segunda-feira, 27 de julho de 2015

Linguagem Arquitetônica da Igreja Luterana de Brusque

Ficamos muito satisfeitos que este espaço está atingindo seu objetivo e propiciando boas trocas a partir da arte, história, antropologia e cultura.
Ficamos felizes em receber "ecos" dos mais variados lugares.
Recebemos uma correspondência eletrônica da cidade de Brusque, que nos consultou sobre o estilo de sua Igreja Luterana. E quando observamos, a partir de um "novo olhar", aprendemos um pouco mais. Escrevemos para nosso interlocutor e sentimos o desejo de compartilhar as conclusões com todos.
Nosso amigo nos encaminhou as imagens do templo luterano de Brusque.
Igreja Luterana de Brusque
Foto Marcelo Reis

Igreja Luterana de Brusque
Foto Marcelo Reis
Analisando a "Arquitetura" da Igreja Luterana de Brusque através de uma reflexão.

Iniciando... 
Logo após a conversão do Imperador romano Constantino ao cristianismo a arquitetura e sua identidade, nas cidades, assumiram uma identidade com estreita ligação aos seus templos, pelo menos no ocidente.
Tomaram como exemplo arquitetônico para construir e adotar o primeiro templo oficial cristão, a basílica civil de Roma. Dela herdamos a colunata e as naves, a planta retangular. Foi a primeira vez na história da humanidade que o homem orava no interior de seu templo. Até então este espaço estava limitado a imagem de divindades e dos sacerdotes.
Tipologia adotada pelos cristão para inspirar seus primeiros templos oficiais
Com a divisão do Império Romano em oriente e ocidente e depois com a sua queda e a invasão dos povos bárbaros, tivemos presentes nos espaços e na arquitetura das igrejas da época, características locais, regionais e identidades que permaneceram nos locais até os dias atuais, a partir do românico e gótico medieval. Possuíam as características do românico e do gótico, porém, apresentava características peculiares locais, com materiais e técnicas construtivas locais.
Igreja sueva de São Martinho - Românica

Igreja de St. Lambert, em Münster, na Alemanha
Este período, gótico, permaneceu nas "sombras" da nova elite européia, por mais de cinco séculos - Século 19. E exatamente este período - "das  sombras", foi considerados por muitos dos países surgidos posteriormente, como o estilo e a linguagem nacional dos mesmo, como por exemplo: a Alemanha. Consideravam o Renascimento, por exemplo, um estilo internacional. 
Nós afirmamos que o Renascimento foi uma tentativa da nova elite italiana resgatar a arte romana, do antigo império fragmentado. Uma das características deste povo é o forte etnocentrismo e nacionalismo e não perderiam a chance de resgatar o poder, a gloria e a arte do antigo Império. Ao nosso ver, um dos motivos de ignorar o estilo Gótico - estilo implantado com muita contribuição das tribos bárbaras, dos godos - os mesmos que quedaram o Império Romano e o invadiram e portanto por muito tempo, considerados inferior, adjetivo estendido à sua arte.

O Renascimento, através da nova classe social, além do clero e da nobreza – a burguesia, formada pelos banqueiros, artesões, comerciantes – mudou o foco da ação da sociedade até então - Igreja de Roma. 
Inicia o período Moderno, onde o Capital dividia espaço com o Divino na busca e anseio das pessoas do período. Também surgiram os novos países, como França, Alemanha e Itália e estes, como já mencionamos, tinham como estilo nacional- o Gótico, ou então, o Neogótico. Adotaram a arquitetura e hábitos do período da idade média. Davam pouca atenção à arquitetura residencial (Geralmente estilo enxaimel), empregavam muita segurança na arquitetura militar (Fortalezas e cidades muradas) e buscavam a elevação espiritual na arquitetura religiosa (Igrejas góticas). Igreja gótica que adotou, com exclusividade alguns elementos, antes não construídos, como por exemplo, a verticalidade, os vitrais, os arcos botantes e ogivais, a abóbada, pilaretes, gárgulas, entre outros.

As pessoas que migraram da região da Alemanha atual para os muitos lugares no planeta, como também, para nossa região, tomavam emprestadas aquelas lembranças de partes do templo cristão que habitam o inconsciente coletivo e reproduziam, misturado com outros. O importante era a tipologia da igreja - "Inventavam". Muitas vezes, o resultando era um elemento com “colagens” dos vários períodos, que denominamos eclético - Inclusivos elemento locais, como no caso da igreja analisada - também encontrados no norte da Alemanha, onde utilizam-se elementos decorativos presentes na igreja, até mesmo o  arco romano  e outros detalhes, só que, com tijolos à vista - como aqueles encontrados no Seminário de Corupá.



Igreja do Seminário de Corupá


Seminário de Corupá


















































A igreja analisada, a qual denominamos um exemplar eclético, apresenta elementos arquitetônicos românicos, como o arco plena Cintra (igrejas do período do império romano), o campanário gótico ou neogótico, a rosácea descaracterizada e sem a proporção - do neogótico ou neoclássico, ou ainda barroco sob a porta frontal e o decorativismo do neoclássico  – arte do período entre as guerras mundiais – início do século 20.

Concluindo – é uma tipologia eclética com elementos românico, neogótico e neoclássico, com planta retangular, uma torre frontal central, que também é o campanário munido de relógios. O conjunto, a partir da linguagem neoclássica, recebe uma grande carga de decorativismo, aos moldes do neoclássico com detalhes regionais do norte da Alemanha. 
É um exemplar eclético regional do imigrante alemão..
Observa-se que os vitrais  na igreja de Brusque se restringe a algumas janelas próximas ao altar.
 Talvez em função do custo - Vitrais é uma característica do período Gótico - no Renascimento usavam vidros bracos em igreja com janelas com menor verticalização.


































Igrejas do Norte da Alemanha
Foto de Antje Hasen-Käding

Foto de Antje Hasen-Käding

Foto de Antje Hasen-Käding
Dorfkirche Linstow


Igreja Evangélica - distrito da Pomerania
Norte da Alemanha










Norte da Alemanha


Arquitetura comunica e faz parte da identidade cultural de um povo!
Abraços nosso aos amigos de Brusque, em especial ao Marcelo.
Agradecemos a oportunidade.

Leitura complementar  - Clicar sobre:
Seminário de Corupá








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