sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer - Rápida passagem na Colônia Blumenau - Trabalho Social na Alemanha

Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer .
Gustav Stutzer - Jovem.
Um dos muitos personagens da História da Colônia Blumenau - pouco  lembrado - e tem seu nome destacado na cidade alemã Neruerkerode, até os dias atuais é o nome do Pastor Luterano Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer ou, Pastor Gustav Stutzer - casado com a escritora Therese Stutzer (solteira Schott)  irmão mais velho de uma das personalidades históricas da Colônia Blumenau - seu primeiro Superintendente e um dos cofundadores da maçonaria na colônia - Otto Stutzer.
A história do Pastor Gustav Stutzer se perpetua, até os dias atuais - através de seu trabalho iniciado no Século XIX - na Alemanha e que não teve boa passagem e momentos na Colônia Blumenau - durante seu curto tempo de residente nessa colônia. Pastor Gustav Stutzer e sua família partiram desgostosos da Colônia Blumenau, reflexos de diferenças e tratativas com o fundador Hermann Blumenau, mesmo este, já estando residindo na Alemanha.

Eram três irmãos Stutzer - filhos do casal Benjamin Stutzer e Elise Berth von Goslar Stutzer: Otto, Albert e Gustav. Não se tem informações se Albert Stutzer foi também, um imigrante que morou na Colônia Blumenau, mas Otto e Gustav, sim. 
Foram clientes e adquiriram terras de Hermann Blumenau. Gustav adquiriu, quando este, oficialmente, já estava residindo na Alemanha. como isto aconteceu, não sabemos informar. 
O negócio de terras entre Hermann Blumenau e o Pastor Gustav Stutzer não terminou bem.
A família Stutzer era natural do Condado Brauschweig, mais precisamento do povoado de Seensen. O  condado é o mesmo onde está localizada a cidade natal de Hermann Blumenau.
Seensen.





Otto Stutzer ouviu falar da colônia alemã do Vale do Itajaí e do Sul do Brasil, através da propaganda de Hermann Blumenau na sua região, na Alemanha e decidiu imigrar para o Brasil. Chegou no Porto de Itajaí no dia 10 de agosto de 1856, com 20 anos de idade - 6 anos após a primeira leva de imigrantes que fundaram a Colônia Blumenau. Seu irmão Gustav Stutzer - que permaneceu na Alemanha - contava com 23 anos de idade.
Colônia Blumenau - 1857 - Boulevard Hermann Wendeburg - Atual rua das Palmeiras.
Igreja Luterana de Neuerkerode - onde trabalhou o Pasto Gustava Stutzer.
Gustav Stutzer nasceu no dia 30 de janeiro de 1839 e quando imigrou para a região da Colônia Blumenau, já era pastor luterano e o fez, bem mais tarde, no final do Século XIX.
O Pastor Gustav Stutzer, ainda na década de 1860, quando  era o responsável pela igreja na cidade de Neuerkerode, idealizou e fundou o lar de acolhimento de pessoas com problemas especiais - isso foi no ano de 1868 (tinha a idade de 29 anos). Atualmente este local se chama Evangeliche Stiftung Meuerkerode. Também desenvolveu trabalhos na igreja da cidade de Lucklum - ambas cidades no mesmo Ducado onde nasceu o fundador da Colônia Blumenau - Ducado de Brauschweig.

Em 1885, com a idade de 46 anos, o Pastor Gustav Stutzer resolve imigrar para a Colônia Blumenau junto com sua família, onde já residia seu irmão Otto Stutzer há quase 30 anos. O Pastor adquiriu terras de Hermann Blumenau, localizadas junto ao Ribeirão da Velha e onde este tinha construído um serraria, no período inicial de sua colônia. 

Mapa da Colônia de Blumenau de 1864.

Página do ano de 1921.
O negócio entre o fundador da Colônia Blumenau e o Pastor Gustav Stutzer é citado em publicações da Colônia Blumenau e da Revista Blumenau em Cadernos, bem como no  livro 90 Anos ACIB (ao lado). 
O fato curioso é que, nesta época, Hermann Blumenau já havia retornado para a Alemanha.
O que e como, realmente aconteceu esta transação comercial com o possível vendedor, este residindo na Alemanha? 
Vamos completar esta lacuna histórica?
Publicação de Blumenau em Cadernos.












É sabido que o Pastor Gustav Stutzer e família, como as demais famílias que residiam na Colônia, produziam em sua propriedade: leite e seus derivados, grãos, farinhas, legumes e verduras, frutas e derivados dessa produção em produtos beneficiados nas propriedades, como compotas, geleias, doces, etc.
Isto durou 2 anos, quando em 1887 desfez o negócio e mudou-se da Colônia Blumenau após aborrecimentos com Hermann Blumenau. Moraram em Ribeirão Pires - no estado de São Paulo, antes de Retornar para a Alemanha.
Contam que o Pastor Gustav Stutzer e sua família (Therese e os filhos - Kaethe Richers, Ilse Gibon, Gertrud Stutzer, Therese Stutzer, Karoline Stutzer e mais um - que não tem o nome registrado) permaneceram na região por somente dois anos por não terem conseguido pagar o valor ajustado com Hermann Blumenau durante a transação do negócio e a propriedade retornou para Hermann Blumenau, após um longo processo judicial. 
Há lacunas não esclarecidas nesta história.
Na Alemanha ( e no Brasil, também) - Os Stutzer escreveram alguns livros sobre sua vida na Colônia Blumenau - práticas, hábitos e costumes. 
Livro de autoria do Pastor Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer - "Meine Therese" ::: Minha Therese.



















Valburga Huber
Therese Stutzer, esposa do Pastor, escreveu alguns livros - um deles foi organizado para publicação pela Fundação de Blumenau, que se chama - Memória literária do Vale do Itajaí - Marie Luize de Therese Stutzer. trabalho de Valburga Huber - ano 2010, Blumenau. 
Na história formal local - Therese Stutzer sempre teve espaço - principalmente no que tange à elegância e  moda feminina do final do Século XIX na colônia - sem no entanto, citar que era a Frau Stutzer - esposa do pastor Gustav Stutzer e  cunhada de Otto Stutzer.
Therese Stutzer.
"De autoria de uma alemã nata, com domínio do idioma, "Marie Luise" é dos contos de maior riqueza estilística. A descrição da natureza e dos personagens constitui seu ponto culminante. A autora retrata a sutileza das mudanças quase imperceptíveis da paisagem tropical, na qual é difícil perceber a passagem do tempo. Neste conto, a autora expressa a autenticidade de uma alemã sensível aos problemas das colônias alemãs, a vida nos trópicos, a necessidade de se usar termos portugueses para a nossa fauna e flora, por não haver palavras alemãs para elas. Mostra também, com muita sensibilidade, o afeto pela nova terra, sua exuberância e beleza e a realização do imigrante que consegue aqui ter a sua própria terra e prosperar. Tendo como pano de fundo a beleza natural do Vale do Itajaí, com suas florestas ainda virgens, a estória de amor de "Marie Luise" retrata a vida que pulsa na colônia alemã de Blumenau e cercanias. O estilo em "Marie Luise" é fluente, com uso freqüente de símbolos e metáforas, com belíssimas descrições da natureza exuberante e das pessoas, o que lhe confere valor literário. Nele há também arguta observação e narração de fatos da imigração e colonização, e de acontecimentos e disputas políticas em Blumenau. A escritora Therese Stutzer publicou uma série de contos em estilo artístico e de grande valor quanto ao texto, os quais tiveram ampla divulgação em sua época, tanto aqui como na Alemanha. Sua obra, como a de outros autores que para cá vieram ou aqui viveram, deve ser lida, entendida e julgada como expressão cultural, por quase um século, de um grupo étnico importante na nacionalidade brasileira."


Fonte: Fundação Cultural de Blumenau / Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.
Therese Stutzer, na época em que viveu no Brasil, escreveu diversas cartas em língua alemã relatando as experiências e os sentimentos dos imigrantes. No trecho da carta para irmã, Josephine, em 1886, ela relata: “Nós mulheres estamos completamente ocupadas com as atividades domésticas e a costura. Durante a manhã, Emilie leciona para as crianças em idade escolar e, há algum tempo, três outras moças participam destas aulas. Assim, temos aqui uma pequena e divertida escolinha. Minhas filhas mais velhas estão aprendendo a cozinhar e, como lavamos a roupa semanalmente, e não é pouca que usamos, todas as manhãs estão ocupadas. No entanto, ainda encontro tempo para costurar. Aqui é muito natural a família ter 10-12 filhos, ou até mais. As crianças não precisam de sapatos, nem de meias, basta uma blusinha e uma saia. Lá vem minha pequenina e vejo que ela está descalça. Seu maior prazer é tirar as meias e os sapatos para andar livremente. Todas as suas amiguinhas o fazem e Eva as imita. Mas, minha filha, tu és uma menina alemã! Ela sacode a cabeça e lá se vai, e nós então precisamos alcançá-la.”Fonte: Fundação Cultural de Blumenau / Arquivo Histórico José Ferreira da Silva. Stutzer, Therese (1841/1916) Marie Luise / Therese Stutzer; organização, tradução e introdução: Valburga Huber. – Blumenau: Cultura em Movimento, 2002. 112p. II
Para acessar o livro Marie Luize de Theresa Stutzer-  Clicar sobreMarie Luize 

O Pastor Stutzer emprestou seu nome a uma das ruas centrais da cidade de Blumenau - e assim se manteve. Ao contrário de outras tantas ruas, que tiveram seus nomes alemães trocados por nomes brasileiros, durante o período do Nacionalismo impetrado pelos governos de Getúlio Vargas e Nereu Ramos, brasileiro e catarinense respectivamente. 
Diante desta homenagem, sabendo que residiu na Colônia Blumenau por somente dois anos - e de acordo com algumas narrativas históricas locais - levando a fama de caloteiro e de "alguém" que deu "dor de cabeça" ao fundador, o Pastor Stutzer deve ter sido uma personalidade marcante, ao lado de sua Therese - na sociedade blumenauense do final do Século XIX.

Uma homenagem - Rua Pastor Stutzer.
O Pastor Gustav Stutzer faleceu na Alemanha, com 83 anos - no dia 21 de março de 1921 - na cidade histórica e universitária de Heidelberg. Deixou sua contribuição para a História, através de seus livros e também, uma relevante contribuição social.
Heidelberg.

O trabalho do Pastor Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer  ainda pode ser visto e lembrado, nos dias atuais, no (Clicar sobre) Evangelische Stiftung Neuerkerode na cidade de Neuerkerode, onde é apontado como idealizador do local onde são recebidas, cuidadas e acolhidas pessoas especiais - na cidade de Neuerkerode. O pastor  vive na sua obra.



Para a História: Pioneiros - Alemanha e Blumenau.





Leitura Complementares - Clicar sobre o título escolhido
  1. Universidade de Heidelberg - Alemanha
  2. Hotel Schreep no Stadtplatz - de Johann Schreep - Do Século XIX até os dias atuais
  3. Hermann Bruno Otto Blumenau - Primeiro Negociante de Terras no Vale do Itajaí
  4. Nacionalismo no Vale do Itajaí - a partir do Governo de Getúlio Vargas
  5. Imigrante Otto Stutzer do Condado de Brauschweig - De agricultor à prefeito de Blumenau em 1895
  6. Fritz e Hermann - Dois Personagens da História de Santa Catarina - Com atualizações
  7. Hermann Bruno Otto Blumenau - De 1819 até 1846
  8. Blumenau - do Stadtplatz ao Enxaimel
  9. Rua das Palmeiras e o Museu da Família Colonial
  10. Blumenau - Século XIX até a construção da Ferrovia
  11. Fundação de Blumenau e sua formação a partir
  12. Gustavo Hackländer - Biografia
  13. Peter Christian Feddersen






















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