domingo, 21 de novembro de 2021

Vapor Blumenau I - Durante visita dos Oficiais e Tripulação da Esquadra Alemã - Maio de 1914 - Uma fotografia - De Günther Ronald Ewald - para Nosso Acervo


Observando a História em uma fotografia - o desafio.

Günther Ronald Ewald.
Aos poucos buscaremos resgatar informações históricas de partes de um pequeno acervo que nos foi repassado por Günther Ronald Ewald, nascido em Blumenau e que atualmente reside em Nova Petrópolis/Gramado RS, que nos escolheu como guardião deste material histórico.
Neste momento apresentamos uma fotografia de maio de 1914, que mostra a visita de parte dos oficiais e a tripulação da Esquadra Alemã formada pelos navios de guerra à vapor "Kaiser", "König Albert" e "Strassburg", chegando ao porto fluvial com o Vapor Blumenau I e recebido por boa parte da população de Blumenau. 
De acordo com Günther Ronald Ewald, esta fotografia pertencia aos Schönau, família de sua avó Frieda e que passou a pertencer a ela e a seu marido Oscar Ewald. Esta fotografia estava exposta na sala da residência Ewald - lembranças para Günther. A fotografia foi herdada dos Schönau ou Schoenau de Altona, mais especificativamente, do bisavô de Günther, conhecido Fritz Schönau, que foi filho de Catharina Schönau e Wilhelm Schönau. Catharina era da família Lukas, sobrinha do pioneiro Johannes Peter Wagner, filha de sua irmã Dorothea Wagner e de Peter Lukas.

Máquina de Costura de Frieda (Schönau) Ewald.
Frieda Schönau
(Ewald) quando solteira, residia e era costureira no Hotel Dancker, localizado  ao lado do Salinger - na Altona, onde conheceu seu futuro marido, Oscar Ewald de Benedito Novo/Timbó. 
Oscar trabalhava com um veículo à mola tracionado à animal e transportava cargas e pessoas entre a sua região e Altona  - atual bairro de Blumenau Itoupava Seca. Deixava seu veículo estacionado na frente do Hotel Dancker, enquanto seus passageiros faziam compras no Salinger. Conta Günther Ronald Ewald que algumas pessoas aproveitavam, quando compravam peça de tecido e no mesmo dia, já costuravam suas roupas novas e da família, na sala de costura de Frieda Schönau localizada junto ao hotel, o que facilitou para que a jovem conhecesse seu futuro marido, Oscar Ewald. 

"Minha vó Frieda fazia calças e camisas no dia, para pessoas que vinham do interior fazer compras no Salinger e já levavam no dia. Quem lhe deu a primeira maquina costura e unica, que tinha a vida toda, foi o velho Fouquet.
Destas famílias que tinham terras que começavam na beira do Rio Itajaí Açú e iam até á  Vila Nova, onde depois, a terceira geração, em 1940, começaram a lotear a Vila Nova. As terras do meu trisavô Heinrich Shöenau eram onde, na rua Bahia, faz a curva, no local que o trem atravessava, vizinho dos Mathes e Reif. Ele faleceu cedo ai ficou a viúva Catharina, nascida de Lukas, sobrinha de Pedro Wagner." Günther Ronald Ewald.

Frieda, sobrinha do pioneiro Johann Peter Wagner/Pedro Wagner, filha de sua irmã Dorothea e de seus amigo Peter Lukas se casou com Oscar Ewald em 1923 e ficaram residindo no Hotel Danker, em Altona, por três anos. Nestes três anos tiveram a primeira filha, Rita, quando adquiriram o terreno de Scheidmantel, localizado entre o início da Rua Gustavo Salinger e o morro onde está o atual ginásio de esportes da EBM Machado de Assis, onde estava localizada a casa do Ewald. O local era conhecido como o Morro dos Ewald. A rua de acesso ao ginásio esportivo tem o nome de Oscar Ewald, que foi construtor na comunidade e sua esposa costureira.
A família Ewald de Altona tinha uma vida social muito ativa no Clube de Caça e Tiro e tinha um espaço de destaque nas sociedades de Blumenau. Na Década de 1970, o pai de Günther Ronald Ewald teve a presença ilustre da neta de Hermann Blumenau em sua festa de Rei.

A Fotografia

Ford T - Blumenau da década de 1920.
Fotografia muito interessante do início do século XX, onde podemos "ler" a existência da intermodalidade presente em Blumenau neste período histórico. Observamos a presença do Vapor Blumenau (navegação fluvial), do automóvel - um Ford T (fabricados entre 1909 e 1927) e de uma bicicleta de fabricação inglesa, um cavaleiro e seu cavalo  e dezenas de pedestres em um mesmo "ambiente", destoando da realidade atual, que quase sempre o espaço prioritário é somente do automóvel, justificando qualquer intervenção mais radical em função de, na cidade de Blumenau e em outras cidades brasileiras, que escolheu o rodoviarismo por opção de política econômica de abertura ao capital estrangeiro, mais especificamente para a indústria automobilística que teve início no governo de Getúlio Vargas e se consolidou no governo de Juscelino Kubitschek.



Não bastasse estes modais citados na fotografia da família Ewald, existia também, a ferrovia. Para este evento da visita dos marinheiros alemães, em especial, a Editora do Jornal  "Der Urwaldasbote", através de G.Artur Koeler providenciou e publicou um pequeno catálogo, para marcar o momento, de fotografias de estações e paisagens locais da Estrada de Ferro Santa Catarina - EFSC, cujo primeiro trecho (Blumenau a Warnow - Indaial) foi inaugurado em 1909. Em 1914, a EFSC, ainda em construção, contava com 5 anos de inauguração do primeiro trecho. Este contexto histórico vem conferir e dar mais legitimidade à intermodalidade existente em Blumenau do início do século XX. Utilizamos parte deste material de Koehler, em nosso livro A Ferrovia no Vale do Itajaí - Estarda de ferro Santa Catarina.
Capa: Imagens de Blumenau -  Como recordação à visita dos Oficiais e Tripulação da Esquadra Alemã em Maio de 1914.  Adquirido da Editora do Jornal  "Der Urwaldasbote", G.Artur Koeler, Blumenau







Ponte de Granito Rosa - sobre a foz do Ribeirão do Tigre. 
Estação ferroviária de Blumenau - Local da atual prefeitura de Blumenau, construída em alvenaria com "ripas coladas na parede".



A visita dos Marinheiros
"Já para eles o mar era o caminho de ligação entre o desconhecido e a terra natal, apesar dos meios de transporte aquáticos simples, e hoje, muito mais que antigamente, o mar é o caminho mais curto para a ligação de países e continentes, para a procura da felicidade no exterior, para o retorno ao amigo e ao irmão no país natal.
As modernas possibilidades de transporte por barco a vapor existem provavelmente há um geração, pois apenas em 1807 começou a navegação por barco a vapor, de uma forma bastante modesta, com as vigentes de Fulton no rio Hudson. somente depois da introdução do barco a vapor com hélice, em 1840, é que foi possível pensar em viagens maiores e, assim, a Linha Cunard da Inglaterra empreendeu, em 1842, a primeira viagem ao redor do mundo. HUMPL, 189.

É interessantes ler parte do livro do professor Max Humpl, mencionando sobre a contemporaneidade dos vapores, sendo que neste mesmo século, Blumenau já era dotado de navegação à vapor. Os primeiros imigrantes chegaram em Santa Catarina de veleiros em uma viagem que variava, em média,  em torno de 16 semanas. Isso aconteceu entre os anos de 1850 e 1876. Depois disto, as viagens eram feitas de vapores, onde as pessoas embarcavam nos portos de  Hamburg e Bremen. 
Professor Humpl menciona em seu livro, que as comunicações era grande entre imigrantes alemães e capitães e marinheiros. Frequentemente, navios faziam visitas formais ao governo brasileiro e também, à Nossa Senhora de Desterro, se deslocavam até o pequeno porto fluvial do Rio Itajaí Açu, onde aconteciam grandes confraternizações entre imigrantes alemães e descendência residentes e os marinheiros oficiais do governo alemão.
O primeiro grande navio alemão a aportar no Porto de Itajaí e ter contato com a Colônia Blumenau foi o "Albatros" em 1879. O país da Alemanha tinha 8 anos de idade. Depois, o porto fluvial de Blumenau recebeu parte da tripulação do "Panther", que também aportou em Itajaí, em 1906. Em 1911, houve uma nova visita, com a visita de 400 marinheiros do navio "Von der Tann", o qual também, ancorou no Porto de Itajaí.  
Postal da visita dos marinheiros do navio "Von der Tann" no porto fluvial de Blumenau.

Visita registrada na foto desta Postagem - 1914.
Almirante Hubert von Rebeur-Paschwitz
Fonte: Wikipédia
Entre os dias
4 a 6 de maio de 1914, um pouco antes do início da 1° Grande Guerra (que teve início em 28 de julho), 19 oficiais, entre os quais estavam o Almirante Hubert von Rebeur-Paschwitz e mais 275 marinheiros da tripulação dos navios alemães "Kaiser", "König Albert" e "Strassburg". Os marinheiros e oficias estiveram também na comunidade de Altona, o que pode ter despertado o interesse do antepassado de Günther Ronald Ewald que residia na comunidade. 
O Almirante Hubert von Rebeur-Paschwitz, nasceu em Frankfurt em 14 de agosto de 1863 e faleceu em Dresden em 16 de fevereiro de 1933. Em 1899, foi um adido naval alemão em Washington e mais tarde, em 1912, comandou a frota de de navios de guerra alemães mencionada, que visitou os Estados Unidos e também, o Brasil
Fonte: Wikipédia
 



 

"Raramente podia-se ver em Altona um espírito tão festivo tão alegre quanto naqueles dias. todos competiam para organizar uma recepção cordial e hospitaleira para a querida visita, para mostrar-lhes o modo como vivemos e aquilo que nos longos anos foi feito aqui pelos imigrantes alemães e pelos descendentes. - A maioria das casas tinha recebido alojamentos, e as pessoas empregavam todos os meios para proporcionar aos lobos do mar alguns dias alegres em terra. (...) Os dias de visita jamais serão esquecidos por nós, e da mesma forma os oficiais e as tripulações alemãs da marinha também não esquecerão a impressão que eles tiveram do desenvolvimento da colonização alemã e do trabalho de civilização na distante nação brasileira, e com prazer se lembrarão dos alegres dias entre compatriotas de terras longínquas. Provas disso são as numerosas cartas e cartões postais dos visitantes, as quais chegaram aqui.

Nos últimos anos, devido a guerra, todas as notícias tiveram de cessar. Muitos dos queridos visitantes, provavelmente tiveram uma morte honrosa como defensores da pátria, e descansam no fundo do mar. Humpl, 191/192.

Registrado para a História! 

Referências

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. - São Paulo: Martins Fontes, 2000. 1014p.

BERNER, J. O. As locomotivas da Estrada de Ferro Santa Catarina. Blumenau em Cadernos, Blumenau, tomo 10, n. 5, p. 91-92, maio 1969.

CENTENÁRIO de Blumenau. 1850 - 2 de Setembro - 1950. Blumenau: [s.n.], 1950. - 1v.(varias paginações).il. Edição Comissão de festejos.

GERLACH, Gilberto Schmidt,  Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José : Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.) : il., retrs.

HUMPL, Max. Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona: desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau; Méri Frotscher Kramer e Johannes Kramer (orgs.). - 1.ed. - Blumenau (SC) : Edifurb, 2015. - 226 p. : il.

SANTIAGO, Nelson Marcelo; PETRY, Sueli Maria Vanzuita; FERREIRA, Cristina. ACIB: 100 anos construindo Blumenau. Florianópolis: Expressão, 2001. 205 p, il. 

SILVA, José Ferreira. História de Blumenau. -2.ed. - Blumenau: Fundação "Casa Dr. Blumenau", 1988. - 299 p.

VIDOR, Vilmar. Indústria e urbanização no nordeste de Santa Catarina. Blumenau: Ed. da FURB, 1995. 248p, il.

WITTMANN, Angelina C.R. A ferrovia no Vale do Itajaí: Estrada de Ferro Santa Catarina : Edifurb, 2010. - 304 p. :il.


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