segunda-feira, 30 de março de 2020

O Visconde de Sinimbu e a História da Colônia Blumenau - Sob olhar de Cristina Blumenau

Visconde de Sinimbu  - Pintura do catarinense Victor Meirelles - em 1879.
Um entre alguns artigos assinado pela filha mais velha de  ‎Hermann Bruno Otto  Blumenau - fundador da Colônia Blumenau - Cristina Blumenau está um, onde a autora descreve um personagem histórico nascido no estado de Alagoas, conhecido Visconde de Sinimbu e sua relação com a colônia fundada por seu pai.
Da Revista Blumenau Em Cadernos - Tomo I - Março de 1958.
De acordo com as declarações de Cristina Blumenau, João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, Visconde de Sinimbu tem seu nome ligado à história da colonização do Vale do Itajaí pelo apoio que este forneceu ao seu pai, Hermann Blumenau para materializar seus objetivos  em fundar uma colônia com o assentamento de imigrantes alemães. Lendo seu depoimento, percebemos que sabia muito pouco da biografia daquele que elogiava, mas o suficiente para reconhecer sua importância política no Brasil.
"Sinimbu foi um estadista de raros méritos, homem de convicções morais e políticas bem formadas, caráter forte, um varão exemplar." CB
João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu.
Visconde de Sinimbu.
De acordo com a filha mais velha de Hermann BlumenauJoão Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, natural de São Miguel dos Campos, Alagoas, nascido em 20 de novembro de 1810. Estudou em Olinda e também, na Universidade alemã Friedrich Schiller de Jena, localizada na cidade de Jena, na Turíngia. É uma das dez universidades mais antigas da Alemanha e foi fundada em 2 de fevereiro de 1558 por João Frederico I da Saxônia. A partir de então é fácil de compreender a proximidade do Visconde de Sinimbu, com as novas colonias alemãs que surgiam no sul do Brasil na metade do século XIX. Após sua estada na Universidade de Jena, o Visconde retornou ao Brasil  e foi quando foi eleito deputado provincial e vice-presidente de seu Estado, Alagoas. Nomeado ministro do Brasil no Uruguai, quando se destacou Guerra do Prata, também conhecida como Guerra contra Oribe e Rosas, uma disputa entre Argentina, Uruguai e Brasil pela influência do Paraguai e hegemonia na região do Rio da Prata. A guerra foi travada no Uruguai, Rio da Prata e nordeste argentino entre agosto de 1851 até fevereiro de 1852, entre as forças da Confederação Argentina e as forças da aliança formada pelo Império do Brasil, Uruguai e províncias rebeldes argentinas de Entre Rios e Corrientes. Depois deste fato histórico, foi Presidente de Alagoas, sua província natal e de algumas outras. Em 1857, foi eleito Senador do Império por Alagoas. Fez parte também de vários ministérios, que de acordo com a opinião de Cristina Blumenau, comprovava sua grande capacidade. Sempre apoiou Hermann Blumenau na Corte e procurou atender suas reivindicações, amparando-lhe através de seus projetos e atendendo as suas questões. Também de acordo com Cristina Blumenau, porque via em seu pai, um homem digno e capaz. E com isso Cristina afirma que este apoio e amparo do Visconde contribuiu   para o sucesso de Hermann Blumenau na administração de sua colônia, o que não confere, pois não demorou muito o fundador "vender" a Colônia para o Império e se tornar funcionário público, muito bem remunerado - Como seu administrador.
Em um livro que disserta sobre o Visconde de Sinimbu, afirma Cristina de Blumenau que Craveiro
Costa disserta sobre o mesmo, escrevendo: ''Era, realmente, uma figura impressionante pela invulgaridade da fisionomia como que esculpida em mármore. A sua presença infundia respeito e diante da sua energia dobravam-se as hostilidades mais encarniçadas e desfaziam-se até premeditações criminosas a que algumas vezes  esteve exposta a sua pessoa". E mais adiante: "Uma bronquite aguda prostrou-lhe o organismo e matou-o a 21 de dezembro de 1906, na sua bucólica
vivenda do Silvestre, cercado do carinho de suas filhas e da dedicação de velhos amigos. Vivera 96 anos. A república prestou ao grande estadista do Império as homenagens a que tinha direito pelos seus serviços à Nação". 

Achamos intrigante esta narrativa e fomos buscar mais sobre o Visconde de Sinimbu

João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, Visconde de Sinimbu. 
João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, Visconde de Sinimbu nasceu no engenho Sinimbu localizado em São Miguel dos Campos, Alagoas, em 20 de novembro de 1810. Seu pai foi o capitão de ordenanças Manuel Vieira Dantas e sua mãe, Ana Maria José Lins. Iniciou seus estudos em Direito na Academia Jurídica de Olinda. Depois seguiu para a Europa, onde em Paris cursou aulas de Baruel e Orfila. Por um ano estudou medicina legal e química. Em 1835, seguiu para a Alemanha, onde obteve o doutorado na Universidade de Jena. 
Retornando ao Brasil, fixou-se em Minas Gerais - na localidade de Cantagalo, onde assumiu a função de Juiz de Direito. De volta a Alagoas, foi eleito deputado para a 3ª legislatura e assumiu a vice-presidência e presidência da Província de Alagoas, então contava com 30 anos. Em 1846 se casou com Valeria Touner Vogler, que conheceu na Europa. Tiveram quatro filhos.
Após ocupar o cargo de presidente da Província de Alagoas, ocupou de outras províncias no território do Império Brasileiro. De Alagoas, foi presidente entre  19 de janeiro de 1840 até julho deste mesmo ano. De Sergipe, foi presidente entre 16 de junho a 1 de julho de 1841, de Rio Grande do Sul, foi presidente de 2 de dezembro de 1852 a 1 de julho de 1855 e da Bahia, de 1856 a 1858.
Datei:Universität Jena 1848.JPG – Wikipedia
Universidade de Jena - 1848.
Em 1843 foi ministro-residente do Brasil em Montevidéu. Em 1859, Ministro dos Estrangeiros do 15º Gabinete, presidido pelo Barão de Uruguaiana. Também ocupou o Ministério da Agricultura, Comércio, e Obras Públicas - 18º Gabinete, presidido pelo Marquês de Olinda, em 1862.
O Visconde de Sinimbu presidiu o 27º Conselho de Estado, ocasião em que ocupou interinamente  alguns ministérios, de 1878 a 1880. Nesta época,  uma colônia de alemães do Volga, em Palmeira e outra no Rio Grande do Sul, receberam seu nome - homenageando-lhe. Atualmente existe o município de Sinimbu no Rio Grande do Sul.
Município de Sinimbu - RS
Sinimbu RS - Igreja projetado pelo arquiteto alemão Simon Gramlich.
Como jornalista,  ocupou também o cargo de redator-chefe do Diário Oficial do Império. Assumiu ainda, a chefia de Polícia da Corte, o Ministério do Exterior, da Agricultura.
Em 1856 foi nomeado Senador da Província de Alagoas, cargo que ocupou até o golpe militar conhecido por Proclamação da República. Na época do Império, este cargo era vitalício. Ocupou, também, o cargo de Conselheiro Extraordinário, presidente do Conselho de Ministros e presidente da Câmara Vitalícia. 
Visconde de Sinimbu. 
Visconde de Sinimbu era da corrente Liberal, que fazia oposição a à ala Conservadora, na qual se dividiam os políticos monarquistas, no Segundo Reinado. Quando ocupava o cargo de Presidente do Conselho de Estado, foi acusado pela falência do Banco Nacional, do qual era diretor. Foi absolvido da acusação. Foi um dos incorporadores da Companhia Usina Cansanção de Sinimbu, fundada no dia 13 de abril de 1893. Com o golpe militar da Proclamação da República, foi enfraquecido politicamente. Como monarquista e muitos no Brasil, foi surpreendido com o golpe militar - em 1889, quando completaria 80 anos.

Os apelidos: Ferro, Cansação de Sinimbu e Cajueiro foram incorporados aos seus nomes, segundo o jornal Correio Mercantil de 12 de setembro de 1867, em 1831 “Do civismo dessa família, de seu brasileirismo, nasceu a adoção dos apelidos — Ferro, Cajueiro e Sinimbu — com que pretenderam exibir pela simples enunciação de seus nomes os seus caracteres patrióticos, naquela época de luta com o partido Corcunda que pretendia a restauração do primeiro reinado, e preponderância de Portugal nos negócios políticos do novo império”.

Palavras do Visconde de Sinimbu
“Sou monarquista, morrerei monarquista, mas nunca conspirei contra a República. Receio que o Brasil se fragmente em republiquetas, o que será uma desgraça”
Faleceu no Rio de Janeiro, em 21 de dezembro de 1906, com 96 anos, em extrema pobreza, em sua casa, localizada na Rua da Serra, zona rural do Rio de Janeiro. Para sustentar a família, vendia os seus livros, joias e condecorações.

Uma biografia que chamou a atenção de Cristina Blumenau - mesmo, na época, sabendo muito pouco da personalidade que auxiliou seu pai, Hermann Bruno Otto Blumenau.

Referências

História de Alagoas - João Lins Vieira Cansanção, o Visconde de Sinimbu. Disponível em https://www.historiadealagoas.com.br/visconde-de-sinimbu-joao-lins-vieira-cansancao-do-sinimbu.html. Acesso em: 29/03/2020, às 21:40h.
Secretaria do Estado da Cultura - Visconde de Sinimbu. Disponível em: http://www.cultura.al.gov.br/politicas-e-acoes/mapeamento-cultural/alagoanos-ilustres/visconde-de-sinimbu/. Acesso em: 29/03/2020, às 21:30h.
Revista Blumenau Em Cadernos - Tomo I - Março de 1958.


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