O bairro da Velha é o bairro populoso da cidade de Blumenau, informação do último censo do IBGE - - população superior a 38 mil pessoas.
Esse número deve ser muito superior se considerarmos as últimas mudanças na região, sob a batuta da administração pública e quase omissão da Câmara de Vereadores da cidade de Blumenau - nessa região - fiscalização.
No ano de 2012, começamos a estudar a região e fizemos vários alertas a partir de uma análise espacial e conjecturando a partir de cruzamento de dados e a projeção do grande elemento estrutural que seria inserido na região - a presença da nova ponte de Badenfurt, que seria inaugurada junto ao "Trevo de Pomerode" na BR 470 - que não tem trevo - e junto à foz do Ribeirão do Testo no grande Rio Itajaí Açu.
Nesse momento, nem vamos comentar sobre o local onde foi construída a ponte, uma das paisagens naturais mais completas - enquanto fauna e flora - e sem ocupação humana (até então) - enquanto meio ambiente - cheio de ilhas fluviais com mata nativa - (Já percebemos que ocorre desmatamento no local). Mas...
Nesse momento, nem vamos comentar sobre o local onde foi construída a ponte, uma das paisagens naturais mais completas - enquanto fauna e flora - e sem ocupação humana (até então) - enquanto meio ambiente - cheio de ilhas fluviais com mata nativa - (Já percebemos que ocorre desmatamento no local). Mas...
O impacto da ponte nova de Badenfurt foi tornar a antiga estrada para Indaial (estrada velha), projetado com 4 pistas largas com calçadas largas, um corredor de fluxo de tráfego rápido nos bairros de Salto Weissbach e Salto e também, materializar um corredor de fluxo de tráfego rápido dentro do bairro mais populoso de Blumenau - Velha, que já tinha problemas de tráfego e trânsito antes de sua inauguração.
Com isso, despertou a avidez do ramo imobiliário nas terras anexas junto ao novo corredor, que não recebera qualquer adequação para o novo uso e também para a comunidade.
Com isso, despertou a avidez do ramo imobiliário nas terras anexas junto ao novo corredor, que não recebera qualquer adequação para o novo uso e também para a comunidade.
Enquanto há cidades, no Vale do Itajaí, tentando encontrar uma maneira de desviar o tráfego pesado do centro da cidade - Blumenau fez exatamente ao contrário.
Rua João Pessoa - década de 1920 - característica residencial unifamiliar - com toda identidade cultural do imigrante. |
Lembramos que o bairro da Velha até então, tinha características de um bairro residencial, com a presença de um pequeno comercio local e a partir de 1960, contou com a presença de algumas industrias, esparsas. Não tinha a presença de edifícios com altos gabaritos, como estão construindo atualmente. O acesso principal ao bairro a partir do centro era feito pelas ruas João Pessoa e Frei Estanislau Schaette em duas mãos com muito poucas opções em outros locais. Ruas estreitas que surgiram respeitando a topografia do terreno - ainda no século XIX. Caminhos espremidos entre a montanha e o casario histórico, que tinha seus fundos voltados para à margem do rio.
Com a perspectiva do novo fluxo oriundo da "nova porta da cidade" - ponte nova de Badenfurt, despertou o interesse dos "investidores imobiliários" e toda a especulação que envolve o mercado imobiliário - voraz, na cidade de Blumenau. Nos últimos tempo ocorreram sucessivas mudanças no Plano Diretor, o que já era muito adensado e desprovido de caminhos para escoamento do fluxo de tráfego, ficou ainda pior.
O Bairro da Velha
O caminho colonial que deu origem às nucleações da Velha existe desde o início da história da Colônia Blumenau. Já lemos seu nome em muitos textos históricos, que até mesmo narrativas com a presença do fundador da Colônia Blumenau em terras de sua propriedade na região do Vale da Velha.
Mapa de 1938 |
Frederico Guilherme Busch Júnior |
Oficialmente, na história de Blumenau - o bairro da Velha foi criado no dia 28 de abril de 1956 durante o governo de Frederico Guilherme Busch Júnior - era uma área rural - história muito recente. A lei de criação foi a Lei
nº. 717.
O nome do bairro foi um nome que surgiu naturalmente - antes da fundação de Blumenau - quase como apelido e nunca foi trocado. Há algumas versões para o surgimento do "apelido", mas nada confirmado de fato. O bairro surgiu no Vale da Velha, que também deságua no grande Rio Itajaí Açu e foi muito importante para a navegabilidade, irrigação e abastecimento das propriedades dos colonos assentados na região. Atualmente, o Ribeirão da Velha se encontra muito maltratado e com muitas construções de edifícios às suas margens, sendo que existe um Lei Federal que controla essa prática e isso não poderia estar acontecendo. O Ribeirão da Velha é muito bonito e poderia muito bem ser parte de um parque linear e tornar-se área de lazer e contemplação. Um exemplo, o Ribeirão da Velha ficou fora do parque - um dos poucos parques da cidade de Blumenau - Parque Ramiro Rüdiger.
Ribeirão da Velha - desconsiderado na paisagem formal da cidade |
O Ribeirão da Velha, por sua importância, foi muito considerado e respeitado pelos primeiros pioneiros na região. Foi espacializado no importante mapa da Colônia Blumenau de 1864.
Mapa da Colônia de Blumenau de 1864. |
Antes de Hermann Blumenau chegar à região da Colônia Blumenau - em 1850 - residiam nessa região do bairro da velha, a família de Silva Guimarães - desde 1844. Venderam suas terras ao primeiro comerciante de terras e também fundador de Blumenau - Hermann Blumenau - em 1879.
Mais tarde, Blumenau revendeu ao pastor alemão luterano Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer - ou Gustav Stutzer - em 1885.
O pastor Stutzer veio para a região, como outras tantas famílias - e sua propriedade tinha as mesmas características das propriedades locais - na segunda metade do Século XIX e início do Século XX - quase autossuficientes. Produziam: leite e seus derivados, grãos, farinhas, legumes e verduras, frutas e derivados dessa produção em produtos beneficiados nas propriedades, como compotas, geleias, doces, etc.
O pastor Stutzer veio para a região, como outras tantas famílias - e sua propriedade tinha as mesmas características das propriedades locais - na segunda metade do Século XIX e início do Século XX - quase autossuficientes. Produziam: leite e seus derivados, grãos, farinhas, legumes e verduras, frutas e derivados dessa produção em produtos beneficiados nas propriedades, como compotas, geleias, doces, etc.
Gustav Stutzer - Jovem |
Uma curiosidade - O Pastor Gustav permaneceu na região por somente dois anos, pois não conseguiu pagar o terreno para Hermann Blumenau que era implacável. Também teve desavenças com o naturalista Fritz Müller - cujo Teoria da Evolução - pesquisa de Darwin e de Müller- não era aceita pelo religioso - e o embate foi para seara pessoal.
Os Stutzer retornaram para Alemanha e escreveram alguns livros sobre a vida na Colônia Blumenau. Therese, esposa do Pastor, escreveu alguns livros como é mencionado na publicação de 2010 - Blumenau - (Clicar sobre) Marie Louse - Therese Stutzer.
Continuando...
O caminho de acesso primário - a estrada - era o mesmo que mais tarde deu lugar para a estreita rodovia - João Pessoa, caracterizando o desenho urbano colonial, onde a estrada estava na parte da frente da propriedade que era cortada ou mesmo tinha a presença do ribeirão nos fundos, para seu próprio abastecimento e também acessibilidade.
Exemplo - ocupação de Testo Rego - semelhante a ocupação em todas as regiões da Colônia Blumenau - até mesmo junto ao Ribeirão da Velha. |
Nessa época - final do Século XIX e início do Século XX - a região do bairro da Velha era conhecido como Velhapast e o ribeirão menor presente, conhecido com Ribeirão Jararaca se chamava em alemão de Scharakenbach. Velhapast - pasto da Velha, era como se designavam as lavouras e construções às margens do Ribeirão da Velha, de propriedade dos Kolonieunternethmer - empresário da colônia - como o próprio Hermann Blumenau se denominava.
O bairro apresentava um grande território. Para melhor facilitar, compreender e se orientar - a a região do vale foi subdividido em: Região da Velha Central, Velha Grande, Velha Pequena,
Água Verde e Água Branca.
Até a década de 1960, a região era somente residencial - com muitas propriedades com características rurais. A partir dessa década houve a instalação de algumas indústrias e também a construção de moradias para seus trabalhadores.
Após as enchentes de 1983 e 1984, o bairro recebeu um acréscimo populacional - por ter grandes áreas não alagáveis e muitas famílias vítimas das enchentes mudaram-se para o bairro - residencias unifamiliares.
No dia 17 de agosto de 2014 foi entregue o Complexo Wolfgang Werner, no qual está a ponte nova de Badenfurt, fator que desencadeou um processo de mudanças muito antes de sua inauguração - com proporções nunca vistas antes na história do bairro da Velha.
Caminhos do tráfego de fluxo rápido oriundo da BR 470 para área central de Blumenau nas estreitas vias do bairro. |
O desvio do fluxo intermunicipal/interestadual dentro do bairro (que deveria transitar fora da cidade) - a partir de uma "nova porta" da cidade "acordou" a especulação imobiliária que com algum "apoio" e aval público através de mudanças de legislação, principalmente a de ocupação do solo, permitiu a verticalização da área, que iniciou muito antes da inauguração da ponte nova de Badenfurt - que é parte de um projeto antigo - gestão do ex prefeito João Paulo Kleinubing - igualmente equivocado projeto - Blumenau 2050.
Blumenau 2050 - Projeto Marketing |
Antes dessas mudanças a partir da inauguração da ponte nova de Badenfurt, o bairro já convivia com muitos conflitos - resultado da presença de um certo adensamento provocado pela migração interna pós enchentes dos anos de 1980 - residencias unifamiliares. Com a atual e nova interferência estrutural na paisagem e suas consequências imediatas na sociedade econômica - instalou-se o caos, com reflexos não somente locais, mas em toda a cidade.
O que aconteceu igualmente? Construções, como o edifício abaixo, entregue em 2017, quase totalmente vazio, com todos os apartamentos à venda (especulação no ramo imobiliário) construído com o apoio do governo, programa Minha Casa Minha Vida, no final de uma rua sem saída do bairro, onde as demais construções são edificações unifamiliares, estritamente residencial. E esse é o tipo de ação que está acontecendo na região de maneira célere, com mais a presença do tráfego externo de veículos motorizados, que atravessa o bairro como se estivessem em uma rodovia federal.
No final de uma rua sem saída, junto ao Viradouro - a rua nas duas imagens seguintes. |
Rua recebeu a construção de um edifício no seu final pelo programa Minha Casa e Minha Vida - onde o mesmo está praticamente vazio. |
Nossos alertas no ano de 2012 - no momento da Construção da ponte nova de Badenfurt.
Ano 2012 |
Ano 2012 |
Nosso texto compilado em 2012 sobre o assunto - há 6 anos:
Este projeto dos caminhos da nova ponte de Badenfurt precisam ser detalhados por uma equipe técnica interdisciplinar. Há outras opções, sob ponto de vista espacial, a partir de uma breve análise, que poderá ser melhor estudada e detalhada.
Estudo de 2012 |
Simultaneamente, está sendo desconsiderada uma via com caixa
larga, sem toda a sua vocação explorada, contento na maioria de sua extensão,
leste, 4 pistas - R. Bahia. Atualmente cheia de armadilhas, pois em determinadas
posições, a via é deliberadamente "estrangulada", ficando somente com duas pistas,
outras duas são inutilizadas.
Estudo de 2012 |
Quem deve fazer este detalhamento é uma equipe
interdisciplinar com vários profissionais da área técnica (Geógrafos, geólogos, arquitetos
urbanistas, engenheiros de tráfego, paisagista, sociólogo, historiador...), que
já se encontram inserido no quadro dos funcionários públicos da Prefeitura, porém, isolados e não trabalhando simultaneamente
no mesmo projeto e equipe. Está análise que fizemos, é
bem básica e simples sem dados da área da geografia e com este já concluímos
que teremos muito mais conflitos do que aqueles que já existem atualmente nas ruas dos
Caçadores e João Pessoa e adjacentes em horário de pico.
Estudo de 2012 |
Estudo de 2012 |
Ao observarmos o novo fluxo criado a partir do
funcionamento da nova ponte por uma malha que se desenvolveu de forma radial,
como o é, na área central.
É a melhor alternativa? Os dois bairros mais
adensados da cidade - Velha e Garcia, sem ligação entre si, cada um localizado
em um "braço" da forma estrelas da malha urbana de Blumenau.
Isto é uma amostra de que um pequeníssimo levantamento, sem
qualquer dado geográfico, geológico, é necessários para a elaboração de
propostas e projetos.
A origem da cidade de Blumenau influenciou a formação de sua malha urbana e de seus caminhos quando estruturaram seus principais
bairros.
No início da formação, a cidade se desenvolveu às margens do
Rio Itajaí Açu, que corta o município de oeste/leste, caminho que ligava,ao
interior da Colônia. Seus afluentes correm em direções opostas, em vales
estreitos e com grande declividade. Ao sul do Município além desta topografia
característica, o solo é frágil e suscetível a desmoronamentos se tirada a camada da mata nativa - Mata Atlântica.
Na imagem feita a partir do Google Earth, é perceptível
observar que a cidade se desenvolveu na forma estrelar, ou seja, se desenvolveu
nos vales, em áreas parcialmente inundáveis, e posteriormente de maneira
sistemática e espontânea, ocupou parcialmente as encostas, geralmente áreas de
risco.
Também esta forma estrelar tem sua origem no primeiro plano
de Blumenau, onde sua estrutura fundiária foi condicionada aos cursos de rios e
ribeirões, para o abastecimento de águas para as residências, irrigação da
plantação, geração de energia e acessibilidade, através do transporte fluvial.
A dificuldade desta forma de malha estrelar são os fluxos do
trânsito, que aparentemente necessitam passar pela área central, para que
ocorra o deslocamento a partir de um dos braços da estrela para seguir até o
outro.
Parte do fluxo, oriundo da BR 470, passará pelos Bairros da
Água Verde, Vila Nova e parte do Bairro da Velha (Olhar mapa).
Já foi efetivado
um projeto sobre o impacto na paisagem e nos espaços urbanos a partir do desvio
deste fluxo de automóveis (de trânsito rápido)?
Queremos realmente levar mais fluxo de tráfego rápido para a área central de Blumenau?
Sempre é bom lembrar que um dos
grandes erros e um dos principais motivos do estado de caos no trânsito de veículo
automotores é a efetivação de medidas e intervenções locais, sem reflexões do
impacto na região e no entorno desta região, na capacidade de escoamento das
vias e com foco nos residentes do local e suas outras opções de locomoção – neste caso para a
área central da cidade.
Outro enfoque: Temos conhecimento que os valores imobiliários
ao longo das vias, por onde passará este “Novo” trânsito oriundo da nova ponte do
Badenfurt, elevará os valores imoiliários. O papel
da administração pública e da equipe de técnicos e interdisciplinar que planeja
a cidade é imprescindível neste momento de mudanças na malha da cidade.
O momento é agora para coibir problemas, além dos que
já existem.
Adensamento nos último 15 anos, sem receber adequação de infraestrutura e o escoamento do fluxo é o mesmo. |
Rua João Pessoa |
As ruas locais do bairro da Velha, das caminhadas, dos vizinhos de porta, tornaram-se parte de um corredor de fluxo de tráfego rápido, "matando o comércio local', espaços de convívio e do homem, fazendo o residente das edificações unifamiliares mudarem-se. A rua é uma rodovia de fluxo de tráfego rápido agressivo ao pedestre - outrora local. A rua passou a ser um "corredor dormitório" e de passagem, sem espaços para estacionar e transitar com bicicletas e a pé.
O casario histórico pertencente ao patrimônio histórico que ainda não foi trocado por um edifício, está ruindo, deliberadamente aguardando o momento para ser trocado.
O bairro da Velha está se tornando um tentáculo de uma rodovia de fluxo de tráfego rápido, também doente, que é a BR 470, com direção à área central de Blumenau - que deveria ser uma ilha de conforto e de tranquilidade com espaços multiusos na escala do homem.
Leituras complementares - Clicar sobre título:
- Ponte coberta de madeira de Blumenau - Badenfurt - História
- Complexo Viário Bernardo Wolfgang Werner e Biografia
- As cidades brasileiras estão doentes
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