domingo, 23 de julho de 2017

Rodeio - uma colônia italiana na Colônia Blumenau

Continuamos a visitar as localidades das antigas nucleações urbanas que pertenceram à Colônia Blumenau - atuais municípios do Vale do Itajaí. Essa história é a história, dos primeiros anos de todas essas nucleações com estreitas ligações entre si e sob uma mesma administração, essa localizada onde sua centralidade era exercida - na atual Rua das Palmeiras - cidade de Blumenau (antigo Boulevard Hermann Wanderburg) - Stadtplatz de Blumenau.
Imagem da Rua das Palmeiras - Stadtplatz - Blumenau
Para ler sobre o Stadplatz da Colônia Blumenau - Clicar sobre os títulos:
Visitamos Rodeio, historicamente umas das colônias italianas, entre outras, dentro da Colônia Blumenau.
Mapa da Colônia Blumenau e a localização de Rodeio e o Stadtplatz - centro administrativo da colônia - atuais cidades de Rodeio e de Blumenau respectivamente.



Percurso que fizemos para chegar à cidade de Rodeio SC a partir de Blumenau no dia 7 de julho de 2017.
Saímos de Blumenau em direção à cidade de Rodeio, na parte da manhã do dia 07 de julho de 2017. Previamente tínhamos entrado em contato com a Prefeitura de Rodeio. O Diretor de Cultura e Turismo de Rodeio - Airton Souza nos recebeu e nos atendeu no Portal da cidade - após um compromisso que teve no local, com a imprensa regional - na parte da tarde. Até esse momento, exploramos e conversamos com pessoas na cidade e fizemos imagens da área central da cidade. 
Antes de prosseguirmos mostrando o que vimos e registramos sobre a cidade de Rodeio, vamos conhecer um pouco sobre a cidade e sua história.

Localização

Como já apresentamos anteriormente, a cidade de Rodeio fazia parte de grande Colônia Blumenau e foi fundada em 1875, a partir de uma iniciativa do fundador - Hermann Blumenau, que dentro de  um Plano para sua colônia - planejamento como se fosse uma Firma (Empresa) - Colônia agrícola - assentou no local, em um primeiro momento, imigrantes oriundos do Tirol Trentino, norte da Itália, época em que o Tirol Meridional ainda pertencia ao grande Império Austro-Húngaro a pátria do grande herói Andreas Hofer sobre o qual já escrevemos. Essa região, onde a população até então, falava o idioma alemão e se diziam austríacos - parte do Tirol - foi repassada ao reino italiano após a 1° Guerra Mundial. Mais sobre esse momento - adiante.

Para quem desconhece, Rodeio está localizado no Vale do Itajaí - estado de Santa Catarina - Sul do Brasil, 88 metros acima do nível do mar. No ano de 2014, sua população era de 11.325 habitantes, segundo dados do IBGE.
Um pouco dessa história...

Resultado de imagem para Tirol no sacro imperio germânicoA região da Europa de onde vieram os primeiros imigrantes para fundar Rodeio era a região do Tirol - que durante a Idade Média e Moderna era um estado autônomo dentro do Sacro Império Germânico. Muitos conflitos existiram na história entre o principado de Trento e os condes do Tirol, pela manutenção do poder, até cair tudo sob o domínio de Napoleão e a região ser totalmente administrada pelo Império Austro-húngaro. Em 1252, Alberto III do Tirol obteve os feudos da antiga casa dos condes de apiano, do bispo de Trento. nesse tempo já tinham obtido os feudos de Bressanone. Com isso, os principados de Trento e Bressanone se uniram administrativamente ao condado do Tirol, sem ser submetidos a esse, pois os bispos eram príncipes do Sacro Império romano,  eleitores do imperador e sim, a esse submetidos.
Pela política matrimonial da época - Século XIII  - a primeira dinastias dos condes de Tirol foi substituída pela dinastia Tirol-gorizia, da qual, foi o maior líder - Mainhard  II (Mainardo), considerado o fundador do que ficou conhecido depois - o Tirol - nos dias atuais. No período de seu governo, o Tirol aumentou seu território, ocupando uma grande área alpina, dentro dos territórios das atuais Áustria, Suíça e Itália -  região dos  primeiros imigrantes de Rodeio. No ano de 1363, Margarida Maultasch, sobrinha de Mainhard II, viúva e sem herdeiros, deixou o título e o controle dos territórios para Rodolfo IV de Habsburgo. 
Margarida Maultasch
Na segunda metade do ano de 1500, surgiu a dinastia do Habsburgo-Tirol, que durou até 1665. Havia nascido Leopoldo V. O imperador Maximiliano de Habsburgo foi coroado na Catedral de Trento (Duomo di Trento). 
Duomo di Trento
Em 1511 promulgou a criação de Landlibell, grupos de atiradores que organizavam a proteção territorial tirolesa. Já escrevemos sobre esses grupos que também existiam no Brasil e na Colônia Blumenau. Eram formados por representantes da nobreza, burguesia e camponeses - esse chamavam de Schützen. Sua prática existe até os dias atuais em todas as regiões do Tirol Histórico. 
Schützen da Colônia Blumenau

No período entre o final do Século XIV até o ano de 1918 - tirando o período napoleônico - a região eram um dos principais domínios da Casa de Habsburgo - que eram os Imperadores do Império Sacro Germânico e imperadores da Áustria, quando passou a administrar em 1815, os territórios do Principado Episcopal de Trento, tornado parte do império da Áustria. Lembramos que essa região é a região de onde vieram as primeiras famílias para fundar Rodeio falando italiano, quase 200 anos  mais tarde.
Como foi fragmentado o Tirol histórico - que tinham a mesma cultura - hábitos e costumes.
No fim da 1º Guerra Mundial, no dia 29 de outubro de 1918, o Império Austro-Húngaro foi derrotado na batalha de Vittorio Veneto. Nesse momento, as tropas italianas capturaram 356 mil soldados austríacos (Kaiserjäger) e ocuparam o Tirol, incluindo a parte setentrional (Tirol Meridional) formada pelas regiões Südtirol e Trentino(Welschtirol). A região da nucleação de Rodeio já tinha recebido os imigrantes daquela parte do Tirol.
Os territórios do Condado de Tirol ao sul da vertente alpina foram anexados ao Reino de Itália e assim, terminou a existência do Condado do Tirol, terra de uma "personalidade" forte - folclórica e de identidade. Isso aconteceu no ano de 1918 e os imigrantes que vieram para Rodeio vieram ainda no Século XIX, portanto não eram italianos, nem por apropriação, mas tiroleses.
Observem esse vídeo atual:
O Tratado de Saint-Germain-en-Laye determinou que a parte meridional do Tirol seria dado ao Reino de Itália, o que incluía não apenas a região do Tirol, conhecido Trentino, mas também, a parte conhecida como Província autônoma de Bolzano(Südtirol) - naquela época somente 3% da população falava a língua italiana. A região do Trentino, o Tirolo italiano, recebeu autonomia para que as tradições tirolesas da área fossem mantidas.
No ano seguinte, em 1919Tratado de Saint-Germain-en-Laye - Paris, determinou o fim do Império Austro-Húngaro e o Condado de Tirol foi dividido entre Áustria e Itália, nas seguintes áreas:
  • Tirol Setentrional (Nordtirol) com capital Innsbruck.
  • Tirol Oriental (Osttirol) com capital Lienz; Tirol Setentrional e Oriental são atualmente unidas no estado federal austríaco (Bundesland) do Tirol.
  • Tirol Meridional - Trento (Trient) e Bolzano (Bozen) - Região de migração para Rodeio.
Após a 2° Guerra Mundial - novamente determinado no Acordo de Paris no qual, o Tirol do Sul permaneceria em solo italiano sob a condição de que se respeitassem os direitos da, agora, minoria de língua alemã e que lhes fossem garantidas uma ampla autonomia. O que não foi preservado e nem garantido na Colônia Blumenau, durante o governo de Getúlio Vargas - Período do Nacionalismo, mesmo antes de iniciar a 2° Guerra Mundial.
Toda essa região, até os dias atuais, não vive muito bem com a identidade de um país que oficialmente não é o seu. Há problemas de terrorismo e também, manifestações contra e a favor.

Cidade de Rodeio

Apresentamos o resumo dessa introdução histórica para melhor compreensão do que foi a origem e do meio  - Tirol Trentino - do qual vieram 114 famílias para fundar Rodeio em 1875. Esse local ainda não pertencia a Itália, mas sim, ao Império Austro-húngaro - onde 3% da população falava italiano, tornou-se italiano, por ocupação, pós 1° Guerra Mundial, somente 43 anos depois, em 1918. Por isso percebemos tantos nomes de famílias de origem germânica entre os pioneiros, como por exemplo: Beber, Campregher, Feller, Frainer, Frainer, Fruet, Kissner, Moser, Negherbon, Noriller, Ochner, Pacher, Pinzigher, Plotegher, Raizer, Stulzer, Stulzer, Uller, Valler, entre outras famílias. Também percebemos essa cultura "estampada" em suas arquitetura histórica, fato que não compreendíamos nos trabalhos in loco no período de faculdade, quando fomos pesquisar a "casa italiana" naquela região. Na época concluímos se tratar da "mistura" devido a aproximação territorial das duas cultura dentro da Colônia Blumenau. 

Publicações sobre a história de Rodeio,  afirmam que a maioria dos imigrantes  são oriundos do Tirol - distrito de Trento de língua italiana. Não os primeiros - nós afirmamos. Um tempo depois, sim. No ano de 1923 a "região italiana" do Tirol foi rebatizada com o nome Trentino Alto-Ádige/Südtirol.
No final do Século XIX, imigrantes austro-húngaros, que falavam italiano povoaram boa parte da Colônia Blumenau. Na cidade de Rodeio existia a Liga Austro-Brasileira (originalmente Lega Austriaco-Brasiliana di Rodeio nel Municipio di Blumenau), fundada por imigrantes tiroleses no ano de 1909.
Os imigrantes chegavam no porto fluvial de Blumenau. Estabeleciam-se no galpão dos imigrantes e os homens rumavam para Indaial. Suas esposas e crianças permaneciam em Blumenau. De Indaial seguiam até Warnow e de lá, para a região onde está  Rodeio e Ascurra - núcleo italiano apresentado anteriormente no blog. O caminho percorrido, a partir de sua rota acompanhando o Rio Itajaí Açu. Eram abertos abertos a machado e facão. Os primeiros pioneiros perceberam que ao acompanhar o Rio, contornavam Timbó e chegavam novamente ao ponto de partida, fazendo um caminho em círculo - ou Rodeio - origem do nome da futura localidade e depois, cidade de Rodeio.
A primeira estrada aberta foi também chamada de Linha Caminho de Rodeio. os imigrantes ocuparam seus lotes coloniais,que estavam traçados desde Timbó até Diamante - às margens do grande Rio Itajaí Açu. Construíram suas primeiras casas provisórias e começaram o trabalho de derrubar a mata para iniciar a plantação e organizar a propriedade.
Resultado de imagem para colonia blumenau imigração alemã angelina wittmannRodeio como nucleação urbana, fez parte da Colônia Blumenau até que, como parte do território de Indaial se separou, junto com Indaial, no ano de 1934, quando Indaial teve seu território desmembrado de Blumenau - a partir de um ato de represália política do presidente brasileiro Getúlio Vargas - explicado na postagem (Clicar sobre)    Nacionalismo no Vale do Itajaí - a partir do Governo de Getúlio Vargas.
Getúlio Vargas, o interventor de Santa Catarina Nereu  Ramos, militares e programação cívica em Blumenau.












Indaial foi o "Caminho" natural das incursões  de reconhecimento dos primeiros pioneiros do território da Colônia, das expedições do engenheiro agrimensor Emil Odebrecht, e caminho para acessar as povoações do interior de grande Colônia Blumenau, fundada em 1850, por Hermann Blumenau - leitura (Clicar sobre) Colônia Blumenau.
Depois de fazer parte de Indaial, o território de Rodeio foi anexado a Timbó, que foi colonizado por imigrantes alemães e nesse momento passa a ter também, o assentamento de famílias italianas em seu território - culminando com duas povoações: a de Timbó e a de Rodeio que tinham a denominação de distritos. 
Ainda na década de 1930, lideranças de Rodeio se mobilizaram para separar seu Distrito de Timbó, o que resultou de maneira prática, na sua emancipação política no dia 14 de março de 1937.
Seu primeiro prefeito foi Silvio Scoz e permaneceu no cargo, por 10 anos. Nesse tempo, Rodeio tinha dois distrito: Rodeio e Benedito Novo que também abrangia o atual município de Doutor Pedrinho, emancipados nos anos de 1961 e 1989 respectivamente. Houve conflitos culturais entre descendentes dos imigrantes alemães de Benedito Novo e de, italianos de Rodeio - o que auxiliou na separação dos dois distritos.
A população atual de Rodeio são descendentes diretos dessas famílias pioneiras - aproximadamente 80%. Por exemplo, em nossa visita à cidade, entramos na casa de um pioneiro - Família Feller e sentimos essa história em seu interior. Mostraremos, com destaque, na sequência, como também outras arquiteturas locais. Chamou-nos atenção a arquitetura da Igreja Matriz São Francisco de Assis, também comentaremos e praça central localizada à frente à Prefeitura Municipal de Rodeio, na qual está dois "totens" com os nomes fixados dos pioneiros.

Os nomes dos pioneiros...

Os pioneiros oriundos da Província de Trento - localidades: Rovereto, Civezzano, Pèrgine, Fornace, Baselga di Pine, Lèvico, Vigolo Vattaro:

Os lotes l e 1A pertenceram a Franz Block e Wilhelm Ditlerner.
Nos anos de 1876 e 1878 chegaram famílias de Verona, Cremona, Brescia, Mantova, que se instalaram à margem do Ribeirão São Pedrinho (localidade que  participamos da festa da Comunidade), Picada da Guaricanas e Ribeirão São Paulo. Alguns famílias se instalaram, por algum tempo, nas regiões de Subida e Lontras, mas, por vários motivos, foi por pouco tempo. Retornaram a Rodeio e ocuparam a região de São Pedro Novo (Vale Nova), Diamante, Arapongas. O estabelecimento definitivo na Vale Nova aconteceu até o ano de 1882, entre esse incluíram famílias de milaneses e genoveses, nesse momento - italianos de fato.
As famílias que povoaram o São Pedrinho Velho foram:
  • Andini, Ângelo 
  • Anseimi, Vittorio 
  • Avi, Giacomo 
  • Avosani, Cario 
  • Bassani, Felice 
  • Beilini, António
  • Berti, Lorenzo 
  • Cani, Adolfo 
  • Cani, Giuseppe 
  • Dall'Andrea, Maddalena 
  • Merlini, Giovanni Battista 
  • Mora, Giuseppe
  • Morastonni, Ottorino 
  • Pertuzzoni, Vicenzo 
  • Raffaelli, Giuseppe 
  • Scottini, Francesco 
  • Scottini, Giacinto 
  • Scottini, Pietro 
  • Sevegnani, Pietro (II) 
  • Tovazzi, Domenico 
  • Venturi, Cario

As famílias que povoaram o São Pedrinho Novo (Valenova) foram:
  • Destefani, Dionísio 
  • Beninca, Pasquale 
  • Picetti(?), Francesco 
  • Brassiani, Giovanni 
  • Cipriani, Davide 
  • Cipriani, Fortunato 
  • Cipriani, Pietro 
  • Faggiani, Giuseppe 
  • Luigi, Francesco 
  • Pavanelli, Andréa 
  • Rigo, Marco 
  • Scoz, Bartolomeu 
  • Tonet, António 
  • Tonet, Luigi 
  • Valle, Ângelo 
  • Venturi, Santo 

Ainda nesta época, aconteceram novas migrações de Lontras e Subida para as localidades de Diamantina (o Pico), e até 1888, famílias fixaram-se na região de Rio Belo e Araponga.

A mesa do imigrante italiano - comentário.

A culinária dita dos pioneiros locais na cidade de Rodeio é algo a se comentar a partir de alguns pontos. Houve uma adequação do que plantavam na região, na  época. Por exemplo, o aipim é um alimento tipicamente local, e não veio da Itália. Como também não comiam polenta no Tirol. Houve uma adequação e surgiu uma culinária adaptada local entre esses imigrantes. O queijo é um tipo de alimento que foi "trazido" dentro de seu hábitos e costumes, parte desse cardápio, e famosos na região do Tirol.

Sugerimos a leitura - Clicar sobre: Almabtrieb - A volta do gado das montanhas - Alpes Allgäu

Na região tirolesa localizada no Vale do Inn, por exemplo, a cozinha recebeu influência da cozinha Tcheca, Judia, Italiana e Húngara, onde os alimentos são normalmente cozidos e assados. As características mais marcantes dessa cozinha são as comidas pesadas e muita proteína animal para suportar o frio do inverno. O porco e a batata são ingredientes muito importantes e as massas são a influência Italiana à culinária local, mas não, a polenta
Resultado de imagem para Tiroler Küche
Tiroler Küche - carnes, batata, cebola  e ovo

A "polenta" servida no Tirol
Outro prato local da colônia italiana no Vale do Itajaí, adaptado é a minestra que traduzido significa literalmente sopa. No caso local, é um sopa de feijão com macarrão - comida brasileira e comida italiana - integração, mas não propriamente, um prato italiano.

Minestra di asparagi e zucchine










Há outros exemplos.

Lazer e entretenimento - alguns exemplos são: a mora, a bríscola, a bocha, o cinquilho, a tranca, danças, músicas e principalmente, cantadas no dialeto trentino.

Essa postagem está aberta (em construção) - pois faremos uma segunda visita a Rodeio -  já agendada.No momento disponibilizamos imagens e vídeos para compartilhar com todos os interessados - um pouco da história da Colônia Blumenau.

As imagens - comunicam...







Igreja Matriz São Francisco de Assis - centro de Rodeio
Basílica São Francisco de Assis - Itália

Foi construída entre os anos de 1894 e 1899 pelos imigrantes austro-húngaros de língua italiana. Seu estilo arquitetônico é  românico - estilo respeitado e adotado na região do Tirol. Tem sua construção anexa ao convento Franciscano São José, onde se estabeleceram os primeiros religiosos no ano de 1895. Os rodeenses afirma que a sua fachada tem semelhança à Basílica São Francisco de Assis , na Itália (Imagem ao lado).
Afirmamos que tem mais semelhança a igreja de Modena - também na Itália.


São características do estilo românico: a construção de paredes maciças, pilares muito grossos que sustentavam arcos redondos e teto abobadado, janelas pequenas, interior pouco iluminado, predominância das linhas horizontais.

São características do estilo gótico: a leveza e harmonia dos traços, paredes finas e altas. Ao contrário das igrejas românicas, que têm poucas janelas, as catedrais góticas apresentam muitas aberturas para o exterior, essas aberturas são preenchidas por vitrais coloridos, formando desenhos e mosaicos, proporcionando uma maior iluminação no interior das igrejas. Predomínio de linhas verticais, com um grande número de torres elevadas e pontiagudas.
Houve uma mistura de estilos, mas predomina as linhas românicas na Igreja Matriz São Francisco de Assis de Rodeio SC.











Possui um órgão de tubos que foi inaugurado no dia 5 de janeiro de 1906 - trazido da Alemanha. Também destacamos a presença de vitrais nas janelas - elemento característico da arquitetura gótica - presentes também em suas paredes - são 10 vitrais. Sua colocação aconteceu em abril de 2013 e sua inauguração oficial aconteceu no dia 12  de maio de 2013.


















Andando pela cidade... 












Ponto focal - vista distante - local mais elevado da paisagem da cidade



Praça frente da Prefeitura Municipal de Rodeio





































Economia de outros tempos - Extração de madeiras












Achamos interessante encontrar tipologias da arquitetura do norte da Alemanha e não do Tirol, na cidade de Rodeio. Não foi somente uma ou duas edificações, mas algumas.
Backsteinexpressionismus Arquitetura expressionista com tijolos ou expressionismo em ladrilho - surgiu a partir da segunda década do século XX. Foi marcante e contribuiu muito para a formação da identidade da paisagem daquela região - norte da Alemanha - após a primeira Guerra Mundial. Seria trazidos por imigrantes daquele período?
Backsteinexpressionismus é uma das muitas linguagens da arquitetura que utilizava tijolos maciços comuns ou Klinkern nas vedações ou paredes - elevações das edificações - norte da Alemanha. Os Klindern, são tipos de tijolos com queimas diferenciadas do tijolo comum - adquirindo colorações mais intensas e vibrantes e muitas vezes com nuances diferentes nas peças. Com a queima sob altas temperaturas, os tijolos ficam mais densos, menos porosos e também mais resistentes. 
O nome  faz alusão ao impacto de dois destes tijolos - o som resultante é alto. Os tijolos Klinkern são feitos a partir da mistura do barro feldspato, barro branco ou vermelho. Para a produção dos tijolos, são misturados industrialmente, a argila e água. A seguir, é feito sua queima, em fornos com temperatura médias de 1100 a 1300°C. Tijolos comuns são queimados em fornos com temperaturas médias entre 800 a 1000°C. Os tijolos  Klinkernseguem padrões rígidos na Alemanha - São padronizados pela DIN 105.
A linguagem arquitetônica do Backsteinexpressionismus se desenvolveu no mesmo período - contemporâneo à Escola da Bauhaus. Ao mesmo tempo que a Bauhaus defendia e implantava a "limpeza" das fachadas  - retirando os adornos e o decorativismo, os arquitetos do Backsteinexpressionismus desenvolviam uma linguagem ornamental no design de suas fachadas, passando a sensação de movimento e inquietude, como que, além de expressar a dinâmica do tempo, também apresentava a sua gravidade e tensões.
Muitas vezes o resultado era adquirido a partir de desenhos resultantes da organização de tijolos comuns e tijolos  Klinkern,  com variações de cores. Sua desvantagem técnica era e é a ausência do isolamento térmico, quando usado nas paredes, em locais com variações muito grandes de temperaturas em condições climática difíceis. Mas caiu no gosto das pessoas pelas inúmeras possibilidades de composições cores - do marrom, ao vermelho e violeta, denotando grande personalidade a fortalecendo a identidade desta arquitetura, tornando-a uma tendência neste momento - norte da Alemanha.
As tipologias do Backsteinexpressionismus em Rodeio.









O terreno é mencionado para negócio, e o patrimônio histórico arquitetônico?

Capela Nossa Senhora da Glória - sofreu intervenções que são visíveis no seu conjunto



Fachada 'maquiada" pós reboco com a pintura que ilustra o tijolo à vista, para não agredir o conjunto do Backsteinexpressionismus 


Uma tipologia residencial que lembra  a casa italiana a partir de tijolos à vista, paredes autoportantes e com características da arquitetura renascentista italiana, a partir da presença da simetria e frisos e sancas nas fachadas. Construída no ano de 1909 no caminho de São Pedro Velho.






Andando pela cidade - chamou-nos atenção o cuidado com a limpeza de uma propriedade peculiar, localizada no meio de um pasto e aparentemente com muita história. Observamos um senhor limpando o pasto, coletando o lixo urbano depositado indevidamente no local. Registramos. em seguida, a casa nos chamou atenção. Resolvemos "bater" e conversar com as pessoas que viviam no local.
As imagens, com comentários, ilustram o observado.









Residência da família Feller - uma das famílias listada entre os pioneiros



Vídeo
Na residência moram dois dos filhos dos descendentes de italianos do Tirol - Ernesto Feller e de Carolina Protegher Feller - são: João Feller (Que limpava o pasto) e Tercílio Feller - o mais velho. Eles têm mais um irmão vivo - que reside em Curitiba. A casa foi construída na década de 1920, para seus pais residirem. Os dois irmãos, nasceram na edificação histórica e viveram toda sua vida nela. Carolina Protegher Feller foi filha dos imigrantes italianos Domenico Protegher e Maria Manfrini - trabalhou em casa e na roça. Gostava de pescar e ler - lia em português e em italiano. Com a idade de 40 anos começou a falar as primeiras palavras em português, devido a proibição de falar em italiano. Ernesto faleceu com 42 anos de idade quando tinham 17 anos de matrimônio. Carolina ficou viúva com 8 filhos pequenos, onde o mais velho, que era o Tercílio que contava com 16 anos.
A casa da família é charmosa. Foi construída com tijolos autoportantes aparentes. Tem linhas clássicas da arquitetura italiana. Simetria das fachadas, com a presença da mansarda - aproveitamento do sótão. Um jardim amplo cortado por um caminho até o portão para a rua e bem cuidado pelos dois irmãos que contam com mais de 75 anos e nunca se casaram. O telhado é feito em duas águas, com a cumeeira em paralelo com a rua. Coberto com telhas planas ou germânicas de barro. Aberturas  - janelas com duas folhas envidraçadas e também, a porta conta com duas folhas em madeira. á a presença de almofadas, tanto nas janelas, como nas portas. 








João Feller






Carolina e Ernesto Feller


















Linda história e linda casa - seria bom alguém observar a saúde dos dois irmãos - Tercílio tem algum probleminha na perna.




















Equipamento urbano














Artesões de Rodeio na feirinha do Portal de entrada da cidade - local onde encontramos o Diretor de Turismo e Cultura - Airton Souza. Lembramos que o portal das cidades tem origem nas portas das cidades medievais da Europa. Também em outros locais e continentes dentro dos mais variados períodos históricos, haviam cidades muradas com portas. 

O artesão, com uma tipologia étnica bem característica  da região de onde vieram seus antepassados, inclusive a família - Reise. Faz artesanato em tornearia. Há pouco mais de três meses a Prefeitura de Rodeio está organizando a associação dos artesãos.



Com alguns artesãos da associação de artesão de Rodeio - á esquerda - de camisa azul: Airton Souza






Não é a paisagem do Tirol onde levavam o gado tirolês - mas também tinham seus pastos e rebanhos









Tipologias características de regiões e culturas diferentes.













Festa de igreja da Comunidade de São Pedrinho















Arrivederci!!
Em Breve Vídeos...

Em Construção e sem revisão...
(Faremos uma segunda visita!) e complementações.

Nosso agradecimento à Prefeitura Municipal de Rodeio - nas pessoas do Diretor de Turismo e Cultura - Airton Souza e também, a Arley Regiane Scoz Moser. 
Grata por todo o vosso tempo generosamente disponibilizado e parabéns pela dedicação e trabalho desenvolvido na cidade de Rodeio.

Leituras complementares - Clicar sobre o título escolhido:
Andreas Hofer















2 comentários:

  1. Fantástico, muita informação, bem completo, minha família (Devigili) viveu em Rodeio e Santa Maria.

    Parabéns!!!

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    Respostas
    1. Que bom que gostou.
      Complementei essa postagem em outra - podes acessar em:https://angelinawittmann.blogspot.com/2017/09/rodeio-colonia-tirolesa-no-brasil.html
      Abraços...

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