Porcelana Schmidt, Pomerode fundada em 1945. |
Lembramos novamente que a indústria da porcelana chegou à Europa, somente dois séculos e meio antes da fundação da Porcelana Schmidt, e também da Porcelana Condessa.
Porcelana Condessa. |
Na Alemanha, a porcelana ficou conhecida e foi produzida, somente no século XVIII, mais ou menos na mesa época que os primeiros imigrantes se deslocaram para a região do Vale do Itajaí - Colônia Blumenau. Era algo muito novo, que teve origem no oriente - China, entre os séculos VII e X. Só a título de informação, a porcelana nasceu, da mistura de dois minérios: Feldspato e caulim. Quando estes eram aquecidos a grande temperatura, o feldspato, vitrificava e o caulim, viabilizava a forma. Atualmente, são usados na fórmula, de maneira básica: Quartzo, caulim, feldspato e argila.
Tentando imitar a porcelana chinesa, os italianos descobriram outra fórmula à base de argila e vidro - fabricada em Florença, por volta de 1575. Tinha uma estrutura mais mole e frágil. Talvez essa tentativa explique os motivos orientais presentes em algumas composições da Porcelana Condessa.
Porcelana Condessa. |
Foi somente em 1707 que Johann Friedrich Bottger e Ehrenfried Walter von Tschirnhaus - químicos alemães - conseguiram desvendar a fórmula da verdadeira cerâmica chinesa. Somente dois séculos e meio antes dos estudos de um jovem de 16 anos, que saiu de Blumenau, para estudar todo este processo na Alemanha e ajudou a criar uma tradição no Sul do Brasil.
Peças de porcelana produzidas na Alemanha e em outros países da Europa, neste tempo Decoração. |
A Porcelana Condessa
Hercílio Arthur Oscar Deeke foi prefeito de Blumenau, vereador, deputado federal e Secretário da Fazenda do Estado de Santa Catarina. Também foi, burocrata e empresário na cidade e região. Deeke nasceu em 15 de Julho de
1910, em Blumenau, na época - no distrito blumenauense de Hammonia, atual Ibirama, que nesse período era a sede da então administração das
Colônias Hanseáticas, onde José Deeke, seu pai, era seu diretor. Curiosamente, mesmo Hammonia sendo distrito de Blumenau, mas antes era parte territorial do distrito de Indaial, sede do Juiz de Paz e Registro Civil, talvez para descentralizar e não precisar alongar mais a viagem. Com isso Hercílio Deeke foi registrado no cartório de Indaial, levado a informação erroneamente ao presente, conjecturando de que Hercílio Deeke tivesse tido nascido em Indaial. Hercílio Deeke foi batizado em 10 de outubro de 1910 em Blumenau na Igreja Luterana Espírito Santo e o evento foi comemorado na casa seus avós Carl e Hedwig (solteira Clasen) Rischbieter, atual casa do Norden. Sua confirmação aconteceu em 1924, também na Igreja do Espírito Santo. Nessa época estudava no Colégio Santo Antônio e quando terminou seu curso começou a trabalhar no escritório da Hanseática. Ficou no escritório até poder fazer o exame de admissão no Instituto Politécnico de Santa Catarina, em Florianópolis. Por contratempos, perdeu o prazo para efetuar sua inscrição. O dito Instituto, também por burocracia, foi extinto. Com isso Hercílio Deeke continuou trabalhando no escritório da Hanseática enquanto decidia em qual faculdade de engenharia estudaria.
Em 1929, José Deeke se demite do cargo de Diretor das Colônias Hanseáticas e se muda para Blumenau. Hercílio Deeke começa a trabalhar como auxiliar no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca sob chefia Roberto Baier, seu parente. Não demorou muito, foi contratado pela Caixa Agrícola e depois se transformou no Banco de Industria e Comércio de Blumenau assumindo o cargo de gerente de diretor no banco. Quando surgiu o Banco INCO a partir da fusão do Banco de Industria e Comércio de Blumenau com o Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina, passou a fazer parte da diretoria, em 1941, até assumir o cargo de Vice-Presidente, em 1964. Foi presidente da Cia Melhoramentos de Blumenau, construtora e proprietária do Grande Hotel Blumenau, responsável por demolir o Hotel Holetz, localizado ao lado do Banco Inco. Não entraremos no mérito e também na carreira política dessa personalidade da história de Blumenau.
Mas queremos registrar que Hercílio Arthur Oscar Deeke foi o fundador da Porcelana Condessa S.A. e não vingou. Produziram peças de arte, algumas com desenhos e motivos orientais, fato que ainda desejamos compreender. Poderia ser a observação das valorizadas peças chineses e também, as pesquisas, a partir delas. Muitas, com formas e materiais que não deixavam nada a perder para a cerâmica mais requintada da Europa.
A Porcelana Condessa foi fundada no final da década de 1950 e funcionou durante a década de 1960, mas sem comprovação. Ficará uma lacuna aberta para preenchermos com mais dados sobre. Sabemos que a Porcelana Schmidt, que tinha seu parque fabril em Pomerode, contratou o artista Erwin Curt Teichmann para sua criação artística e custeou que o mesmo na Alemanha por alguns meses para estudar e conhecer novas técnicas e tendência o que não aconteceu com a Cerâmica Condessa, que encontrou muita dificuldade em encontrar mão de obra especializada. A História da Porcelana Schmidt também tem relação com a formação técnica de alguns membros da Porcelana Schmidt feita por aquele que pioneiramente, também foi enviado para a Alemanha para aprender a arte de porcelana e fundou a Porcelana Mauá no Estado de São Paulo da qual se separou e fundou a indústria familiar, na década de 1940 no Vale do Testo. Aproximadamente 10 anos depois, Hercílio Deeke fundou a Porcelana Condessa no bairro de Itoupava Seca, em Blumenau. Após muitos dissabores e prejuízos, vendeu o empreendimento. Não temos o nome e não conseguimos encontrar o nome de quem comprou Porcelana Condessa. Não conseguiram com que a indústria saísse da situação ruim então as atividades foram encerradas.
A fábrica estava localizada na Rua Marechal Rondon, no bairro Salto do Norte. O local foi ocupado pela Fábrica de Chocolate Saturno, onde o maior acionista era seu filho Niels Deeke, um eterno curioso e grande pesquisador de Blumenau e região. O Sócio de Niels Deeke era João Arno Bauer.
Essa postagem ficar aberta, ciente que poderá receber contribuições importantes, para que essa história seja colocada no ar em quem sabe, seja um dos artigos dos novos volumes do compêndio Fragmentos Históricos, que tem como objetivo, exatamente, mostrar a história que não está muito clara e completa, mas que é interessante à sociedade de Blumenau e região.
Marcas
Algumas peças e jogos -Porcelana Condessa
Interessante e curioso é esta série com motivos orientais e com uma forma diferente das porcelanas da Europa e da região do Vale do Itajaí. Recebemos um pequeno vaso de presente dos irmãos Feller com essa forma e não tínhamos ideia de que foi produzido em Blumenau.
Março de 1960 - Revista Blumenau em Cadernos, página 139. |
Também a Porcelana Condessa forneceu peças para Brasília de acordo com est anota da Revista Blumenau em Cadernos.
Showroom da fábrica no Salto Norte. |
Um registro para a História.
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twiter)
- ACIB Blumenau 90 anos. Blumenau: Fundação "Casa Dr. Blumenau, 1989.
- BARRETO, Cristina Deeke. Aconteceu - Março de 1960. Revista Blumenau em Cadernos, Tomo III, N° 7, julho de 1960. Página 138.
- CARVALHO, Fabio. Porcelanas Brasileiras - Porcelana Condessa. Disponível em: https://www.porcelanabrasil.com.br/m-condessa.htm . Acesso em: 26 de abril de 2023 - 20h45.
- KILIAN, Frederico. Figuras do Passado - Hercílio Artur Oscar Deeke. Blumenau em Cadernos, Tomo XXII, julho de 1981 - N° .7. Páginas 194 - 200. Blumenau, 1981.
Leituras Complementares - Clicar sobre o título escolhido:
Agenda:
- Dia 10 de maio estaremos lançando o Livro “Fragmentos Históricos Colônia Blumenau – Arquitetura * Cidade * Sociedade * Cultura Volume 1″ no espaço Cultural da Assembleia Legislativa de Santa Catarina – ALESC, Florianópolis.
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