Foto: Arquivo Histórico de Rio do Sul |
Durante o nosso mestrado, em 2007, lemos o livro de autoria do Geógrafo Paulo Fernando Lago - Professor - Diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC - Santa Catarina - A Terra, o homem e a economia - do início ao fim, e separamos partes importantes que citam a região do Vale do Itajaí.
Comentamos com pessoas sobre o livro, e resolvemos compartilhar estas informações com um grupo maior - neste espaço.
São informações e dados geográficos da região do Vale do Itajaí - sob a liderança gravitacional de Blumenau, dentro de um contexto maior, na escala estadual, sob uma ótica social, econômica e histórica.
Informações bibliográficas
Título: Santa Catarina: A Terra, o Homem e a Economia
Autor: Paulo Fernando Lago
Editora Imprensa da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 1968.
Num. págs. 340 páginas
à As
correntes migratórias tornaram-se expressivas, no Brasil, a partir de 1850. Embora o movimento se manifestasse em
razão de vários fatores, o avolumar do mesmo, após os meados do século XIX,
estava relacionado à proibição do tráfico dos escravos, que somente em 1850 foi
consagrado pela lei Euzébio de Queiroz. Pg 95
à A
marcha da revolução industrial foi muito variável entre os países europeus e,
em suas fases iniciais estava muito longe de possibilitar ampliação de serviços
urbanos numa proporção equivalente à espetacular procura, alimentada por
desequilíbrios na vida rural e pela homogenia velocidade de crescimento
populacional observada em todos os países europeus. Pg 95
Sua função de centro social da zona de colonização se mesclou, desde o início, com a função, de entreposto comercial e de centro preferencial de investimentos aplicados no setor da economia industrial.
Os desdobramentos sofridos
em sua área municipal foram decorrência da evolução dos núcleos coloniais que,
mesmo se mantendo administrativamente autônomos, continuaram integrados,
econômica e culturalmente, com a cidade de Blumenau, onde se localizavam os
principais estabelecimentos comerciais atacadistas, serviços
médico-hospitalares e unidades industriais de grande porte, sobretudo as
têxteis, casas bancárias, casas exportadoras, indústrias de acabamento,
escolas, dinâmico comercio hoteleiro, etc
Na Bacia do Itajaí sua
liderança é esmagadora, contribuindo com quase 50% do valor da produção
regional. no Estado, participa em torno de 30%, quanto ao mesmo fato e tem
absorvido 33% da mão-de-obra do setor secundário das atividades econômicas,
enquanto Blumenau, no conjunto da Bacia absorve mais de 40% da força-de-trabalho
industrial. Pg 201
à Em
Santa Catarina, o rio Itajaí Açu, o rio Cachoeira, o rio Tijucas e outros,
tiveram grande importância quanto ao papel de vias naturais de comunicação.
Remanescentes de “portos” podem ser ainda observados nos seus cursos,
autenticando investimentos ajustados à intensidade de circulação de riquezas nas
fases de assentamento e consolidação da ocupação colonizadora. Pg 212
Porto Fluvial - Blumenau - Foto: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.
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Num. págs. 340 páginas
Algumas citações do livro - Informações do Vale do Itajaí
à Ás
terras recentemente abertas do planeta, originariamente povoadas de
acampamentos militares, postos de comércio, missões religiosas, pequenas
colônias agrícolas, chegou uma inundação de imigrantes dos países que sofriam
opressão política e pobreza econômica. Esse movimento de pessoas, essa
colonização territorial, teve duas formas: o pioneirismo agrário e o
pioneirismo industrial. Pg 93
à homens empobrecidos, ás vezes a morrer de
fome, estavam dispostos a deixar de lado todas as vantagens de uma vida socializada e estável, para que
gozassem do privilégio elementar de ter suficiente alimento para comer e
suficiente terra para nela produzir o máximo.
Pg 94
Primeiras instalações do imigrante - Colônia Blumenau Foto: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva |
Foto: Arquivo Histórico de Rio do Sul. |
à Em que
pese a diluição de indivíduos imigrados pelas comunidades envolventes e
tradicionais, os grupos imigrantes criaram ambientes próprios, decidindo eles
mesmos seus destinos e configuração. Isolados numa vasta região de economia
praticamente estagnada, onde núcleos antigos se arrastavam, sem contar com
fatores de impulsão localizados nos mercados internos ou externos, os colonos criaram
e desenvolveram “colônias”. Pg 97
à Sem se pretender desenvolver o
conceito de “colônia”, poderemos considerar que, primeiramente, é unidade
administrativa de uma área de atividades rurais, onde o ocupantes pertence a
etnia diferentes da tradicional luso-brasileira. As propriedades eram
distribuídas, sob formas variáveis de pagamento, de modo que um “colono” poderia ser proprietário de mais de um
“lote”. O ‘lote’ passou a ser confundido como estabelecimento agrário
familiar, de que resultaria o posterior parcelamento por herança. Pg 97
à As
atividades econômicas nessas “colônias” não se restringiram, mesmo nos
primórdios, às operações estritamente de uso da terra. Atividades de aproveitamento
de produtos rurais, além de outras, deram complexidade à dinâmica das
“colônias” que foram se acrescentando de diversificadas industrias rurais, ainda
que muitos estabelecimentos não tivessem ido além de uma economia de
subsistência. Pg 97
à Em 1824, camponeses alemães,
operários e artífices foram introduzidos no Rio Grande do Sul... A colônia
denominada São Leopoldo, representou o marco inicial de uma expansão que
rapidamente, alterou as características de vasta área do Litoral e encostas do Rio Grande do Sul. Pg
103
Foto: Arquivo Histórico do Rio do Sul. |
à Em Santa Catarina, os primeiros colonos alemães (católicos de Bremen)
chegaram em 1828, em número de 523, localizando-se nas proximidades de
Florianópolis, nos vales intramontanos do litoral continente. A colônia fundada
recebeu o nome de *S. Pedro de Alcântara, efetivando-se no ano seguinte à
chegada dos imigrantes que ficaram, por sinal, retidos vários meses na Ilha do
Desterro (Florianópolis) pg 103
*Não confere - Os primeiros imigrante alemães chegaram no território de Mafra - Como não existia Mafra em SC - também não existia território alemão neste período - Link no final da postagem.
à No
mesmo ano da publicação da lei Euzébio de Queiroz, chegaram os primeiros
colonos, em número de 17 , para começarem a ocupação de outra área que há dois
anos vinha sendo objeto de investigação de um farmacêutico dotado de raro poder
de previsibilidade, verdadeiro intelectual e líder. Nela encontrou algumas
semelhanças com a região do Reno e
escultou a perspectiva de rápido desenvolvimento colonizador. Pg 104
à
Alguns anos depois, em 1870, já haviam se integrado na nova colônia mais de
6.000 imigrantes, oriundos principalmente de Pomerânia, disseminados ao longo
do coletor principal da mais ampla bacia da vertente Atlântica catarinense.
Pouco antes, desde 1860, a Colônia Blumenau (sobrenome de seu idealizador) fora
comprada por 120 contos de réis e apresentava um ritmo tão seguro de
desenvolvimento, que cerca de 92
fábricas de diversas especificações; 27 mil cabeças de gado e uma exportação
valorada em 130 contos constituíam elementos resultantes de sua dinâmica,
segundo informes de 1870. Nesta mesma data, no setor de transportes, a colônia
Blumenau possuía cerca de 30 quilômetros de estrada de rodagem e a
comunicabilidade pela artéria fluvial que culminava no porto da sede se
adicionava para assegurar a articulação dentro da colônia e com outras áreas.
Pg 104
à
Entretanto,
apesar dos exemplos de grandes centros urbanos na antiguidade, na Idade Média e
nas faixas históricas pré-modernas, somente com a Revolução industrial é que o
fenômeno urbano começou a ter a impressionante proporção que até hoje ainda
toma de surpresa a capacidade de organização humana. “Os
excedentes de mão-de-obra rural, imobilizados por falta de mercado, são
subitamente postos em movimento e se dirigem para as cidades e para os bairros
industriais. O fato foi brusco, quase brutal. E vimos aí um dos epifenômenos da
Revolução industrial.
Trata-se de um processo cuja marcha,
longe de se reduzir, acelerou-se mais no curso da primeira metade do século XX.
O crescimento industrial urbano não é um episódio da revolução industrial, mas
um corolário permanente.”
Em
relação aos esquemas de expansão das cidades catarinenses, Florianópolis
apresenta particularidades, não apenas em
virtude de histórico papel de capital administrativa, mas pela exaltação
dessa função terciária quando cotejada com a insuficiência das impulsões de
outras condições de crescimento urbano. Pg 169
à É bem verdade que a contribuição dos
recursos humanos imigrados, açorianos e ítalo - germânicos (estes em áreas
adjacentes), não poderia ser da excelência técnica dos que vieram, em
levas mais numerosas, posteriormente,
provindos de áreas já bafejadas pela Revolução industrial. Pg 169
à Em
Santa Catarina, o centro urbano que possui mais nítidas características de
capital regional, no caso enfaticamente econômica, é Blumenau.
Esta liderança posição na
hierarquia das cidades de ampla área, ultrapassa, inclusive, os limites da
bacia do Itajaí. Corresponde à coerente evolução de seu papel desempenhado na
etapa da colonização agrícola da Zona, quando fora eleita como sede da então
Colônia Blumenau. Pg 200
à Em
nenhuma outra cidade catarinense, nascida sob a impulsão colonizadora, se fez
tão bem sucedidamente a restauração das comunidades idealizadas na tumultuada
parte da Europa do século XIX. Pg 200
à A colônia nasceu só o
empenho da racionalização, sob a tutela do planejamento e com o requinte da capacidade
empresarial de muitos de seus administradores e componentes. Nasceu como
empresa agrícola com vistas ao desenvolvimento industrial. Nasceu impregnada
dos “novos tempos” que mal atingiam as áreas de onde proviam os colonos – a
revolução industrial.
à A
concentração de imigrantes estrangeiros na Bacia do Itajaí teve ponto de
partida a colônia blumenauense, que passou a funcionar como centro de
irradiação. Numerosos núcleos foram sendo criados, mantendo constante articulação com o de
Blumenau, cuja posição na Bacia do Itajaí é favorecida por três aspectos
essenciais.
Livro: A Ferrovia no Vale do Itajaí - Estrada de Ferro Santa Catarina |
A bacia é muito ampla, enriquecida por vários
tributários que dissecavam diferentes
tipos de terrenos geológicos, penetrando fortemente nos sedimentos antigos,
alcançando a superfície do Planalto Oriental e estabelecendo assim uma
comunicação natural que foi aproveitada com a construção de rodovias e da
ferrovia que convergem para a calha do rio.
Na altura pouco acima de
Blumenau, leito do rio se apresenta
estrangulado, impedindo a navegação à montante, na época fundamental do
transporte fluvial, o que se refletiu como à circulação e conseqüente fusão de
“parada obrigatória” no sítio de Blumenau.
Em terceiro, o Itajaí Açu deságua no Atlântico, após meia
centena de quilômetros à jusante de
Blumenau, percorrendo uma planície relativamente ampla, com pequeno desnível
que facilitava a navegação partida do porto flúvio-marinho de Itajaí.
Assim sendo, a extensa área drenada pelo sistema do Itajaí, à montante de Blumenau, o impedimento de navegabilidade fluvial imediatamente após o sítio onde foi fundada a colônia e evoluíram a cidade e o porto terminal de condições perfeitamente favoráveis, se combinaram como fatores ao desenvolvimento de atividades econômicas na área, juntamente com as características de elevada produtividade dos solos da bacia.
Em virtude da posição ocupada por Blumenau, o sentido das articulações econômicas e culturais tendeu a se concentrar num ponto, por sinal, preconizado pelo fundador da colônia. Pg 200
à Como sede da colônia, Blumenau tornou-se símbolo da colonização alemã e, conseqüentemente, adotou formas de cidade germânica, com todo o conteúdo de traços culturais fortemente preservados funcionando como relíquias vinculadas do colono com o mundo distante deixado. Em nenhuma outra cidade catarinense, nascida sob a impulsão colonizadora, se fez tão bem sucedidamente a restauração de comunidades idealizadas na tumultuada parte de Europa do século XIX.
Foto : Arquivo Histórico José Ferreira da Silva |
A Colônia Blumenau teve
organização consciente. Acionada por espíritos de alta lucidez, democrática,
numa prova de sensibilidade às transformações da época, mas também conservadora
de valores consolidados indispensáveis, tornou-se algo de especial entre as
demais.
A colônia nasceu sob o
empenho da racionalização, sob a tutela do planejamento e com o requinte da
capacidade empresarial de muitos de seus administradores e componentes. Nasceu
como empresa agrícola com vistas ao desenvolvimento industrial. Nasceu
impregnada dos “ novos tempos” que mal atingiam as áreas de onde provieram os
colonos – a revolução industrial.
Foto: José Ferreira da Silva |
Foto arquivo Histórico José Ferreira da Silva |
Quanto ao valor da
produção industrial, a participação do Município de Blumenau, em todo o Estado,
tem atingido cerca e 13,5%.
Foto: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva |
à As
industrias blumenauenses, evoluídas, muitas delas, a partir de unidades
artesanais, se localizam no espaço urbano, sem pronunciada concentração.
Encontram-se ao longo das artérias como a rua “15 de Novembro”, a rua “São
Paulo”. Em outro com a da “Garcia” e da “Hering”, ocupam áreas bem definidas,
com bairros operários e residências dos administradores. Pg 202
à O
centro urbano de Blumenau é exemplo de dinamismo econômico que afetou
favoravelmente a periferia sob o seu comando. Significa isto que lhe cabe
perfeitamente o conceito de “ centro urbano gerador”, na interpretação das
cidades quanto ao papel no desenvolvimento regional. Pg 202
à De
modo geral, e mais intensamente no Sudeste e Sul do país, o ritmo da
industrialização exibe marcas de uma transição mais agudamente sentida nos
ambientes urbanos. Acentua-se com visível
teor patológico, migração dos campos para as cidades. Multiplica-se,
acima de provisões, o contingente humano que busca os adensamentos urbanos.
Obras recentes na infra-estrutura rodoviárias, no setor de energia elétrica
trazem os elementos de impulsão de que careciam muitos centros.
E, tão pronto se
beneficiam desses fatos novos , alteram sua morfologia; suas funções; seus
componentes humanos ingressam em atividades novas distribuindo-se de modo
diferentes pelos setores ocupacionais; padrões de habitações se estabelecem,
desde às formas as mais luxuosas às mais toscas e precárias. Fatos novos,
implicando problemas novos, constituindo quase sempre um repto à tarefa dos
administradores, dos educadores, dos higienistas.
Chega-se ao paradoxo –
crescimento urbano sem urbanismo, numa quase repetição da caotização, das
comunidades que de modo tão marcante se assinalou nos estágios, sobretudo
transicionais da revolução industrial
dos países europeus. Pg 205
Foto: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva |
Porto Fluvial - Blumenau - Foto: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.
- Mafra SC - Um pouco de sua História - cidade que que recebeu o 1° grupo de imigrantes "alemães" organizados no Estado de Santa Catarina
- O Livro On line: A FERROVIA NO VALE DO ITAJAÍ - Estrada de Ferro Santa Catarina - 10 anos de publicação - desenvolvido com o livro de Lago entre as referencias.
Em construção...
Olá sou Julia e sou estudante de história e achei este livro muito interessante mas não encontrei este livro para comprar, será que é possível eu o encontrar para comprar? Agradeço desde já, e parabéns pelo blog, muito bom...
ResponderExcluirOi Julia....Confessamos que também andamos buscando este livro nos sebos virtuais. Encontramos outro título do autor, mas não este. Acreditamos que, quem o tenha...sabe de seu valor. Este em especial nós lemos e pesquisamos em um exemplar da Biblioteca da UFSC - Florianópolis. Pensamos que devemos continuar procurando, quem sabe um dia chega um exemplar em algum sebo. Ficamos felizes que tenhas apreciado. Abraços de Blumenau
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