segunda-feira, 30 de março de 2020

Poetas e Poesias - Blumenau - Santa Catarina - João Octaviano do Nascimento Ramos

João Octaviano do Nascimento Ramos
Fonte Fundação Cultural José Ferreira da Silva.
João Octaviano do Nascimento Ramos nasceu em São José SC, em 11 de março de 1882, mas como nós, viveu maior parte de sua vida na cidade de Blumenau. Juntamente com o ex prefeito de Blumenau José Ferreira da Silva, em 1926 fundou o jornal "A Cidade" em Blumenau, onde ocupava o papel de redator, além de ser agente postal-telegráfico de Blumenau. No jornal A Cidade, junto com Ferreira da Silva, desenvolveu intensa atividade, publicando contos, crônicas e comentários sobre acontecimentos da cidade e região. 
Antes de mudar para Blumenau, em 1896, fez um jornal em sua cidade natal, São José - conhecido por O Sulcom idade de 14 anos de idade. Uma imagem de propriedade de Mariella Caldas mostra que o jornal de São José, o primeiro jornal daquela cidade, foi todo escrito à mão, com pena.
Dois anos mais tarde, em 1898, Octaviano Ramos fundou o segundo jornal do município - A Penna, feito, como o primeiro, à pena.
Jornal O Sul que João Octaviano do Nascimento Ramos fez na cidade de São Jose, manuscrito Tinha 14 anos de idade. Fonte: Mariella Caldas.
Ficheiro:Curt Hering 1923 – 1927.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre
Ex-Prefeito de Blumenau
 Curt Hering
Em Blumenau, na época, João Octaviano do Nascimento Ramos passeava com José Ferreira da Silva, ele residia na mansarda no novo edifício de Correios e Telégrafos de Blumenau, localizado na Alameda Rio Branco - inaugurada em 1929, durante a gestão do ex Prefeito Curt Hering.
Edifício do antigo Correios e Telégrafos. Projeto do edifício  foi assinado  pelo Engenheiro Arquiteto alemão - Robert Holzmann - pai de Marga Holtzmann Nunes.

Em uma matéria assinada pelo fundador da revista Blumenau em Cadernos e seu companheiro no jornal - José Ferreira da Silva comenta um pouco sobre Octaviano Ramos nas páginas da 1° publicação da revista - Tomo I, N° 1 de novembro de 1957, o seguinte:



"Quando Octaviano era agente postal-telegráfico de Blumenau e dirigia, comigo, a "A Cidade", jornalzinho que nos custou muitas dores de cabeça, eu costumava visitá-lo todos os dias, à tardinha, em sua residência nos altos do prédio que Curt Hering, o prefeito benemérito, construíra para a agência do Correio. E quase sempre saíamos juntos, a dar uma volta a pé pelas ruas da cidade, comentando fatos da nossa mocidade, discutindo assuntos de literatura e mesmo de política do município e do estado. Ou íamos visitar o Bruder Pacômio, na pequena tecelagem dos franciscanos, ou filar umas pitadas de rapé do Bruder Hilário, no santuário em que êle fabricava altares de madeira que eram verdadeiras obras de arte. Certa vez, passamos pela atual Rua Alvin Schrader, defronte ao jardim da residência que fôra do Doutor Alfredo Luz, então uma das melhores da cidade. Naquela época, estando o proprietário internado num sanatório no Rio de Janeiro, o jardim que conhecêramos, outrora, muito bem cuidado, sempre cheio de flôres e folhagens, as mais delicadas estava em lamentável estado de abandono. O capim e as ervas daninhas haviam tomado conta de tudo. As belas roseiras enxertadas, desprendidas de seus suportes apodrecidos, jaziam pelo chão, uma ou outra tentando fazer desabrochar as suas flôres por entre malhas de "mata-pasto". José Ferreira da Silva
O quadro do jardim da residência de Alfredo Carlos da Luz vislumbrando por Octaviano Ramos e José Ferreira da Silva era desolador. Testemunhar este quadro impressionou-o tanto, que escreveu-o em versos.

Sombra e Silêncio

Este velho jardim que outrora eu vinha
Contemplar, junto à grade que o rodeia,
Abandonado e triste hoje é a mesquinha
'Sombra do que já foi, trágica e feia.

Não tem mais rosas. A última que tinha
Ainda se vê desfeita sobre a areia.
Cobre-o o manto vivaz da hera daninha,
Nem um pássaro mais nele gorjeia.

A imagem fiel agora me parece
Do nosso coração quando envelhece
E a dor o assalta, num constante assédio.

De sonhos ermo exânime se ensombra,
Muda-o o silêncio, transfigura-o a sombra
Num campo-santo de saudade e tédio.

Também o ex Prefeito de Blumenau e também responsável por boa parte da história material existente nesta cidade José Ferreira da Silva, escreveu um livro com o nome Octaviano Ramos, registrado e comentado em agosto de 1973, por Arnaldo S. Thiago e registrado nas paginas da Revista Blumenau em Cadernos.

João Octaviano do Nascimento Ramos casou-se e teve sua família em Blumenau. Seus poemas foram publicados no Anuário Catarinense. Foi charadista e jornalista (Desde sua infância em São José SC.). Tem seu nome em uma das ruas de Blumenau atual.
Faleceu em Canoinhas SC, em 6 de outubro de 1954, com 72 anos de idade. 

Alguns poemas de João Octaviano do Nascimento Ramos

Sonetos
Ascenção

Como o canoro pássaro liberto
Do cativeiro em que a penar vivia,
Batendo as asas, num revoar incerto,
Em gorjeios traduz sua alegria.

Também tu, pobre coração desperto
Do silêncio mortal que te angustia,
Ergue-te e deixa o cárcere deserto,
Foge a essa estância lôbrega e sombria!

Faz-te senhor em vez de ser. cativo!
Desfere e aos céus altíssimos levanta,
Um canto varonil, claro e festivo!

O voo alça, num místico transporte,
E no afago da luz unge-te e canta!
Canta a glória e a alegria de ser forte!

Versos à Mocidade

Mocidade feliz, que te espanejas;
Galante e alegre, como um passarinho,
Irradiando de ti, sem que tu vejas,
Jorros de luz, perfumes e carinho;

Serena segue, sob as benfazejas
Asas do amor, de puro e leve arminho,
Vendo os sonhos dourados que desejas
Docemente surgindo em teu caminho.

Abra o destino sobre os teus anelos
A profusão de graças e desvelos
De seu tesouro, que no céu fulgura!

Chovam risos e encantos em teu seio
E nele faça ouvir o seu gorjeio
A doce voz eterna da Ventura!

Os que vão

Pelos que vão tranquilos ao sol posto,
Depois de rude e pungitivo outono,
Não choreis, não lhes deis mais um desgosto,
Deixai-os quietos em seu doce sono.

Nenhum d'Eles verá jamais exposto
O próprio coração, como num trono,
Ao mal-querer dos outros, ao mau gosto
Do triste pouco caso e do abandono.

Deixai-os ir assim, de mãos cruzadas,
Ao reino azul de esplêndidas moradas,
Guiados pelos siderais faróis.

Ponde-os na cova estreita, mas serena,
Sem soluços, sem lágrimas, sem pena,
Que eles são mais felizes do que nós.

Hora de Luz

Ainda existe no mundo quem te queira,
Quem te abra um novo e rútilo horizonte
E te dê de beber, alvissareira,
Nessa do amor miraculosa fonte!

Tal uma ave a cantar, tua alma se abeira
Do lindo sonho que sorri defronte.
Ao vê-la vem-me à ideia uma roseira
Louçã, florindo em solitário monte.

Todo o teu ser em êxtase se inflama.
Cuida, porém, que a derradeira chama
Não se apague. É tão rápida e fugaz ...

Depois desfeito o encanto que te ilude
A invernia há de ser talvez mais rude
E a soledade muito, muito mais.

Partes um Jornal - A Cidade -  cujos Redatores foram Octaviano Ramos e José Ferreira da Silva.
Blumenau, 10 de maio de 1930









































Leitura Complementar:

Personalidades da História local, regional e estadual!












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