Estivemos na Alemanha em algumas oportunidades nos meses de abril e maio e acompanhamos de perto as festividades e o ritual do Maibaum na cidade de Rödelsee, cidade de Unterfranken, norte da Baviera. Também vimos o Maibaum nas praças de inúmeras cidades da Alemanha, por onde passamos dentro de um trajeto de 4 mil Km.
Neste dia, em Rödelsee, com chuva e frio, bem cedo, não afastou as pessoas do tradicional festejos do Maibaum.
Vamos conhecer o Maibaum...
No momento, sentimos o desejo de escrever sobre, para deixar registrado o conhecimento. Intuitivamente sentimos tratar de uma prática muito antiga. Praticada muito antes da chegada dos romanos e com eles, do cristianismo à região. E de fato assim o foi. Talvez, foi uma adaptação da religião dos romanos e germanos ao cristianismo que chegou depois desta prática.
No velho continente, o mês de maio, apresenta uma época na qual, a primavera começa a exibir as suas cores mais exuberantes, época das primeiras colheitas e do amor. E assim sempre o foi desde os primórdios e da época dos germanos descrito no (Para ler - clicar sobre) Livro Germânia - Tácito. Os germanos viviam na mata e seus rituais eram voltados para os seres que viviam na mata.
Maibaum de Kresbronn - 2013. |
Maibaum de Kresbronn - 2013. |
Uma prática que perdura, por séculos e é tradição em muitas regiões, até os dias atuais.
Outras tradições que tem ligação com o Maibaum, festas de acasalamento, com origens também nas antigas religiões e que fez surgir a Festa das Noivas de Maio – idade média que ainda alimenta a tradição de colocar um galho decorado diante da janela da amada e rege a lenda, que se o galho fluorecer, o amor tem chance, do contrário, não.
Também é conhecido o Walpurgisnacht...
O Walpurgisnacht é um tradicional feriado religioso (celebrado pelos Pagãos, Católicos, Romanos e Satânicos) comemorado em 30 de abril ou 1º de maio em grandes partes da Europa central e do norte. O festival é corrente na maioria dos países que comemoram o Santo Walpurga, nascido em Devon, cerca de 710. Devido ao seu dia cair no mesmo dia, o seu nome se tornou associado com as comemorações, as duas datas ficaram misturadas entre si e criaram o Walpurgisnacht. No folclore alemão o nome é conhecido como Walpurgisnacht ou Hexennacht, comemorado na noite de 30 de abril (véspera do dia 1º de maio) é à noite quando as bruxas supostamente possuem uma grande comemoração aguardando a chegada da primavera sobre a montanha de Brocken. Esta montanha é magnificada por uma sombra de um observador, que geralmente é cercada por um pano de bandas atirado para um banco de nuvem em regiões montanhosas e elevado quando o sol está baixo. O fenômeno foi primeiramente relatado em Brocken.
Montanha de Brocken. |
Na Alemanha o pinheiro utilizado como Árvore de Maio (Maibaum) possui de 60 a 100 anos e chega a medir entre 27 e 32 metros, na tradição essa árvore irá simbolizar força e saúde.
Maibaum de Miltenberg - 2013. |
Maibaum de Miltenberg - 2013. |
Em alguns lugares, logo que a árvore esta pintada, ela inicia uma nova fase da vida dela. Isso quer dizer que agora o Maibaum pode ser "roubado". Por isso são organizados turnos para vigiar a árvore. Mas às vezes os guardas noturnos, voltando da festa, não deixam seu sono ser interrompido pelos "ladrões". Se isso acontece, o Maibaum precisa ser resgatado, normalmente o preço do resgate é uma grande mesa com comidas e cervejas.
O prefeito da cidade dá as boas vindas a todos e agradece as doações realizadas pelos moradores, o reverendo realiza a benção do Maibaum para que ele fique na cidade como forma de força e saúde. Após a "benção", a árvore não pode ser “roubada”.
Após o Maibaum ser levantado inicia-se a solenidade onde é hasteada a Bandeira ou Flâmula que é acompanhado pelo hino da cidade, a platéia comemora com cervejas e salsichas, enquanto jovens rapazes da comunidade fixam no Maibaum os símbolos de várias profissões manuais e artesanais existentes na comunidade ou vila.
Tudo isso é acompanhado por música e danças em torno do Maibaum.
As fitas brancas e azuis sobre a guirlanda tem uma bandagem de magia é uma espécie de bênção da prosperidade. A guirlanda é produzida pelas mulheres jovens da cidade que recolhem donativos e outros enfeites. Pela tradição, o Maibaum precisa ser erguido sem maquinas, nessa hora entram em cena os homens da cidade. Apesar disso, atualmente há cidades que utilizam guindastes para essa tarefa. Pois, é considerado mais importante é a concorrência de quem tem o maior Maibaum.
A Origem...
A prática dos festejos do Maibaum existe nas regiões de: Emsland, Franconia, Baden e Suábia, Frísia Oriental e na República Checa. Na maioria das regiões, principalmente em Baden Württemberg, Baviera e na Áustria, o seu significado, a partir de um ritual de colocação na praça, são semelhantes e o início das festividades acontece geralmente no dia 30 de abril.
A origem do Maibaum é muito antiga. Tem raízes nas mitologias germânica e romana adequadas aos muitos locais e práticas do cristianismo.
Os antigos povos da região - nômades e que viviam nas matas, respeitavam e cultuavam seres da natureza. Para isto, tinham rituais que envolviam divindades da floresta, os quais aclamavam e adoravam através de diversos rituais às árvores. Um exemplo, que conhecemos, são os menires, obeliscos, postes sagrados, que possibilitava conexão com o sagrado, tal como também acontecia com a árvore de maio
Há quem afirme que em alguns locais houve perseguição àqueles que praticassem o ritual "pagão"(a religião pretérita não foi respeitada), noutros, foram adaptados à religião cristã, a qual chegou mais tarde, por intermédio dos romanos. Em outros ainda, por algum tempo não foi mais praticado, e após um tempo, foi resgatada a prática do Maibaum. Há registro do Maibaum em uma pintura de Agostinho Buonamici, conhecido como II Tassi – 1580/1644.
A obra mostra um grande Maibaum na Praça do Capitólio, escalada por jovens. Na Idade Média, muitas vezes, o Maibaum era chamado de Marienbaum, talvez por ser uma adaptação da religião pagã para o cristianismo. Em ambas, o Maibaum tinha relação com a divindade feminina. Na religião pagã era relacionada à Mãe Terra e no cristianismo era relacionada à mãe de Jesus – Maria. Em muitos lugares, de acordo com Eifel, também denominavam a árvore de Pentecostes.
Na Turígia, em muitas cidades, o Maibaum era montado no dia de Pentecostes. Somente em 1224, em Aachen, de acordo com o Relatório de Cesário de Heisterbach, foi publicado em um documento sobre um mastro de madeira. Outra publicação de 1520 tinha conta sobre o costume de levantar um Maibaum na praça da aldeia, praticado na Franken e na Suábia. Em 1531 foi assinado em um projeto de lei para legitimá-las as festividades do Maibaum na Baviera. Em 1550 há o registro de uma primeira gravura de um Maibaum.
A obra mostra um grande Maibaum na Praça do Capitólio, escalada por jovens. Na Idade Média, muitas vezes, o Maibaum era chamado de Marienbaum, talvez por ser uma adaptação da religião pagã para o cristianismo. Em ambas, o Maibaum tinha relação com a divindade feminina. Na religião pagã era relacionada à Mãe Terra e no cristianismo era relacionada à mãe de Jesus – Maria. Em muitos lugares, de acordo com Eifel, também denominavam a árvore de Pentecostes.
Na Turígia, em muitas cidades, o Maibaum era montado no dia de Pentecostes. Somente em 1224, em Aachen, de acordo com o Relatório de Cesário de Heisterbach, foi publicado em um documento sobre um mastro de madeira. Outra publicação de 1520 tinha conta sobre o costume de levantar um Maibaum na praça da aldeia, praticado na Franken e na Suábia. Em 1531 foi assinado em um projeto de lei para legitimá-las as festividades do Maibaum na Baviera. Em 1550 há o registro de uma primeira gravura de um Maibaum.
Na Áustria, mesmo proibido de fazer o Maibaum, é mencionado pela primeira vez em 1466. A maneira de fazer e o Maibaum como é conhecido hoje, com a ponta verde intactas e o anel, é uma prática desde o século XVI. Na Baviera, é feito como nos dias atuais, desde o século XIX, onde as cidades, agora independentes, e o Maibaum representam o símbolo de autoconsciência.
Aprender através das práticas culturais dos antepassados, efetivamente realizadas e com lastro...
As quais perpetuam na História, através das gerações.
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twiter)
Excelente texto. Pena que a cultura "artificial" aqui no Brasil é feita sem uma verdadeira pesquisa.
ResponderExcluirA tua constatação é que nos move a pesquisar, Geovane e divulgar. Tudo tem um lastro e uma verdade histórica por trás. É um grande prazer conhecer, retirar os véus que encobrem a história e constatar o sentido das práticas culturais...Ficamos satisfeitos que tenha apreciado. Abraços cordiais.
Excluirmuito bom Angelina Wittmann,
ResponderExcluirApreciamos que tenha gostado, Darcio. Abraços.
ExcluirEm 2015 fizemos um levantamento em Rolândia no Paraná.
ResponderExcluirAlgumas fotos estão nesse Link da Fan page do Grupo Folclórico Alemão Rotkappen.
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.767576773350057.1073741896.389878507786554&type=3
Muito bom....
ExcluirUma dúvida: as árvores permanecem por quanto tempo? Até o próximo ano, ou existe uma data onde ela é retirada?
ResponderExcluirOi Solange...
ExcluirHoje é uma repetição de uma tradição que iniciou no espaço religioso e quando era assim respeitava e seguia períodos naturais. Atualmente, como tradição, varia de região para região e em uma parte do texto explica sobre. Alguns optam em deixar uma permanente, ou por um certo período até , que a partir de uma festa fazem a troca da mesma, uma vez já com marcas do tempo. Outro preferem seguir a religião antiga...e todo ano efetuam o ritual, envolvendo toda a comunidade da cidade...
Abraços.