sábado, 19 de agosto de 2017

Arquitetura em Altona - atual bairro Itoupava Seca - por Max Humpl

Construção autoportante - estava na frente da Cia Salinger - ao lado do casarão do Machado de Assis

Há algum tempo pesquisamos a paisagem e a arquitetura atual ainda presente no bairro de Blumenau Itoupava Seca - antiga nucleação urbana conhecida como Altona - até as primeiras décadas do Século XX. 
Altona - mesmo sendo parte do território da Colônia Blumenau, foi uma comunidade totalmente independente do Stadtplatz - centralidade da colônia maior e também munida de práticas, economia e cultura próprias. Há algum tempo ouvimos uma versão muito curiosa e interessante do porque desse perfil, mesmo estando tão próximo da centralidade da Colônia Blumenau. 
Altona - atual Bairro de Itoupava Seca

Em uma postagem  anterior, escrevemos sobre a história e sobre e a paisagem do Bairro Itoupava Seca - antiga Altona - atualmente com grande parte da paisagem urbana (construída e natural) se encontra em célere processo de degradação - consequência da implantação de um sistema viário que criou um binário de passagem (alta velocidade) em duas de suas principais vias locais - restringindo seu uso em muito, considerando suas áreas de convívio e a escala humana, a partir do pedestre e do ciclista.


Bairro Itoupava Seca - Blumenau

Em agosto de 2015, foi lançada uma publicação - documento de grande valor histórico - o relato do Professor Max Humpl, sobre Altona e sua história. A publicação, escrita pelo professor alemão em alemão antigo - gótico - nos anos de 1918 e 1919. O trabalho de Max Humpl foi organizado por Méri Frotscher e Johannes Kramer e traduzido para o português por Adriano Steffler. Foram responsáveis por tornar esse trabalho e valoroso documento acessível a todos. É uma de nossas referências primárias de pesquisa sobre a região. No vídeo a seguir as palavras de Méri Frotscher apresentando o livro do Professor Max Humpl.
Chamou-nos a atenção, o fato de o professor Max Humpl mencionar e descrever a localização, o lay out e a técnica construtiva das primeiras residências de Altona, durante o período inserido nas suas primeiras décadas de sua história. o autor citou nomes, endereços e localizações, fatos que merece ser compartilhado e comentado. Lembremos que esse texto foi escrito nos anos de 1918 e 1919 por um professor alemão - Max Humpl, que residia na comunidade de Altona - atual bairro de Itoupava Seca - Blumenau.
O Professor Max Humpl lecionava na Escola Alemã de Altona - Itoupava Seca, que foi obrigada a trocar seu nome e foi  encampada pelo governo durante o período do N a c i o n a l i s m o - atual Escola M. Machado de Assis. Em nossa família, a mãe de Roberto Wittmann, atualmente com mais de 90 anos, frequentou a  escola alemã. Depois seus filhos e netos, estudaram na Escola M. Machado de Assis.
Escola Alemã Altna - onde lecionava o Professor Max Humpl

O texto
Hamburg, 1850
"A nossa Altona certamente não possui nenhuma construção com valor e idade aproximadamente igual às casas existentes além-mar, pois há 64 anos estavam enraizadas nodosas árvores da floresta virgem nas planícies pantanosas de nosso vale, e os primeiros colonos não tinham nem tempo nem dinheiro, nem material nem pedreiro, para poder construir casas de estilo refinado e para enfeitá-las com as imitações de engenhosas empenas, grades, maçanetas, terraços, sacadas, etc. todos estavam empenhados em 'ficar debaixo de um telhado', e não mais 'descansar sobre a terra', aproveitando o material que naquela época era o mais barato: a madeira. Desse modo, formou-se como primeira obra o casebre de madeira, construído em forma de retângulo, e colocado sobre pilares de pedra, com uma pequena cozinha e varanda nos lados longitudinais. - No mesmo estilo dessas 'residências de verão' foram então construídas casas em estilo enxaimel, nas quais ainda havia uma empena, com um ou dois quartos, e hoje em dia  ainda são construídas casas de alvenaria em formato semelhante, nas quais predomina e varanda com pilares de pedra com arcadas.Esse tipo de construção é típica não somente e Altona, mas em todo o vasto município de Blumenau, e se distingue enormemente do estilo de construção dos luso-brasileiros e dos portugueses." (Humpl - página 176).
Comentário

Com relação a essa citação do texto do Professor Max Humpl - "A nossa Altona certamente não possui nenhuma construção com valor e idade aproximadamente igual às casas existentes além-mar."
O que se construía além-mar nesse período, considerando que a Arquitetura - é parte importante que caracteriza um período artístico?
Na metade do Século XIX, é mais ou menos o final do Período Romântico na Alemanha - um dos primeiros períodos que marca a Era Moderna. Surgiu, opondo-se ao classicismo ou academismo. Os românticos distinguiam-se pelo destaque dos sentimentos nacionalista. Entre os muitos temas históricos, no lugar da história e mitologia greco-romana, dos neoclássicos, optavam pelo passado nacional, especialmente da idade média, estilo considerado nacional pelos alemães. É durante o período romântico que os governantes restauram e destacam monumentos históricos e artísticos do passado nacional. Lembramos que foi na segunda metade do século XIX que surgiram as nações como Alemanha e Itália. 
Miltenberg - Alemanha - 2016
Hamburg - Segunda metade do Século XIX

Nesse mesmo período e depois, no seguinte, marcado pelo realismo, os imigrantes deixavam suas cidades muito bem estruturadas e formadas a partir de uma identidade nacional - e chegavam à região do Vale do Itajaí na segunda metade do Século XIX e início do Século XX desprovido de toda infraestrutura e com cidades para construir.
Essa fotografia faz parte de um conjunto de fotografias reveladas há pouco tempo. Foram encontrados seus negativos - feitos em placas de vidros. Podemos compartilhá-las porque existe um trabalho maravilhoso no Arquivo Público Histórico de Rio do Sul capitaneado por Catia Dagnoni e sua equipe que não mede esforços e não há tempo ruim, quando é compartilhar imagens inéditas e históricas que comunicam muito sem cobrar qualquer valor. Rio do Sul, como parte da grande Colônia Blumenau tem muito a contribuir com essa história. 

Os imigrantes preparavam uma casa provisória, com estrutura de madeira, fechada com ramos e barro - uma taipa primitiva. Após, providenciavam uma casa mais sólida, em madeira  - com estrutura e fechamento. Ou, em enxaimel - que não é estilo. É a estrutura de madeira encaixada - técnica construída até nos dias atuais, na Alemanha - podendo o fechamento ser feito  em madeira, em taipa ou ainda, em tijolos. 

Tipologia de madeira, semelhante aquela descrita pelo Professor Max Humpl - preservada e em bom estado de conservação - localizada na cidade de Rio do Sul - parte da região da antiga colônia Blumenau

Casa enxaimel demolida no ano de 2017 -  Blumenau - para ler mais sobre - Clicar sobre: Uma tipologia em enxaimel a menos - Bairro Vila Nova - Blumenau.
Tipologia centenária enxaimel da região de Blumenau - interior de Itoupava Central.
Casa construída com fechamento em madeira, tijolos e estuque.















Na região - o uso da técnica construtiva enxaimel foi uma das características da expressão arquitetônica usada durante o período de maior fluxo da imigração alemã para a região do Vale do Itajaí (segunda metade do século XIX e início do século XX), até seu total desaparecimento durante o período da Segunda Guerra Mundial - na Alemanha não se deixou de construir com a estrutura de madeira encaixada.
A construção mencionada por Humpl - de alvenaria - poderia  ser uma construção com a técnica construtiva enxaimel rebocada (independentemente se o fechamento for de tijolos ou taipa) ou ainda, de tijolos maciços, autoportante, onde as paredes seriam estruturais. Essa ultima técnica foi muito adotada pelos colonos italianos, que também construíam suas varandas com arcos, descritas pelo professor. 
Ascurra - nucleação italiana dentro da antiga Colônia Blumenau

Ascurra - nucleação italiana dentro da antiga Colônia Blumenau

Max Humpl também mencionou a empena, que nada mais é, do que o aproveitamento e uso do sótão  com mais um ambiente - caracterizando uma mansarda. Geralmente a planta da casa enxaimel do imigrante local do final do Século XIX e início do Século XX era retangular e recebia uma extensão na frente - a varanda e outra na parte posterior - a cozinha. No corpo principal ficavam a sala de visitas e o quarto do casal e ou das meninas (cujo acesso se dava pelo quarto do casal). No sótão ficavam o quarto dos rapazes. 
"Nos últimos anos surgiram em Altona, ao lado das casas construídas nesse 'estilo local', alguns estilos modernos, com dois andares, com telhado de mansarda, com sacadas, etc., determinados pelo tipo e pelas condições financeiras do negócio. se da mesma forma o custo dos terrenos para construção aumentar com a progressiva diminuição do espaço  disponível, os próximos anos farão com que também aqui se utilize da melhor forma possível o terreno adquirido, construindo-se com dois, três ou mais andares." (Humpl - página 177).
Bairro Altona Atual - Itoupava Seca
Comentário

Muito dessas edificações mencionadas pelo Professor Humpl, existia na paisagem do bairro Itoupava Seca. Por diversos motivos, destacando a ausência de diretrizes, políticas públicas adequadas e uma adequada reflexão sobre a estrutura viária local e da cidade e sua reestruturação, de forma adequada ao uso do solo, que deveria estar sendo prioritário no projeto da cidade à médio e a longo prazo, que inexiste, nos planos da atual administração pública.
Não existe "estilo local."

Edificação de "alvenaria" mencionada pelo Professor Humpl - Foi demolida para fazer estacionamento - foto ano de 2014


Fundos da Cia Salinger - dias atuais - propriedade da FURB
Bairro Altona Atual - Itoupava Seca - propriedade da FURB


Bairro Altona Atual - Itoupava Seca - e o paradeiro do Busto de Coronel Feddersen é desconhecido
"As casas mais antigas são: a primeira moradia de Wilhelm Mathes, cimentada com argila amassada por ele próprio, construída no fim do ano de 1850, próximo à margem do rio, hoje habitada  por Gärtner Lorenz. A antiga venda de Stein, construída em (AAAA), hoje a sala de vendas da casa Comercial Paul e Cia, que fica em frente à estrada. a velha casa de Hinsching, construída em 1877, acima da mansão de Feddersen, hoje habitada por Rich. John. A antiga taberna de A. Persuhn, construída em 1876, hoje museu. a velha moradia de Heinr. Gretschmer, próxima à estrada, construída nos anos 1869, hoje a casa de Ernst Siebert.Todas as outras habitações dos primeiros colonos, as quais geralmente eram primitivas, desapareceram nos últimos anos. Assim, até há pouco tempo a casa de Ferd. Ebert estava no lugar da cozinha da casa de Carl Rischbieter. A venda de Bayer ficava próxima da parte de trás da atual mansão Paul. A casa de Peneder estava situada atrás da casa de aluguel de Eckelberg, hoje habitada por Carl Biebging. Até há poucos anos, a residência de  Romer ficava no lugar da atual fábrica de refrigerantes de Luiz Probst. A primeira casa de Persuhn estava no lugar da estação de Itoupava Seca. A casa de aluguel da ferrovia. Thomas Thomsen tinha seu edifício no lugar onde hoje fica o jardim da Salinger e Cia, à esquerda  de Herm. Dietrichkeit. a casa de Sametzki ficava próxima ao barranco do rio, atrás dos atuais edifícios de Clasen. Salinger morava junto ao rio, acima de Venturi, onde também a antiga estrada levava aos restante das casas, situadas perto do rio, as quais era habitadas por Aug. Schönau, Peter Müller, Helmbrecht e h. Mathes. As casas que aí ficavam estavam em contante perigo devido aos altos níveis da água do Itajaí, e por isso desapareceram há muito tempo, tendo sido transferidos para lugares mais altos.As casas mais novas de Altona são: a imponente residência de Ernst Siebert construída no início do ano de 1919. A bela casa de alvenaria de Oskar Freitag, construída no ano de 1914. A ferraria alta de M. Städele, construída em 1916. A moradia de Oskar Persuhn construída em 1916. A bonita casa de  Otto Arendt, construída em  1915. O grande edifício comercial de Reinhold Butzke, construído no ano de 1915. A mansão de Jennrich, construída sobre a colina em 1913.A casa de Oskar Freitag foi construída pelo engenheiro  Paul Werner, o construtor da Usina do Salto. A maioria das casas de Altona foi construída  pelo mestre-carpinteiro Gustav Kirsten de Itoupava norte, nascido em 1862 em Leipzig, imigrado em 1869, com sete anos de idade, e também pelo mestre-pedreiro Gustav Krieck de Salto Weissbach, bem como pelo pedreiro Karl Letzow.
Salinger e Cia
Kirsten participou da construção dos seguintes edifícios: Salinger e Cia, oficina da Estação, casa de Luiz Böttger, hotel Franke, hotel Danker, Clube Teutônia, casa de Carl Liesenberg, casa Gustav Persuhn, etc.O pedreiro Letzow construiu a casa de Carl Rischbieter, a ferraria de Clasen, etc. Os trabalhos em outras construções foram conduzidos pelos mestres-carpinteiros Christen Lüders, Heinrich Böttger e pelos pedreiros Schüssel, Jork, dentre outros. A maior parte dos tijolos usados nessas construções foi comprado da olaria de Adolf Volkert, que ficava na Itoupava Norte." (Humpl - página 177).
Comentário:
Com relação a citação: "Cimentada com argila amassada por ele próprio." Refere-se a taipa que era muito comum nesse tempo e ao contrário do que muitos imaginam, foi uma técnica trazida da Alemanha. Vimos, em casas centenárias, a presença de taipa.
Blumenau SC


Alemanha - Fränkische Freilandmuseum Bad Windsheim - Foto Angelina Wittmann














Quando o professor Max Humpl mencionou alvenaria ele define assim,  a construção autoportante, munida de paredes estruturais a partir do uso do tijolo maciço, como podemos perceber nas ruínas de algumas das edificações citadas pelo autor e ainda presentes na paisagem atual do bairro de Itoupava Seca. Também apresentamos, algumas outras tipologias com diferentes técnicas construtivas, também ainda presentes no bairro.
Ruínas da Cia Salinger construída pelo mestre-carpinteiro Gustav Kirsten - Propriedade da FURB (que demoliu algumas tipologia pertencente ao patrimônio histórico do bairro para expansão do campus junto ao IPT)
construção dentro da propriedade da Cia Salinger - junto ao rio
Pertencente a Prefeitura Municipal de Blumenau, demolida para locar estacionamento da Escola Municipal Machado de Assis - Demolido em fevereiro de 2012




Bairro Altona Atual - Itoupava Seca

Bairro Altona Atual - Itoupava Seca

Bairro Altona Atual - Itoupava Seca
Bairro Altona Atual - Itoupava Seca
Parte do complexo da Salinger - dias atuais - Propriedade da FURB
Ao lado do Casarão do Machado de Assis - demolido - tudo para ter sido um dos hotéis comentados pelo Professor Max Humpl - Também demolido.
Estado ruim de conservação - Rua São Paulo - Itoupava Seca



Ruínas residência Thomsen - Rua São Paulo - Bairro Altona Atual - Itoupava Seca

"Observemos, numa excursão rio abaixo, as casas que existem em Altona no fim de 1918, e deixemos a história delas vir de forma breve à nossa mente."
A listagem das casas e suas história feitas
pelo professor Max Humpl - págs. 178/185

"Casa de Heinrich Reif
Construída em 1891 pelo seu pai Gottlieb Reif. - O "Reifsbach", que corria em frente à casa, moveu uma moenda durante um ano. Em 1918, a casa foi cercada por um muro imponente. Perto da "taberna dos pomeranos" havia um bebedouro em um lugar de descanso para tropeiros. Antigamente. aqui ficava a casa enxaimel de Wilhelm Schönau."

Comentário: Gottlieb Reif foi o construtor do primeiro acesso e do rancho dos imigrantes para e da Colônia Hammonia - atual Ibirama. O professor menciona um ribeirão, que chegou a mover uma máquina e que foi fonte de água potável para viajantes. Atualmente os ribeirões são canais de esgoto e não se tem a mínima ideia sobre a localização desse em especial mencionado.

Casa de Oskar Schlipmann:
Construída em 1879 por Wilhelm Matthes. Atrás dessa casa, numa localização um pouco afastada, ficava a casa da viúva Clara Matthes, construída em 1913. A primeira moradia perto da margem do rio existe ainda hoje, mas agora é um casebre prestes a ruir, e nele mora o jardineiro Lorenz.

"Taberna "Zur Heimat" de Reinhold Butzke
Clube Ipiranga - Itoupava Seca  -Blumenau
Construída em 1915 pelo proprietário. O terreno para a construção foi comprado de Heinrich Reif - Em março de 1916, foi fundado nesse edifício o Clube de Tiro Hindenburg. Em 1917 foi realizado o primeiro campeonato de tiro, e ainda no mesmo ano, foi construída a pista de boliche. A taberna tinha ainda um belo palco para apresentações teatrais e um grande salão de dança, e realizavam-se bailes que geralmente eram bem frequentados."

Comentário: Será que o espaço social mencionado - existente na Taberna não seria o início do Clube Ipiranga? - Sede social do bairro Itoupava Seca nos dias atuais e que tem todas essas práticas citadas em seu ambiente.

"Casa de Luiz Janathan e de W. Maul:
Construído em 1911 pelo proprietário, Reinhold Butzke. Era a sua antiga taberna "Zur Heimat". - No lugar havia uma construída por August Schönau em 1893, que foi comprada por Reinhold Butzke, em 1898, a qual foi avariada pela inundação de 1911. Em 1912 foi construída uma venda, uma taberna e um salão de dança. Nesse edifício, de 1912 a 1914, o orfeão "Zur Heimat", dirgido pelo maestro Gust. Kirsten, fazia seus ensaios."

"As duas casas de madeira na colina que havia no terreno de reinhold Butzke:
Construídas em 1912 pelo proprietário para serem fábricas de charutos. Hoje em dia, essas edificações são casas de aluguel."

Comentário: Intriga-nos, onde fica essa "colina" mencionada pelo professor. Será que não seria esse local da foto? - Localizada no início da Rua Bahia.
Essas casas na parte alta do sítio, não estariam na "colina"?
Início da Rua Bahia - Estrada antiga para Indaial
"Casa de Paul Herbst:
Construída por Paul Herbst em 1897. Nessa edificação funcionou de 1897 a 1907 uma cavalariça e a hospedaria "Zum Lustingen Zacken". Depois disso, vários inquilinos moraram na casa. Ao lado dela havia antigamente uma casa também construída por ele, na qual morava Gottlieb  Reif "(Foto acima).

"Casa de Paul Werner
Construída em 1901 por Fritz Müller. Ela é cercada por palmeiras, e está bem situada na colina. Ela foi alugada para o Dr. Jacobs, um clínico geral, e para Bart.Glasmacher dentre outros."

"Casa do sapateiro Ludwig Roths:
Construída em 1893 por Paul Herbst, ela está situada próximo à estrada principal. Ludwig Roths construiu uma varanda para a casa, e em 1913, foi erguido um muro de pedra que a cerca. A casa fica no terreno que antigamente era a Colônia de Schönau."

"Casa de Heinrich Böttger:
Construída em 1908 por Heinrich Böttger. A casa estava situada no outro lado da ferrovia."

"Casa de aluguel de Peter Christian Feddersen:
Construída em 1915 pelo proprietário. A casa em enxaimel ficava do outro lado da ferrovia, num lugar elevado."

"Casas de madeira de Peter Christian Feddersen:
Construídas em 1896 pelo proprietário para servirem de moradia para trabalhadores."

Comentário: Curioso e é uma novidade saber que o próprio Coronel Feddersen construía suas edificações usando a tecnologia do enxaimel e também somente de madeira. Ele foi o administrador da firma Salinger, um dos nomes da construção da ferrovia na região, liderança em algumas das associações locais e Deputado Estadual. Isso comprova o perfil das pessoas que construíram as cidades na região. Também outro ponto: construiu casas para os funcionários - prática muitas vezes ignoradas em trabalhos acadêmicos, onde se faz questão de mostrar a "exploração" da mão de obra de uma classe social e detrimento da outra. Para ler sua breve biografia - clicar sobre: Peter Christian Feddersen

"Casa de Lud. Kalvelage e E. Hertel:
Construída em 1896 por Fritz Specht. A casa mais nova, a casa comercial e a fábrica de manteiga pertencem agora à viúva Liesenberg. Antes de sua liquidação, ocorrida em 1912, essa edificação era a grande casa comercial de Fritz Specht."

"A antiga casa de Stein:

Construída nos anos de 1860."

Comentário: Comprova a existência de construções na região de Itoupava Seca - bairro Altona, quando a Colônia Blumenau tinha apenas 10 anos.

"Paul e Cia., casa de Herm.John:

Construída por volta de 1860 pelo carpinteiro Eduard Stein, imigrado em 1856. O edifício foi primeiramente uma venda e um salão de dança, e de 1885 a 1892, ele abrigou a filial da Salinger e Cia. Durante  a revolução, essa casa, que estava vazia, foi usada como hospital, e posteriormente, nela morou Malburg. Em seguida, ela abrigou a filial e o negócio de Carl Jansen, e depois foi a ferraria de Galluf até 1904. Na sequência, abrigou a filial de Paul. Em 1905 construído o edifício da fábrica, e, em 1912, essa casa foi anexada a ele."
"Mansão de Peter Christian Feddersen:
Construída em 1913 pelo proprietário, Peter Christian Feddersen. - Em volta da mansão havia um jardim. - Em 1916 foram construídos caminhos e uma cabana alpina na colina que pertence ao seu terreno."

Comentário: Mais uma edificação executada pelo  Coronel Feddersen, liderança  e maiores personalidades históricas da Colônia Blumenau do início do Século XX. Outros tempos onde podemos registrar essas passagens para a história, hoje algo impossível até mesmo para se imaginar.

"Casa de Rich. John (casa  de  Hinsching):
Construída em 1877 por Hinsching, que foi também o primeiro morador. Posteriormente, ela foi habitada por Holstein, depois Jacob Gräser e, em 1898, ela foi comprada por Peter Christian Feddersen."


Comentário: Dado importante - o primeiro morador no bairro Altona - família Hinsching.

"Casa e benfeitoria da viúva Maria Engicht:
Construídas em 1893 por Karl Engicht. No lugar dessas construções havia antigamente uma casa de madeira, construída em 1870."

"Casa e benfeitorias de Luiz Böttger:
Construídas em 1903 pelo proprietário, Luiz Böttger. A casa tinha arcadas e um jardim em forma de terraço. No lugar dela havia antigamente uma casa de madeira, construída em 1893, também por Luiz Böttger."

Comentário: Nos dois últimos itens da lista de edificações da comunidade de Altona, é possível observar de como se construía, uma edificação provisória com material mais em conta, como no caso, a madeira. Posteriormente era construída uma nova edificação em alvenaria.

"Casa e Benfeitorias de Wilheim Lüders:
Construída  em 1880 pelo dono. Antigamente não havia uma casa no lugar dessas construções. Num lugar mais próximo, fica a primeira casa de Rödel."

"Casa de Fritz Ortmann:
Construída em 1906 pelo atual proprietário. a primeira casa de L. Helmbrecht ficava próxima ao barranco do rio."

"Casa de Carl Ortamann:
Construída em 1906 pelo atual proprietário."

"Casa de Luiz Abry:
construída em 1879 por Weikert, genro de Stein. Primeiramente ela foi habitada por Asseburg, depois An.Baraço, e, por fim, foi comprada por Luiz Abry, em 1899. Em 1883, Baraço construiu a fábrica de erva-mate. Em 1918, ela foi vendida para Salinger. Em 1900, foi construído o imponente muro no jardim."

"Casa comercial e residencial de Rudolf Clasen:
Construída em 1877 pelo pedreiro Bornhold, a mando de Heinrich Clasen. Em 1884 e 1885, ela foi modificada e ampliada por Heinrich Clasen. A ferraria foi construída em 1909 por Letzow, a mando de Rudolf Clasen. Primeiramente ela foi arrendada para Max Ritzmann, depois para M. Städele, e, por fim, para artífices."

"Farmácia de Philipp Brandes:

Construída em 1905 por Heinrich Clasen. Primeiramente foi a taberna e o salão de dança de Reinhold Butzke. depois disso, foi a taberna de I. Plettschcar (escritório da transval). Na sequência, foi de Max Clasen, e, e, 1910, tornou-se a filial de brandes, cujo gerente era Martin Starilz, que foi sucedido por Artur Fouquet. Em 1917, ela foi vendida para Phillip Brandes."

"Casa de Heinrich Dorner:

Construída em 1887 por Christian Dittrich, e depois vendida para Dorner. até 1917, ela foi padaria e taberna."

"Casa Comercial e fábrica da Salinger e Cia:
Construída em 1891 por Peter Christian Feddersen. O terreno para a construção foi adquirido da viúva Thomsen, cuja casa estava construída aqui por cerca de 23 anos."

"Casa e negócio da viúva Thomsen:

Construída em 1891 por August Thomsen, em parte a partir da demolição da casa de sua mãe, Auguste Thomsen, que, como viúva, durante 23 anos tinha a sua colônia no lugar onde fica o negócio de Salinger e Cia."

"Casa residencial e comercial da família Parucker:

Construída em 1884 por Christian Dittrich, e comprada no mesmo ano por Richard Parucker. O terreno para onde a casa foi construída foi comprado da viúva Thomsen. Em 1890, foi construída uma oficina, que foi modificado em 1918."

"Hotel Danker de Hermann Dietrichkeit:

Construído em 1909 por Hermann Dietrichkeit. - Antigamente ficava aqui o primeiro hotel de Altona, que tinha um grande tráfego de carroças e muita clientela, especialmente durante a construção da ferrovia. Esse primeiro hotel foi construído por Fr. Danker e era uma casa de madeira com venda, taberna e salão de dança. - O terreno para a construção foi comprado do velho Grassmann."

Tem mais.... Em construção!

Comentário em 18 de maio de 2018:

Não somos contrários a forma de ocupar o solo e espaços das cidades de maneira verticalizada. Alertamos sim, para o fenômeno que acontece na cidade de Blumenau e também neste bairro que já teve muita historia na paisagem a partir de sua arquitetura e mudou drasticamente a partir de suas políticas públicas. Há mais de 25 anos, duas ou três construtoras mudaram a paisagem da cidade de maneira significativa e sem um plano. Valorizam o "chão", desconsiderando a paisagem no entorno e no que está sobre este e, se apropriam - "construindo a cidade" de acordo com seus projetos, muitas vezes "carimbão". Nestas situações, as edificações não existem para suprir o déficit habitacional - mas sim para alimentar a especulação imobiliária. Atualmente se oferta apartamentos como se ofertassem livros em uma feira de livro. Esta paisagem "construída" por construtores pertence a todos e a infraestrutura não é adequada às novas realidades urbanas. Resultado? Mais conflitos, além dos que já existem. Podem acreditar - há muitos apartamentos vazios.
A construção está maior do que a procura.
Início da Rua Coronel Feddersen - próximo a  Igreja luterana de Itoupava Seca, onde jé estava as Gaitas Hering.

Referência 
Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau/Max Humpl; Méri Frotscher Kramer e Johannes Kramer (orgs.). - Blumenau SC: Edifurb, 2015. - 226 p. :il.
Leituras complementares - Clicar sobre o Título escolhido:
  1. Histórias do Professor Max Humpl - Altona - Atual bairro de Itoupava Seca
  2. Um passeio pelo Bairro de Itoupava Seca (Altona) e um pouco de sua História
  3. Arquitetura - 5 Edificações do Patrimônio Histórico Arquitetônico - Rio do Sul SC
  4. Mansarddach - Uma tipologia de telhado trazida pelo imigrante
  5. Nacionalismo no Vale do Itajaí - a partir do Governo de Getúlio Vargas











2 comentários:

  1. Olá Angelina Wittmann, tudo bem?
    Sou estudante de arquitetura (1º ano) e gostaria muito de saber qual seria o estilo presente na edificação da foto que está anexada no link:
    https://1.bp.blogspot.com/-ogwJ4BdiXnc/WZl5YXnsc2I/AAAAAAACi-w/mDt1_ZH4ZXAMxmK2i-Xx_RC44AjogV8TQCLcBGAs/s1600/Celular%2B2740.jpg
    Desde já agradeço muito! Abraço.

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  2. Boa tarde....É uma tipologia muito comum na Alemanha e na França. se destaca pela presença da Mansarda. Por favor leia esta postagem..........
    https://angelinawittmann.blogspot.com/2014/09/mansarddach-um-tipologia-de-telhado.html



    Abraços.

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