segunda-feira, 26 de maio de 2014

Um pouco de história da Colônia Hammônia ou - Ibirama - se preferir.

Pastor Hugo Westphal e Simone Westphal
No sábado, dia 17 de maio de 2014, a Igreja Martin Luther de Ibirama festejou 110 anos de pedra fundamental e 85 anos de consagração, de maneira festiva. A pedra fundamental foi lançada pelo Pastor Paul Aldinger no dia 31 de outubro de 1917. 
O Pastor Hugo Solano Westphal foi convidado para fazer a pregação do culto de domingo, dia 18 de maio - 10:00h. Esta é a mesma igreja, na qual sua esposa  - Simone Westphal fora batizada e onde casaram-se há algum tempo atrás.
De acordo com Simone. Westphal, o vitral foi doado pelo Senado de Bremem  e Hamburgo, no ano de 1928.
Pastor Dr. Paul Aldinger em um livro alemão
que menciona sua vida em Hammônia

Foto: Arquivo Histórico de Ibirama
Os primeiros cultos eram feitos no galpão dos imigrantes e o primeiro Pastor foi o Pastor Ziegel de Indaial que visitava a comunidade e rezava dois cultos por ano. Em 1902, formou-se uma Comunidade Luterana e o P. Paul Aldinger foi o pastor da Comunidade. P. Aldinger veio de Heutingsheim - Wüttemberg - Alemanha e chegou em Hammônia em 16 de junho de 1901. Estudou teologia no Seminário Teológico Evangélico de Blaubeuren - Universidade de Tübingen - Alemanha. O objetivo de sua viagem, era  pesquisar e também criar um centro de experimentação para formar líderes comunitários. Foi surpreendido quando, em 1902, recebeu o convite para assumir as funções pastorais em Hammônia.

Em 1903,  fez 18 cultos, 22 batizados, 4 casamentos, 9 sepultamentos e 6 confirmações. Em 1908, Pastor Paul Aldinger viajou para a Alemanha e foi substituído pelo Pastor  Hobus. Em 1914, Pastor Paul Aldinger, quis retornar para a Alemanha. Não pode, porque iniciou a Primeira Guerra Mundial e permaneceu em Hammônia até 1920, quando o Pastor Grimm, ocupou seu lugar. Antes de retornar, lançou a pedra fundamental da nova Igreja Luterana no dia 31 de outubro de 1917, cuja construção não teve sequência por conta da Primeira Grande Guerra que acontecia na Europa, envolvendo a Alemanha. O terreno da nova Igreja foi doado pela Sociedade Colonizadora Hanseática.

Solenidade do lançamento da Pedra fundamental da nova igreja em 1917
Foto: Igreja Martin Luther de Ibirama
Construção
Foto Igreja Martin Luther de Ibirama
Foto ao lado mostra um pouco da festa da cumeeira da Igreja Martin Luther de Ibirama. Este ritual é prática cultural e mitológica, herança das primeiras tribos germânicas e depois do povo pomerano, trazida, disseminada e praticada também, nos Vales colonizados pelos alemães, em Santa Catarina.

A nova igreja foi inaugurada em 12 de maio de 1929. A comunidade se reuniu na antiga escola alemã, no centro, onde aconteciam os cultos até então, desde 1914/1915 e atravessaram a cidade  em direção ao novo templo, para participarem do culto de consagração.
A construção da igreja aconteceu sem interrupções entre os anos de 1927 e 1929. Em 12 de maio foi inaugurada, quando foi consagrada.

Para ler - clicar sobre:  Pomeranos
Foto: Igreja Martin Luther de Ibirama

Foto: Igreja Martin Luther de Ibirama
Consagração     Foto: Igreja Martin Luther de Ibirama



Vamos conhecer um pouco mais sobre a antiga Colônia Hanseática Hammônia  - atual Ibirama.
A cidade de Ibirama atual, antiga Colônia Hammônia, completou em março, 80 anos de emancipação. Está situada em um território de 247,348km2, possui 18.097 habitantes (dados de 2013) e um PIB per capita de R$ 16.943,84.


História...
Hammônia em   1902 - Atual centro de Ibirama
Muitos dos imigrantes que vieram para a região o fizeram por intermédio de companhias colonizadoras, empresas que se comprometiam a assentar determinado número de imigrantes em uma região e a dotá-los de áreas providas de serviços públicos necessários, por meio de contratos de colonização com o governo brasileiro, em troca de uma gleba de terra. As companhias faziam investimentos em meios de transporte, nas obras iniciais de colonização e cediam aos colonos, terras e equipamentos gratuitamente ou pelo preço de custo, além de, também, empregarem agentes recrutadores, hábito que sempre ocorria na prática. Gradativamente, a colônia em expansão se desenvolvia urbanisticamente e ficava mais fácil atrair novos interessados em nela residirem, pois a terra se valorizava cada vez mais. Por meio da valorização, o negociante de terras recuperava o capital investido e obtinha lucro sobre as transações.
Por volta de 1895, uma das áreas mais valorizadas da bacia do Itajaí, banhada pelo Rio Hercílio, começou a ser colonizada por meio de concessão dada à Sociedade Colonizadora Hanseática, sediada em Hamburgo, Alemanha.
        
O Governo, em dia 31 de janeiro de 1850, apoiado sobre o decreto legislativo nº 397 de 1846, outorgou o direito de naturalização aos imigrantes estabelecidos em São Pedro de Alcântara.  Pg 19  
àEste decreto, assim como um conjunto de novos instrumentos jurídicos, influenciaram bastante o estabelecimento dos imigrantes. Além disso, o estouro de várias revoluções na Europa, sobretudo as que tiveram lugar na Alemanha e na Itália em 1848, provocaram o aumento da imigração e em conseqüência o processo de povoamento se acelerou.  Pg19 
àInstituída a lei de Terras em 1850, regulamentada pelo Decreto 1.318 de 1854, o processo de povoamento é então acelerado.  Pg 20  
à Em 1897 a Sociedade de Colonização Hanseática recebeu o direito de comercialização das terras situadas na bacia do Rio Itajaí do Norte. Esta sociedade estabeleceu um plano de ocupação do solo para 99ha. Sobre um total de 127.318ha., sendo o terreno dividido em 4.000 lotes rurais e 325 urbanos. O núcleo urbanos desta Sociedade chamou-se Hamônia, hoje Ibirama, sede da micro região Colonial Itajaí do Norte.  Pg 20 
 àNesta mesma época, ou seja, no período que compreendeu o fim do século XIX e o início do século XX, o território do Estado foi dividido em várias áreas para ocupação fundiária, conforme a solicitação de empresas privadas cujo objetivo era o povoamento. A maior parte destas empresas se ocupam unicamente com a exploração fundiária; logo que a maior parte dos terrenos estivessem vendidos, elas desapareciam.  Pg 20                                                                                  VIDOR, Vilmar. Indústria e Urbanização no Nordeste de Santa Catarina. Editora da FURB. Blumenau, 1975.
A concessão era de 650 mil hectares e compreendia toda a área da bacia do Rio Hercílio. De acordo com a narrativa de Niels Deeke, verificado posteriormente, foi a área da concessão real, foi de somente 170mil hectares, não chegada na época, mas 25 anos após. Embora a área fosse munida de potencial geográfico, estava isolada da sede da colônia Blumenau e, por conseguinte, do porto fluvial. Nos primeiros tempos de fundação era chamada de Die Hansa.
Arquivo Histórico de Ibirama

No dia 7 de novembro de 1897, saíram da localidade de subida, o Presidente da Sociedade Colonizadora Hanseática - A. W. Sellin, o Eng. Emil Odebrecht, mais sete homens. Subiram o rio Itajaí Açu de canoas, até chegarem na confluência com o Rio Itajaí do Norte, onde passaram a noite. No dia 8 de novembro chegaram à Barra do Ribeirão Taquaras, onde foi oficializada a fundação da Colônia Hammônia. Após analise, concluíram ser  o local adequado para a nova cidade.
Moinho da Familia Koglin da Colonia Hammonia
Foto: Arquivo Histórico de Ibirama

Em abril de 1898, Emil Odebrecht e os agrimensores Theodor Kleine e Johann Denk, inciaram as medições dos lotes de terras, e a providenciar o mapa hidrográfico do Rio Hercílio e seus afluentes. Com a quantia de um pequeno valor, construíram um galpão para os imigrantes que estava pronto já no final do ano. O primeiro morador oficial da Die Hansa, mais tarde Colônia Hammônia - Willy Lüderwald e sua esposa, chegaram  em julho de 1899. A família ficou instalada no galpão dos imigrantes e Lüderwald, ficou com o cargo de administrador do mesmo.
O agrimensor   José Deeke assumiu a direção da colônia e mantinha ligações diretas com as lideranças do Stadtplatz da colônia do Dr. Blumenau. No fim desta postagem, um artigo escrito por Deeke, sobre a Colônia Hammônia, no dia 8 de novembro de 1922.
“Hammonia” significa “Hamburgo”, cidade e porto alemão em que era situada a sede da “Sociedade Colonizadora Hanseática”, fundadora e responsável pelas Colônias Hanseáticas: “Hansa-Hammonia” (Ibirama), “Hansa-Humbolt” (Corupá), “Itapocu”, em Joinville, e um núcleo colonial em São Bento do Sul. “Hammonia” foi a denominação dada pelos invasores romanos, no início da era cristã, à mais importante das cidades hanseáticas da Alemanha. (Blumenau em Cadernos, Tomo XXII, nº 7, julho de 1981, p. 195).

Assim que começou a assentar os imigrantes em um dos pontos de convergência de grande número de imigrantes, bem como a instalação da sede da colônia, percebeu-se a necessidade de se construir uma ferrovia que ligasse a Colônia Hammônia à sede da Colônia Blumenau, uma contribuição grande para que este projeto fosse efetuado.
Face aos precários meios de transporte estaduais, na época, o caminho aberto até Aquidaban,e o trajeto entre Blumenau e a sede da nova Colônia Hansa Hammônia eram difíceis e penosos, mormente se se considerar que os imigrantes eram, em geral, portadores não só de ferramentas e utensílios indispensáveis ao desbravamento de seus lotes, mas ainda de grandes caixas de roupas, objetos caseiros e até peças de mobiliário. (SILVA, 1972, p. 152).
Aproveitando essa dificuldade de acesso às terras da bacia do Rio Hercílio, a ACIB e a administração pública da Colônia Blumenau fizeram lobby junto à Colonizadora Hanseática, para que esta viabilizasse a implantação de uma linha férrea entre as duas colônias, Blumenau e Hammônia. As vantagens dessa linha férrea, para a Colonizadora Hanseática, entre outras, seria a facilidade de acesso à região, o que resultaria na valorização das terras a serem negociadas; a principal vantagem aos colonos já instalados seria a disponibilidade de um meio de transporte rápido e seguro até o porto fluvial, sede da Colônia Blumenau - o Stadtplatz, sem o frequente ataque dos índios e, finalmente, a principal vantagem para os comerciantes e industriais seria a concretização do intento que buscavam de longa data: as melhorias dos meios de transporte na região. 
Porto fluvial Colônia Blumenau


Aos fundos Estação Hansa da EFSC e foz do Rio Hercílio
A Colonizadora Hanseática, ciente das dificuldades de acesso, da necessidade de melhorias da acessibilidade para o desenvolvimento da colônia, estimulada e incentivada pelas lideranças locais e com o apoio do Banco Alemão, decide pela execução do projeto de implantação ferroviária no Vale do Itajaí, em um primeiro momento interligando a sede da Colônia Blumenau à sede da Colônia Hammônia.
Ponte Ferroviária em Ibirama - inaugurado junto com o primeiro trecho ferroviário da EFSC em 1909


Estação de Ibirama
Arquivo histórico de Ibirama



A Ferrovia Estrada de Ferro Santa Catarina - Blumenau - Bairro Salto Weissbach
A Estrada de Ferro nasceu em função da criação da Hanseática (Ibirama), seria um consórcio alemão de Hamburgo. Adquiriu uma grande extensão de terras às margens do Rio Norte. Sendo que a colonização no Vale do Itajaí só seria viável mediante a construção de uma estrada de ferro, para transportar as mercadorias. A luta por esta Estrada de Ferro agitou até a política internacional. A Alemanha fez então o empréstimo a Blumenau. (DAGNONI, 2006, p. 9).

No dia 13 de abril de 1912, a nucleação urbana de Hammônia é elevada a sede distrital, na qual está localizada a administração da Sociedade Colonizadora Hanseática.
Para contar muito sobre esta história, nada menos que José Deeke, Diretor da Colônia Hammônia e também, tio de Niels Deeke, filho de Hercílio Deeke, nomes ligados à história da região e que conheciam muito sobre a mesma.
Niels Deeke - neto de José Deeke
Para ler - Clicar sobre o nome:
Artigo de José Deeke - Diretor da Colônia Hammônia.



















Artigo publicado no periódico Blumenau em Cadernos
José Deeke escrevia muito e sua contribuição com a História da região foi grande. Uma de suas principais obras e mais conhecida é o livro Die Kolonie Hammonia, no qual há registros de dados históricos e estatísticos da Colônia Hammonia até o ano de 1922.
Ibirama e sua história...muito próxima da História de Blumenau.
Parabéns! 



Referências

CENTENÁRIO de Blumenau. 1850 - 2 de Setembro - 1950. Blumenau: [s.n.], 1950. - 1v.(varias paginações).il. Edição Comissão de festejos.
DAGNONI, Cátia. Comunicações e transportes no Vale do Itajaí- junho 1991. Nossa História em Revista, Rio do Sul, tomo 2, n. 4, p. 30, set. 2000.
DAGNONI, Cátia. Fechamento da estrada de ferro no Vale do Itajaí. Nossa História em Revista, Rio do Sul, tomo 8, n. 5, p. 65, nov. 2006.
DEEKE, José. Traçado dos primeiros lotes Coloniais da Colônia Blumenau. 1864. In: FUNDAÇÃO CULTURAL DE BLUMENAU. Arquivo Histórico José Ferreira da Silva. Colônia Blumenau. Mapas.
ESTRADA de Ferro Santa Catarina. Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, Coleção Comunicação/Transporte, Pasta 4.2.1.1, doc 2.
SIEBERT, Claudia Freitas. Estruturação e desenvolvimento da rede urbana do Vale do Itajaí. Blumenau: Ed. da FURB, 1996. 118f. 
SILVA, José Ferreira da. Estrada de Ferro Santa Catarina – Há Sessenta Anos Emprestando Inestimáveis Serviços ao Vale do Itajaí e ao Nosso Estado. Blumenau em Cadernos, Blumenau, tomo 20, n.5, p. 81-86, maio 1969.

SMILES, Samuel. Early inventors in locomotion. Disponível em: < http://gerald-massey.org.uk/smiles/c_stephenson_01.htm>. Acesso em 02 fev. 2010.
VIDOR, Vilmar. Indústria e urbanização no nordeste de Santa Catarina. Blumenau: Ed. da FURB, 1995. 248p, il.
WITTMANN, Angelina C. R. A estrada de ferro no Vale do Itajaí: resgate trecho Blumenau-Warnow. Blumenau: Edifurb, 2001. 145p. il.










2 comentários:

  1. Quanto ao Pastor Dr. Paul Aldinger,é necessário registrar que ele também foi professor, e já em janeiro de 1902, ou seja 6 meses após a sua chegada, ele deu início a atividade escolar, com uma pequena turma, no rancho dos imigrantes.
    Durante toda a sua estadia em hamonia, além de pastor, foi também professor e inspetor escolar, tanto que após entregar o cargo de pastor em agosto de 1920, ainda permaneceu aqui até 3 de julho de 1927, ou seja, duas semanas antes da "Festa da Cumeeira" da igreja Martin Luther, cuja pedra fundamental ele lançara em 31.10.1917. Neste período de 25 anos fundou inúmeras escolas alemãs na colônia.

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  2. Muito bem...Agradecemos tão importante contribuição. Com tempo e com calma anexaremos esta valiosa informação no corpo da postagens. Abraços cordiais aos amigos de Ibirama...

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