Um pedacinho da história da região - da segunda metade do Século XIX. No dia 24 de junho de 1870, Hermann Blumenau fundou a loja maçônica Zur Friendenspalme - À palmeira da paz - na colônia que fundou. O calendário alemão maçônico registrou a data no dia 24 de junho de 1885.
Kurt Prober, em seu artigo publicado em Blumenau em Cadernos de 1961 - Tomo 4 - N°2 - menciona este fato e também, lamenta que durante as comemorações do Centenário da Colônia Blumenau, nada foi comentado sobre este fato histórico de Blumenau.
Alguns historiadores atuais da cidade de Blumenau afirmam que a placa acima seria usada na data do centenário. Na verdade, esta foi confeccionada para homenagear o fundador na data de seu falecimento. Descobrimos este fato há pouco tempo.
Por volta de 2007, informaram-nos erroneamente e fizemos este registro em nossa segunda publicação:
Por volta de 2007, informaram-nos erroneamente e fizemos este registro em nossa segunda publicação:
"Dr. Blumenau (plaqueta de Max von Kawaczynski, 1899). Placa (distintivo) que seria adotada como símbolo do Centenário de Blumenau (comenda medalha comemorativa). Porém, a parte inferior deste distintivo foi retirada por decisão da comissão organizadora, que não concordou com a citação da maçonaria."
Primeiro Mestre da Loja de Hamburg Sr. Georg Ludwig von Oberg. |
Para ler mais sobre o fundador de Blumenau - Clicar sobre o link: Hermann Bruno Otto Blumenau - de 1819 a 1846
D. Pedro II - 1848. |
A inscrição na maçonaria de Hermann Blumenau foi feita na Loja "Absalom Zu Den 3 Nesseln", localizada em Hamburgo - Alemanha. Esta loja é a mais antiga loja maçônica da Alemanha e foi fundada no 06 de dezembro de 1737.
Relatos dos contemporâneos Hermann Blumenau, na Colônia Blumenau alegam que a data correta de fundação da loja maçônica da Colônia de Blumenau foi no dia 24 de junho de 1870. O primeiro motivo - porque Hermann Blumenau não poderia ter fundado esta loja maçônica na Colônia Blumenau em uma data posterior a data de seu retorno definitivo para a Alemanha.
Hermann Bruno Otto Blumenau |
Também encontramos publicado que já existia um convite formal para a fundação de uma Liga Maçônica no dia 24 de fevereiro de 1883 - Blumenau em Cadernos T1 - N°4 - Ano 1958.
Otto - Stutzer
Ex- Prefeito de Blumenau. |
Foi encontrado um recebido no meio dos papéis do Maçom - Otto Stutzer - nome presente na publicação da Revista Blumenau em Cadernos - imagem anterior - referente a gastos de construções, com a data de 31 de dezembro de 1883. Fato que confirma que a loja maçônica da Colônia Blumenau já estava em atividade nesse tempo.
Kurt Prober afirma com certeza, que em 1883, momento da instalação do município, a loja maçônica Zur Friendenspalme possui a seguinte Diretoria.
Mestre - Hermann Bruno Otto Blumenau
1° Vigilante - Wilhelm Scheefer
2° Vigilante - Friedrich van Ockel
Secretário - F. Bocklmann
Irmãos - Luiz Altenburg - Gustav Salinger e Pedro Christiano Feddersen.
Após a partida de Hermann Blumenau, que seguiu atrás da família, que já se encontrava na Alemanha desde 1882, aconteceu uma nova eleição de Diretoria da Zur Friendenspalme, em 1886.
Nova Direção
Mestre - Wilhelm Scheeder
1° Vigilante - Friedrich von Ockel
2° Vigilante - Luiz Altenburg
Secretário - Gustav Salinger
Tesoureiro - Abrahan Mellola
Irmãos - F. Dockkelmann - Franz Lungershausen e Levy Blumberg.
Muito pouco foi exposto sobre as atividades da loja de Blumenau Zur Friendenspalme. Os trabalhos internos transcorriam sigilosos, embora isto não fosse usual no Brasil.
A 1° loja maçônica de Blumenau funcionava na casa de um colono, que até a data de 1961, ainda existia.
A casa era a residência localizada na Rua Itajaí, sob o número 516.
Na época, ainda no Século XIX, a contribuição mensal era de $800 e oficiava-se de acordo com o ritual de Schroeder.
Para conhecer mais sobre ritual Schroeder - Clicar sobre: Ritos Schröder
Para conhecer mais sobre ritual Schroeder - Clicar sobre: Ritos Schröder
A primeira loja maçônica de Blumenau era filiada à grande Loja de Hamburgo, que fornecia os certificados necessário para Blumenau. No Brasil existia a Grande Oriente do Brasil, nesta época.
Lapela da casaca |
Dá para observar que na lapela da casaca de Hermann Blumenau há o distintivo da loja blumenauense, também feito na Alemanha (Detalhe ao lado).
O artesão que fez a plaqueta foi Max von Kawaczynski. Sobre ela tem a seguinte inscrição: "Herr. Bruno Otto Blumenau Dr. Phil. 25-12-1819 - 31 Okt 1899", datas de nascimento e morte do fundador da loja maçônica de Blumenau Friendenspalme.
O artesão que fez a plaqueta foi Max von Kawaczynski. Sobre ela tem a seguinte inscrição: "Herr. Bruno Otto Blumenau Dr. Phil. 25-12-1819 - 31 Okt 1899", datas de nascimento e morte do fundador da loja maçônica de Blumenau Friendenspalme.
Alguns irmãos da loja maçônica de Blumenau
Otto Stutzer
Stutzer |
Pastor Oswaldo Hesse
Nasceu em Reinswalde no dia 11 de agosto de 1820 e faleceu na
Colônia Blumenau no dia 25 de novembro
de 1879. Foi o primeiro pastor luterano na Colônia de Blumenau entre o período
de 1857 a 1879, tendo acompanhado os primeiros anos de crescimento do núcleo urbano. Auxiliou o fundador e maçom Hermann Blumenau na campanha para arrecadar fundos
para a construção da primeira igreja, a qual foi construída e existe até os
dias atuais na paisagem.
Friedrich Zimmermann
É o único que possuía o único exemplar dos distintivos da loja de Blumenau, cunhado na Alemanha, e também uma das poucas plaquetas feitas por ocasião do falecimento de Hermann. Blumenau, em 1899 - primeiro Mestre maçônico da Colônia Blumenau. Era um plaqueta de bronze, também feita por Kawaczynski.
É o único que possuía o único exemplar dos distintivos da loja de Blumenau, cunhado na Alemanha, e também uma das poucas plaquetas feitas por ocasião do falecimento de Hermann. Blumenau, em 1899 - primeiro Mestre maçônico da Colônia Blumenau. Era um plaqueta de bronze, também feita por Kawaczynski.
No início do Século XX, após o falecimento do seu Fundador, a loja maçônica Zur Friendenspalme paralisou suas atividades, mesmo permanecendo nos Calendários Maçons até 1901.
Do Blog Clicar sobre - FH Becker da Silva
"Em 1864, numa longa viagem à terra natal para resolver questões pertinentes ao desenvolvimento da colônia e mesmo de ordem pessoal, Dr. Blumenau acabou ingressando na Loja “Absalom zu den drei Nesseln”, n.º 01, de Hamburgo, a mais antiga loja da maçonaria moderna da Alemanha, onde alcançou os graus de Companheiro e Mestre Maçom.
Regressando à sua colônia em 1869, Dr. Blumenau encontrou-a com 5.985 almas e, provavelmente com o aval (senão a missão) da loja hamburguesa, fundou já em 1870 e junto dos outros maçons cá residentes uma comunidade maçônica denominada “Zur Friedenspalme” (À Palmeira da Paz), que obrava no Rito Schroeder, conforme rituais trazidos pelo fundador da Alemanha.
A fundação oficial – Apesar de congregar os mais expoentes cidadãos da colônia – como Wilhelm Scheeffer, Otto Stutzer, Louis Altenburg Sênior, Gustav Salinger (fundador e primeiro presidente da Associação Comercial do Vale do Itajaí, atual ACIB) e Peter Christian Feddersen (grande empreendedor, por vários anos presidente da ACIB e merecidamente alcunhado de “Mauá Blumenauense”) – a Loja “Zur Friedenspalme” durante muitos anos operou irregularmente, eis que era objeto de uma intensa disputa diplomática entre o Grande Oriente do Brasil e a Grossem Loge von Hamburg (problema semelhante enfrentou a Loja “Deutsche Freundschaft Zum Südlichen Kreuse”, de Joinville).
Somente em 10 de novembro de 1885, após o retorno definitivo de Dr. Blumenau para a Alemanha, a Loja Maçônica “Zur Friedenspalme” foi finalmente instalada, sob os auspícios da Grande Loja de Hamburgo, que havia exarado a Carta Magna de Reconhecimento em 24 de junho daquele ano.
Os trabalhos eram realizados numa antiga casa de colono situada no bairro Vorstadt, que serviria posteriormente como asilo, depois residência e que atualmente dá lugar ao Hospital Santo Antônio.
Muito da documentação infelizmente acabou se perdendo ao longo dos anos: não bastassem as constantes cheias a que estava exposta a cidade de Blumenau, no ano de 1933 o Partido Nazista alemão confiscou variada documentação maçônica, comprometendo o acervo histórico da Ordem na Alemanha e, por conseguinte, da loja blumenauense oitocentista.
Nada obstante, uma preciosa documentação que resistiu respeita ao contato com os maçons da Loja “Zur Eintracht”, de Porto Alegre, que doaram à Colônia Blumenau 2:667$000 (dois contos e seiscentos e sessenta e sete mil réis), numa imprescindível ajuda para seu reerguimento após a grande enchente de 1880 (16,80m), que devastou todo o vale do rio Itajaí-Açu.
O ocaso - Em decorrência da turbulência política que assomou Blumenau e Santa Catarina na última década do Século XIX, e do rastro de destruição física, social e moral deixado, a loja blumenauense enfraqueceu porque sucumbiu à infiltração de assuntos puramente políticos em suas reuniões.
A “Zur Friedenspalme”, a primeira Loja Maçônica do Vale do Itajaí, teria funcionado até meados de 1900, quando abatera definitivamente suas colunas, citando-a os Calendários Maçônicos Alemães até o ano de 1901.
Apesar do encerramento de suas atividades, o legado da Loja “Zur Friedenspalme” pôde ser sentido Século XX adentro, mediante a atuação dos membros formados em suas fileira nos diversos segmentos da sociedade blumenauense, liderando projetos e iniciativas que fizeram do Vale do Itajaí uma das regiões mais prósperas do país."
Blumenau em Cadernos - 1961 |
Kurt Prober nasceu em 12 de março de 1909 em Berlim e faleceu no Rio de Janeiro no dia 23 de março de 2008. Seus pais foram Max Prober e Anna Virchow Prober. Chegou ao Brasil por volta do ano de 1920, fixando residência no Rio de Janeiro. Naturalizou-se brasileiro no dia 19 de outubro de 1936. Escreveu sobre vários estudos importantes da numismática brasileira. Entre esses está o Catálogo das Moedas Brasileiras, Rio: Livraria Kosmos Editora, 1981 - terceira edição da obra que influenciou outros estudos sobre numismática brasileira. Associado de várias agremiações de numismática brasileiras e estrangeiras entre essas: membro vitalício, número 95, da American Numismatic Association; fundador e Presidente da Associação Brasileira de Numismática (Rio de Janeiro); e autor de livros sobre numismática brasileira e estrangeira. Foi colecionador, estudioso, editor e comerciante. Autor de estudos clássicos sobre moedas, medalhas e legislação monetária, tendo seus estudos citados por novos pesquisadores. Divulgou a história de alguns artistas e gravadores ligados à numismática, bem como, registros de coleções e colecionadores de moedas. Desenvolveu estudos sobre medalhas e moedas fiduciárias. Foi comerciante numismático responsável. Comprou e vendeu algumas das importantes coleções numismáticas formadas durante um certo período de tempo no Brasil. Foi radioamador, jornalista profissional, desde 1946, e participava ativamente da Maçonaria - Daí este texto publicado em Blumenau em Cadernos de 1962 sobre a loja maçônica de Blumenau. Como maçom teve vários livros de seus estudos publicados e publicações suas no jornal maçom - editado por ele, no qual publicou, ainda em 2006 - A BIGORNA (publicação iniciada em 1983, que totalizou um conjunto de mais de 1500 páginas, distribuída aos estudiosos e as autoridades maçônicas) - e, no arquivo e na biblioteca maçônica, obtido com determinação e paciência.
Foto de 1989 - Do livro de sua autoria
Ouro em Pó e em Barras Meio Circulante no
Brasil 1754-1833 2 vols., Rio 1990.
A seguir, citação de Prober sobre sua participação na Maçonaria publicada no livro de sua autoria História do Supremo Conselho do Grau 33.: do Brasil Vol. I / 1832 a 1927, Rio: Livraria Kosmos Editora, 1981. Na página 405: “Para quem ainda não conhece o Ir.: Kurt Prober, vão aqui alguns dados: Iniciado Gr.1 em 1951(...) Gr.33 em 1975(...)Recebeu 34 medalhas Honoríficas de LLoj. MMaç.:(...) Publicou até aqui (1981) 8 livros sobre Maçonaria.
Esse total aumentou, depois, para mais de 30 livros. Desse mesmo livro, na página 17: “ Pelo simples fato de ser maçom “militante” e “consciente”, e ter a ousadia de dizer a verdade, seja em que circunstâncias for, e, como historiador, não ter peias em acabar com antigas lendas, inverídicas, e sobre as quais se tornou tabu sequer “pensar”, quanto mais escrever, criei a fama de autor ríspido e zangado, mas o que não é verdade, como poderão confirmar os que me conhecem pessoalmente no contato diário”.
Do Texto de Claudio Schroeder
Numismata
KURT PROBER morre aos 99 anos
Referências:SILVA, Fernando Henrique Becker Silva. Zur Friedenspalme: A primeira loja maçônica do Vale do Itajaí. Blumenau: Editora Vale das Letras, 2005.
KORMANN, Edith. Blumenau: arte, cultura e as histórias de sua gente (1850-1985). vols.1 e 2. Florianópolis: Paralelo 27, 1994.
PROBER, Kurt. Catálogos das medalhas Maçônicas Brasileiras. 2a. ed. ampl. Paquetá: Princeps Gráfica e Editora Ltda., 1988.
Blumenau em Cadernos de 1961 - Tomo 4 - N°2
Leituras complementares
Clicar sobre titulo- Fritz e Hermann - Dois Personagens da História de Blumenau
- História - Blumenau e sua formação a partir dos meios de transportes
- Os antepassados - 163 anos de Blumenau - História
- Blumenau - do Stadtplatz ao Enxaimel
- Técnica do Enxaimel
- A Ferrovia EFSC
- Leitura - Detalhes da Fundação de Blumenau
Em Construção...
Somos todos responsáveis pela....cidade. Grata pela idéia. Iluminou. Abraços.
ResponderExcluirAdorei o texto. Parabéns!
ResponderExcluirQue bom!.....Melhor ainda poder compartilhar nossas pesquisas. Abraços,
ExcluirImportante seria um selo em homenagem aos 200 anos da morte do Dr.Blumenau.Assim como uma homenagem também à Maçonaria, que foi a principal responsável pelo progresso da regiao.
ResponderExcluirHermann Blumenau faz parte da História de Blumenau e região. Sua passagem na região tem pontos que precisam ser melhor explicados. Falo como pesquisadora. Outros nomes, antes dele também merecem homenagens.
ExcluirAbraço grande.
Sempre leio seus posts, adorei uma outra em que o Sr Blumenau passou por Pelotas e fez uma descrição do local e dos costumes. Como Pelotense eu adorei a carta que ele enviou para a família falando daquela região. Eu adoraria ler uma matéria sua sobre a formação da colônia de São Lourenço do Sul. Meu pai tem origem quilombola daquela região (Boqueirão) e tem grande afeição por São Lourenço, passei os verões de minha infância nas praias dessa cidade observando as pessoas falaram em outro idioma e notando seus hábitos e costumes. Seria uma honra ter a história dessa colônia fundada pelo Sr Reigantz contada aqui no seu blog. Fica a dica.
ResponderExcluirBom dia Rodrigo. Grata pelo retorno.
ResponderExcluirGostei muito de sua dica e o farei com carinho. Assim que surgir a oportunidade. Abraço de Blumenau.