Rua Padre Anchieta Centro de Videira SC. |
Bandeira de Videira. |
Em novembro de 2022 visitamos a cidade de Videira que, originalmente, surgiu como um dos locais do Rio das Pedras batizado pelos construtores da ferrovia e depois e não demorou muito para surgir a Vila do Rio das Pedras. Depois esta ficou conhecida como Perdizes e Vitória, nomes dados pelos migrantes que chegaram do Rio Grande do Sul de famílias alemãs e italianas. Um grupo ocupou uma margem do rio e o outro a outra margem. Na margem direta estava localizada Vitória e na margem esquerda, Perdizes - era onde estava a estação ferroviária.
Quanto ao primeiro nome - Vila do Rio das Pedras, é como sempre acontece, historicamente falando, em locais que quando chegam os pioneiros, a primeira denominação dada é um nome retirado de expressões da geografia, ou, da paisagem natural local e não foi diferente, com Videira, onde o embrião urbano foi assentado junto ao Rio do Peixe, provavelmente, um local com muitas pedras.
A região onde está a atual cidade de Videira está localizada no Meio Oeste do Estado de Santa Catarina e faz limites com os municípios de Caçador e Rio das Antas, ao Norte; Pinheiro Preto, ao Sul; Fraiburgo e Tangará, a Leste; e Arroio Trinta e Iomerê, a Oeste.
O acesso terrestre pode ser feito pela rodovia SC-355 e SC-135 e por algumas estradas rurais.
A via de acesso aéreo se da através do Aeroporto Municipal "Prefeito Ângelo Ponzoni" com 1400m de pista de pista pavimentada.
Localizada no Meio Oeste do estado de Santa Catarina |
Área urbana de Videira. |
Brasão de Videira. |
Rua Campos Novos - Videira. |
O clima da cidade de Videira é subtropical. Há períodos de muita chuva ao longo do ano. Segundo a Köppen e Geiger, o clima é classificado como Cfb. A temperatura média é de 17,0 °C. Pluviosidade média anual de 1759 mm. A cidade tem cerca de 350 horas de frio o que permite a produção de frutas de clima temperado como o pêssego, ameixa, kiwi e a produção de uva e consequentemente, o vinho.
Em 1965 foi criada, por lei municipal, a reserva florestal denominada Parque da Uva, em uma área de 70 mil m2 com bosques e áreas de lazer, contendo grandes áreas de mata nativa.
Videira é 15ª. economia do estado de Santa Catarina e 35ª em Índice de Desenvolvimento Humano.
Um pouco de História
A história da ocupação da região onde atualmente está Videira tem relação com a construção da ferrovia que ligava Itararé-Uruguai - linha-tronco da RVPSC e cuja construção teve início em 1896. A ferrovia, às margens do Rio do Peixe, dividia as as duas comunidade: Perdizes e Vitória, situação criada pela chegada de famílias de descendentes de alemães e italianos do Rio Grande do Sul, para a região. A estação ferroviária estava localizada na margem esquerda, onde estava Perdizes.
Estação de Videira (antiga Perdizes), foi construída na linha Itararé-Uruguai, que teve sua construção iniciada em 1896. Seu primeiro trecho foi aberto em 1900, entre Piraí do Sul e Rebouças, entroncando-se em Ponta Grossa com a E. F. Paraná. Os trilhos chegaram em Rio das Pedras, em 25 de novembro de 1909. A estação foi batizada com esse nome em maio de 1910, dando origem a nucleação urbana que surgiu no entorno da mesma e com a existência de algumas famílias que já trabalharam na ferrovia.
Em 1916, a estação passou a ser chamada de "Estação Perdizes".
Em 1918, oficialmente foi considerado o início da colonização da colonização responsável pelo surgimento do embrião urbano de Videira, cujo assentamento aconteceu às margens do Rio do Peixe. Neste tempo histórico, este local era conhecido como Vila do Rio das Pedras. Os primeiros pioneiros eram descendentes de migrantes - migração interna oriunda do Rio Grande do Sul - de famílias italianas e alemãs. Estes descendentes de italianos e Alemães naturalmente dividiram o local em duas partes e surgiu as comunidades de Perdizes e Vitória, por volta de 1921. Distinguia uma da outra, o lado de qual estavam considerando a ferrovia e o rio. Perdizes estava localizado na margem esquerda e onde estavam a estação ferroviária e a ferrovia e Vitória estava localizada na margem direita do Rio do Peixe. A economia era baseada, além da agricultura, pecuária, também na extração de madeira. A arquitetura destes primeiros anos de história local destaca a tipologia da casa do descendente dos imigrantes alemães e italianos, com predominância da tipologia do pioneiro alemão. Esta casa não era construída em alvenaria, mas com a técnica construtiva enxaimel com fechamento em madeira, como também vimos na cidade de Itapiranga, no Extremo Oeste. É uma pena, que exista somente uma destas muitas tipologias que existiam na centralidade de Videira na década de 1940 e 1950, em pleno período madeireiro. Imagens deste período - predominantemente construídas em madeira.
Local histórico, onde estava o Clube Tabajara - local da assinatura da instalação do município, e que não foi preservado. |
Primeiro prefeito Milton Leite da Costa hasteando a bandeira do Brasil. Solenidade de instalação do município de Videira em 1° de março de 1944, no Clube Tabajara. |
Em 30 de dezembro de 1948, Lei Estadual n.º 247, Videira adquiriu o distrito de Ipomeia do município de Caçador. Também são desmembrados do município de Videira, os distritos de Tangará e Marari, para formarem o novo município de Tangará. Em divisão territorial datada de 1-VII-1950 o município é formado por 4 distritos: Videira, Arroio Trinta, Iomerê e Ipomeia.
O Supremo Tribunal Federal, de 26 de maio de 1955, julgou inconstitucional a Lei Estadual n.º 247, de 30 de dezembro de 1948, fazendo com que o distrito de Ipomeia volte a fazer parte do município de Caçador. Em 10 de novembro, através da Lei Municipal n.º 80, foi criado o distrito Dez de Novembro e depois, em 21 de outubro de 1953, foi criado o distrito de Pinheiro Preto, com território desmembrado do distrito de Iomerê, e anexado ao município de Videira - Lei Municipal n.º 168. Em divisão territorial datada de 1-VII-1955 o município formado por 5 distritos: Videira, Arroio Trinta, Dez de Novembro, Iomerê e Pinheiro Preto. Em 26 de abril de 1958 foi criado o distrito de Lourdes e anexado ao município de Videira e em 06 de abril de1957, foi criado o distrito de Veloso, com território desmembrado do distrito de Arroio Trinta, e anexado ao município de Videira. Ainda pela Lei Municipal n.º 27, de 07 de agosto de 1957 foi criado o distrito de Anta Gorda. Em divisão territorial datada de 1-VII-1960 o município é formado por 8 distritos: Videira, Anta Gorda, Arroio Trinta, Dez de Novembro, Iomerê, Lourdes, Pinheiro Preto Veloso.
A Lei Estadual n.º 782, de 15 de dezembro de 1961, desmembrou do município de Videira, o distrito de Veloso, foi então, elevado à categoria de município e, em 15 de dezembro deste mesmo ano, Arroio Trinta foi desmembrado de Videira. E em 20 de dezembro foi desmembrado de Videira, o distrito de Arroio Trinta, também elevado à categoria de município. Nesta mesma data, o distrito de Dez de Novembro, passou a fazer parte do território de Fraiburgo.
No ano seguinte, em 04 de abril de 1962, o distrito de Pinheiro Preto foi elevado à categoria de município e deixou de pertencer a Videira.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1963 o município é formado por somente de 4 distritos: Videira, Anta Gorda, Iomerê e Lourdes.
Pela Lei Estadual n.º 1.067, de 12 de maio de 1967, foi criado o distrito de Bom Sucesso e anexado a Videira.
Em divisão territorial datada de I-I-1979 o município é formado por 5 distritos: Videira, Anta Gorda, Bom Sucesso, Iomerê e Lourdes.
A Lei Estadual n.º 9.898, de 20 de julho de 1995, determinou a criação do município de Iomerê e deixou de ser distrito de Videira e em divisão territorial datada de 15-VII-1997 o município é formado 3 distritos: Videira, Anta Gorda e Lourdes, quadro que permanece até o presente.
Arquitetura pioneira
Edificações com influência das casas dos imigrantes, somente que construídas em madeira. |
A comunidade da Paróquia Imaculada Conceição foi criada em 08 de dezembro de 1930, no dia da padroeira. Na época este local era o então distrito de Perdizes. Os primeiros missionários chegaram ao local de trem. eram oriundo da Alemanha: Fidélis Both e Lourenço Hergenhan. Fidelis e Lourenço assumiram os serviços da pastoral, na recém fundada Paróquia, iniciando uma tradição, pois desde então, os padres salvatorianos atuam na região, onde atualmente atuam em 37 comunidades e inúmeras pastorais.
Antes de 1940, a comunidade já cogitou a construção de uma igreja maior no lugar da igreja de madeira. Em 12 de agosto de 1940, teve início da escavação para colocar as fundações da nova igreja e atual igreja. O projeto foi idealizado pelo então padre e também o pároco da comunidade, Padre Clemente Pinto.
Construída através de um mutirão da comunidade católica de Videira, iniciado antes de "Videira" existir, era ainda distrito. O início de sua construção aconteceu antes da instalação do município - em 1940.
Com a obra ainda inacabada, em 06 de setembro de 1942, foi celebrada a primeira missa. A missa foi rezada em memória das vítimas dos navios brasileiros torpedeados na segunda guerra mundial. Passados alguns anos, ainda acontecia a 2° Guerra Mundial, acontecia a instalação do município em 1º de março de 1944, trocando o nome para Videira. Passando o tempo de 6 meses, em 19 de setembro de 1944, a igreja matriz era festivamente inaugurada.
A sua construção reporta ao eclético com predominância de elementos clássicos, como por exemplo: os arcos plenos, ou romanos, das aberturas, a simetria da fachada e a escala volumétrica, na escala do homem. A presença dos vitrais é que dá a conotação do perfil eclético, pois a arquitetura religiosa neoclássica não fazia uso destes elementos transparentes coloridos que comunicam as escrituras, mas sim eram usados na arquitetura gótica - medieval.
Em etapas de construção da igreja matriz foram colocados os vitrais (góticos), bancos de madeiras e os ladrilhos hidráulicos. Isso aconteceu até o ano de 1953. Os vitrais foram colocados em março de 1946. Em junho de 1947, foram instalados os 104 bancos de imbuia. Em agosto de 1948, o renomado pintor argentino Ângelo Sazarini, que residia em Bento Gonçalves fez a arte do interior da igreja. Em 1949 foram assentados os ladrilhos hidráulicos no piso e no final do ano de 1950, foi instalado os relógios no alto da torre principal.
A imagem da padroeira, com 2,85m de altura, foi executada pelo atelier Roche e Alaye, de Porto Alegre/RS, região de origem da maioria das famílias que migraram para a região. A padroeira foi colocada no altar-mor, cujas lajes de mármore vieram da Itália. A igreja, como sempre acontecia desde o período clássico - dentro da história da humanidade, foi construída no ponto mais alto da cidade, em uma área superior a mil metros quadrados. Deve-se tomar cuidado para evitar construções maiores em seu entorno, como já vislumbramos, durante nossa visita.
No início dos anos 50, o Padre José Matias Wild decidiu substituir o histórico altar de madeira existente. Frei Edgar Löers, que também era artista e construtor em Joaçaba, foi convidado para auxiliar no planejamento do novo altar-mor, cujas lajes de mármore vieram da Itália, em 1953. Os Padres apreciam mármores. É exatamente isto que estão fazendo em uma revitalização da Igreja Matriz de Presidente Getúlio - descaracterizando-a. Link no final desta postagem.
De Porto Alegre, chegou o pintor italiano Gildo Scaranari, que efetuou a reconstrução e revitalização do presbitério. Também pintou a cúpula central, o altar-mor, bem como, a estofaria que serve de fundo para a imagem da Padroeira.
Quando tudo estava pronto, em 24 de setembro de 1953, um vendaval arrancou todo o telhado original coberto com telhas de barro. Também, danificou alguns vitrais das torres, causando manchas visíveis nas pinturas da cúpula.
Quando tudo estava pronto, em 24 de setembro de 1953, um vendaval arrancou todo o telhado original coberto com telhas de barro. Também, danificou alguns vitrais das torres, causando manchas visíveis nas pinturas da cúpula.
Entre 2011 e 2013, a Igreja passou por uma restauração, com obras no telhado, as pinturas e vitrais.
A Praça da Igreja Matriz é belíssima, fornecendo um espaço público de qualidade às pessoas, e ser permitirem, um mirante natural para a cidade, que em se encontra no vale do Rio do Peixe e arredores. Possui equipamentos urbanos interessantes como este da imagem.
Em 11 de dezembro de 2002, a cidade recebeu da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina a denominação de “Capital Catarinense da Uva e Berço da Perdigão”. Na cidade também existe um curso de pós-graduação em enologia.
Vídeo
As imagens Comunicam
Máquina à vapor. Primeiras forças motriz de fábricas. |
O antigo leito ferroviário foi revitalizado e tornado um parque linear que também margeia o Rio do Peixe. |
O antigo leito ferroviário foi revitalizado e tornado um parque linear que também margeia o Rio do Peixe. |
O antigo leito ferroviário foi revitalizado e tornado um parque linear que também margeia o Rio do Peixe. |
Na praça do parque linear junto ao rio e o leito ferroviário. |
Na praça do parque linear junto ao rio e o leito ferroviário. |
Na praça do parque linear junto ao rio e o leito ferroviário. |
Na praça do parque linear junto ao rio e o leito ferroviário. |
Na praça do parque linear junto ao rio e o leito ferroviário. |
Margens do Rio do Peixe - com águas muito poluídas. |
Espaço multi-uso ao lado da Igreja Matriz, coberto com policarbonato. |
Vista de Videira do Alto do platô da igreja Matriz, olhando para a esquerda. |
Colégio Salvatoriano Imaculada Conceição. |
Referências
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades e Estados. Videira SC. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/videira/historico. Acesso
Paróquia Imaculada Conceição - Videira. A Paróquia. Disponível em: https://paroquiavideira.org/a-paroquia/. Acesso em 17/12/2022 - 18:07h.
GIESBRECHT, Ralph Mennucci. Estações Ferroviárias do Brasil. Videira (antiga Rio das Pedras e Perdizes, Município de Videira, SC. Disponível em: http://www.estacoesferroviarias.com.br/pr-tronco/videira.htm. Acesso em 17/12/2022 - 18:27h.
Leitura Complementar - Para ler: Clicar sobre o título:
- Monte Carlo - Cidades de Santa Catarina - Pesquisa in loco
- Pinheiro Preto SC - Um Registro de sua História do Momento Presente - Para a História.
- São José do Cedro - Extremo Oeste de Santa Catarina - Um pouco de História de Santa Catarina
- Monte Carlo - Cidades de Santa Catarina - Pesquisa in loco
- Igreja de Presidente Getúlio-SC - Projeto do Arquiteto alemão Dominikus Böhm - Em franco processo de descaracterização
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twiter)
Em breve – Estaremos lançando o livro: “Fragmentos Históricos - Colônia Blumenau”
Sob revisão...
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