Festival Brasileiro da Cerveja Blumenau 2017 e a História de cerveja em Blumenau e região.

Cervejaria Artesanal Backer - Belo horizonte MG - medalha de ouro categoria Pilsen - Festival Brasileiros da Cerveja Blumenau 2017

O tema dessa postagem é a bebida inventada pelos Sumérios - antiga civilização que também inventou a roda e a escrita. Viviam no sul da Mesopotâmia - que significa região entre rios (Tigre e Eufrates) atual território do Iraque e Kuwait. Foram encontrados material arqueológico que data de 2600 a 2350 antes de Cristo, mencionando a Ninkasi - Deusa da Cerveja na Suméria. Sua produção é muito mais antiga. Depois da Suméria, a produção da cerveja aconteceu em todos os quadrantes do planeta.
Curiosamente tinha uma cervejaria com o nome Suméria expondo na Festival Brasileiro da Cerveja - Blumenau 2017.

Sumerios produzindo cerveja

Festival Brasileiro da Cerveja Blumenau 2017

A cerveja veio para a grande Colônia Blumenau, atual região do Vale do Itajaí, com os imigrantes alemães, fundadores das primeiras cidades na região e que eram naturalmente cervejeiros. Quase toda propriedade era autossuficiente, desde produtos conseguidos a partir da agricultura, pecuária, e entre eles a bebida feita feita do lúpulo, cevada e água.

Já escrevemos sobre o mestre cervejeiro que produziu a primeira cerveja artesanal que comercializava cerveja na Colônia Blumenau - Herr Hosang.

Fotografia do dia 7 de fevereiro de 2017.

Blumenau atual também ficou conhecida pela arte artesanal dos cervejeiros – consolidada no grande evento - Festival Brasileiro da Cerveja, no qual se reúnem os maiores cervejeiros do país.

Foi sancionado no último mês de março de 2017, pelo Presidente do Brasil - Michel Temer, o projeto de Lei que confere à cidade de Blumenau o título de Capital Nacional da Cerveja - é muito natural pois é parte da história e cultura da região do Vale do Itajaí - antiga Colônia Blumenau.
Muitos dos atuais cervejeiros - de todas as regiões do país - desconhecem esse fato histórico. Já nos perguntaram, em outras ocasiões, se antes de existir a cerveja industrializada, os alemães que viviam na Colônia Blumenau e região bebiam a bebida inventada pelos sumérios.

Os primeiros blumenauenses, não só bebiam, como também, fabricavam sua bebida artesanalmente, como muitos dos cervejeiros que se encontram atualmente no Festival de Cerveja de Blumenau.

Os primeiros blumenauenses (imigrantes alemães e descendentes) trocavam "figurinhas" durantes as reuniões do Kulturverein para melhorar a qualidade de suas bebidas.

O que acontece atualmente na cidade de Blumenau e região, não é mais do que o resgate de uma prática comum nas primeiras décadas da história das vilas e cidades da região da grande Colônia Blumenau.

Território aproximado da Colônia Blumenau - final do Século XIX e início do Século XX

A História...

A História dos cervejeiros em Blumenau é muito antiga. Quase tão antiga quanto a história da cidade, a partir de seu primeiro núcleo urbano. O tempo da Schützenverein, da Frohsinn, da Gemütlichkelt, dos Encontros de Corais, dos Stammtisch, dos torneios de canto e dos Torneios de Skat que aconteciam regadas com cerveja artesanal local. A bebida faz parte da cultura destes imigrantes alemães e acompanhava os momentos de atividades sociais da Colônia Blumenau.

Stammtisch na frente do Schützenverein (Clube de Caça e Tiro) Blumenau - Atual Tabajara - Cerveja sobre a mesa

Blumenau colonia tinha muitos desafios a serem vencidos de ordem primária a partir de privações básicas originadas pela ausência de infra estrutura básica e diante de uma cidade inteira para se construir. Isto não foi impedimento para a manutenção da convivência social através das inúmeras práticas esportivas, culturais e o brinde com uma boa cerveja artesanal.

Um gravura de um Stammtisch - na Alemanha em 1519

“Vivem, apenas na nossa recordação, as reuniões sociais, os bailes onde a cerveja crioula imperava em cada mesa, farta e barata, sobre os balcões dos bares, iluminando o geral contentamento, que se traduzia em cantos e vivas, de mistura com as polcas e valsas da orquestra de sopro, entre as quais sobressaiam as que tinham por mestres o Lindner, o Rüdge e o singular August Werner, cujo piston, assoprado por possantes bochechas faziam estremecer as vigas dos salões, cobertas de bandeirinhas de papel de seda multicor.” José Ferreira da Silva – 1960 (Historiador e ex-prefeito de Blumenau)

A primeira cervejaria de Blumenau

Antiga fábrica de cerveja na Alemanha

Foi natural, que entre tantas práticas culturais, os primeiros colonos alemães trouxessem em suas bagagens a arte de preparar a cerveja. Na Alemanha, muito mais que tradição – quase um culto natural.

Em 29 de março de 1858, um conterrâneo do fundador da Colônia Blumenau - Hermann Blumenau, chegou à Colônia Blumenau - Heinrich Hosang.
Sr. Hosang nasceu no dia 28 de março de 1828 no Condado de Brunswick. Na época o Heinrich Peter Andreas Hosang tinha 30 anos de idade e comprou um lote colonial às margens do Ribeirão Garcia.

Sr. Heinrich Hosang

Além de trabalhar na terra de seu lote colonial, como o faziam todos os primeiros colonos. Pois tinham que garantir o sustento da propriedade e a alimentação básica, também teve outra ideia inédita na Colônia Blumenau. Montou uma fábrica de cerveja – ofício que conhecia muito bem, quando ainda morava no ducado de Brunswick - Alemanha.

Em 1860, mudou-se para a atual rua São Paulo, construindo sua residência aos fundos de sua cervejaria. Neste tempo casou com a moça - Srta Helene Friederike Henriette Brandes. Neste ano a Colônia Blumenau possuía em torno de 190 famílias.

José Ferreira da Silva deixou registrado em um, de seus muitos textos, que Sr. Hosang, adquiriu um terreno de 150 geiras, no valor de 450$000, pagos a vista.

A Cervejaria Hosang foi a primeira cervejaria na Colônia Blumenau e pioneira. Outras surgiram, mas nunca foram concorrência para a tradição da Cervejaria Hosang que se desenvolveu muito nos anos seguinte. Era a marca preferida do comércio local.

Antigas garrafas de cerveja alemãs - Em muitas família das primeiras décadas da colônia eram encontradas este tipo de garrafas, as quais eram abastecidas pelo cervejeiro

Sr. Heinrich Hosang trabalhou até os últimos tempos de sua vida, produzindo cerveja. Faleceu no ano de 1888, com 60 anos de idade.

Deixou grande montante documental sobre a arte de fazer cerveja para seus herdeiros, como também, o livro de registro de vendas de cerveja, de 1880 a 1881, a comerciantes e particulares locais onde há dados curiosos sobre os consumidores da cerveja, naquela época.

O livro da Sociedade de atiradores, que estava sob os cuidados do Sr. Francisco Lungershausen, publica que o consumo em um ano foi de 7722 garrafas de cerveja da fábrica Hosang, fora outras marcas consumidas.

Para ler mais sobre - Clicar sobre:

Heinrich Hosang – Primeiro Cervejeiro de Blumenau

O Festival Brasileiro da Cerveja artesanal de Blumenau - 2017 e a Feira da Cerveja não deixa de ser o resgate de uma prática trazida pelas pessoas que povoaram essa região.

Um pouco do Festival Brasileiro da Cerveja Blumenau 2017.

De acordo com a organização do evento, inscreveram-se em 2017, 332 cervejarias. Comparado ao ano anterior, houve um aumento de aproximadamente 50% das inscrições.

Fizeram parte do jurado que escolheu as categorias das cervejas premiadas no ano de 2017, 61 jurados de 20 países. Entre esses, especialistas da América do Sul, dos Estados Unidos, da Europa, da África e da Ásia.

Os jurados que confirmaram presença - foram:

John Brauer - África do Sul
Alexander Himburg - Alemanha
Diego Van Der Saar Castro - Argentina
Leo Ferrari - Argentina
Luc De Raedemaeker – Bélgica
Adriano Bovo Mendonça - Brasil
Alexandre Bazzo - Brasil
Alexandre Weckl - Brasil
Ana Carolina Oda Joaquim - Brasil
Ana Paula de Almeida - Brasil
Antonio Luiz de Almeida e Macedo - Brasil
Daniel Wolff - Brasil
Daniela de Castro Dezordi - Brasil
Douglas Merlo - Brasil
Eli Bernadino - Coelho Junior - Brasil
Fabiana Maria Arreguy Corrêa - Brasil
Fábio Teleginski - Brasil
Gustavo Henrique Palhares de Miranda - Brasil
Humberto Fröhlich - Brasil
Kátia Jorge - Brasil
Leonardo Sewald - Brasil
Leonardo Augusto Botto Maia - Brasil
Marco Antonio dos Anjos Falconi -Brasil
Marcus Vinícius Faturi Dapper - Brasil
Maurício Beltramelli - Brasil
Mauricio Santos Chaulet - Brasil
Pablo Henrique Mariz Carvalho - Brasil
Patrick Zanello - Brasil
Rafael Cadilhe David – Brasil
Rafael Strapazzo - Brasil
Rafaela Brunetto - Brasil
Ricardo Canabrava França - Brasil
Roberto Alves da Fonseca - Brasil
Rodolfo Heitor Vargas Rebelo - Brasil
Rosaria Penz Pacheco - Brasil
Sady Homrich Junior - Brasil
Victor Pereira Marinho - Brasil
Christoph Flaskamp - Chile
Jaime Ojeda - Chile
Leonardo Caifa - Chile
Ricardo Andres Solis Ibacache - Chile
Junghoon Yoon - Coréia do Sul
Fernando Campoy Osset - Espanha
Graciela Cervantes - Estados Unidos
Pete Slosberg - Estados Unidos
Richard Hodges - Estados Unidos
William Richard (Dick) Cantwell - Estados Unidos
Elisabeth Pierre Kopp - França
Kieran Johnson - Inglaterra
Melissa Cole - Inglaterra
Patrick William Johnson - Inglaterra
Jos Brouwer - Holanda
Giovani Campari - Itália
Simonmattia Riva - Itália
Omar Hassib Apud Baça - México
Mervin Bradley (Brad) Kraus - Panamá
Andréa Huerta Cabrejos - Peru
Rafal Kowalczyk - Polônia
Andreas Fält - Suécia
Pablo Pereiro - Uruguai
Carlo Ruiz – Venezuela

A cervejaria gaúcha Tupiniquim levou o maior número de prêmios no Concurso Brasileiro de Cervejas de Blumenau 2017. A escolha das categorias premiadas do Festival Brasileiro de Cerveja Blumenau 2017 aconteceu na noite do dia 7 de março. A Cervejaria Tupiniquim foi avaliada como melhor cervejaria do concurso da edição 2017, levando nove prêmios.

O Rio Grande do Sul foi o estado com o maior número de medalhas, em um total de 58. Na sequência foi Santa Catarina, que recebeu 51 medalhas.

Na edição 2017 do Festival Brasileira da Cerveja Blumenau 2017 foram avaliados 2.034 rótulos de 332 cervejarias. Foram distribuídas 256 medalhas. Destas, 97 foram de bronze, 90 de prata e 69 de ouro.

A grande novidade dessa edição de 2017 foi o desmembramento da categoria Cerveja Brasileira, conforme a adição de frutas, ervas e especiarias, madeiras e ingredientes brasileiros – receitas de cervejas brasileiras, que também não seguem a Lei da Pureza alemã.

A seguir a lista dos expositores:

Expositores
Festival Brasileiro da Cerveja 2017

Conversando...

Lembramos que o festival reporta a um resgate local, com identidade local e regional. Ao visitarmos a Vila Germânica - Blumenau, local do festival, no último dia 9 de março, percebemos que um conjunto tocava no palco do Setor 1, a música da tradição e cultura das duas primeiras capitais do Brasil - o Samba (Produto de exportação do Brasil). Melodia que não tem ligação cultural com a região e com a cidade que organiza o evento. Cidade de Blumenau que acabou de receber o Título de Capital Nacional da Cerveja.

A identidade é fundamental para que ocorram trocas culturais dentro de um Brasil com território continental e multicultural. As pessoas que visitam o evento esperam encontrar o perfil histórico e cultural da região e da cidade de Blumenau, que não é o mesmo das cidades de origem da maioria dos expositores.

Originalmente, seria apropriado apresentar aos expositores e aos visitantes, o Blasmusik, "a orquestra de sopro" anteriormente mencionada no texto de Ferreira da Silva, música alemã, música do vento que tem excelentes grupos musicais dentro do próprio estado de Santa Catarina, como a Banda Municipal de Pomerode e a Banda Treml de São Bento do Sul que tocou no Oktoberfest Blumenau 2016. Sem esquecer, a Banda Municipal de Blumenau - criada para atender esse objetivo - levar a música local aos visitantes da cidade. Música local.

A seguir uma amostra das duas primeiras sugestões - entre muitas - em pequenos vídeos - os quais fizemos em eventos da região e datas diferentes, para conferir:

A seguir, a Música tocada na Cervejaria Hofbräuhaus - da cidade de München - Sul da Bavaria, ou em qualquer cervejaria da Alemanha - origem da cultura regional do Vale do Itajaí. Fizemos o vídeo em maio de 2016 . É tradição! É atemporal!

Se o evento fosse no Rio de Janeiro, por certo e acertadamente, a música seria samba e não Blasmusik. A originalidade é um elemento importante e devemos oportunizar esses momentos.

Estivemos na Vila Germânica no dia 9 de março e deixamos alguns registro e momentos desse grande evento nacional, que acontece na região do Vale do Itajaí, antiga Colônia Blumenau.

As imagens comunicam...