Conhecer as cidades que fizeram parte da história e da formação da rede de cidades do Vale do Itajaí - praticamente o território da antiga Colônia Blumenau, através da movimentação de imigrantes alemães e depois, dos italianos e de seu contato com o povo nativo, nos inspira mais uma vez. A região, dentro de um recorte histórico, na qual se abriam novos caminhos, até então inexistentes no interior de Santa Catarina novamente, nos leva a escrever sobre a cidade de Ituporanga, localizada no extremo Sul da antiga Colônia Blumenau, parte do limite que foi disputado com o município vizinho e limítrofe à colônia fundada por Hermann Blumenau - Palhoça.
Antes da vinda das primeiras famílias de imigrantes alemães para a região de Ituporanga - Vale do Rio Itajaí do Sul, oriundos da região da antiga municipalidade de São José da Terra Firme e Palhoça - da quase extinta Colônia São Pedro de Alcântara - ou do Stadtplatz da Colônia Blumenau, inexistiam caminhos e também, famílias da etnia estrangeira - na região. Neste momento histórico viviam no local, de maneira semi nômade, povos nativos que efetuavam migrações de acordo com as estações do ano, entre as regiões da Serra e do Vale do Itajaí Alto, região da Colônia Blumenau.
Mapa de 1907 da região de Ituporanga feito dois anos após a data do mapa feito por José Deeke. Este de 1907 foi feito por Heinrich Krohberger, engenheiro alemão que residia em Blumenau desde o ano de 1858 e foi responsável pelos projetos dos principais edifícios públicos e religiosos da Colônia Blumenau. Mapa totalmente desenhado a mão, do acervo do Arquivo Nacional. Se desejar vê-lo por inteiro - Clicar sobre: Mapa Santa Catarina 1907.
Em 1853, o governo imperial fundou a Colônia Militar de Santa Thereza - Indústria, atual localidade de Catuíra e após a localidade de Taquaras para quem se desloca do litoral para o interior - sentido leste, às margens do Rio Itajaí do Sul. Neste local estava instalado grupos de soldados e também, de imigrantes, para defender os viajantes e tropas que cruzavam o caminho que ligava o litoral em direção à Lages. O mesmo caminho que Emil Odebrecht usou, a partir de Lages, para abrir uma picada até o Vale do Itajaí e o Stadtplatz de Blumenau.
Observem como o Engenheiro Heinrich Krohberger delineou e destacou bem o caminho para Santa Thereza Indústria, no mapa que desenhou manualmente em 1907. Localidade muito mais antiga do muitos municípios do Vale do Itajaí. Infelizmente não percebemos indícios desta história na paisagem local ou de maneira organizada, exceto aquela guardada e organizada no museu idealizado pela família Wagner - Museu Lomba Alta.
Parte do Mapa feito pelo Engenheiro alemão Heinrich Krohberger em 1907. Localização do povoado Santa Thereza Indústria. |
Alfredo Henrique Wagner - em alemão Alfred Heinrich Wagner e sua esposa Júlia Wagner. |
Catuíra - edificação histórica, totalmente descaracterizada. Arquitetura autoportante com tijolos maciços. |
Prosseguindo com a história local. Nos últimos meses de 1890, o Governo Provisório da República - que tinha acabado de dar um golpe de Estado no Imperador do Brasil - conhecido como Proclamação da República (História na lista no final desta postagem) - fez contratos com os Coronéis Carlos Napoleão Poeta, Gustav Richard - governador responsável pelo feitio do mapa utilizado para estudos nesta postagem de 1907 feito por Heinrich Krogberger, e, Emilio Brum (que originalmente deveria ser Emil Brum), para fundarem um núcleo agrícola, onde pudessem instalar os imigrantes alemães chegantes.
Para esclarecer:
Carlos Napoleão Poeta nasceu em São Jerônimo - RS em 23 de junho de 1852 e faleceu em Niterói - Rio de Janeiro em 8 de janeiro de 1941. Foi genro de Gustav Richard - governador republicano de Santa Catarina. Casou Josefina Richard, filha de Gustav Richard e Matilde Rocha. Carlos Napoleão Poeta e a família possuíam as terras na localidade de Barra do Jararaca, na Colônia Militar Federal Santa Thereza - atual Catuíra, que na época pertencia ao município de Palhoça -SC. Estas terras, que eram de sua propriedade, foram transferidas para os imigrantes alemães e descendentes e fazia parte dos planos estatutário da colonizadora catarinense, de acordo com registros na Junta Comercial do Rio de Janeiro, em 1891, de acordo com a Lei de 28 de junho de 1890.
No mapa de Krohberger de 1907, mostra que esta região foi denominada de "Burgos Agrícolas da Companhia" e ocupava a região entre a povoação militar e o limite da Colônia Blumenau. Os contratos dos imigrantes foram transferido para a Companhia de Colonização e Indústria de Santa Catarina e continuaram a ser administrado pelo antigo proprietário das terras e genro do governador, como Diretor - Carlos Napoleão Poeta.
Parte do mapa feito por Krohberger em 1907 com a demarcação da localidade de Santa Thereza. |
O personagem histórico citado Gustav Richard nasceu no Rio de Janeiro em 29 de agosto de 1847 e faleceu em Florianópolis, em 18 de outubro de 1929. Filho dos franceses Henrique Ricardo Richard e Carlota Amélia Anna Coullon Richard. Foi vereador de Nossa senhora do Desterro entre 1887 a 1890; vice-presidente da província de Santa Catharina, tendo assumido o governo estadual entre 8 de outubro de 1890 e 12 de junho de 1891,substituindo Lauro Müller, e entre 21 de novembro de 1906 a 28 de setembro de 1910. For senador, nos períodos sucessivos entre 1894 a 1902, e entre 1903 a 1906, e, finalmente, deputado federal entre 1912 a 1914.Também tornou-se tenente-coronel em 18 de setembro de 1890 e coronel em 18 de abril de 1891 da Guarda Nacional.
Na região do Vale do Rio Itajaí do Sul, a empresa colonizadora aumentou a imigração para a região e também seus investimentos para fomentar a colonização na região. Para atrair o colono efetuava a construção de infraestrutura como estradas e também efetuava a medição de novos lotes coloniais. Esta movimentação aconteceu com mais intensidade em 1902.
Em 1908, Carlos Napoleão Poeta conseguiu com o governo do Estado de Santa Catarina - seu sogro Gustav Richard, a abertura de uma estrada carroçável, ligando a povoação de Barracão (Alfredo Wagner) e Südarm, conhecido na serra, como barra do Rio do Oeste (atual Rio do Sul) - que na verdade é o local do encontro dos rios Itajaí do Oeste e Itajaí do Sul - local que inicia o Rio Itajaí Açu.
A estrada construída acompanhava o vale do Rio Itajaí do Sul, com isto abrindo mais perspectivas de assentamento de mais colonos neste vale.
Parte do mapa feito por Krohberger em 1907 com o local dos caminhos da região - existentes e a construir. |
A construção da estrada carroçável entre Barracão e Südarm, teve vários obstáculos. Entre estes, o problema de adentrar a mata inabitada e os conflitos com tribos nativas, que se sentiam ameaçadas e vivam na região, de maneira seminômade, há um tempo maior. Participou da construção da estrada Matias Gil Sens, que recebeu como pagamento pelos serviços prestados, um pedação de terra próximo ao Salto Grande, localizado no Rio Itajaí do Sul.
Com o término da obra para abrir a estrada carroçável, foi viabilizada a penetração de famílias para esta região, aparentemente inexplorada, por terra e rio abaixo, em direção ao mar, a partir de outro sentido. Entre os primeiros pioneiros, estavam os filhos de imigrantes alemães e sobrinhos de Matias Gil Sens: Egídio Sens e Matias Pedro Sens, que deslocaram-se em canoas improvisadas e chegaram à foz do Rio Perimbó - onde está o atual bairro de Ituporanga - Vila Nova. Primeiro a se mudar foi Egídio.
Em 15 de agosto de 1912, também Matias Gil Sens e sua família - esposa Khatarina e sete filhos, após sete dias de viagem, chegam ao local de Ituporanga e fixam residência nas sua terras, recebidas como pagamento de seu trabalho na construção da estrada, localizadas mais abaixo do primeiro ponto mencionado onde pararam seus sobrinhos. Esta data, 15 de agosto de 1912, é considerada a data do início da colonização no local, e o início do embrião urbano de Ituporanga.
Matias Gil Sens - o pioneiro
Khatarina Gorges e Matias Gil Sens em suas bodas de ouro na localidade de Salto Grande em 1922. |
Mathias Gil Sens, nasceu em São Pedro de Alcântara - São José de Terra Firme e foi o quarto nascimento da família Sens no Brasil e o primeiro menino com o sobrenome Sens. Casou-se com Khatarina Gorges em 1872. Mathias Gil foi Conselheiro Municipal (Vereador) de São José de 1894 a 1898, Intendente Distrital de São Pedro de Alcântara em 1895 e, Juiz de Paz, também neste mesmo ano. Matias Gil Sens e a família resolveram descer o Rio Itajaí do Sul e buscar novo rumo fundando o embrião urbano de Ituporanga em 1912, quando receberam estas terras como pagamento dos serviços prestado na aberturas de picadas e a construção de estradas carroçáveis, contratado pelo governo do estado, na pessoa de Vidal José de Oliveira Ramos (28/9/1910 a 28/9/1914). Sens tinha 60 anos e uma parte de sua história construída em São José da Terra Firme.
O local onde se fixou era chamado pelos pioneiros de Rio Abaixo ou Rio Abaixo do Itajahy. Mais tarde, recebeu outras denominações, até o último - Ituporanga. Na sequencia, apresentaremos todos os nomes.
Com a abertura da estrada entre o local e Südarm - Rio do Sul, também foi possível o intercâmbio entre as regiões Serra, Litoral e Vale do Itajaí.
Mathias Gil Sens foi, também, Inspetor de Quarteirão de Bella Alliança - Rio do Sul, Distrito da Comarca de Blumenau - SC, no período de 1916 a 1922. Atuava como um delegado na segurança pública e providenciava os registros civis de nascimentos no cartório de Bella Alliança. Observem como a abertura de uma estrada carroçável neste local, viabilizou um intercâmbio jamais imaginado anteriormente. Um descendente de imigrante alemão de São Pedro de Alcântara, que foi atuante social e politicamente em São José, ajuda a construir a estrada, recebe terras no vale do Itajaí do Sul, como pagamento de serviços prestados, funda uma nucleação urbana e trabalha no Alto Vale do Itajaí, como funcionário público de Blumenau - dentro de seu Distrito Bella Alliança.
Sobrinhos de Matias Gil Sens - Egídio Sens e Matias Pedro Sens
Egídio Sens, partiu de Vargem Grande em 1911, e desceu o Rio Itajaí do Sul em direção ao Salto Grande, fixando-se nas proximidades do atual bairro de Ituporanga - Vila Nova, nas proximidades do morro das pedras. Adquiriu um lote do governo, representado por Gustav Richard e por seu genro - diretor da Colonizadora. O lote não era grande, media 500x1000metros de comprimento. Após um mês, quando construiu um rancho e limpou o terreno para plantação foi buscar seu irmão Matias Pedro Sens, que também adquiriu um lote e veio acompanhado pelo amigo João Steffen. Sttefen e sua família se instalaram mais abaixo, nas margens do Rio Perimbó, sendo o primeiro proprietário de uma balsa sobre o Rio Itajaí do Sul que foi paga pela administração de Palhoça, cujas terras pertenciam ao seu território.
Depois foram colocadas mais 4 balsas que eram particulares e pertenciam a Pedro Momm Graetz, João Mees, Norberto Ludwig e João Longen.
Rio Itajaí do Sul e balsa. Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Ituporanga. |
Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Ituporanga. |
Na sequencia, como já mencionado, chegou um grupo de famílias, na qual estava o seu tio Mathias Gil Sens e tia, esposa Katharina Gorges e os filhos Balduino Sens, Apolônia Sens e esposo, Ernesto Pedro, Pedro Ludwig, de Santa Filomena e Varginha, próximo de São Pedro de Alcântara - pertencente ao município de São José de Terra Firme. O grupo fixou e construíram suas residência, às margens do Rio Itajaí do Sul.
Em um ataque sofrido por um grupo de nativos em 8 de maio de 1913, Egídio feriu um índio e também foi ferido no braço com uma flechada - com o índio ferido, correu para a casa do irmão Matias. Na época tiveram auxílio de João Steffen que ouviu o barulho dos índios e veio em auxílio aos Sens. Houve conflito armado com índios mortos e feridos. Vieira da Rosa, conhecido general Rosinha, fez o curativo no ferimento de Egídio.
Ainda em 1913, Egídio se casou com Leopoldina Steffen, filha de João Steffen e Ana Clasen. Em função da ameaça de outros conflito com índios, Egídio e família venderam a propriedade e mudaram-se da região na década de 1940. Mudou-se junto com a família para Iguape SP, onde contraiu malária. Mudaram-se para Jacupiranga onde a família permaneceu por dois anos, onde, com enchente e inundações, perdeu a lavoura de arroz, milho, feijão e banana. Mudaram-se Mosquito, onde residia seu um filho Augusto.
Faleceu na casa da filha Leonora, casada com Willi Momm.
Prosseguindo...
Não demorou muito para a chegada de outras famílias de filhos de imigrantes alemães, oriundos da região de Grande Florianópolis, como: as família de Adão e Jacob Sens na sede, Fernando Sens e Leopoldo Ludwig na foz do Rio Gabiroba, Guilherme Mohr no Rio Batalha. Também chegaram as famílias de Escholástica Köpp, Ernest Pedro Ludwig, Lidvina Paulina Schmitt, Cecília Clasen, Matilde Schappo, Rosália Sens, Norbert Ludwig e Olídia Sens. Estas primeiras famílias literalmente construíram a povoação, como todos os pioneiros da região do Vale do Itajaí. Derrubavam a mata para o pasto e para a roça, construíam sua casa provisória, abriram caminhos e construíram escolas e igrejas. A maioria era formada por famílias católicas, mas também existia a comunidade formada por famílias luteranas. Foi construída uma capela provisória, depois uma grande igreja de alvenaria, com arquitetura semelhante a Igreja Sagrado Coração de Jesus - Águas Mornas, sobre a qual já escrevemos neste blog. Belíssima tipologia, que não permaneceu por muito tempo na paisagem, pois logo foi substituída pela igreja projetada por Simon Gramlich.
Igreja Católica com predominância da comunidade católica
Comunidade com predominância católica em uma época que até mesmo se proibiam casamentos entre membros de religiões diferentes. Fato também, presente na Alemanha, onde existiu uma guerra religiosa sangrenta que durou três décadas. Também haviam ressalvas e cuidados entre pessoas de religiões diferentes no Brasil e nas cidades do Vale do Itajaí. Tema para outra postagem. Uma questão tinham em comum - a prioridade para a construção do templo e e para a escola. Mostraremos os espaço da religião predominante da comunidade - a católica.
Mais uma imagem, agora sem a presença da simetria e com a presença de uma professora, na frente da mesma escola da foto anterior. Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Ituporanga. |
O edifício novo da escola foi inaugurado em 1932. Foi construída no mesmo local da edificação enxaimel e ao lado da igreja católica e as aulas eram ministradas pelo Frei Gabriel Zimmer, que apropriadamente a batizou a escola com o mesmo nome da escola que tão bem conhecia e que foi fundada pelo Padre José Maria Jacobs, em Blumenau - o Colégio Santo Antônio. O nome da escola católica de Ituporanga foi nominada de Grupo Escolar Santo Antônio.
Quanto as igrejas da religião católica, o município de Ituporanga soma duas capelas e duas igrejas, no mesmo local e dentro de uma história tão recente e dentro de um recorte de tempo histórico tão pequeno - inferior a 100 anos de colonização e, a arquitetura é tão descartável na paisagem.
Em 30 de janeiro de 1915, três anos após a chegada das primeiras famílias pioneiras, Olídia Sens e João Steffen Filho receberam a primeira comunhão na missa oficiada pelo Padre Jesuíta Luiz Stener. As duas primeiras crianças que nasceram desde o início da colonização foram batizados pelo Padre Augusto Schwierbing em 8 de julho de 1915. As crianças foram Maria, filha de Egídio Sens e Crisóstomo, filho de Matias Sens.
Neste tempo, foi construída uma pequena capela/escola de madeira, coberta com tabuinhas de madeiras e este era o espaço dos encontros, festividades, recepção de visitas e oração da comunidade católica local até 1922, quando foi inaugurada uma capela melhor estruturada.
Frei Gabriel Zimmer. |
Observar a antiga capela ao lado. Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Ituporanga. |
2° Capela de Salto Grande - atual Ituporanga. |
O pedreiro que construiu a capela foi João Haas. Haas recebeu auxílio dos homens da comunidade. Esta tornou-se o presbitério da nova igreja, inaugurada em 1931.
A primeira denominação da nucleação urbana - embrião da cidade de Ituporanga, nunca usado oficialmente, foi “Rio abaixo”. Isso aconteceu na construção da primeira picada aberta pelos exploradores da região, e a presença da estrada carroçável construída ao longo da margem direita do Rio Itajaí do Sul.
Posteriormente, o nome mudou para Barra do Rio Gabiroba e também, Barra do Rio Perimbó. Denominação familiar àqueles que chegaram ao local e se fixaram nestes pontos geográficos, e, geralmente, oriundos de São Pedro de Alcântara, do município de São José de Terra Firme e Santo Amaro da Imperatriz, do município de Palhoça.
Em 1919, quando foi criada a primeira escola, o local passou a ser chamado Salto Grande, em função da presença de um grande salto nas proximidades desta escola - no Rio Itajaí do Sul, sempre, ao longo da História de Ituporanga, conhecido como Grande Salto.
Em 4 de outubro 1922, através da Lei n° 1.408 de 4 de outubro de 1922, foi criado o Município de Bom Retiro e em seus novos limites foi incluída a localidade de Salto Grande, que pela Lei n°11 de 5 de novembro de 1923 era elevada à categoria de Distrito, com o nome Generosópolis. O nome foi dado em homenagem ao superintendente Generoso Domingos de Oliveira - presidente do Diretório do Partido Republicano Catarinense. Felizmente, a denominação não foi bem aceita e somente, foi usada em carimbos dos correios e documentos oficiais, continuando o local a ser conhecido, informalmente, por Salto Grande.
Em 1924, o nome da nucleação urbana, passou a se chamar, também de maneira oficial, de Salto Grande.
Em 1929, chegaram os franciscanos na localidade, oriundos do Colégio Santo Antônio, de Blumenau, com o qual, Frei Gabriel Zimmer tinha ligação. O Frei recebeu uma estátua sua, na frente da Igreja Matriz, inaugurada em 1931, ocupando o lugar da capela que não tinha nem 10 anos de existência e também poderia estar na paisagem como um elemento histórico. Não dá para compreender.
Parte da cidade aos fundo da 1° Igreja Matriz. Ao lado a 1° escola enxaimel. |
Frei Gabriel Zimmer na estrada. |
Em 1934, Frei Zimmer parte e, como o Padre Jacobs, falece no Rio de Janeiro, só que em 1936. Frei Gabriel Zimmer tem uma rua com seu nome em Blumenau. Frei Gaspar Flesch assumiu o seu lugar na paróquia. Em 1938, assume a Paróquia, Frei Gentil Scheidt e, em 1940, o Frei Meinrado Vogel e, em 1944, o Frei Arthur Kleba, que foi um dos principais articuladores e contribuiu para a criação do Hospital Bom Jesus, para construção da ponte pênsil que dá acesso à gruta, para a inauguração do Grupo Escolar Mon’t Alverne, e novamente, para uma nova igreja matriz e pela instalação do município de Ituporanga. Também foi um dos responsáveis pela instalação do município de Ituporanga, que aconteceu em 14 de fevereiro de 1949, e que , enfim, recebeu o nome de Ituporanga - em tupi-guarani, significa Salto Grande.
Através da lei n° 247 de 30 de dezembro de 1948, o Distrito de Salto Grande foi elevado à condição de cidade, sendo criado o município de Ituporanga, instalado em 14 de fevereiro de 1949. Assumiu as funções de Prefeito Provisório, o Tenente da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, Olivério José de Carvalho Costa, nomeado por decreto do Governo do Estado. Em 11 de setembro de 1949, realizaram-se as eleições para prefeito e vereadores de Ituporanga, tendo sido eleito o Primeiro prefeito do município - João Carlos Thiesen e os membros da Primeira formação da Câmara Municipal, composta por sete vereadores, os quais assumiram suas funções em 24 de setembro de 1949. Lembramos que Ituporanga, em Tupi Guarani significa Salto Grande.
Também, antes que termine a década de 1940, registramos um pedaço de história de Ituporanga que envolve o Salto Grande, que nesta década foi disputado entre as municipalidade de Palhoça e Blumenau, que tinham interesse na sua força motriz.
Salto Grande - que tanto inspirou
O Salto Grande é uma cachoeira localizada no Rio Itajaí do Sul, ou como chamavam os pioneiros - salto, atualmente localizada na área urbana do município de Ituporanga, cuja nucleação urbana se desenvolveu no seu entorno. Por isso, ao longo da história local e regional, o Salto Grande sempre teve importância, tendo sido objeto de disputa, entre Blumenau e Palhoça no início do século XX, local aproximado do limite destes municípios nesse período da história. A nucleação urbana em torno de Salto Grande tinha este mesmo nome até o ano de 1943, quando começou a ser chamada de Ituporanga, nome que também tem ligação com o local. Ituporanga é uma palavra derivada do tupi-guarani, e significa: a “Bela queda D’água”. Também fazendo alusão ao antigo nome do local e ao salto, Salto Grande.
Blumenau reivindicou o Salto Grande e seu entorno, por que tinha interesse sobre sua força motriz e sua capacidade de gerar energia elétrica, pois desde 1912, existia a Usina do Salto, localizada próximo ao Stadtplatz de Blumenau, que produzia energia elétrica para indústrias locais e para as residências, a partir de um salto semelhante ao Salto Grande, que têm mais de 5 metros de queda. Empresários do município de Blumenau pretendiam utilizar a energia a partir das águas do salto.
A história deste local está publicada no Site da fábrica de papel Águas Negras S.A., que apresenta a formação da primeira sociedade e da fábrica construída neste local.
Primeira sede da Fabrica de papel construída pelo empresários de Blumenau no início da década de 1940 - Edifício fabril de grande valor histórico - estado de conservação ruim - Fotografia Carla Micaela. 2020. |
Sua história inicia a partir da reunião entre os blumenauenses Curt Hering, Victor Kleine, Hermann Muller Hering, Victor Hering, Ingo Hering, Erich Steinbach, Ralph Gross, Max Tavares do Amaral e Adolph Schmalz que aconteceu em 18 setembro de 1940, na Companhia Hering, em Blumenau. Dessa reunião se formou a sociedade Salto Grande S/A, que fabricava pasta de madeira e, após 6 anos, também, foi inaugurada sua fonte de energia elétrica, a hidrelétrica que fornecia energia elétrica para a fábrica e, também, vendia o excedente para algumas residências da comunidade de Salto Grande.
Represa no Salto Grande. 2020 |
Para a geração de energia no Salto Grande, Curt Klein, de Blumenau construiu a Companhia Hidroelétrica em 1946, no Rio Itajaí do Sul, e para isso, construiu a represa no local, existente até o tempo presente.
Em 22 de maio de 1949, a sociedade foi repassada para novos sócios e ficou conhecida como Companhia Fábrica de Papel Itajaí. A sociedade, então era formada por, Irineu Bornhausen, Hercílio Deeke e Abdon D. Schmitt, também residentes em Blumenau e em Itajaí. Novamente, não eram pessoas da localidade. A fábrica, nesse momento, era a Companhia Fábrica de Papel Itajaí.
Em 1972, o controle acionário passou para outro grupo, com o nome de Pinho Fibras Ltda, e o proprietário era Antonio Odorczick.
Em 23 de abril de 1974, a indústria foi adquirida por Induma Indústria de Madeira S/A de Rio do Sul. Esta empresa era familiar e os nomes eram: Diretor Presidente: Hermann Herinch Purnhagen e os demais: Geraldo Ricardo Siegel, Güinter Germano Purnhagen, Carlos Heinz Walter Purnhagen, Horst Gerhard Purnhagen, Germano Emilio Purnhagen, Gerold Roland Purnhagen e Manfred Georg Schonberger. A indústria, então, produzia, industrializava e comercializava pasta mecânica, papelão e produtos conexos e também começaram a plantar espécies exóticas como pinus e eucalipto, como modo de florestamentos e reflorestamentos – monocultura muito debatida nos setores ligadas às esferas ligadas ao meio ambiente.
Em 1976, após uma alteração societária, a fábrica passou a se chamar Pinho Fibras Ltda.
Em 1980, a fábrica mudou novamente à sociedade anônima, passando a ser chamada de Águas Negras S.A. Indústria de Papel.
O local do Salto Grande e seu entorno, bastante descaracterizado, apresentam grande importância sob os aspectos histórico, ambiental e geográfico pela presença do salto no Rio Itajaí do Sul, para a cidade de Ituporanga.
Continuando...
Em 1950 foram iniciadas as obras da construção da nova (e atual) Igreja Matriz de Ituporanga. O projeto foi assinado pelo arquiteto alemão Simon Gramlich. Sua construção durou quatro anos e foi iniciada durante a permanência do Frei Arthur Klebba e finalizada na administração do Frei Achilles Kloeckner.
Famílias que chegaram a Salto Grande entre 1915 e 1930.
- Adolfo Knabben e Zulina Fernandes
- Afonso Zimmermann e Elza Goedert
- Afonso Hoffmann e Ermínia Trieweiler
- Alfredo Jensen e Irma Erndt
- Antônio de S. Pereira e Elisabeth Dirksen
- Augusto Momm e Cecília Kuhnen
- Antônio Emiliano Sá e Clara Bunn
- Antônio Thiesen e Júlia de Oliveira
- Carlos Thiesen e Joaquina Michels
- Dona Deolinda Santos
- Emílio Altenburg e Paulina Marian
- Jacó Hoffmann e Maria Kirchner
- Jacó Knihs e Bárbara Petry
- Jacó Philippi e Isabel Thiesen
- João Clasen e Hermínia Sens
- João Carlos Thiesen e Cecília Köpp
- Jordino Coelho e Gertrudes Thiesen
- José Carlos Koch e Maria Momm
- José Hoffmann e Maria Winter
- José Steffens e Verônica Clasen
- Leonel Thiesen e Ana Campos
- Leopoldo Goedert e Albertina Bröering
- Paulo Guimarães e Olívia Melo
- Pedro Loffi e Cecília Momm
- Pedro Momm e Cristina Ely
- Pedro Meurer e Frida Scheidt
- Waldemiro Karsten
- Ulrich Muller e Lúcia Hering
Fonte: KOCH & MOMM, 1985, p.17.
Ituporanga SC. |
As imagens Comunicam...
Casa da Família Sens - às margens do Rio Itajaí do Sul. |
Referências
- BOEING, Nilson José (org.). Homenagem a Ituporanga. Blumenau: Nova Letra, 2012.
- FORMAGI, Eduardo Luiz. Rio Abaixo, um Salto Grande: A construção de discursos de identificação em Ituporanga (SC) / Eduardo Luiz Formagi; orientador, Ernesto Seidl - Florianópolis, SC, 2016. 77 p.
- KLUG, João. Confessionalidade e etnicidade em Santa Catarina: tensões entre luteranos e católicos. Revista da Ciências Humanas, v. 16, n.24, p. 111-127. Florianópolis, out. de 1998.
- KOCH, Dorvalino; MOMM, João. Famílias pioneiras de Salto Grande. Joinville: Impressora Ipiranga, 1985.
- LUZ, Waldemar; THIESEN, Edevaldo Cyro. Cinquentenário da colonização de Ituporanga. [s.n.], 1962.
- LUZ, Waldemar; SENS, Nelson (org.). Publicação comemorativa de Natal de 1974: Ituporanga, Santa Catarina. Ituporanga: Tipografia de Nelson Sens, 1974
- SEIDL, Ernesto. Escola, religião e comunidade: elementos para a compreensão do catolicismo imigrante. Pensamento plural [03], p. 77-104. Pelotas, Julho/Dezembro de 2008.
- SENS, Aracy dos Santos. Ituporanga 100 anos de história 1912-2012. Rio do Sul: Nova Era, 2012.
- SENS, João Nicolau. Família Sens: uma história para se contar. Florianópolis: [s.n.], 2005.
- SEYFERTH, Giralda. Nacionalismo e identidade étnica: a ideologia germanista e o grupo etnico teuto-brasileiro numa comunidade do Vale do Itajai. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1982.
- VOIGT, Lucas. O devir e os sentidos das memórias de descendentes de alemães do Alto Vale do Itajaí (SC). Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Graduação em Ciências Sociais. Florianópolis (SC), 2014.
- Sylvia Amelia Carneiro da Cunha: Gustavo Richard - um republicano histórico em Santa Catarina. Brasília : Editora do Senado, 1995.
Leituras Complementares - Para Ler - Clicar sobre o título escolhido
- São José da Terra Firme - Atual São José SC - Cidades
- Uma História que iniciou muito antes da chegada de Hermann Blumenau - Johann Peter Wagner / Pedro Wagner - O pioneiro
- Proclamação da República do Brasil - Golpe Militar no Governo Imperial brasileiro
- Igreja Sagrado Coração de Jesus - Igreja de Águas Mornas
"Próxima postagem sobre Ituporanga, abordará a origem da cultura da cebola nesta sociedade."
Em construção - (Faltam fotografias do tempo presente) - Em Breve!