Deutsche Welle
Movimento contra os gastos com o Mundial leva manifestantes de volta às ruas de cidades-sedes. Em São Paulo, presença de grupo de encapuzados gera confrontos com a polícia, depredação e pelo menos 20 detenções.
Manifestantes queimam pneus para fechar via durante protestos em São Paulo
Manifestações convocadas por meio das redes sociais ocuparam ruas de várias cidades do país nesta quinta-feira (15/05). Em São Paulo, ao menos 20 pessoas foram presas, houve confrontos com a polícia e depredação. Segundo informações da Polícia Militar, os detidos eram integrantes do movimento Black Bloc e levavam coquetéis molotov e martelos. O número de manifestantes passou de 1.200, segundo estimativas oficiais.
A concentração começou no final da tarde na Praça do Ciclista, na região central de São Paulo, e, durante caminhada pela Rua da Consolação, já à noite, um grupo passou a agir de forma violenta, depredando concessionárias e outros estabelecimentos. A polícia usou bombas de gás para controlar o tumulto, e houve confronto.
Coordenados pelo Comitê Popular da Copa e outras entidades sociais, os atos foram chamados de “abertura oficial da Copa das Manifestações” e a data foi batizada de Dia Internacional de Lutas contra a Copa. Os manifestantes, que foram às ruas em dezenas de cidades, reclamam dos gastos públicos com a Copa e cobram investimentos em saúde, educação e moradia.
No Rio de Janeiro, professores municipais e estaduais, além dos rodoviários, protestaram durante a tarde. À noite, um grupo de cerca de mil pessoas se reuniu diante da prefeitura. Durante a dispersão, houve momentos de maior tensão, com a presença de grupos de encapuzados, mas sem confronto.
Homenagem a operários mortos
Em Brasília, o protesto reuniu cerca de 250 pessoas no terminal rodoviário, na área central, no fim da tarde, horário de grande movimento no local. Munidos de cruzes com os nomes dos nove trabalhadores que morreram durante a construção dos estádios, o grupo gritava frases como “Fifa, go home”, “Ei, Fifa, volta pra Suíça” e “Dilma, me escuta, na Copa vai ter luta”.
A ideia, segundo os organizadores, é promover o diálogo. “Esse é um primeiro ato de uma série de novas manifestações e a ideia é dialogar coma população para explicar nossa bandeira”, disse Marcia Teixeira, uma das organizadoras do movimento.
O grupo permaneceu entoando as palavras de ordem durante cerca de uma hora na rodoviária e, em seguida, caminhou em direção ao Estádio Mané Garrincha. As cruzes foram fixadas num gramado em frente ao estádio.
“Fizemos uma bela jornada em 2013 e hoje plantamos uma importante semente para fazer a jornada de junho de 2014”, disse Rodolfo Mohr, integrante do movimento "Juntos", que prometeu protestos para todas as semanas até o início da competição e, também, em todos os dias de jogos marcados para a capital.
Recife teve dia de saques e confusão devido à greve de policiais militares
Outros protestos
Pela manhã, integrantes dos movimentos dos sem-teto promoveram protestos no Rio e Janeiro, São Paulo e Brasília e houve confronto com a polícia. Segundo a PM de São Paulo, o número de manifestantes chegou a 2 mil pela manhã. O grupo chegou a ir à Arena Corinthians e depois voltou à Praça do Carmo, na região central da cidade.
Em Brasília, um grupo de cerca de 500 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) chegou a invadir a sede da Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília e dona do estádio nacional). A PM precisou usar spray de pimenta para conter os manifestantes.
Ao longo do dia, também houve registro de protestos em outras capitais, como Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador e Curitiba, porém sem violência.
O dia foi de tensão também no Recife, onde vários estabelecimentos comerciais foram saqueados desde a noite de terça-feira (13/05), quando policiais militares e bombeiros de Pernambuco iniciarem uma greve, que se encerrou apenas na noite desta quinta-feira.
A pedido do governador João Lyra Neto, o Ministério da Justiça autorizou o envio de homens da Força Nacional de Segurança Pública para Pernambuco. A força está autorizada a permanecer no estado pelo período necessário, até o encerramento da greve, e vai atuar em ações de segurança e ordem pública.
“Reivindicações históricas”
Ainda durante o dia, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que os protestos não são necessariamente contra a Copa, mas são “reivindicações históricas por saúde e moradia”.
Ele argumentou que são categorias que estão em processo de negociação e que, tradicionalmente, protestos de sindicatos e sem-teto acontecem nos meses de abril e maio.
Já o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que as manifestações pacíficas são protegidas por lei e que “não representam ameaça de nenhuma forma”. Segundo ele, trata-se de “manifestações por reivindicações que acontecem perto da Copa”.
- Data 16.05.2014
- Autoria Ericka de Sá, de Brasília
- Edição Rafael Plaisant
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