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Graças a inicitiva dos moradores de Bonn, a casa onde o compositor nasceu é mantida como museu. Há 125 anos foi fundada a instituição que salvou esse patrimônio cultural do esquecimento e da demolição.
Graças a inicitiva dos moradores de Bonn, a casa onde o compositor nasceu é mantida como museu. Há 125 anos foi fundada a instituição que salvou esse patrimônio cultural do esquecimento e da demolição.
A casa no centro histórico de Bonn, que abriga a mais importante coleção referente à vida e obra de Ludwig van Beethoven (1770-1827), recebe mais de 100 mil visitantes por ano. Isso "se deve a três presentes da história", como explicou o diretor da Beethovenhaus, Malte Boecker, durante a abertura da mostra comemorativa dos 125 anos da instituição, na segunda-feira (24/02).
"O primeiro é que Ludwig van Beethoven nasceu em Bonn. O segundo, e provavelmente maior presente, é a fundação de uma associação de cidadãos, em 1889, para preservar o local de nascimento do compositor. E o terceiro é o milagre de a casa não ter sido destruída pelas bombas na Segunda Guerra Mundial”, enumera Boecker.
Damas de pouca roupa na casa de nascença
A Casa de Beethoven ostenta uma história realmente movimentada. Em 1889, por exemplo, mais de 60 pessoas viviam nos andares superiores do imóvel localizado na Bonngasse 20. No térreo ficava uma estalagem. A atração era a cervejaria vizinha, em que as parcamente vestidas jovens da orquestra feminina Tingeltangel tocavam música de dança. Até onde se sabe, seu vestiário ficava no quarto onde Beethoven nasceu.
Após uma visita a Bonn, em 1885, o influente crítico de música vienense Eduard Hanslick ficou indignado com o estado lastimável do local de nascimento de Beethoven. Ele atacou a cidade violentamente por essa "atitude frouxa" com o legado do grande músico. O então prefeito, Hermann Jakob Doetsch, não se deixou impressionar: "Um gajo maluco como esse [Beethoven] ainda consegue prejudicar seriamente a fama da cidade, depois de tanto tempo", contra-atacou.
"O local de nascimento de Beethoven na Bonngasse estava ameaçado de ruína iminente", conta hoje o editor de jornal Hermann Neuss, bisneto de um dos salvadores do monumento. "Em 24 de fevereiro de 1889, os 12 'amigos de Beethoven' se encontraram na casa do meu bisavô, na Praça da Catedral, para fundar uma associação para salvar a casa", diz Neuss orgulhoso. Eles decidiram "adquirir, sanear e, por fim, criar lá um memorial a Beethoven". O preço da compra do prédio foi 57 mil marcos.
Apoiadores célebres
Neuss e seus colegas não só sustaram a ameaça de demolição, como também adquiriram uma grande quantidade de manuscritos, imagens, bustos e relíquias de Beethoven – base da atual Coleção Beethoven de Bonn.
Já em 1890, puderam ser expostos 360 dos objetos, numa primeira grande mostra. O trabalho da associação recebeu imediatamente o respaldo de músicos do primeiro escalão, na época, como Johannes Brahms, Clara Schumann e Giuseppe Verdi.
O famoso violinista Joseph Joachim organizou um grande festival de música de câmara naquele mesmo ano. A casa transformada museu foi finalmente inaugurada em 10 de maio de 1893, durante um segundo festival camerístico.
Olhando para o futuro
A exposição especial em comemoração aos 125 anos da Beethovenhaus apresenta inúmeros documentos históricos, como filmes, gravações, cartas e recortes de jornais, em parte inéditos, traçando um arco histórico de desde antes da fundação até as atividades atuais do centro, no século 21.
Particularmente tocante é a área da exposição sobre a Segunda Guerra Mundial. A casa é uma das poucas do centro de Bonn que resistiu aos bombardeios praticamente incólume. Arriscando a própria vida, o então zelador do museu protegeu o edifício durante um ataque aéreo em outubro de 1944, simplesmente atirando para os jardins adjacentes as bombas incendiárias que caíam sobre o telhado da casa.
No aniversário de 125 anos da morte do músico, em 1952: presidente Theodor Heuss e premiê Konrad Adenauer com Theodor Wildeman, então diretor da Casa Beethoven
A mostra transmite bem o clima de perigo, apresentando, além de uma das bombas, trechos de noticiários cinematográficos da época e fotos da restituição do acervo, em maio de 1945, o qual ficara guardado num local mais seguro durante a guerra.
"Temos uma grande tradição, e nossa responsabilidade é manter a vida, a obra e a influência de Beethoven vivas para o futuro", diz Malte Boecker. Isso se aplica em especial, é claro, ao 250º aniversário de Beethoven, em 2020.
Para o ano de jubileu planejam-se, entre outros eventos, um estudo científico, em cooperação com a Universidade de Bonn, sobre a história da Casa Beethoven durante o período do nacional-socialismo; além de uma revisão conceitual completa da exposição permanente, explica Boecker, acrescentando que "isso implica uma expansão em termos de espaço."
A exposição especial na Beethovenhaus com 100 novas peças, em parte jamais expostas, pode ser visitada em Bonn até 17 agosto de 2014.
- Data 01.03.2014
- Autoria Marita Berg (ba)
- Edição Augusto Valente
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