Outro dia passando pela rodovia interestadual BR 101, pelo território de Balneário Camboriú, e como Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade, não podemos ficar indiferentes ao processo, muitas vezes imperceptível ao olhar leigo, que vem ocorrendo na cidade de Balneário Camboriú, aberta aos "investimentos", muitas vezes desenvolvidos isoladamente e fora da própria cidade, que tem uma sociedade residente, com hábitos e costumes, perfil cultural e natural. Recebemos do blumenauense Günter Ronald Ewald, que escolheu residir na cidade gaúcha de Gramado, por já observar as transformações céleres nas cidades da região do Vale do Itajaí, desprovido de acompanhamento e projeto, esta fotografia da capa. Neste registro - a praia de Balneário Camboriú está sem sombra, com restinga, com a foz do rio diretamente na praia, com vegetação nas encostas, na escala da praia, destino de veranistas do Vale do Itajaí. Estava assim há exatos - somente - 69 anos atrás.
Tanto se fala em sustentabilidade nos últimos tempos. Balneário Camboriú, não tem nem mais sua própria orla marítima de maneira natural. Não se sustenta enquanto local de veraneio, porque permitiu uma ocupação insana e irregular, sobre o terreno que estava a vegetação própria e característica do local que é a restinga. No momento presente entraram em uma neura e competição "do mais alto" promovido por alguém que faliu empresas de família regional, adquiriu a mesma e também, pretendia construir no Centro Histórico de Blumenau, sem conversar com as pessoas da cidade.
Balneário Camboriú foi um dos pontos preferidos de veraneio dos moradores do Vale do Itajaí - com destaque para a cidade de Blumenau.
Atualmente, os veranistas são oriundos de várias regiões do país e até mesmo, de outros países. Os sotaques são muitos.
Década de 40 - Século passado - Arquivo Histórico de Balneário Camboriú. |
Esta foto do Rotary Clube de Balneário Camboriú é de 1945 e o Município foi oficializado em 1964, quando aconteceu sua emancipação de Camboriú, que manteve o mesmo nome o qual foi alterado em 1979 para Balneário Camboriú. Separou o local do "Valor Imobiliário" do município histórico, mas comum para os investidores imobiliários que voltaram seu olhar para o balneário.
Segundo o Padre Raulino Reitz, o nome Camboriú já era encontrado em mapas muito antigos. Camboriú - tem origem no Tupi, formado pelas palavras kamuri (robalo) e ´y (rio), ou seja o rio dos robalos.
Parque de Balneário Camboriú - 1967. |
Ilha das Cabras - em obra de pintor desconhecido com aproximadamente 100 anos, uma obra de valor histórico e artístico que ilustra esta transformação célere na cidade de Balneário Camboriú.
O local da ilha, atualmente, um dos locais mais descaracterizados e mau ocupado, no que tange a legislação ambiental atual e também, sob as óticas urbanística e sustentável que é esta parte da cidade.
Imagens da orla ocupadas indiscriminadamente por aranhas-céus. Registros de 2014, quando ainda inexistia o edifício mais alto do país.
Para onde vai todo o esgoto destes módulos residenciais? Já se perguntaram sobre isso?
Para que "uma casa" possa receber mais pessoas em seus ambientes, esta precisa ser adequada, desde o número a mais de pratos, copos e talheres, até o local de descanso, lazer, trabalho, (...), senão vai haver conflitos de muitas naturezas e "agressão" aos espaços resolvidos e existentes. Esta readequação é também, necessária para a casa maior, para a escala maior, que é a cidade. É preciso muni-la de condições para a obtenção do equilíbrio, manter sua saúde, através da sustentabilidade e observar, com isto, o meio ambiente formado pelos espaços construídos e naturais.
Mapa do início do Século XX
Camboriú e seu importante papel para todo o Vale do Itajaí
Que cidades estamos deixando para as futuras gerações?
Referências
- CARVALHO, Pompeu; FRANCISCO, José. A Função Social das Áreas de Preservação Permanente nas Cidades. In: Encontro Nacional sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis, 2003, São Carlos. Anais do Encontro Nacional sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - ENECS 2003. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2003.
- GERLACH, Gilberto. Colônia Blumenau no Sul do Brasil. Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.) : il., retrs.
- HOUGH, Michael. Naturaleza e Ciudad, Planificación Urbana y Procesos Ecológicos. México, Naucalpan: Gili, 1998.
- LAGE, Laura Beatriz. Paisagem como ligação entre a conservação do patrimônio e o planejamento territorial [manuscrito]: conservation through development / Laura Beatriz Lage. - 2018. 473 f. : il. Orientador: Flávio de Lemos Carsalade. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Arquitetura.
- ROGERS, Richard; GUMUCHDJIAN, Philip. Cidades para um Pequeno Planeta. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SL, 2005.
- ROMERO, Marta A. B. A arquitetura bioclimática do espaço público. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.
- SARAIVA, Maria da Graça. O Rio como Paisagem – Gestão de Corredores Fluviais no Quadro do Ordenamento do Território. Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e Tecnologia, Ministério da Ciência e Tecnologia, 1999.
- TNGARI, Vera; SCHLEE, Mônica; NUNES, Maria; REGO, Andrea; RHEINGANTZ, Paulo; DIAS, Maria. Sistema de espaços livres nas cidades brasileiras – um debate conceitual. Paisagem Ambiente: ensaios - n. 26 - São Paulo - p. 225 - 247 – 2009.
- WETTSTEIN, Phil. Brasilien und die Deutsch-brasilieniche Kolonie Blumenau. Leipzig, Verlag von Friedrich Engelmann, 1907.
Leituras Complementares - Clicar sobre a postagem escolhida:
- Uma voltinha em Balneário Camboriú e Laranjeiras
- Navegantes SC - Preservação da Restinga - Flora e Fauna - Contraste Positivo
- Ilha das Cabras - Balneário Camboriú em obra de pintor desconhecido com aproximadamente 100 anos
- Cidades - Uma volta em Bombinhas SC
- As cidades brasileiras estão doentes
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- Urbanismo
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- A Cidade - Organismo vivo no dia do Meio Ambiente
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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