quarta-feira, 6 de março de 2013
Um pedacinho do Brasil e um compositor austro-húngaro...
Estivemos, há poucos dias, assistindo um concerto no Teatro Amazonas - em Manaus.
Teatro conhecido em todo mundo, por sua arquitetura e sua história e tivemos o prazer de assistir uma peça de Gustav Mahler em seu ambiente.
Um pouco do Teatro Amazonas...
O Teatro, que está localizado no Largo São Sebastião, no centro histórico da capital do Amazonas e é um dos ícones manauara que surgiu no período da borracha - final do século XIX - início do Século XX. Foi inaugurado em 1898 - período no qual a borracha foi o segundo produto da exportação brasileira, ficando somente atrás do café.
O seu projeto foi assinado pelo titular do Gabinete Português de Engenharia e Architetura de Lisboa e data de 1883. A pedra fundamental foi lançada em 1884.
Durante o governo de Eduardo Ribeiro - governador, que em meios a inúmeras frentes e grandes obras na cidade, "acelerou" a obra do teatro. Na época, Ribeiro, trouxe para Manaus, arquitetos, construtores, pintores e escultores da Europa.
A decoração interna do teatro ficou sob responsabilidade de Crispim do Amaral, exceto o salão nobre, o ambiente mais luxuoso, a qual ficou sob responsabilidade do italiano Domênico de Ângelis.
A sala de espetáculos tem capacidade para 685 lugares distribuídos nos três andares de camarotes e platéia. O salão nobre tem características barroca, tem uma obra com a técnica óleo sobre tela - no teto, conhecida: "A glorificação das Bellas Artes no Amazônia". Foi pintada por Domênico de Ângelis - 1899, portanto, após a inauguração oficial do teatro.
Destacam-se, também, os ornamentos sobre as colunas do pavimento térreo, com máscaras - homenagem a dramaturgos e compositores clássicos famosos, como Ésquilo, Aristóphane, Molére, Carlos Gomes, Rossini, Mozart, Verdi, Chopin...
Sobre o teto abobadado estão afixadas quatro telas pintadas em Paris, pela Casa Carpezot- conhecida na época e acessível a poucos mecenas. Nestas telas estão retratadas alegorias à música, dança, tragédia e uma homenagem ao compositor brasileiro: Carlos Gomes. No centro, há um lustre dourado com cristais, importado de Veneza. O lustre integrado à pintura do teto, apresenta uma ilusão de ótica da vista de quem está sob a torre Eiffel, de Paris.
A pintura do pano de boca do palco foi assinada por Crispim do Amaral e faz referência ao encontro das águas dos rios Negros e Solimões.
Talvez o Teatro Amazonas é o mais importante edifício histórico de Manaus, não somente pelo valor arquitetônico, mas por sua história, dentro da história da cidade. Já passou por diversas reformas e está em ótimo estado de conservação.
Tivemos o prazer de assistir uma peça de Gustav Mahler - Ressurreição, gratuitamente, juntamente com uma grande platéia - no Teatro Amazonas - uma casa acessível a todos os níveis sociais, sem elitismo e descriminação, com programas de qualidade.
Um pouco sobre Gustav Mahler
Compositor - interpretado na noite do Teatro Manaus por Amazonas Filarmônica,Orquestra Experimental e Coral do Amazonas.
Compositor - interpretado na noite do Teatro Manaus por Amazonas Filarmônica,Orquestra Experimental e Coral do Amazonas.
Mahler é considerado um dos maiores compositores, por promover a integração da música do Século XIX ao período moderno, e por suas grandes sinfonias.
Compositor e regente alemão nascido na Boêmia, na época território alemão (atual República Tcheca) EM julho de 1860. Nasceu 10 anos após a chegada dos primeiros imigrantes alemães no Vale do Itajaí e partiu, ainda no início do século XX, com apenas 50 anos.
Influente compositor e um dos maiores regentes de orquestra do século XX. Nascido em Kaliste. Estudou piano e composição no Conservatório de Viena e com 25 anos regeu a Ópera de Praga. Também regeu Ópera Real de Budapeste (1888) e a de Hamburgo (1891-1897), antes de ser diretor da Ópera da Corte - Viena (1897-1907). Passa os últimos anos de vida como maestro titular da Metropolitan Opera de Nova York (1908-1910) e da Filarmônica de Nova York (1910-1911).
A sua obra é composta de nove sinfonias, uma décima inacabada, baladas para piano e orquestra e algumas óperas. Suas sinfonias utilizam coro e solo vocal e são consideradas obras representantes do pós-romantismo.
A cantata Das Klagende Lied (1880), sua primeira obra pessoal, já apresenta as características de suas composições: referência ao folclore alemão, orquestração vigorosa nas descrições da natureza e melodia próxima à Volksmusik. Sua música exerce grande influência sobre compositores como: Arnold Shoënberg e Alban Berg.
Assistimos no Teatro Amazonas a Sinfonia a N. 2 - Ressurreição composta entre 1888 e 1894, um pouco antes da inauguração do teatro. O concerto aconteceu no dia 23 de fevereiro de 2013.
Em "Ressureição", Mahler questiona o sentido da Vida, a morte e a ressurreição. Composta para uma gigantesca formação orquestral, a sinfonia é, frequentemente, a porta de entrada dos ouvintes às obras de Mahler. Os sentimentos do compositor, expressos na célebre frase "Ich bin von Gott und will wieder zu Gott" ("eu venho de Deus e hei de regressar a Deus") indicam que a sinfonia deve ser ouvida e analisada com atenção, já que seu significado transcende a literalidade das notas musicais.
A Amazonas Filarmônica, a Orquestra Experimental e o Coral do Amazonas - apresentação da Segunda Sinfonia de Gustav Mahler.
Cultura em todos os cantos do Brasil,
através da música e arquitetura.
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