sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Alda Schlemm Niemeyer

Alda Niemeyer - em dezembro de 2013 - 93 anos de idade.
Apresentamos um pouco da biografia de uma ilustre personalidade, mulher forte e doce, que muitas vezes, apesar dos desafios materiais, sua palavra é superação. Falamos de Alda Schlemm Niemeyer.
Alda nasceu em Joinville, em 18 de maio de 1920. Depois foi residir em Curitiba, com sua família, onde passou sua infância e juventude. 
Sua mãe  chamava-se  Wanda (Família Müller - Curitiba - PR) e seu pai - primeiro casamento de Wanda - chamava-se Frederico Alexandre Schlemm - família de Joinville - SC. 
Frederico Alexandre Schlemm.
Alda tinha como pai, o segundo esposo de Wanda - Max Alfred Bayer, pois o conhecia desde tenra idade.
Dona Alda está de laço - Época que mudaram-se para Curitiba
Foto de foto do acervo de Alda Niemeyr
Foto de foto do acervo de Alda Niemeyer.
Wanda Müller casou-se em junho de 1918 com Frederico A. Schlemm e a família residia na cidade de Joinville. Schlemm faleceu logo após o nascimento da irmãzinha de Alda  - Marthali. Após o falecimento do marido, Wanda mudou-se com suas filhas, para a casa paterna, situada na capital do Paraná - Curitiba. De acordo com registros de família, a casa dos Müller, em Curitiba, era grande, com um grande jardim com muitas árvores, canteiros de flores, quadra de tênis, garagem, viveiro de pássaros, galinheiro, etc. Alda Niemeyer lembra do jardim, onde floriam rosas e dálias. As meninas, de acordo com relato de Dona Alda, viviam no paraíso, na casa de seus avós Müller.  A propriedade da família estava localizada onde hoje está o Shopping Müller - Curitiba. Alda Niemeyer nos disse, em um de nossos encontros em 2013, que a casa dos avós ainda existe. Continuou contando, que ela e sua irmã - Marthali, recebiam, com muita frequência, vestidos e sapatos novos. Só não apreciavam muito, pois eram sempre idênticos. Seus vestidos e de sua irmã eram confeccionados por sua mãe -  Wanda e por sua Vó  Muschel.
Alda Niemeyer, sua irmã Marthali e sua mãe - Wanda   -   Foto de foto do acervo de. Alda Niemeyer.
Foto de foto do acervo de Alda Niemeyer.


Foto de foto do acervo de. Alda Niemeyer.



Foto de foto do acervo de Alda Niemeyer.
Com presentes de natal  Foto de foto do acervo de. Alda Niemeyer.
Foto de foto do acervo de Alda Niemeyer.
"Eu vivia confiante no meu ambiente e acreditava em tudo. Infelizmente sou assim até hoje. Minha crença infantil daquela época não conhecia limites. Assim pude ser encontrada, certo dia, sentada numa cadeirinha no quintal. Não arredava os olhos da porta da cozinha. Alguém havia dito que aquele dia era o da Ascensão de Maria. E eu não poderia perder o voo de nossa cozinheira Maria em direção ao céu." Alda Niemeyer.

Em 1925, Wanda se casa pela segunda vez, com Herr Bayer. Dona Alda tinha 5 anos de idade. Bayer era funcionário do Banco alemão Transatlântico, que tinha uma agência em Curitiba, mais tarde foi incorporado a Caixa Econômica Federal - durante a II Guerra Mundial, onde se aposentou.
Alda Niemeyer em 1939 - quando embarcou para Alemanha 
Foto de foto de. Alda Niemeyer.
Com o auxílio do Consulado Alemão, muitos jovens  viajaram, em 1939, para a Alemanha. Dona Alda e sua irmã Marthali conseguiram se engajar neste intercâmbio. Sua mãe Wanda viajou algumas semanas mais tarde. O navio de Wanda, foi o último que atracou no porto de Hamburgo, antes da II Guerra Mundial. As três passagens, já pagas por Beyer, de nada adiantaram, para que as três pudessem retornar para o Brasil - Alda Niemeyer, sua irmã Marthali e sua mãe Wanda ficaram impedidas de retornar ao Brasil, em função da guerra, que iniciou neste mesmo ano de 1939. Permaneceram, forçosamente na Alemanha por nove anos. Durante a II Guerra Mundial, trabalharam na Alemanha, muitas vezes pelo alimento. Alda Niemeyer trabalhou como enfermeira junto de um cirurgião-dentista e na Cruz Vermelha - trabalho voluntário feminino, com idade entre 20 e 30 anos.
"As aventura de mamãe Wanda, Alda e Marthali durante a II Guerra Mundial encheriam um livro a parte e os leitores tanto poderiam rir, como chorar. Mas, este é um texto que eu não quero escrever. Há lembranças que até hoje me assolam e enquanto não as superei...Marthali"
Alda Niemeyer escreveu, em forma de versos, sobre sua mãe -  Wanda - contando um pouco dos tempos na Alemanha, durante o período de guerra.
Versos - de autoria de Dona Alda  escritos para sua mãe (Biografia de Wanda - de maneira branda em forma de poesia - de período difícil para as três) -  entre 1939 e 1947. A autora esclarece que as rimas, do poema se perderam, em função da tradução do idioma  alemão para o português.
Mutti Beyer, chegue aqui,
eis aqui a tua biografia!
Há's de rir - engraçadíssima!

Wanda tomou um navio, 
e até a Alemanha flutuou.
Lá chegando - a guerra iniciou!

Papai sozinho em casa ficou,
reclamando da solidão, pois
suas estrelas - lá se foram!

Dortmund foi o primeiro destino,
onde muito aconteceu.
Neve e gelo - e geada dói!

Corridas ao porão antiaéreo,
enquanto ressoam as baterias!
As duas meninas - muita gritaria!

E estas duas jovenzinhas,
pouco opinam ou contribuem.
Mas por vezes - encrencas!

Marthali trilha seus caminhos,
comenta feliz mamãe Wanda.
E com os dedos - as notas faz soar!

Alda corre, sempre afobada,
No consultório pra lá e cá...
Cheira forte a antissépticos!

Wanda para alimentar a família,
das quatro as sete da matina,
esperando em filas -  paciente!

Vamos para Elster! Soa a ordem,
quando viajarmos no verão.
Trens lotados - pessoas amontoadas!

Água, banhos e lodo termais,
sais e radiações para todos.
Estas fontes - fantásticos efeitos!

Wanda perambula pelas florestas,
e logo acha o que procura.
Encontra cogumelos - colhe amoras!

E vejam, correndo faz esportes! - joga canastra!
Tia Kampmann sempre disposta.
E não nos esqueçamos também - Helene!

Bela Dortmund, polvilhada de negro,
frequentemente importunada pelos ingleses.
As bombas retumbam - sempre durante a noite!

Wanda, com espírito impaciente,
decide deixar Dortmund rapidamente.
Dresden espera - e nós partimos!

Por muitos dias a saudade aperta,
até nos ambientarmos em Dresden.
Inverno gelado - nada aconchegante!

As rações foram diminuídas,
e  inversamente, a fome aumentando.
Estomago roncando - não reclame!

Uma coisa ela sabe perfeitamente, 
a sábia esposa do Papa Beyer.
Quem reclama - bronca chama!

Sessões de cinema, que sensação,
oportunizam momentos de descontração.
O divertimento da mamãe - ainda possível!

Co-habitantes e parentes,
amigos e conhecidos de Wanda.
Entusiasmados - se alegram!

Camisas, calças e roupas de crianças, 
ou mesmo camisolas e outras vestimentas
costuradas rapidamente, num piscar de olhos!

E a maior surpresa de final de ano
para mamãe foram os jovens noivos!
Aconteceu - no período natalino!

E a mãezinha - coitadinha,
outra fila - na busca daqueles rolos
de papel - necessidade higiênica!

Legal era quando os meninos Meissner,
tinham suas folgas de domingo.
É quando se encontra nossa turma
e a Elisenstrasse n° nove.
E em coro, uníssono:
"Longe da pátria e com a barba por fazer..."

Minha gente - é inacreditável!
Cobradora se torna a menor das Bayer.
Mesmo sob neve ou tempestades,
sai de casa correndo pela manhã.
Engata vagões!Transfere-ps de trilhos!
Rapidamente aprende-se o manuseio.
Cabeça levantada, ombros para frente, 
pois rude é o trabalho nas ruas!

Wanda tem muito o que fazer, 
pouco tempo lhe sobra durante o dia.
A máquina de costura não pára, 
é que a cota de sacos de munição é exata.
E nem mesmo é para seu divertimento,
É obrigação - pelo alimento!

E aconteceu a refeição matrimonial,
- uma ave inteira sobre a mesa.
E depois, a uma só voz se escuta:
- "Como estou passando mal!"

E quando em março a neve derreteu,
Wanda mudou-se novamente para o campo.
Bad Elster tinha-a cativado,
e para lá retornou naqueles dias.
E determinou: - Aqui ficaremos,
Casa Almenrausch será nosso quartel general.
Marthali a acompanhou, já que os exames finais do curso haviam passado.

Torna-se vovó, já é bastante difícil
ser vovó, no entanto, ainda mais,
têm-se inúmeras preocupações,
Ulrich berrava já nas primeiras horas
e continuava até a meia noite.
A fiel Ömi zela por seu bem estar.
Fraldas esvoaçavam alegres ao vento,
nos varais e nos gramados,
e vovó lava com alegria
sem permitir delegar a terceiros.

Era intenção deste textinho
retratar alegrias deste nosso globo.
Mas ao lado de momentos felizes,
muita tristeza pôde ser observada.

Wanda presenciou esta realidade,
viu bombas, viu a terra  estremecer.
Mas Ulrich recebe o máximo de cuidados
Enquanto a Alemanha está sendo ocupada.

Dresden então foi destruída,
mas só depois de longos dias,
Veio a notícia: - Estamos vivos!
Iremos nos juntar a vocês em breve!

E eis que chegamos ao lugar,
e máxima alegria veio reinar.
Então o HKL se aproximou
e em seguida os americanos.
Nós cavamos nosso parco inglês,
aprendido ainda na escola,
e o que então aconteceu foi fabuloso
Para o Partido Desastroso,
pressões e obrigações acabaram.
Esperançosos nos pareceu o mundo.
Após seis anos, que alegria, 
o retorno para casa nos acenava.

E o meninote em seu trono, 
incrédulo balançava a cabecinha,
observando o mundo, pensativo.
Todos aguardavam algo cair.
De início com esforço, sem resultados, 
mas depois - para todos - satisfatório.

Para o desespero e pavor das moças e mulheres
eis que surgem os russos no lugarejo.
Sob muito medo o tempo passa,
e após semanas a feliz notícia:
- o remanejamento dos estrangeiros.
Aprendemos  odiar os campos de refugiados
ruínas de fábricas, depósitos abandonados.
Nos sentíamos como dentro de ratoeiras,
sempre mordidos por percevejos, 
que co-habitavam como fazendo parte
daquela massa de gente estranha.

Fedíamos tal como todos ali.
A maratona iniciou em Oelnitz
e tornou-se um inferno em Schoenberg.

Vagões de gado nos levaram por final,
ao que parecia uma Babel, até Bamberg,
onde americanos nos recepcionaram,
ao ocuparmos um caminhão carvoeiro,
e até carrinho de nenê foi carregado!
Desta maneira alcançamos
o quartel general da UNRRA.
Deste campo de refugiados
muitos sul-americanos encontramos.
"De volta ao lar" era nosso lema 
e para i inferno o CIC.

Assim iniciou a vida dos refugiados
que pior não poderia ter sido.
Muita briga e lamentações,
muitos amores, também descriminações.
Períodos de infindáveis questionários.
E a cegonha sobrevoou o reduto,
trazendo o segundo neto ao mundo.
E Marthali olhou para o Bob e, 
apaixonada o acompanhou ao cartório.

Cresceram enormes as preocupações,
muitas vezes intransponíveis para Wanda.
Mas sua confiança acabou premiada:
Chegou a Delegação Militar Brasileira
para regulamentar o transporte
e todos podíamos retornar a terra natal.

E Wanda então, bem ao final,
teve a sorte e a satisfação
de viajar através da bela Suíça.
Moradias confortáveis, deliciosas iguarias.
Finalmente ocupou assento no avião
para chegar o mais rápido possível 
onde seu entes queridos a aguardavam
E felizes a rodeavam na chegada.

Alda Niemeyer quando retornou ao Brasil.
Wanda foi a última, das três, a retornar ao Brasil - em 1948
Dona Alda se casou com Günter Hermann Schierz na Alemanha com o qual teve três filhos: Ulrich, Aldo Mathias e Rudolfo Frederico Germano. Em 1947, Dona Alda retornou ao Brasil com os dois filhos - Ulli e Aldo - Rudi nasceu em Curitiba, em 1950. Seu marido - Günter, chegou ao Brasil no ano de 1949, e tinha como profissão, desenhista gráfico e pintor. Ficou conhecido no cenário cultural e das artes plásticas - em Curitiba. Em 1950 Dona Alda se separou de Günter Hermann Schierz. Em 1956, viúva de Schierz, Dona Alda casou-se com o médico - Érico R. Niemeyer e teve mais três filhos: Ronald Alexander (Ronny), Maria Beatriz e Sylvia. O casal Niemeyer mudou-se para Blumenau no final da década de 60 do século passado. Dona Alda completou 55 anos de matrimônio com o Dr. Niemeyer, quando ele veio a falecer em 4 de outubro de 2003, com 77 anos.
Em Blumenau, Dona Alda desenvolveu trabalhos, junto à comunidade, na área social e cultural. Seu marido atuou como médico e ela o acompanhava nas atividades. Inicialmente como enfermeira, posteriormente, em obras assistenciais.
 Alda foi professora de yoga
Nos anos 70 do século passado, ingressou no radioamadorismo. Pertence ao Clube de Radioamadores de Blumenau, desde 1976, como membro ativo, exercendo vários cargos. Alda Niemeyer participou da primeira expedição feminina, realizada no Brasil - Ilha Comprida-SP, em 1998.
Como radioamadora, se destacou na divulgação da vida e obra do Padre-cientista Roberto Landell de Moura, a nível nacional e na Europa. Traduziu, para o idioma alemão, o livro - O outro lado das telecomunicações - A saga do Padre Landell de B. Hamilton Almeida. O livro foi lançado em Dortmund, na Alemanha, em maio de 1995Pelos trabalhos feitos em torno da obra sobre a vida do Padre Moura, recebeu a comenda da Ordem de Radioamadores Padre Roberto Landell de Moura.
Padre Roberto Landell de Moura.
Dona Alda foi, igualmente incansável, durante as grandes enchentes de 1983 e 1984, época em que sequer se imaginava a existência de câmeras digitais, celulares e computadores. Mal e mal funcionavam os telefones fixos. Ela considera seu trabalho mais relevante, no período em que, atuou como radioamadora e auxiliou nas enchentes da década de 80.  
Enchente de 1983.
Seu trabalho foi publicado em 1995, na obra, a qual é co-autora: S.O.S. Enchente - Um Vale Pede Socorro (Edição esgotada). O livro é um relato documental e fotográfico das atividades radioamadorísticas durante as enchentes de 1983 e 1984.
Alda Niemeyer participou, igualmente, do grupo de teatro amador do C.C. 25 de Julho de Blumenau. Auxiliou na montagem de inúmeras peças de teatro, no idioma alemão. Alda aprecia, defende as artes e a cultura de seus antepassados. No ano de 2014, completou 30 anos - participando diretamente da organização e participação do Programa dos encerramento das atividades dos grupos culturais do C.C. 25 de Julho de Blumenau.

Quem teve o privilégio de a conhecer, diz que Alda Niemeyer  é uma pessoa de extraordinária cultura e dona de contagiante entusiasmocarisma e é muito comunicativa. Adota e divulga o lema: “com um sorriso se abrem todas as portas”.
Jovem radioamadora Gabi recebendo premiação nacional ao lado da radioamadores -  Alda Niemeyer 


Reunião na Defesa Civil com o Major Aldo Babtista Neto. Início de Fevereiro de 2011.
Em setembro de 2012, comemorando 40 Anos do Clube de Radioamadores de Blumenau CRB



Vídeo
Falando a jovens sobre sua experiência na Guerra e sobre uma foto de sua autoria.
Julho de 2013.














Foto tirada por Dona Alda durante a Reunião Nacional do Partido Nacional-Socialista, em Nürnberg, setembro de 1936 - antes de iniciar a II Guerra Mundial.

Tendo viajado para a Alemanhanaquele verão para ver as Olimpíadas, ela permaneceu no país por mais alguns meses, e esteve presente em Nürnberg. Na ocasião, ela conseguiu se espremer entre as pessoas que se aglomeravam pelo caminho, percorrido pelos automóveis oficiais, conseguindo tirar esta foto com sua câmera Agfa Box 44. A foto mostra Hitler em seu Mercedes, acompanhado de Hermann Goering (Luftwaffe) e Erich Raeder (Kriegsmarine), saudando a multidão.
Vídeo - Dona Alda falando do teatro em sua vida - Vídeo de dezembro de 2013.

Com a família - Natal 2013. 
Foto: Féliz Niemeyer Monteiro


Dona Alda reside com seus filhos Sylvia, Rudi e Maria Beatriz e com  sua irmã e companheira de uma vida -  Marthali.
Alda e sua irmão mais moça: Marthali.

Alda e sua irmão mais moça: Marthali.
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Recebemos, também, uma outra Biografia escrita por sua filha - Maria Beatriz, que conviveu e convive muito mais próxima de Alda Niemeyer.
A Biografia é datada de  08 de fevereiro de 2008

Segue...

Ilustrações feitas por nós.
ALDA SCHLEMM NIEMEYER 
O que se faz quando, aos 84 anos de idade, recebemos um convite para viajar à Noruega numa expedição? “Depois do susto, arruma-se a mala!” Com artrose nos joelhos, e sozinha, lá se foi para encontrar uma equipe desconhecida.
Clicar para ampliar

Noruega.
Essa é Alda Niemeyer. Determinada, mas doceApaixonada pela vida e pelo contato com pessoas. Corajosa e otimista, mas disciplinada.
Ela nasceu em Joinville, em 1920 e cresceu como uma menina esportiva e travessa. Até teimosa, admite. Teve uma juventude segura e feliz.
Joinville

Até que em 1939 foi à Alemanha, onde faria um intercâmbio culturalCom a eclosão da Segunda Guerra Mundial, aquilo que seria uma viagem de poucos meses, transformou-se numa estadia de 9 anos, cheios de tragédias.
Segunda Grande Guerra.
Chamada a prestar serviços civis, fez curso de enfermagem e trabalhou junto à Cruz Vermelha. Do consultório dentário, passou a atender parturientes e soldados mutilados.
Durante a guerra casou e teve os primeiros três, de seus seis filhos. Passou privações e fome. Sobreviveu ao pior bombardeio da Segunda Guerra, em fevereiro de 45 na cidade de Dresdende onde saiu temporariamente cega. Fez valer seu lema de vida, escolhido conscientemente na juventude: “Eu vou conseguir!”.
Dresden  - 1947


Conseguiu voltar ao Brasil apenas em 1947, dois anos após o término da guerra. Separou-se e enviuvou. Residindo em Curitiba, casou-se com o médico Érico Niemeyer, com quem se mudou para Blumenau em 1956. Com ele teve outros 3 filhos. Hoje é avó de 13 netos e 5 bisnetos.

Blumenau.


Blumenau.
Blumenauense de coração, já no ano seguinte envolveu-se nos trabalhos assistenciais da Sociedade Evangélica de Senhoras, junto à Maternidade Elsbeth Koehler, onde atuou por 15 anos. Já participou das obras assistenciais das Soroptimistas e atualmente é membro do Conselho da APAE.
Em 1976, segundo ela “tarde, mas não tarde demais”, ingressou no radioamadorismo, hobby que a transformou em referência nacional e internacional no mundo das comunicações.
Alda Niemeyer.
A enchente de 1983 veio comprovar seu empenho na Defesa Civil: tendo a própria casa inundada, vovó Alda (como é conhecida no rádio) instalou suas antenas sobre o prédio da então EMBRATEL. De lá conseguiu mobilizar ações de apoio vitais para a cidade de Blumenau: trazer vacinas através da Força Aérea, conquistar a doação de milhares de litros de água potável, conseguir remédios, roupas e alimentosinclusive muitas toneladas em donativos de radioamadores amigos da Alemanha. Ajudou a estabelecer a comunicação entre órgãos oficiais, mas também possibilitou ajuda a particulares.
Blumenau - 1984.
Membro de diversas Ligas e Ordens no país e no exterior, inclusive a Rede Nacional de Emergência (RENER), já recebeu inúmeros prêmios, comendas e homenagens por seus relevantes serviços em Defesa Civil, na esfera municipal e nacional. Destaca-se a Comenda da Ordem Padre Landell de Moura e a Comenda da Legislativa do Estado Santa Catarina.
Reergueu e presidiu o Clube de Radioamadores de Blumenau por 5 gestões e é palestrante convidada, onde divulga a obra do brasileiro inventor do rádio, o Padre Landell de Moura e o radioamadorismo.
Pe. Landell Moura
Participou da única expedição latino-americana de mulheres radioamadoras em Ilha Comprida, representou o Brasil em Morokulien na Noruega numa expedição no Território da Paz e no Encontro Holandês-Alemão, em Bentheim.
Assídua leitora, poliglota e versada em informática, Alda escreveu em conjunto com o Coronel Antonio Barreto o livro “SOS Enchente – Um Vale pede Socorro”, que ela própria converteu ao alemão. Também traduziu para o alemão o livro de Hamilton Almeida, “O Outro Lado das Comunicações”, ambos lançados na Alemanha, em 2006.
Escreve regularmente para revistas sobre radioamadorismo e é “repórter a distância” do Jornal Brasil Post, em São Paulo, em cujos artigos divulga nossa cidade.

Ainda no âmbito cultural, participa na organização dos eventos e festas do Centro Cultural 25 de Julho, onde durante vários anos atuou e dirigiu o Grupo de Teatro Amador Alemão.
Mais...





Para saber mais - Clicar sobre: 
  1. Estréia do Theatergruppe 25 de JulhoTeatro 
  2. O retorno do Teathergruppe no 25 de Julho
  3. Teatro - Últimos espetáculos do teatro no 25
  4. Teatro - A História do Teatro do C.C. 25
  5. Receita de Stollen da Dona Alda Niemeyer
Alda repassando a Rita - o presente.  Juntos - parte do elenco do  Ein Kaffee   - Theatergruppe  25 de Julho - Dezembro de 2013
























Alda Niemeyer e Rita Schmitz - Coordenadoras do Theatergruppe - anterior e após um intervalo de 13 anos sem atividades no palco do C.C. 25 de Julho de Blumenau.
Em 2013,  com 93 anos, continua ativa e prestativa e nunca nega ajuda a quem lhe pede uma palavra ou a mão. Com um sorriso ela abre qualquer porta e, numa lição de sabedoria, diz: “Nem as muletas, nem a idade, me impedem de realizar muita coisa boa e bonita! O único sonho que talvez não possa mais realizar é saltar de pára-quedas”.

Quem é que sabe  Alda?
Admiração, amizade, respeito nossos a Alda Niemeyer.
Série Mulheres
Foto: Artur Moser
Matéria do Jornal de Santa Catarina - Clicar sobre: Alda Niemeyer










Postado no Facebook do seu amigo Júlio Cesar em 14 de Fevereiro de 2014.

"Hoje nossa querida 'Vovó Alda Niemeyer' comemora seu segundo aniversário. 
Na noite de 13 de fevereiro de 1945, 1200 bombardeiros ingleses e americanos despejaram suas cargas na cidade alemã de Dresden, onde ela residia.
Apesar de ter sua casa destruída na tempestade de fogo, e de ser atingida na cabeça por um pedaço de tijolo - que deixou-a cega por três semanas - Alda sobreviveu, junto com sua irmã e um filho pequeno. Sobreviver à uma provação que vitimou centenas de milhares de pessoas com certeza é nascer de novo!

Parabéns querida Vovó Alda!"
Em 5 de dezembro de 2015
Nos altos de seus 95 anos, durante uma visita a sua casa, nesta semana - a encontramos preparando o Stollen entre outras guloseimas, para o natal de sua família que acontece em sua casa, na companhia de seus bisnetos, netos e filhos.
Pedimos a Dona Alda se poderíamos compartilhar suas receitas aqui em nosso espaço. Não só autorizou como também, encaminhou as receitas gentilmente traduzidas de seu "Altes Kochbuch".
Um pouco resignada no contou que após 95 anos, é a primeira vez que tem uma árvore de natal que não seja viva, mas que isto não a impediu de decorá-la. Muitos destes enfeites de natal são de família, como por exemplo um que pertenceu a sua vó.

Segue...
Pão de Mel
½ kg de trigo
¼ kg de mel (ou melado)
¼ kg de açúcar
1 ovo inteiro
1 colher de sopa de manteiga derretida (ou margarina)
1 xícara de café-com-leite ( as vezes não precisa da xícara inteira)
1 colher de sopa de fermento Royal (sem bicarbonato, aumente um pouco)
1 colher de chá de bicarbonato de sódio (se não tiver, vai sem)
1 colher de chá de pó de cravo
1 colher de chá de pó de canela
1 colher de chá de condimento
1 colher de chá (não muito cheia) de pimenta moída e uma pitada de sal
Modo
Misturar tudo. Da uma massa meio dura, como massa de pão. Adicionar          J Juntar um prato de sopa de nozes ou castanhas bem picadas , ou frutas cristalizadas cortadas bem finas.(É opcional, pode escolher o que deseja por)
(Sem estes ingredientes . vai.uma gotas de essência de Amêndoa) 
Colocar em forma retangular grande, mais ou menos 2 cm de altura .Pode ser mais fino,  conforme o tamanho dos quadradinhos em que quer cortar.
Assar no forno quente (180 + ou - , por mais ou menos 25-30 minutos, deixar secar bem (prova do palito)
Cortar, ainda quente na forma , colocar na mesa para esfriar.
Primeiro endurecem, depois de 2 dias ficam bons.
Glacê, depois de frio e, se quiser, enfeitar com “coloridinho”.
Glacê de chocolate fica muito bom.
Ou, pincelar leite crú na massa, antes de assar, e jogar muito
Açúcar cristal por cima. Fica como crosta cristalizada.

"Esta é a massa que você provou  - “Stollen” ficou muito gostoso." A. Niemeyer

Stollen












1 kg de trigo
100 gr de fermento ( de pão)
½ ltr. de leite 
200 gr de açúcar
450 gr de manteiga
Casca ralada de meio limão
12 gr. de sal

Recheio: 100 gr passas escuras
100 gr de passas branca
200 grs de frutas cristalizadas
200 grs de nozes picadas(castanhas)
 Alda Niemeyer Preparando o
Stollen de sua receita.
Procedimento: Trigo e fermento misturar, juntar a manteiga dissolvida no leite morno. Juntar o açúcar.
Trabalhar primeiro numa tigela, depois da massa trabalhada, ficando liso e brilhante, colocar na mesa, quanto mais trabalhado, mais sedoso fica a massa.
Formar um “laib”,(um tipo de pão) colocar do lado passas, frutas cristalizadas, e nozes. Misturar. trabalhando levemente a massa. Formar um “pão” (laib) e assar. (Ou colocar numa forma) Assar em forno pré-aquecido por mais ou menos 70-90 minutos. Se a superfície ficar escura muito rápido, colocar papel por cima do Stollen
Stollen pode ser assado em cima de papel-manteiga´ou papel alumínio.
Ainda quente passar manteiga derretida e açúcar de confeiteiro, formando camada grossa.

Deixar “pegar gosto” mais ou menos 2-3 dias. 




Vídeo
Em 16 de Abril de 2016















Vídeo

Leituras Complementares - Clicar sobre título escolhido:

Em construção...








5 comentários:

  1. Senhora Angelina
    Uma verdadeira biografia da senhora Alda Niemeyer. Mais que merecida esta homenagem, alias uma dentro da outra. Vídeos, fotos, textos espetaculares. Dona Alda para nós blumenauenses, apesar de ter nascido em Joinville, é para todos nossa heroína.
    A cilada às pegou no intercambio cultural com a Alemanha, mas mesmo lá fez um trabalho digno e humanitário aos necessitados em um período tão cruel que foi a segunda grande guerra mundial (1939-1945), tornando-se uma pessoa que acompanhou desde o início até seu derradeiro momento os horrores do Nazismo.
    Seu trabalho comunitário, humanitário e de dedicação através do radioamadorismo é algo maravilhoso, diria sublime. Quando me lembro dela nessa situação, vem a mente o fundador do Radioamadorismo em SC – Sr. João Medeiros Jr. Nascido em Florianópolis, veio trabalhar em Blumenau na Empresa Industrial Garcia e ali a partir de 1929 fundou não só o radioamadorismo mas também a primeira emissora de Rádio de SC, a PRC4 Rádio Clube de Blumenau. Dona Alda tem uma atividade na comunidade de nos dar orgulho.
    Parabéns!!!
    Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau.

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  2. Olá Angelina Wittmann.
    Fiquei imensamente satisfeito com seu trabalho. Um belíssimo trabalho sobre a vida de Dna. Alda Niemeyer. Sei de seu esmero com os fatos históricos de nossa região, e espero ter o prazer de continuar lendo e vendo, pois o material fotográfico é sempre de alto nível, o fruto de suas investigações. A Dna. Alda, simplesmente o máximo, que vida, que riqueza, que exemplo. Nos resta agradecer, por nos mostrar sua história, e com tanta integridade, tanta riqueza. Obrigado Angelina, parabéns Dna. Alda.

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  3. Paulo...Agradecemos o retorno e suas amáveis colocações. É um prazer imensurável poder "construir pontes" através dos bem feitos daqueles que estão em nossa volta e irradiar o conhecimento a partir daquilo que foi feito no passado, por aqueles que não conhecemos na caminhada. Irradiar com o comprometimento com a essência da verdade e fatos verídicos. Podemos "ler" tudo isto e extrair algo positivo, contribuindo para um mundo melhor. Abraços cordiais.

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  4. CONHECER ESTA MULHER MARAVILHOSA,ELA REALMENTE NÃO TEM IDADE TEM PRECIOSOS ANOS DE VIDA .PASSAR UMA TARDE COM ELA ENRIQUECEU MINHA VIDA DEMAIS.DONA ALDA É UMA DESSAS PESSOAS QUE A GENTE AMA NO PRIMEIRO CONTATO.

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    1. Falou muito bem, Arlete. Esta é a impressão que também temos.

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