Memória Histórica (CDMH) / Arquivo Público de Itajaí.
Em 1947, a construção da igreja matriz prosseguia em um ritmo mais lento por conta dos poucos recursos, mas sem interrupções. O pároco agora era  o Padre Vandelino Hobold. Fazia-se a cobertura do presbitério e das sacristias e também das duas torres frontais. Este padre mudou drasticamente o projeto de Simon Gramlich, que em um primeiro olhar sobre a igreja acabada, achávamos que a obra estava inacabada. Pela ausência do alinhamento do espigão do telhado com a ponta superior da empena mais alta. Como profissional da arquitetura e conhecedora da história da arte, conhecemos  como deva ser a forma de um telhado de uma tradicional igreja assinada por um arquiteto como Simon Gramlich. conhecemos sua obra e modo de conceber e ver arquitetura, a partir dos inúmeros estilos de arte, principalmente aquelas com elementos góticos e românicos. Estes detalhes não é encontrado na Igreja  do Santíssimo Sacramento de Itajaí atual.
Projeto original do arquiteto Simon Gramlich foi descaracterizado durante a obra. Observando as proporções e conhecendo sua obra e os períodos da arte, ouso dizer que há mais elementos "criados" além daqueles existentes no projeto de Gramlich.


Sensação de que a igreja não tem a estrutura de telhado alinhada ao estilo proposto pelo arquiteto, neogótico.
Em 1949, não bastasse a troca do pároco, também foi trocada a equipe de construção  que não foi do agrado do arquiteto Simon Gramlich. Por certo, temia pela qualificação da mão de obra e a descaracterização da obra. Agora quem estava no comando da obra era Honório Borinelli. Os pedidos de doações à comunidade continuava.
Pelo visto o pedreiro Borinelli era homem de confiança do novo pároco Hobold, mas não do arquiteto Gramlich. Este artigo da Revista Blumenau em Cadernos ilustra a parceria.
Em 1950 foi concluída a parte do reboco do presbitério, interno e externamente. Em 1951 foi ano de aplicar as modificações nas fachadas, alterando significativamente o projeto de Gramlich. Por sugestão do padre Vandelino Hobold e o apoio da Comissão, houve o acréscimo de uma segunda empena  entre as duas torres, com a finalidade de dar-lhe aspecto mais imponente do que o projeto já criava. Não foi aumentado a altura somente nesta fachada frontal, como nas demais também, criando um tipo de platibanda, escondendo o telhado, que é uma das características tradicionais das igrejas católicas e luteranas. Ao observarmos este conjunto pela primeira vez, comentamos que o projeto não tinha sido concluído, pois era isto que transmitia. O conjunto ficou um pouco estranho e sabendo o quanto o arquiteto era metódico e dotado de conhecimento, afirmamos que esta mudança não recebeu seu aval. comprometeu a estética da igreja na parte externa.
Fonte: Centro de Documentação e Memória Histórica (CDMH) / Arquivo Público de Itajaí.
Estrutura de telhado adaptada e enjambrada, escondido atrás das altas "platibandas" criadas.
Os vitais foram colocados entre 1950 e 1953 e em 1952, foi colocado o forro de estuque. Este estuque foi produzido especialmente para a igreja, em Blumenau. Também em 1952 foram consagrados os sinos. Finalizando a obra, foram colocados os bancos - ainda em 1952. As escadas externas foram concluídas em 1953. O piso interno e o das escadarias foram terminados nesse mesmo ano e executados em marmorite pela firma Von der Heide de Blumenau. conhecemos esta família. Observem a estreita ligação existente entre Itajaí e Blumenau a partir da execução somente desta obra. 

Em 1953, também foram efetuadas as pinturas externas e internamente, e também foram feitas as pinturas especiais e dos afrescos. 
O Artista italiano Aldo Locatelli, que em 1948 veio ao Brasil para trabalhar na Catedral de Pelotas, pintou os painéis do teto da matriz (Assunção de Maria ao Céu) e também, os dois altares laterais, pintando o Sagrado Coração de Jesus e o Sagrado Coração de Maria. 
As cores da igreja não se resumia somente na cor branca.
Outro artista italiano, Emilio Sessa, pintou os símbolos de cada invocação da Ladainha de Nossa Senhora ao redor do painel da Assunção de Maria
A igreja matriz de Itajaí, não era totalmente branca como é apresentada atualmente. aparentemente seus adornos, frisos, colunas arabescos, cimalhas e rendilhados eram pintados de brancos e as paredes, de alguma cor mais fechada.
Teto: Assunção de Maria ao Céu pintado por Aldo Locatelli.
 Sagrado Coração de Jesus  pintado por Aldo Locatelli.
Sagrado Coração de Maria pintado por Aldo Locatelli.
Fotografia de fotografia original, exposta no
 Museu Teichmann - Pomerode SC.
 O Escultor Erwin Curt Teichmann.
O escultor alemão, que migrou com a família pequeno e sobre o qual escrevemos, que residiu em Pomerode e onde está sua residência e museu com seu acervo, Erwin Curt Teichmann, link no final da postagem, fez a escultura de Moisés em escala 1:1. Sua obra tem lugar de destaque na entrada do transepto - lado esquerdo, sobre o púlpito da nova igreja matriz de Itajaí.
Moisés está sobre a cobertura do púlpito.
Moisés esculpido por Erwin Curt Teichmann.
Moisés - escultura de Teichmann.



























Os capitéis que lembram o barroco, receberam  adorno dourado seguindo orientação do arquiteto Gramlich e também as imagens  foram folhadas com ouro. A igreja recebeu um órgão, que posteriormente foi retirado do ambiente. Buscaremos mais informações sobre.













O entorno da Igreja, recebeu uma praça em 1954 batizada de Praça da República e atualmente é conhecida Praça Irineu Bornhausen. O conjunto, igreja e praça foi inaugurado em 15 de Novembro de 1955 e a consagração da igreja aconteceu em 1956, quando o altar mor ficou pronto.




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A inauguração

A inauguração contou com a presença da comunidade de Itajaí e também pessoas de outras cidades da região. Sabe-se que neste tempo existia o transporte ferroviário da EFSC, cujo leito ferroviário cobria quase toda extensão do Vale do Itajaí (Alto, Médio e Baixo). Após 15 anos de obra, a nova igreja estava concluída em 15 de novembro de 1955. A inauguração da Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento contou com a presença do Arcebispo Metropolitano Dom Joaquim Domingues de Oliveira, do Governador do Estado Irineu Bornhausen, que na ocasião recebeu o título de “Comendador da Ordem de São Gregório Magno” e também posteriormente seu nome foi dado à praça da igreja. Muitas pessoas vieram de várias localidades, inclusive de fora do Estado para ver a nova igreja, cujo numero superou a capacidade da Igreja. A Paróquia Santíssima Trindade foi orçada em 500 contos, mas custou 30 mil contos. Nas suas dimensões são monumentais. Sua nave central possui 589m², o pé direito interno chega a 14,2m de altura. Possui uma nave central com capacidade para 800 pessoas sentadas - e registramos no local - capacidade para 900 pessoas - diferentemente do daquele informado no projeto. Nas paredes laterais há capelas e os altares laterais. A igreja possui três capelas laterais, devocionais a Santo Antônio, Santa Teresinha do Menino Jesus e a Nossa Senhora Aparecida. Localizam-se duas do lado direito (tomando sempre a entrada como referência) e uma ao lado esquerdo, pois o outro espaço é ocupado com a Capela batismal.
Na entrada do transepto, está a escultura feita por Teichmann - de Moisés, que em suas mãos possui a tábua dos 10 mandamentos. O arco cruzeiro foi pintado com quatro seres vivosTetramorfo, quatro formas, diante do cordeiro de Deus. A sua representação também simboliza os quatro evangelistas: Mateus, que é representado pelo homem; Marcos, que é representado pelo leão; o cordeiro de Deus no centro do Arco; Lucas que é representado pelo touro e João, representado pela águia. 

Também possui um grande coro, com 133m² e com pé direito de 7,2m de altura onde estava o órgão. No coro fica-se defronte à rosácea, um dos principais vitrais da igreja, cujo tema “o sol da justiça” e desenvolve-se em torno da inscrição IHS. Sua composição reproduz a Páscoa da ceia, a Paixão-Cruz-Sepultura e a Ressureição-Ascenção gloriosa.
No período de sua inauguração, a arquitetura da nova igreja causou um grande impacto no entorno pela sua monumentalidade, pois era a maior edificação construída em Itajaí e podia ser vista longe.
Nós afirmamos que a obra não foi terminada até os dias atuais. 
Construída para incentivar a ocupação imobiliária e desenvolver a malha urbana em seu entorno.
Foi tombada pelo município em 1998 pelo Decreto nº 5.758 e pelo Estado através do Decreto nº 3.459 de 23 de novembro de 2001.
A arquitetura da nova igreja de Itajaí tem a linguagem eclética com traços do gótico e do romântico entre outras. 
O texto abaixo de Emerson Ghislandi, dá um indício que a vida do arquiteto alemão, na região sul em pleno período de nacionalização - não deve ter sido muito fácil - justificando também a ausência de reconhecimento de sua obra em seu tempo contemporâneo.
UMA DIFÍCIL TRAJETÓRIA – Foi em 1941 que meia dúzia de pedreiros lançaram os fundamentos e alicerces da igreja. Havia muito tempo que Itajaí sonhava com uma construção grandiosa. Antes da Matriz do Santíssimo Sacramento, a cidade tinha a Igreja da Imaculada Conceição como matriz. O terreno então escolhido abrigava um cemitério. Constituiu-se uma comissão responsável para dar início ao monumental empreendimento, obedecendo projeto do arquiteto alemão Simão Gramlich, conhecido construtor de várias igrejas catarinenses. Após os reforçados fundamentos – visto ser o terreno bastante arenoso – e a colocação das sapatas, a comissão viu esgotar-se o dinheiro para dar continuidade à obra. Depois de alguns meses, para angariar os fundos necessários, decidiu-se vender o Colégio São José para as Irmãzinhas da Imaculada Conceição. A Segunda Grande Guerra também influenciou na construção da Igreja Matriz. Em 1942 foi deflagrada intensa campanha contra os alemães aqui residentes, e o pároco José Locks – que estava à frente das obras – teve que fugir às pressas da cidade. Em 1944 iniciou-se a cobertura da nave central, que terminou no ano seguinte. E a comissão viu-se novamente às voltas com a falta de dinheiro. Em 1948, o novo vigário, monsenhor Vendelino Hobbold, resolve retomar a construção e, para isso promove festas e jantares, juntando assim os recursos que levariam à reativação das obras. Inaugurada em 1955, a igreja lembra um imponente castelo medieval, com deslumbrantes vitrais de temas eucarísticos e pinturas dos artistas italianos Aldo Locatelli e Emílio Cessa.O projeto de Simão Gramlich contempla frontais que atingem 50 metros de altura. Desde sua arquitetura, passando pelos vitrais, pinturas, esculturas e vistosa iluminação externa compõem uma inigualável obra de arte e um dos mais significativos cartões postais de Santa Catarina. GHISLANDI, 2017.
Padres que foram párocos da Igreja Matriz Santíssimo Sacramento de Itajaí. 


Enviado por Matheus Abreu

Nossa análise.
Com o desejo de verticalizar, aumentaram a altura de tudo, através do acréscimo de carreiras de tijolos a mais em cada um dos elementos arquitetônicos.
Novidades:

Recebemos, hoje, em 9 de fevereiro de 2024, duas folhas do projeto original da Igreja Matriz de Itajaí - Santíssimo Sacramento, de Simon Gramlich. Estudamos um pouco e concluímos que seu interior, quanto a arte, layout e pé-direito respeitou o projeto do arquiteto. A igreja foi modificada somente nas elevações externas e suas alturas. Concluímos igualmente, que o telhado realmente foi projetado para ser baixo, como foi construído, indo totalmente contra o aspecto da estética e da arte, o que muito nos espantou, partindo do criação espacial e arquitetônica de um arquiteto muito conhecido pelo seu balanceamento estético dentro das diversas linhas e linguagens da arquitetura. 
Concluímos que ele tem esse direito, diante de sua vasta e brilhante obra. Mas, ficou com um gosto duvidoso. Comentamos como sua colega e admiradora de sua obra.





As imagens comunicam







































































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Um Registro para a História.

Em breve - Vídeo
Sob revisão
Referências
  • VIERA, Juliana Polli. A Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento e a Constituição da Cidade de Itajaí. Florianópolis, 2016. 221 p. Dissertação Mestrado - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
  • BESEN, José Artulino, Padre. A Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento: História: Teologia da Beleza. Itajaí: Ed. Paróquia do Santíssimo Sacramento, 2005.
  • BOHN, Antônio Francisco Pe. As igrejas de Simão Gramlich. Blumenau em Cadernos, Tomo XLII –n. 5/6- Maio/Junho-200, p. 31.
  • .______, Abdon. Tiveram um cunho brilhantíssimo as festividades de inauguração da Nova Igreja Matriz de Itajaí. Jornal do Povo. Ano XXI, n. 967, p. 03. Itajaí, 20 nov. 1955.
  • Grande campanha a favor da nova Igreja Matriz. Jornal do Povo, ano XV, n. 683, p.01. Itajaí, 05 fev. 1950.
  • HOBOLD, Vandelino Padre. Inauguração da Nova Igreja Matriz. Jornal do Povo. Ano XVII, n. 843, p.01. Itajaí, 15 mar. 1953.
  • Inaugurada em Itajaí sua nova e suntuosa Igreja Matriz. Jornal Itajaí. Ano II, n. 92, p. 01. Itajaí, 19 nov. 1955.
  • LINHARES, Juventino. A nova Igreja Matriz de Itajaí. Jornal do Povo. Ano XXI, n. 969. Itajaí, 04 dez. 1955.
  • LOCKS, José apud BESEN, José Artulino, Padre. A Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento: História: Teologia da Beleza. Itajaí: Ed. Paróquia do Santíssimo Sacramento, 2005.
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Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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Chegou o livro “Fragmentos Históricos – Colônia Blumenau” – Primeiro Lançamento em Blumenau - em 9 de março de 2023 - Fundação Cultural de Blumenau / MAB

Agradecemos e a todos que nos inspiraram e incentivaram para esta publicação. Colocaremos nas Bibliotecas das Escolas Municipais e nas principais bibliotecas de Blumenau.



















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