sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Família Persuhn - Cervejaria W.A. Persuhn Cervejaria Indayal - De Altona Para Indaial SC

Fonte: Arquivo Histórico Municipal de Indaial.

A comunidade de Altona - atual bairro de Itoupava Seca (Sobre - link no final da postagem), de Blumenau foi um celeiro de cervejeiros na região,  nas primeiras décadas históricas da Colônia Blumenau. Destes, já escrevemos sobre alguns, como: Heinrich Hosang, o primeiro cervejeiro de Blumenau, que ensinou o ofício para Otto Jennrich (trabalhou na primeira cervejaria) e no momento, pesquisamos e escrevemos sobre o cervejeiro  Carl Rischbieter, o qual construiu a bela casa que receberá o espaço nobre do Norden - em breve. E nesta postagem, apresentamos um pouco sobre a história da Família Persuhn, Albert Otto Walter Persuhn e sua cervejaria, fundada em Indaial - a Cervejaria W.A. Persuhn - Cervejaria Indayal.
No desdobramento destas pesquisas, observamos que Otto Jennrich, nascido em 29 de junho de 1868, era neto de  Erdmann Jennrich que residia em Indaial, imigrante que veio  para a Colônia Blumenau em 1869, com a idade de 59 anos. Isto é um ano após o nascimento de Otto, que nasceu  em 29 de julho de 1868 no Barracão dos Imigrantes no Stadtplatz da Colônia Blumenau, exatamente 14 dias após a chegada de seus pais, que de 8 de abril até 15 de julho fizeram uma viagem penosa em um veleiro partindo de Porto de Hamburg - chegando no porto de Itajaí. De acordo com relato do Professor Max Humpl, seus pais, depois deste período no Stadtplatz, foram viver em Warnow - Indaial, até que foram surpreendidos por um ataque de índios. O tio de Jennrich foi morto neste ataque. Após o episódio, mudaram-se para Indaial. Com 14 anos de idade, Otto Jennrich  foi residir com Carl Friendenreich e entre os anos de  1883 até 1891, Otto Jennrich começou a  trabalhar na Cervejaria Hosang. Ainda de acordo com a narrativa do Professor Max Humpl, Otto Jennrich construiu uma pequena cervejaria. 
Família Persuhn                                                     

O patriarca da família PersuhnAugust Daniel Persuhn, nasceu em Braunschweig - região da atual Alemanha, em 13 de junho de 1824, migrou para o Brasil  e chegou no Porto de São Francisco em  6 de outubro de 1854 e em Blumenau em 2 de novembro de 1854, com sua primeira esposa Dorothea Friederike Henriette (Bähr) Persuhn e seu filho que contava com apenas 8 meses de idade. Com eles também chegaram, toda a família de sua esposa: (sogro) Christian Bähr, (cunhado) Friedrich Bähr e sua esposa e 2 filhos, (cunhado) Wilhelm Bähr, mulher e 1 filho. De acordo com o Professor Max Humpl, Persuhn tinha muito dinheiro na Alemanha e generoso, pagou os custos de travessia dos familiares de sua esposa e de outros conhecidos, que somaram um grupo de 16 pessoas. Se for observado o registro encontrado na Lista de Imigrantes do Arquivo Histórico de Joinville, talvez não foi por motivo de ser abonado, mas sim, generoso, uma vez que viajou na terceira classe. No livro Colônia Blumenau no Sul do Brasil encontramos a informação de que Persuhn fazia parte de uma família nobre  - Família dos Condes de Dupresson (França).
Arquivo Histórico de Joinville - Lista de imigrantes.
Braunschweig - cidade natal de August Daniel Persuhn.
August Daniel Persuhn foi o primeiro colonizador de Altona e adquiriu o seu lote com o fundador Hermann Blumenau. Construiu sua primeira casa em novembro de 1854 (a Colônia Blumenau tinha somente 4 anos), após ter morado com sua família e amigos, no galpão dos imigrantes.   Este lote de 100 jeiras, foi retalhado, onde parte ficou com seu filho Gustav e outras partes, foram adquiridas por Otto Jennrich, August Franke, Gustav Grassmann, viúva Dietrich, viúva Liesenberg e pelo Clube Social Teutonia. 
Galpão dos Imigrantes - Stadtplatz - Centro Histórico de Blumenau.



"No começo , morou por pouco tempo em um galpão para imigrantes de Julius Maugarten, na hodierna  Itoupava norte (Olaria "Lichtenburg), na casa de Hertl), até que ele construiu, em novembro de 1854, a primeira casa com o auxílio de seus parentes, após o arroteamento da parte da legítima e densa floresta virgem no lado da Altona, perto do Barranco do rio, onde hoje está o prédio da estação.
Nenhuma ligação pela densa floresta virgem - atravessada por um emaranhado de canais - levava às colônias em Blumenau, e somente por canoa podia-se trazer alimentos de lá ou até de Itajaí.
Alguns poucos anos mais tarde, quando Persuhn comprou um boi na localidade da Velha para um engenho construído provisoriamente, ele precisou de 3 dias para chegar com o animal até sua morada, passando por uma picada aberta por ele mesmo." Max Humpl
Persuhn auxiliou na abertura de caminhos no entorno da Stadtplatz da Colônia Blumenau, como a abertura da picada que ligava Altona e o grande Salto no Rio Itajaí Açu. Houve um grande incêndio na casa do colonos e ele ajudou na construção de uma edificação nova que foi terminada em 1878, localizada em frente ao correio de Teutonia. Em 1866, viajou para Alemanha e retornou no final do ano trazendo na sua companhia as famílias de Heinrich Lieberoth e de Albert Lauth. 
Sua esposa Dorothea Friederike Henriette (Bähr) Persuhn faleceu  em 16 de novembro de 1868, que de acordo com Professor Humpl, consequência da vida dura inerente ao pioneirismo, na comunidade de Altona. Deixou os filhos  Gustav Adolph Persuhn - 1865 (alfaiate - Altona),  August Persuhn - 1853 (marceneiro - Rio do Testo), Otto Persuhn - 30 de maio de 1861(Ferreiro - Itoupava) e Philipp Freidrich Christian Persuhn - 24 de outubro de 1857 (Pedreiro - Rio do Testo). Todos estes lugares faziam parte da Colônia Blumenau - atuais município de Blumenau e Pomerode. 
August Daniel Persuhn também auxiliou na construção  da estrada que ligou Altona à sede da Colônia Blumenau e também  para o interior. Em 1878 construiu a casa de madeira, que depois foi adquirida por Otto Jennrich e onde iniciou a cervejaria O. Jennrich
Casa de August Daniel Persuhn,  que posteriormente foi a Cervejaria de Otto Jennrich. Observar dois cavalheiros com traje da Bavária.

Nesta casa, August Daniel Persuhn, tinha um pequeno comércio de  escovas, vassouras, revistas e livros importados da Alemanha, junto a um pequeno restaurante, onde à noite, os homens se reuniam para o jogo de Skat - para ler sobre, o link no final desta postagem.
A grande enchente de 1880, fez grandes danos e foi responsável por perdas e prejuízos de vários contos de réis.
 “Cerveja do Jennrich e linguiça do Becker acalmam a fome e saciam a sede”.
Em 1887August Daniel Persuhn se casa  com a viúva Maria Lieberoth. O restaurante e a casa comercial, manteve até 1891
Em 1891, Otto Jennrich ficou doente e foi demitido. Foi visitar seus pais, em Warnow, em um dia chuvoso e quando passava na frente da casa dos Persuhn, à pé,  August Daniel Persuhn lhe perguntou o que houve, lhe contou que estava doente e sem emprego. Persuhn sabia que ele estava sem condições de chegar à casa dos pais a pé, convidou-o para ficar na sua casa e também chamou o médico - Dr. Valloton, que diagnosticou o estado grave de Jennrich, este permanecendo durante um mês em tratamento. Ficando com a saúde restabelecida, Otto Jennrich resolveu outro de seus problemas - o trabalho. Neste mesmo ano de 1891, Otto comprou o terreno e a casa de madeira de August Daniel Persuhn onde tinha seu comércio e o ambiente do Skat. Nesta época, Gustav Adolph Persuhn  tinha o ofício de alfaiate. Como mencionamos, neste local, Otto Jennrich construiu uma pequena cervejaria com uma capacidade de produção de 250 garrafas por caldeirada de cerveja. A primeira cerveja fabricada por Jennrich foi servida em um baile no Salão Liesenberg, na Itoupava Norte em 9 de maio de 1891. Foi transportada por Jennrich e Persuhn dentro de uma bateira no Rio Itajaí Açu. 
Então aí aconteceu o primeiro contato da família Persuhn com a produção de cerveja.
Fonte: Indaial Fotos - 1920 até 1929. Clicar sobre.

August Daniel Persuhn faleceu em 11 de junho de 1895 e foi sepultado no cemitério evangélico de Blumenau. 
Gustav Adolph Persuhn permaneceu em Altona e seu filho Albert Otto Walter Persuhn - conhecido por Walter Albert Persuhn, nascido em 21 de dezembro de 1890, muda-se para Indaial em 1928, onde inicia um parte da história da família Persuhn, naquela comunidade. O ofício de cervejeiro, Walter aprendeu com o amigo de seu avô, seu padrinho de confirmação - Otto Jennrich de Altona - que por sua vez, tinha o avô residindo em Indaial. Walter Albert Persuhn trabalhou na cervejaria do padrinho Otto - Cervejaria O. Jennrich, em Altona. Curiosamente, seus padrinhos foram: Otto Jennrich, Albert Lauth e Marie Persuhn.


Ruínas da Cervejaria O. Jennrich - Itoupava seca Blumenau SC.

August Daniel Persuhn emprestou seu nome  a uma rua do bairro Vila Nova, que no seu tempo estava localizado em Altona.

Rua August Daniel Persuhn.


Indaial

Em Indaial, Walter fundou sua Cervejaria em 1928 e produzia inicialmente dois tipos de cerveja: a clara e a escura.
Depois de algum tempo começou a fabricar, também, as gasosas. A cervejaria continuou suas atividades até a década de 1970.
Fonte: Arquivo Histórico Municipal de Indaial.






Estivemos conversando com o Historiador Luiz Claudio Altenburg, no Arquivo Histórico Municipal de Indaial - sobre esta história.

Vídeo
Registramos, através de fotografias do material disponibilizado por Altenburg, alguns rótulos da Cervejaria Indayal.











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O dois filhos de Albert Otto Walter Persuhn continuaram o trabalho da firma da família. Também tinham grande atuação na sociedade de Indaial. Os filhos: Wingand e Adolf, se dividiram na administração da firma. Wigand tomava conta da parte administrativa e Adolf, da criação, sendo o responsável para parte da arte dos rótulos, que eram muitos. 
Fotografamos estes apresentados  e guardados em livros da Fundação Indaialense de Cultura, com a permissão de Luiz Claudio Altenburg. Wigand Persuhn, também, foi o primeiro Deputado Estadual, eleito na comunidade de Indaial em 19 de janeiro de 1947, pelo PSD, com 2.142 votos.
Após esta história regional do Médio Vale do Itajaí, perguntamos: "Será que esta marca não poderia ser resgatada, com todo este lastro histórico?"


Leituras Complementares - Clicar sobre o título escolhido:

  1. Heinrich Hosang – Primeiro Cervejeiro de Blumenau
  2. Cervejaria de Otto Jennrich - Itoupava Seca - Blumenau SC
  3. Jogo de Skat: em suas mesas girava a vida social e administrativa da Colônia Blumenau
  4. Um passeio pelo Bairro de Itoupava Seca e um pouco de sua História
  5. História - Instalação do Município de Indaial - 47° FIMI
  6. Nacionalismo no Vale do Itajaí - a partir do Governo de Getúlio Vargas
  7. Colônia Blumenau - Blumenau - Desde 1846 - Um pouco desta História...

Referências
  • HUMPL, Max. Crônica do Vilarejo de Itoupava Seca: Altona: desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau; Méri Frotscher Kramer e Johannes Kramer (orgs.). - 1.ed. - Blumenau (SC) : Edifurb, 2015. - 226 p. : il.
  • GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no sul do Brasil.  Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José : Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.) : il., retrs.
  • PELLIN, Valdinho; MANTOVANELI, Oklinger. Cerveja artesanal e desenvolvimento regional em Santa Catarina. (Brasil). 
  • SILVA, José Ferreira. História de Blumenau /J. Ferreira da Silva. -1.ed. - Blumenau: Fundação "Casa Dr. Blumenau", 1988. - 299 p.

Em construção e sob Revisão...

























3 comentários:

  1. Parabéns a todos os desbravadores de nosso querido vale do Itajaí, devemos todo o respeito a estas pessoas que aqui iniciaram o nosso presente.

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    1. Verdade. Vamos cuidar deste patrimônio, para que alguma coisa fique para a próxima geração.
      abraços,
      Angelina

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  2. Parabéns por esse artigo, amei, pois faço parte da família Persuhn, sendo descendente dela

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