
Em destaque - um pouco da história e da arquitetura da estação ferroviária da cidade de Rio do Sul, uma das poucas, entre as 24 (ou 25 se consider a estação de Passo Manso) conhecida, que se encontra em bom estado de conservação.
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Mapa da EFSC de 1965 - onde estão locadas as principais estações ferroviárias - onde está destacada a estação da cidade de Rio do Sul. |
A estação ferroviária de Rio do Sul se encontrava no quilômetro gráfico de 145,67 da Estrada de Ferro Santa Catarina - EFSC. Foi inaugurada, 4 anos após a inauguração do trecho entre as localidades de Subida e Lontras, mas não no prédio conhecido até os dias atuais. Isso porque, nos primeiros dias
de funcionamento da ferrovia na cidade e região, a estação funcionou provisoriamente no local em
que depois passou a funcionar o "Armazém". Atualmente, o espaço da estação ferroviária de Rio do Sul recebe as atividades culturais e de pesquisas e o acervo do Museu e Arquivo Histórico de Rio do Sul. A edificação da histórica continua no mesmo local que começou a funcionar como estação ferroviária de passageiros - em 1936, somente que sob o endereço atual: Avenida Oscar Barcelos, s/n - na área central da cidade.

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Do livro - A ferrovia no Vale do Itajaí - Estrada de Ferro Santa Catarina. |




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A mudança da paisagem da cidade - em um hífen de apenas 80 anos. |
A estação ferroviária de Rio do Sul, mesmo inserida na paisagem quase totalmente descaracterizada - sob ponto de vista do contexto original construído e natural, no qual foi inserida na década de 1930, ainda pode continuar a ser um importante ponto focal dentro da paisagem central da cidade, referenciando o espaço e "orientando" o homem dentro desse espaço citadino, importante como ícone - parte da identidade histórica de Rio do Sul - quase desprovida de identidade. Seu entorno, quanto a sua ocupação, não tem muito critério, principalmente, sob o enfoque de respeitar todo o conteúdo cultural e histórico de que é munido essa tipologia arquitetônica no meio. De acordo com o depoimento escrito do pesquisador Luiz Carlos Henkels, a estação está na paisagem pela sensibilidade do patrono cultural da cidade de Rio do Sul - Nodgi Pellizzetti - que interferiu para que a mesma permanecesse na paisagem e não fosse demolida, um tempo atrás.

A inauguração da estação ferroviária de Rio do Sul faz parte da história da construção da ferrovia EFSC. O trecho ferroviário até Rio do Sul começou a ser construído somente no ano de 1923, após a o término da 1° Guerra Mundial - por "n" motivos. Lembramos, que de acordo com um Relatório da EFSC de 1920, no dia 29 de novembro de 1911, o governo brasileiro encampou a ferrovia (patrimônio privado), passando-a a patrimônio do estado brasileiro. A obra continuava a ser administrada pela companhia alemã. No dia 18 de março de 1914 são aprovados pelo Decreto 10.818, os estudos para o prolongamento ferroviário até Trombudo Central.
Em 1918, com a desculpa da 1° Guerra Mundial, o governo brasileiro rescinde o contrato com a companhia alemã que administrava a ferrovia e também a Cia de Navegação Fluvial no Rio Itajaí Açu - complementando e caracterizando o "roubo oficial". Isso aconteceu por meio do Decreto 13.907. A Administração da ferrovia EFSC passou a ser feita por uma junta militar federal do Brasil, desprovida de qualquer indenização.

Em 1918, com a desculpa da 1° Guerra Mundial, o governo brasileiro rescinde o contrato com a companhia alemã que administrava a ferrovia e também a Cia de Navegação Fluvial no Rio Itajaí Açu - complementando e caracterizando o "roubo oficial". Isso aconteceu por meio do Decreto 13.907. A Administração da ferrovia EFSC passou a ser feita por uma junta militar federal do Brasil, desprovida de qualquer indenização.
Foi somente depois de todos esses episódios que se retomou o assunto e estudos do prosseguimento da construção da ferrovia, com a presença de novos atores, diferentes de seus idealizadores iniciais. A verba necessária para dar prosseguimento às obras, somente foi liberada no ano de 1921, quando também chegou o novo engenheiro designado pelo governo brasileiro - Joaquim José de Souza Breves Filho. Seria o novo engenheiro para continuar coordenando a construção da ferrovia EFSC. Era filho de político na capital do Brasil - Rio de Janeiro - e neto de escravocrata. Sua família tinha ligações familiares e políticas com a família Konder de Itajaí (Victor Konder - era o Ministro de Obras e Viação no Rio de Janeiro - capital nacional). O novo Engenheiro fez mudanças drásticas e polêmicas no projeto original alemão da EFSC. Sem contar, foi autor de medidas pouco nobres durante a construção da ferrovia, como por exemplo, prática de especulação fundiária nas proximidades do leito da nova ferrovia e tráfego de influência.
Assim que as obras da ferrovia reiniciaram sob o comando de Breves Filho, foi colocado em prática, a execução das mudanças do projeto ferroviário. No ano de 1922, o engenheiro apresentou a nova proposta para o entrocamento de Subida desconsiderando o projeto original existente. As obras, como já mencionado, iniciaram em 1923. O escritório de comando foi instalado em Lontras. Até chegar a Rio do Sul, os construtores da ferrovia tiveram muito trabalho, desde cortar a montanha, construir pontes e túneis de pedras. Mas o trecho ferroviário avançou.
Antes da ferrovia chegar a Rio do Sul, essa se emancipou de Blumenau - ano de 1931. Até então, Rio do Sul era parte do território da Colônia Blumenau - colônia alemã fundada por Hermann Blumenau - que trouxe o projeto ferroviário em sua bagagem.
O núcleo antigo de Rio do Sul estava estrategicamente localizado e não foi ao acaso que surgiu nesse ponto - a cidade estava localizada na foz do rio Itajaí do Sul, no rio Itajaí-Açu, local de trajeto de vários viajantes, imigrantes, tropeiros, pioneiros e produtos das regiões acima desta confluência. O núcleo primitivo teve vários nomes: Humaitá, Südarm, Braço do Sul, Bella Alliança. Sua história estava ligada à história de Blumenau, sede da grande Colônia Blumenau - praticamente o território do atual Vale do Itajaí.
Antes da ferrovia chegar a Rio do Sul, essa se emancipou de Blumenau - ano de 1931. Até então, Rio do Sul era parte do território da Colônia Blumenau - colônia alemã fundada por Hermann Blumenau - que trouxe o projeto ferroviário em sua bagagem.
O núcleo antigo de Rio do Sul estava estrategicamente localizado e não foi ao acaso que surgiu nesse ponto - a cidade estava localizada na foz do rio Itajaí do Sul, no rio Itajaí-Açu, local de trajeto de vários viajantes, imigrantes, tropeiros, pioneiros e produtos das regiões acima desta confluência. O núcleo primitivo teve vários nomes: Humaitá, Südarm, Braço do Sul, Bella Alliança. Sua história estava ligada à história de Blumenau, sede da grande Colônia Blumenau - praticamente o território do atual Vale do Itajaí.
A EFSC, ao passar por Rio do Sul,
atendeu ao transporte, não somente da população local, como também das
pessoas e produtos oriundos do Planalto Serrano.
A partir de 1929, os trabalhos da ferrovia seguiram rumo a Rio do Sul, passando por Matador - pertencente a Rio do Sul e que foi
inaugurada no dia 18 de dezembro de 1933, quatro anos após a inauguração do
trecho Subida–Lontras. Esta estação dista seis quilômetros da estação central
de Rio do Sul, inaugurada dez dias após, no 28 de dezembro de 1933, passando a
ser ponto terminal da linha por quatro anos, até a inauguração do novo trecho - explicado ainda não era o prédio da estação ferroviária que visitamos na cidade de Rio do Sul.
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Do livro - A ferrovia no Vale do Itajaí - Estrada de Ferro Santa Catarina. |
Sua construção é da década de 1930 - Edifício para uso de uma estação ferroviária de passageiros da cidade de Rio do Sul pertencente à extinta ferrovia EFSC - Estrada de Ferro Santa Catarina. É uma das tipologias mais bonitas e mais bem conservada pertencente ao patrimônio histórico arquitetônico e ferroviário regional e estadual. Inaugurada em 1936, atualmente é o endereço do Museu Histórico Cultural e Arquivo Público Histórico de Rio de Sul.
Tipologia
A estação ferroviária foi construída com a volumetria de alguns tipos de edificação trazidas pelo imigrante alemão de determinadas regiões da Alemanha. Com muita originalidade e diferente das demais tipologias de edificações ferroviárias construídas no mesmo período. Foram utilizados em sua obra - tijolos maciços aparentes com o decorativismo clássico presente nas aberturas em madeira - com cimalhas de diferentes tamanhos, arcos e adornos decorativos.
Podemos afirmar, que mesmo observando a presença das características da arquitetura alemã, através da adoção de alguns elementos - misturou outros elementos à composição final que lhe forneceu o perfil de uma arquitetura eclética.
Estrutura


Aberturas:
As aberturas possuem elementos clássicos como, diferentes tipos de arcos e também sua distribuição simétrica nas fachadas. São estruturadas em madeira com partes envidraçadas. As janelas e portas são feitas em duas folhas. Todas as aberturas receberam cimalhas - de variados tamanhos e espessuras - coloridas em cor branca, como também, as fugas das paredes de tijolos aparentes. Observamos igualmente que as portas tem almofadas envidraçadas.
Telhado
O movimento dos panos de telhados respeitam a simetria das fachadas nas quatro elevações. Recebeu decorativismo na parte do forro dos beirais em madeira - como eram feitos em edificações na Alemanha. Também, a estrutura do telhado foi feita de madeira. Apresenta parte das cumeeiras "quebradas" criando espigões menores. A inclinação do telhado não é tão acentuada como eram construídas as tipologias com estrutura em enxaimel e também outras, na região. As aberturas da parte inferior e superior, apresentam linguagens diferentes, o que reforça a ideia de tratar-se de uma arquitetura vernacular do imigrante alemão - eclética - munidas com estilos de diversos gostos e arquitetura.
O telhado é coberto por telhas planas ou germânicas de barro.

Fechamento
Fechamento, ou paredes, são feitas de tijolos maciços aparentes.
Atualmente, o conjunto sofreu um pouco de impacto do entorno como já mencionado, e também, da pavimentação e ajardinamento em sua volta. O "nível" da pavimentação "subiu" e foi impermeabilizada com o uso da camada asfáltica. Lembramos que um dos motivos que faz com que o nível das águas subam com mais frequência na cidade provocando inundações (e está mais alto) é exatamente por isso, junto com o ato de desmatamento das montanhas no entorno como por exemplo no alto do platô onde está localizado a Escola Agrotécnica Federal e Instituto Federal Catarinense. Esse local tinha a vocação para um Parque e lazer, sem contar com a vista natural de contemplação. Deveria ser usado para receber a mata nativa sobre e nunca, ruas e ocupações de edificações públicas e privadas, como percebemos. Esse elevado natural está presente em muitas fotografias históricas e por ainda existir, é referencial espacial na paisagem atual e na antiga, e com isso muito importante, mediante da grande modificação espacial que a cidade recebeu - identifica lugares históricos, atualmente irreconhecíveis.



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Elevação do nível da pavimentação. |
Toda essa reflexão surgiu, porque percebemos a elevação do nível da pavimentação, que "engoliu" parte da rampa da estação ferroviária de Rio do Sul.
Estivemos visitando a estação ferroviária de Rio do Sul no dia 27 de agosto de 2017, não foi a primeira vez e por certo, não será a última.
O impacto ao vislumbrá-lo em uma nova visita sempre é novo.
É muito bom que seu espaço esteja sendo útil ao uso esteja voltado para o público através do Museu Histórico Cultural e Arquivo Público Histórico de Rio de Sul.
O impacto ao vislumbrá-lo em uma nova visita sempre é novo.
É muito bom que seu espaço esteja sendo útil ao uso esteja voltado para o público através do Museu Histórico Cultural e Arquivo Público Histórico de Rio de Sul.
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