sexta-feira, 13 de março de 2015

Universidade de Heidelberg - Alemanha

Universidade de Heidelberg
Heidelberg - Baden-Würtemberg


Ao prepararmos as aulas de História da Arte para o Curso de Arquitetura e Urbanismo ficamos inspirados nestes período e desejosos em comentar sobre as primeiras universidades da Europa - como por exemplo, a Universidade de Heidelberg - Universidade mais antiga da Alemanha, a quinta mais antiga da Europa Central e a terceira fundada no Sacro Império Romano. Está localizada na cidade de Heidelberg, em Baden-Württemberg.

Inquisição, na qual uma das práticas era a
queima das "bruxas" em praça pública
Nesta época, durante os séculos 14, 15 e, até um pouco do século 16, artistas, escritores, pesquisadores, pensadores renascentistas expressavam, em suas obras e iniciativas, os ideais e a nova visão do mundo diante de um novo cenário social europeu. Descobertas de terras além mar, nova classe social, fragmentação do grande poder da idade média -Igreja de Roma, queda do grande e vasto Sacro Império Romano. Durante a Idade Média, grande parte dos livros, artes e produção intelectual era acessível a poucos e quase sempre guardadas nos mosteiros - "Ilhas do Conhecimento" - período no qual, foram queimados livros em praça pública, junto com as bruxas, geralmente mulheres das tribo locais, bonitas, não convertidas e que se negavam deixar de seguir sua religião e práticas. A grande maioria da população não era alfabetizado e "lia" as palavras da bíblia nos vitrais de sua catedrais.
Queima de livro clássico - considerado hereges - em praça pública
Monalisa - Leonardo Da Vinci
Obra encomendado pela família Medici
Florença
A partir do aumento do comércio na península itálica, junto ao mediterrâneo, surgem uma nova classe social - novos ricos comerciantes e banqueiros, que investiam em arte, tornando-se mecenas de muitos artistas renascentistas. Desta maneira ostentavam seu poder, que agora não pertencia nem a nobreza e nem a igreja, mas parte de uma nova classe social. O membros desta nova classe construíram palácios, catedrais dotadas de grande número de pinturas e esculturas.










A referência para a formação dos novos valores e ideais deste período das artes era o pensamento, ideais e estética da antiguidade greco-romana - O homem como centro e o principal e decisivo elemento na condução da história da humanidade - Visão conhecida como antropocentrismo (Homem no centro, se opondo à ideia teocêntrica da idade média). Neste momento surgiu o Humanismo e houve grandes incentivos e resgate das ciências e tecnologia a partir da racionalidade greco-romana. Os renascentistas acreditavam que há explicação científica para quase tudo. Desprezavam as explicações sob a ótica religiosas ou outras fontes que não fossem pautadas na ciência. Com isto, foi desenvolvido o conhecimento nas mais variadas áreas científicas - Como: Matemática, Física, Astronomia, Botânica, Anatomia, Química, etc. 
Humanismo renascentista traz o resgate das dimensões construtivas
da humanidade: condição humana que busca equilíbrio entre emoção,
sentimento e razão - Estudo de Leonardo Da Vinci - Homem de Vitrúvio
Neste período surgiram as primeiras Universidades na Europa, como surgiu a Universidade de Heidelberg, fundada em 1386.
























Universidade de Páris
Fundada em aproximadamente no ano de 1170
O Grande Cisma de 1378 ajudou para que Heidelberg, mesmo sendo uma pequena cidade, possuísse sua própria universidade. A Grande Cisma teve início  na eleição papal a partir de dois candidatos ao papado, após a morte do Papa Gregório XI. Um candidato a sucessão residia em Avignon - eleito pelo franceses e o outro, residia em Roma - eleito pelo Cardeais italianos. Os líderes espirituais alemães manifestaram seu apoio ao candidato de Roma. Por isto, estudantes alemães e professores tiveram retalhações, perdendo seus salários e tiveram que deixar a instituição de ensino superior francesa - Universidade de Paris. 
Rupert I
A partir deste acontecimento, Rupert vislumbrou a oportunidade de fundar uma universidade. Iniciou conversações com a Cúria e conseguiu a autorização papal para a fundação de uma universidade, no dia 3 de outubro de 1385, assinada pelo Papa Urbano VI. 
Na verdade, a autorização não passava de uma permissão para criar uma escola de estudos gerais (Studium Generale). A decisão realmente aconteceu para fundar uma universidade foi tomada somente no dia 26 de junho de 1386 a mando do Conde Rupert I - Conde Palatino do Reno. 
Tal como especificava a carta papal, a universidade foi inspirada na Universidade de Paris e tinha quatro faculdades: filosofia, Teologia, Jurisprudência e Medicina. No dia 18 de outubro de 1386, aconteceu a missa solene de fundação na Heiligeistkirche. 
No dia 19 de outubro de 1386, aconteceu a aula magna tornando a Universidade de Heidelberg a mais antiga da Alemanha. No mês seguinte, novembro de 1386, Sr. Marsílio de Inghen, foi eleito seu primeiro Reitor. O lema do selo do Reitor era "Sempre apertus - 'O livro está sempre aberto."
Em março de 1390, a universidade contava com 185 alunos matriculados.
1300 - 1370 - Livro de Lei da Idade Média Alemã
Escrito em alemão - Há uma cópia da Universidade de Heidelberg
(Outras cópias em Oldenburg, Dresden e Wolfenbüttel)
Entre 1414 e 1418, professores de Teologia e Jurisprudência participaram do Concílio de Constança. Também atuaram como Conselheiros de Luiz III, participando do Conselho - representando o Imperador e magistrado-chefe do reino. Estes episódios históricos contribuíram muito para a elevar a reputação da instituição e de seus professores.
Conselho de Constança
Sr. Johann von Dalberg
A transição das idéias religiosas para o ideário do período humanista foram implantadas pelo chanceler e Bispo Sr. Johann von Dalberg no final do século 15. Nomes do humanismo que se destacaram na Europa e que faziam parte da Universidade de Heindelberg: Rudoph Agricola, conrad Celtes, Jakob Wimpfeling e Johann Reuchlin. 
Papa Sisto IV
Sr. Eneas Silvio Piccolomini foi Reitor e fez  uma boa administração em função de sua amizade com o Papa Pio II. 
Em 1482, o Papa Sisto IV permitiu que leigos e homens casados a assumirem o posto de professores no curso de Medicina, através de um documento papal.
Em 1553, o Papa Júlio III sancionou a atribuição de benefício eclesiástico para professores titulares. 
Em abril de 1518, o Padre Martin Luther e outros mestres e estudiosos logo se tornaram líderes da Reforma no Sudoeste da Alemanha Ocidental. 
Monge Martinho Lutero
Catecismo de Heidelberg
Com o eleitorado do Palatinado, diante da Reforma, Sr. Otto Henry - eleitor Palatino, converteu a universidade em uma instituição calvinista. Em 1563 foi criado o Catecismo de Heidelberg pelos membros da Escola de teologia. 
























O ideário humanista formado a partir de personalidades como: Paul Schede, Jan Gruterm Martin Opitz e Matthäus Merian dominaram o ambiente da universidade com o passar do tempo, durante o século 16, destacando-a e com isto, atraindo estudiosos e pesquisadores de toda a Europa e tornando-a um centro de pesquisas e de cultura respeitado.
Em 1618, início da Guerra dos Trinta Anos, o fiscal do tesouro da Universidade Heidelberg negou-se a contribuir e participar desta. Com isto, em 1622, como retalhação católica, sua Bibliotheca Palatina foi sacada da Catedral da Universidade e levada para Roma. Os esforços de reconstrução foram frustrados pelas tropas de Luiz XIV, que destruiu quase completamente Heidelberg, em 1693.
Heidelberg - 1693
Como consequência, do final do período da Contra Reforma, a universidade perdeu seu caráter protestante e foi recuperada pela Ordem jesuítica. Em 1735, Universidade Old foi construída na Praça Universitária, conhecida Domus Wilhelmina.
Domus Wilhelmina
Os Jesuítas fundaram um Seminário preparatório com a denominação Seminarium Carolum Borromaeum, onde seus alunos foram registrados na universidade. Após a supressão da Ordem dos Jesuítas, a maioria dos alunos de suas escolas foram repassadas para a Congregação francesa de Lazarists, em 1773. Houve um período de decadência a partir deste momento que "respingou" na imagem da universidade. Perdeu parte de seu prestígio até o momento que o governo do último eleitor  - Sr. Charles Theodore - Eleitor Palatino, aumentou novas cadeiras para todas as faculdades e transferiu a escola de Economia Política da Kaiserslautern para Heidelberg. O resultado foi a presença  da Faculdade de Economia Política na universidade. Sr. Theodore, também fundou um observatório na cidade vizinha de Mannheim, onde o jesuíta Christian Mayer trabalhou como Diretor.
Karl Friedrich von Baden
Quando a universidade comemorou o quarto centenário, o eleitor aprovou um livro de estatuto no qual vários professores participaram e os assuntos financeiros - receitas e despesas foram colocados em ordem. Neste tempo o número de alunos variava entre 300 e 400. Após a Revolução Francesa - a partir do Tratado de Lunéville, a Universidade perdeu toda sua propriedade na margem esquerda do Reno. Este revés continuou até o ano de 1803, quando a universidade foi recuperada como uma instituição Estatal pelo Sr. Karl Friedrich von Baden - Grão Duque de Baden, a quem a parte do Palatinado situado na margem direita do Reno foi alocado. Desde então, a universidade tem seu nome junto com o nome de Ruprecht I. Sr. Karl Friedrich dividiu a universidade em cinco faculdades e assumiu o cargo de Reitor, como também seus sucessores. 
Durante este período - Romantismo - nomes como Clemens Brentano, Achim von Arnim, Ludwig Tieck, Joseph Görres e Joseph von Eichendorff passaram por Heidelberg.
A Associação de Estudantes Alemães exerceu grande influência, na característica do, antes, patriótico e depois, político. Depois do período Romântico, Heidelberg tornou-se um centro liberal e do movimento a favor da unidade nacional alemã. Os historiadores Sr. Friedrich Christoph Schlosser e Sr. Georg Gottfried Gervinus foram as lideranças nacionais desta história política.
A Universidade tornou-se inspiração e modelo para a criação de universidades americanas. De artes liberais tornou-se espaço de pesquisa . Inspirou a criação de Johns Hopkins University
Professores da Universidade de Heidelberg eram partidários da Revolução Vormärz e muitos deles eram membros do primeiro parlamento alemão livremente eleito - Parlamento de Frankfurt - 1848. 
Parlamento de Frankfurt
Durante o final do século 19, a universidade era dotada de "espírito liberal" e de "mente à frente de seu tempo" a qual foi deliberadamente promovida pelo Sr. Max. Weber e Sr. Ernest Troeltsch e outros amigos próximos.
Na República Weimar, a universidade foi amplamente reconhecida como um centro de democracia, do livre pensar, com professores, como: Karl Jaspers, Gustav Radbruch, Marth Dibelius e Alfred Weber.
A cidade de Heidelberg foi poupada da destruição durante a Segunda Guerra Mundial e sua reconstrução foi feita rapidamente - Talvez este fato somente aconteceu, pela presença da Universidade em seu meio.
Heidelberg - 1945 - Final da 2° Guerra Mundial
Os estatutos da Universidade de Heidelberg, recém reformulados, expressam que em sua essência, esta universidade é "o espírito vivo da verdade, justiça e humanidade".
Cresceu drasticamente de tamanho entre os anos de 1960 até 1970. Neste momento explodiu uma da maiores manifestações de protesto estudantis na Alemanha. Em 1975, uma força policial prendeu todos os representantes do Parlamento de Estudantes - AStA. Logo a seguir, o edifício do Collegium Academicum foi invadido por um grupo de mais de 700 policiais que fecharam o local. 
Na área de Neuenheimar foi construído um grande campus de medicina e ciência naturais.
Atualmente a Universidade de Heidelberg conta com aproximadamente 28 mil alunos e 4.196 professores em tempo integral, incluindo 476 professores universitários. No ano de 2007 e novamente, em 2012, a universidade foi apontada como University of Excellence pelo Ministério Federal de Educação e Pesquisa e da Fundação Alemã de Pesquisa.

 Hall da Antiga Universidade



História, conhecimento, tradição, ciência, tecnologia e pesquisa...
Gostaríamos de estudar neste local!



















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