quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Musik in der Nacht

Guten Abend Freunde

Um pouco de música na noite...







Bis  Morgen!!









Pfahlbauten em Unteruhldingen - Casas pré-históricas em torno dos Alpes

Casa neolítica - Steinzeithaus Schussenried - localizada no museu ao ar livre Pfahlbauten em Unteruhldingen. Fonte: Wikimedia Commons 

O período neolítico marcou a primeira grande revolução social, momento no qual, o homem deixou de ser coletor e nômade e se fixou no espaço e, se apropriou e dominou o lugar fazendo surgir o sentimento de pertencimento. Construiu o seu primeiro abrigo no terreno ribeirinho, junto ao rio, ou ao lago, e à plantação, no período compreendido entre 10 mil a 6 mil antes de Cristo - período e no qual surgiu o embrião da técnica construtiva enxaimel, como comprova o museu céu aberto localizado o museu ao ar livre Pfahlbauten às margens do Lago Constance – aos pés dos Alpes alemão, na cidade de Uhldingen-Mühlhofen, na Alemanha.

Pfahlbauten é uma pequena aldeia, parte da cidade de Uhldingen-Mühlhofen, na costa noroeste do Lago Constance, na Alemanha, onde está localizado o museu arqueológico ao ar livre, com uma série de assentamentos pré-históricos construídos de cerca de 5000 a 500 antes de Cristo.
O museu foi inaugurado em 1922, com várias reconstruções sendo adicionadas até os dias atuais.
O museu a céu aberto exibe reconstruções de habitações elevadas do período  Neolítico e da Idade do Bronze, importante para pesquisadores que buscam a origem de determinadas técnicas construtiva, como o Fachwerk. 
Fotografia de Gerhard Schauber -  2005.

Os edifícios, cujas reconstruções ocorreram entre 1922 e 1941, foram projetadas com base em escavações arqueológicas do Wasserburg Buchau, em Federsee.




As escavações nos permitiram observar a vida cotidiana - durante o período pré histórico - período Neolítico e a Idade do Bronze, na Europa alpina. Possibilitou perceber como as comunidades moravam e interagiram com o meio ambiente. Os assentamentos formam um grupo único de sítios arqueológicos excepcionalmente bem preservados e culturalmente ricos que constituem uma das fontes mais importantes para o estudo das primeiras sociedades agrárias na região.
Ao contrário da crença popular, as casas não foram erguidas sobre a água, mas nas terras pantanosas próximas. Depois de sua construção foram colocadas elevadas do chão para se proteger contra ocasionais inundações. 
Com a elevação do nível do lago, ao longo da história, muitos destes conjuntos permanecerem submersos e conservados - longe da atmosfera. Sendo elevadas e dentro do lago com o nível elevado, fez com que alguns pesquisadores acreditassem que as edificações neolíticas foram construídas sobre o lago - palafitas, o que não é verdade. 
Depois de 1945, o museu foi liderado por algum tempo, pelo  arqueólogo Hans Reinerth.
Pfahlbautenmuseum foi adicionados à lista do Patrimônio Mundial da UNESCO, no ano de 2011.







Para acessar site do museu clicar sobre: Pfahlbautenmuseum











segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Para ouvir e ver cantando - Junge Komm Bald wieder

Freddy Quinn - 1962.


Resultado de imagem para Lotar Olias
Lotar Olias
Junge, Komm Bald wieder é uma valsa lenta, cuja melodia é de autoria compositor alemão Lotar Olias e a letra é de Walter Rothenburg. A canção foi interpretada e tornou-se sucesso na voz de Freddy Quinn. Tornou o Hit número um na Alemanha, no ano de 1962.

Tudo aconteceu, quando em 1961, Lotar Olias reescreveu para St Pauli, na forma de um musical, sua   Revue-Operette Heimweh, de 1954.
Lotal Olias era o compositor oficial de Fred Quinn, o cantor mais popular na Alemanha nas décadas de 1950 e 1960 e naturalmente Quenn ocupou o papel principal do musical. A letra da composição musical é de autoria de Walter Rothenburg, que trabalhou com Olias por algum tempo.
A poesia da música  mostra a preocupação de uma mãe com um filho que foi para o mar - sem avisar.  - "Ich mach mir Sorgen, Sorgen um dich. Denk auch an morgen, denk auch an mich.".

 Catálogo 24981.
Freddy Quinn tinha contrato com a gravadora  Polydor e neste tempo foram fornecidos duas músicas do musical para serem gravadas em um disco só, que foi gravado antes da estréia do musical que aconteceu no dia 18 de outubro de 1962,  na cidade de Hamburg. A música  Junge Komm Bald wieder foi acompanhada pela Orquestra Hans Last durante sua gravação. A entrega do single pela Polydor sob o número de catálogo 24981, aconteceu somente no mês de novembro de 1962, algumas semanas após a estréia de Heimweh nach St. Pauli.
A versão de Freddy Quinn para Junge Komm Bald wieder foi publicado na revista alemã Musikmarkt, pela primeira vez no dia 15 de dezembro de 1962, na lista de top 50. Após uma semana a música estava ocupando o terceiro lugar das paradas. E no dia 29 de dezembro ocupava o número um das paradas, onde permaneceu por 14 semanas
Freddy Quinn

Com isso, Freddy Quenn passou a concorrer o melhor cantor, conquistando o segundo lugar, mas foi considerado o melhor na  revista Jugendmagazin Bravo. O que fez Freddy Quenn permence em sucesso por mais 30 semanas e permaneceu durante 16 edições - no primeiro lugar. 












No ano de 1963, também ocupou o primeiro lugar. A música Junge Komm Bald wieder vendeu muitos discos o que fez a equipe receber um disco duplo de platina. Também a música foi premiada pela Rádio Luxembourg com o título de Leão de Ouro
A música  foi interpretada novamente, em outro filme de Freddy Quenn, no ano de 1963. O filme  é Heimweh nach St. Pauli zurück.

Após a interpretação de Freddy Quenn cantando a canção no filme de 1963 - Heimweh a St. Pauli, há registros de muitos outros intérpretes da canção - até os dias atuais.  Observar nos vídeos a seguir.

Vídeos










Letra
Junge Komm Bald wieder
Compositores: Oliss / Rothenburg
Junge, komm bald wieder, bald wieder nach Haus.
Junge, fahr nie wieder, nie wieder hinaus.

Ich mach mir Sorgen, Sorgen um dich.
Denk auch an morgen, denk auch an mich.

Junge, komm bald wieder, bald wieder nach Haus.
Junge, fahr nie wieder, nie wieder hinaus.
Wohin die Seefahrt mich im Leben trieb,
ich weiß noch heute, was mir Mutter schrieb.
In jedem Hafen kam ein Brief an Bord.
Und immer schrieb sie: "Bleib nicht solange fort."
Junge, komm bald wieder, bald wieder nach Haus.
Junge, fahr nie wieder, nie wieder hinaus.

Ich weiß noch, wie die erste Fahrt verlief.
Ich schlich mich heimlich fort, als Mutter schlief.
Als sie erwachte war ich auf dem Meer.
Im ersten Brief stand: "Komm doch bald wieder her."

Junge, komm bald wieder, bald wieder nach Haus.
Junge, fahr nie wieder, nie wieder hinaus.

Ich mach mir Sorgen, Sorgen um dich.
Denk auch an morgen, denk auch an mich.

Junge, komm bald wieder, bald wieder nach Haus.
Junge, fahr nie wieder, nie wieder hinaus.

Partitura
Cantar faz bem e não tem contra indicação!
Para ouvir, ver e cantar junto - outras canções - Clique sobre: Canções alemãs












domingo, 24 de fevereiro de 2019

Musik in der Nacht

Guten Abend Freunde!

Um  pouco de música na noite...








Bis Morgen!!







sábado, 23 de fevereiro de 2019

O Traje Kluft (Traje da Guilda) e os Wandergesellen (Aprendizes - tradição da Idade Média) Um encontro na cidade de Pomerode SC

Jörg Noriss, Marius Kleisch e a Paul Schwebe.
Avisaram-nos que Pomerode estava recebendo novamente os Wandergesellen - viajantes, caminhantes aprendizes de um, dos muitos ofícios praticados nas guildas, ou não (se for atual) em algumas, cidades alemãs, desde o período medieval - até os dias atuais. 
Ao longo dessa postagem, apresentaremos as mudanças ocorridas nessa tradição, ao longo de sua existência histórica,  consequência das mudanças sociais, econômicas e políticas na sociedade européia ao longo da história.
 Wandergesellen no seu trabalho - 1912

Escrevemos sobre os Wandergesellen no ano de 2016, quando a cidade de Pomerode, também recebeu dois Wandergesellen
Wenzel e Valentin - em Pomerode - 2016.

Wandergesellen.
No início de fevereiro de 2019, quando escrevemos sobre a internacional Sociedade Kolping e lermos sobre a vida de de seu idealizador, o Padre Adolph Kolping, ficamos sabendo que o mesmo, foi um Wandergesellen.
Concluímos isso "cruzando informações". Não tínhamos lido a definição, mas foi uma conclusão natural ao ler sobre suas atividades - ao longo de sua história.
Quando soubemos sobre a visita de três Wandergesellen - viajante - aprendiz - na cidade de Pomerode - telefonamos para a Prefeitura Municipal de Pomerode e pedimos informações sobre o grupo visitante. Tínhamos pretensão de escrever mais detalhes sobre esta tradição entre os jovens solteiros - na Alemanha e cujos trajes são denominados Kluft (do hebraico qellippa: traje da guilda). 
Como mencionado, telefonamos para a Prefeitura Municipal de Pomerode e informaram-nos que os Wandergesellen já haviam partido da cidade. Nesta sequencia, em Blumenau, recebemos visitantes da cidade de Itapiranga - extremo oeste do estado catarinense e no dia 12 de fevereiro, os levamos para conhecer o exemplo de algumas iniciativas da administração publica de Pomerode, principalmente no que tange à sua memória, ocupação do solo e também, o patrimônio histórico arquitetônico
No final de nossa excursão pela cidade, no complexo Weege - área cultural de Pomerode, percebemos no espaço do Pub da cervejaria artesanal local, os três Wandergesellen vestidos com seu Kluft (mesmo com as altas temperaturas locais) - Jörg Noriss, 25 anos, Marius Kleisch, 25 anos e Paul Schwebe, 24 anos - todos solteiros e com menos de 30 anos - uma das regras para usar um Kluft e ser um Wandergesellen. Disseram-nos que um dos companheiros de viagem é da cidade de Köhl, outro de Brehmem  e o último de Heinzberg. Quando ouvimos o nome da cidade de Köhl, foi impossível não mencionar a Sociedade de Kolping e o seu idealizador - um   Wandergeselleno Padre Adolph Kolping.
Isso foi possível, porque fomos ao encontro dos aprendizes e também os apresentamos a equipe de Itapiranga. Ao falarmos sobre Adolph Kolping - um dos três jovens disse: "Ele foi um de nós!". 
Dia 12 de fevereiro no PUB de uma cervejaria artesanal de Pomerode - com os  Wandergesellen Jörg Noriss, Marius Kleisch e a Paul Schwebe, a Arquiteta de Itapiranga Simone Eidt, seu noivo Renato Bottega e Roberto Wittmann após um dia de caminhada  em um encontro inesperado - pois imaginávamos, como foi nos informado que o grupo já havia partido.
Os Wandergesellen que estavam na cidade de Pomerode, não só, não haviam partido, como permaneceriam mais uma semana na região, completando um mês de estadia.
O assunto é interessante e importante, que mesmo não os tendo entrevistado, resolvemos escrever um pouco mais sobre esta tradição na Alemanha, com contatos na região - até os tempos atuais. 
Vale a pena conhecer.

Os  Wandergesellen Jörg Noriss, Marius Kleisch e a Paul Schwebe em Pomerode  SC.
Além das vestimentas, o ofício herdado pelos três é cheio de significados e considerado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural Mundial Imaterial pela seu significado histórico. Eles seguem à risca o costume de antigos artesãos, que após aprenderem um ofício por três anos, com aulas práticas e teóricas, saem pelo mundo por mais três anos, visitando muitas cidades, sempre em busca de trabalhos relacionados à área. "A viagem é para adquirir experiência e ver como a atividade é desenvolvida em locais diferentes. Nesses três anos não podemos visitar nossas famílias e devemos ficar em um raio de 50 quilômetros longe de nossa terra natal", explica Marius, com a tradução de Klaus Ahrendt, pomerodense que decidiu hospedar o trio em sua casa. 
Nos primeiros meses de viagem um professor acompanha o aprendiz, para que ele se acostume com a nova rotina. Depois, ele sai pelo mundo, geralmente sozinho, em busca do conhecimento. No caso dos três alemães que estão em Pomerode, eles viajaram por muitos países antes de se encontrarem por acaso no Brasil. Além da Alemanha, carregam em seus currículos passagens pela Áustria, Suíça, Espanha, Romênia, Dinamarca, Indonésia, Nova Zelândia e China. "Atualmente, a viagem não é obrigatória, mas todos consideram uma questão de honra fazê-la e se não a tivéssemos feito, não seríamos completos", afirma Marius. Testo Notícias - 08 Fevereiro 2019 10:57h.
Os Wandergesellen e Wanderjahre
Aprendiz viajante - após sua formação (Tipo de estágio com determinas regras)

A prática e a descrição da viagem do aprendiz errante -  Wandergesellen  na Alemanha, é conhecida por Wanderjahre (ou ainda por Wanderschaft, Walz, Tippelei, jornada da viagem). Esta viagem acontece após o término do aprendizado do seu ofício. O Wanderjahre e os Wandergesellen, tiveram sua origem na Idade Média dentro das guildas e corporações de ofícios. No período final da Idade Média até o Século XVIII - inicio da industrialização - ser um Wandergesellen era um dos pré-requisito obrigatório para a admissão de exame para ser mestre artesão em determinadas guildas, prática introduzida no tempo românico e em uso, principalmente, no período gótico, quando eram oportunamente usados como mão de obra nas construções de igrejas. Era imprescindível comprovar esse tipo de iniciação e estágio através destas viagens, cujo período variaram ao longo dos séculos e dependia do tipo da guilda e do comercio local onde eram praticadas. Nos seus estatutos, independentemente da guilda, as regras eram rígidas, precisas e deveriam ser cumpridas. Os artífices deveriam conhecer novas práticas e técnicas de trabalho, lugares estrangeiros, regiões e países, bem como, ganhar experiência de vida
 Wandergesellen em viagem - 1780.
artesão, ou artífice, dentro da sua tradicional viagem de estágio era chamado de  Wandergesellen - e era aquele que praticava o Wanderjahre - a viagem. Somente após a viagem para locais e lugares diferentes, praticando as atividades de uma determinada guilda, muitas vezes por anos, era que o artesão ou artífice -  Wandergesellen estava apto para ser um mestre. Para formalizar o estágio, viagem, ou o Wanderjahre, a mesma deveria suas passagens registradas no livro, em cada uma das cidades que passava e também no livro público da cidade. Viajavam até a cidade sede do reinado, ou para o exterior, onde sempre existia a prática artesanal luxuosa, como por exemplo a arte da escultura  e ourivesaria.
Quando  o Wandergesellen chegava em uma nova cidade, analisava as possibilidades, com a ajuda de uma pessoa local, quase sempre ligado a sua guilda, e visitava as oficinas pedindo trabalho. Caso não encontrasse, recebia uma pequena quantia de determinadas guildas e novamente pegava a estrada, não podendo permanecer no local. A ingressão de um jovem no ambiente dos artífices das guildas, em muitos lugares, estavam associado a grupos frequentadores de tabernas, com rodas de bebidas alcoólica e consumo em excesso, algazarras e piadas, isto foi  aconteceu, de pelo menos, até o Século XVIII.
A inscrição do Wandergesellen, após sua chegada à cidade dependia da disponibilidade de uma licença de viajante na guilda local. Quase sempre a liberação dependia de certos mestres, pois havia limitações no número de mestres a serem empregados posteriormente dentro das guildas, ou seja havia um controle na formação a partir da presença dos  Wandergesellen. A rescisão do compromisso/contrato firmado entre Wandergesellen e o local de trabalho, poderia ser efetuado por qualquer uma das partes, sem perda.
Entre os anos de 1730 e 1820, após um longo período de trabalho, mais longo em lugares maiores,  o Wandergesellen recebia um registro da cidade em seu livro - Wanderbuch, comprovando sua estadia a atuação, comprovando as horas de trabalho e seu bom comportamento e assiduidade. 

Sem esse registro no sei Wanderbuch, dificilmente o Wandergesellen poderia encontrar trabalho na próxima cidade. Durante sua estadia, em uma oficina local, era acompanhado atentamente pela corporação local até a sua partida. Se ocorresse a fuga de um Wandergesellen de uma cidade  era, apesar do controle, uma falta, muitas vezes lamentada pelos mestres. Em um local ligada à guilda da cidade existia uma "lousa" onde eram anotados todos os nomes  dos Wandergesellen que passaram na cidade e na guilda - com devidas anotações sobre episódios mais importantes relacionados a este Wandergesellen, inclusive, o nome daqueles que haviam deixado a cidade  - partindo sem as devidas formalidades. O Livro da Guilda, geralmente registravam também, as condições das viagens e da estadia dos Wandergesellen que partiam, como também, registrava as relações de emprego entre os artífices (Wandergesellen) e os mestres. 
Além do salário que recebiam, eram destinadas contribuições para a Gesellenlade - Caixa da Guilda, o sistema hospitalar e para burocracia e determinadas atividades, também de lazer, dos Wandergesellen. As bebidas consumidas durante as reuniões dos Wandergesellen somente eram permitidas com a provação do mestre mais velho da guilda e seus assessores e suas deliberações tinham que ser registradas junto ao mestre anfitrião.

Século XIX

As atividades dos Wandergesellen, no Século XIX, dentro das novas corporações formadas nesse tempo, não seguiam mais a tradição anterior com detalhes. O Wandergesellen não viajava mais sozinho e possuía mais um ou dois companheiros mais experientes. 
Isso comprova que  a prática do Wanderjahre  teve mudanças, estas registradas na poesia e na produção musical de Schubert. Atualmente, pouca coisa da tradição original é seguida e conhecida. Principalmente parte daquelas praticadas no período de tempo entre o final do Séculos XVIII e XX. 
As práticas e atividades dos Wandergesellen nas muitas cidades que viajavam, nos diversos recortes de tempo histórico, são materiais para estudos valiosos, que estão registradas não somente no livro pessoal de cada um, mas também nos livros das cidades e nos restaurantes que registravam a passagem dos Wandergesellen. 

Nestas pesquisas feitas nestes Wanderbuch - livros, vem sendo observados as barreiras linguísticas, de religião e redes de viagens existentes. Também foram e são observados nestes registros, as contribuições que cada lugar recebia ou, cedia, influenciando, através das trocas de informações, técnicas levadas e trazidas pelos Wandergesellen. Registros estes, que foram somente recentemente, cientificamente estudados. Os grandes centros eram o destino preferido das viagens. Restrições legais sobre a prática dos Wandergesellen não entraram em vigor, até o século XIX
Carlos VI Por Johann Gottfried Auerbach
Fonte Wikipédia
Houve perdas significativas da prática formais e originais dos Wandergesellen,  durante os Séculos XIX e XX. Parcialmente, as mudanças iniciaram, já no Século XVIII através das reformas comerciais no Sacro Império Romano, como por exemplo, a Portaria Imperial de Ofícios ratificada pelo Imperador Carlos VI, no ano de 1731, que pretendia transformar as propriedades da sociedade em uma sociedade pré-industrial e que não teve muito êxito. 
Algumas das reformas somente aconteceram, após o fim da Guerra dos Sete Anos - que foi um conjunto de conflitos internacionais que aconteceram entre os anos de 1756 e 1763, durante o reinado de Luís XV, entre a França, a Monarquia de Habsburgo e seus aliados (Saxônia, Império Russo, Império Sueco e Espanha), de um lado, e de outro lado,  a Inglaterra, Portugal, o Reino da Prússia e Reino de Hanôver.
Em muitos estados alemães adotaram a liberalização da economia. Com o aumento das novas manufaturas, os conflitos surgiram cada vez mais, com a prática das guildas e o artesanato antigo.

O estado adotou e promoveu, de maneira cada vez mais aberta e acessível, o comércio e o surgimento da fabricação e pequenas industrias. A reforma das transações e práticas do mercado, no Século XIX, interferiu de maneira direta, na forma da produção e no seu desenvolvimento. Estas práticas interferiram, de maneira direta, no poder e nas práticas das guildas.  Não era mais tão necessário, o Wanderjahre, viajar para completar a formação - deixou de existir parcialmente a relação direta entre mestre e aprendiz, como na estrutura anterior. Ocorreu o aumento da especialização e o inicio da mecanização, criando novas forças de trabalho dentro de um ambiente industrial. Surgiram novas demandas de força de trabalho e nesse novo cenário o papel do Wandergesellen não tinha espaço. Mas não deixou de existir suas práticas, mas com  outro cenário de produção - surgido nos tempos modernos.
Para desenvolver o treinamento de um grupo e operar uma fábrica, necessitava somente de alguns mestres (termo existente até os dias atuais nas firmas do Vale do Itajaí - o mestre da linha de produção) e alguns aprendizes.
Surgiram novas regras que permitiam a contratação formal de mestres sem a antiga formação e exigências. Para todos, eram considerados "não competentes" e a proporção de trabalhadores não qualificados cresceu nas fábricas, que nesse momento só conheciam e executavam o trabalho de meio período das práticas existentes anteriormente. O treinamento interno de alguns poucos aprendizes foi integrado  a um determinado departamento da Firma. Somente estes. com o treinamento local, tinham a chance de serem promovidos a mestre ou capataz. 
Fabrica - Alemanha - Século XIX.
A forma de transferência de conhecimento e aprendizado através de prescrições perdeu importância no final do Século XVIII . A maior especialização de muitos ofícios foi monitorado através da fundação de instituições comerciais, de engenharia e de ensino superior, que substituíram amplamente o pedestrianismo (viagens dos Wandergesellen a pé) como uma qualificação. Predominou, em apenas em alguns negócios principais e auxiliares do comércio da construção - foi que houve prosseguimento do Wanderjahre - com a presença dos Wandergesellen.
O número de Wandergesellens estava sujeito a flutuações permanentes. 
No início do Século XX -  até o final da década de 1920, o número Wandergesellen estava na faixa de quatro dígitos. Era consideravelmente alto. Durante as Guerras Mundiais, o número de Wandergesellen caiu consideravelmente,  pois muitos jovens foram convocados para o serviço militar e o espírito de liberdade dos Wandergesellen, o amor pela liberdade entrou em conflito com as políticas do nacional-socialismo. Foi um período difícil, pois não eram bem vistos pelos nazistas. 
Após a Segunda Guerra Mundial, o interesse pelas práticas da tradição do Wanderjahre cresceu rapidamente no início dos anos 50, mas nunca atingiu os números da década de 1920
Na Alemanha Oriental, a Wanderjahre foi proibido. Algumas pessoas tentaram resgatar dentro das fronteiras, mas as condições e horários de trabalho das empresas da estatais do governo (VEB) tornaram quase impossível trabalhar em diferentes atividades.
Com a crescente prosperidade do milagre econômico da Alemanha, o Wanderjahre e a vontade de pegar a estrada  por três anos perdeu espaço. Na década de 1970, os Wandergesellen com chapéu preto eram uma raridade. Não tinha sentido as privações que necessitavam passar durante a viagem. Algumas pessoas consciente sobre a importância de manter a tradição e a história temiam que as antigas práticas se acabassem.
Por volta de 1980, a consciência sobre a importância do resgate desta tradição cresceu, juntamente com conquistas e emancipação das mulheres e estilo de vida alternativo.
Surgiram também os Wanderjahre com a presença das mulheres, com praticas e hábitos totalmente diferentes que os antigos. Se chamaram Freireisende para para destacar suas diferenças das antigas associações de artífices.
Depois da reunificação alemã, muitos Wandergesellen da Alemanha Oriental aproveitaram a oportunidade para ir ao Walz - tornar-se um Wandergesellen. O crescente desemprego, que também afetou a indústria da construção, também estimulou o novo surgimento da prática. Assim, muitos, que por necessidade saíram de casa e foram para a estrada trabalhar, por vários anos - tornando-se um Wandergesellen no tempo presente.
Ainda permanecem algumas regras do tempo passado. Devem viajar a trabalho de no mínimo três anos e um dia de caminhada. Não há limite máximo de tempo para terminar a caminhada. Atualmente, apenas os carpinteiros e pedreiros permitem a presença das mulheres.
Em 2005, existiam entre 600 e 800 Wandergesellen. Em 2010, havia somente 450 Wandergesellen na Alemanha. São estimativas a partir de estudos, pois não existe uma forma confiável de contagem, especialmente entre Wandergesellen.
No mês de dezembro de 2014, durante a Conferência de Ministros da Educação da Alemanha, foi determinado que o Wanderjahre seria incluído como uma das 27 práticas culturais na lista de patrimônio imaterial da Nationwide Directory of Intangible Cultural Heritage - UNESCO, o que foi efetivado no dia 16 de março de 2015.
Atualmente, uma minoria dos formandos mantém esta prática - estima-se que haja no mundo, menos de 500 Wandergesellen cumprindo a jornada de aprendizado prático.
Os caminhantes só têm permissão para carregar o que vestem em seus corpos, então sua bagagem é muito manejável: algumas roupas, um livro de viajante, ferramentas, um mapa e pedaços e peças pessoais . Telefone celular e laptop não é permitido. Fotografia de Ines Kaffka  - Fonte: Karriere SPIEGEL 

Regras atuais dos Wandergesellen

Para poder viajar o mundo, de maneira tradicional como Wandergesellen, é preciso que alguns requisitos sejam seguidos. O interessado a se tornar um Wandergesellen deve fazer e ser aprovado em um exame do Wandergesellen, ser solteiro, não possuir filhos, não possuir dívidas e deve ter uma idade inferior a 30 anos. O objetivo da prática de Wanderjahre não deve ser uma fuga da responsabilidade - como sair pelo mundo e "não olhar para trás". Não é descartado a necessidade de apresentar um certificado que não possui envolvimento com a polícia. Em algumas situações é preciso ser sócio de um sindicato. A nacionalidade e a religião não são empecilhos para se tornar um Wandergesellen atual.  Muitos dos Wandergesellen atuais são suíços,  liechtensteiner, austríacos, franceses, dinamarqueses ou americanos - dentro da Alemanha.
Wandergesellen - Sapateiro  em viagem - fotografia feita
na Inglaterra por Neil Keery  - Fotografia 2019.
Os Wandergesellens não podem estar dentro de um raio de 50 km de sua cidade natal, durante seu tempo de viagem, mesmo no inverno ou feriados. Não pode possuir seu próprio automóvel e só pode viajar a pé, ou pedindo carona . O transporte público não é geralmente proibido, mas não é muito aprovado. É permitido viajar para outros continentes de avião, que é o caso dos Wandergesellen que visitaram Pomerode.
O Wandergesellen em trânsito deve estar sempre visivelmente público. Pode precisar de auxilio e do apoio da população na busca de trabalho ou em ter um lugar para dormir. Deve se comportar, ser ético com boa conduta, com respeito, para que o próximo Wandergesellen seja bem-vindo - razão por existir muitas das restrições durante sua viagem. 
Todos os seus pertences de viagem, como ferramentas, mapa, roupa de baixo, saco de dormir, ele precisar carregar durante sua viagem. Geralmente leva um tipo de mochila feita especialmente para os Wandergesellen - para a distribuição da carga entre os dois ombros, mas a mais tradicional - é a mochila é usada apenas no ombro esquerdo.
Os tradicionais brincos usados pelo viajantes são acessórios atuais. Não eram usados na época das guildas. Eram usados, no  tempo passado por apenas soldados e marinheiros antes da Revolução Francesa, que tornou-se moda na região da atual Alemanha entre os anos de 1810 e 1850, por todas as "tribos". e que ganhou mais visibilidade dentro dos grupos de Wandergesellen. Muitas vezes mediante uma emergência, como o não encontrar trabalho na estrada, podem vendê-los.
Wandergesellen com brincos - Sapateiro  em viagem - fotografia feita  na Inglaterra por Neil Keery  Fotografia 2019.
Um dos  assessórios mais importantes do viajantes é o Stenz - um tipo de cajado.
Alguns Wendergesellen e seus  Stenz e mochilas.


Wandergesellen - carpinteiro e colega de viagem  do sapateiro - fotografia feita 
na Inglaterra por Neil Keery 
 Fotografia 2019.
O conjunto fica bem caracterizado quando o viajante está com seu Stenz (cajado) - que auxilia na caminhada - e trajado especialmente com o Kluft - e um chapéu preto de aba larga, cilindro, chapéu flexível, coco ou similar. As calças geralmente são com a conhecida "boca de sino" - largas e de veludo grosso ou de couro. O conjunto é completado com um colete com seis botões grandes e camisa branca sem gola. Os botões usados são tradicionalmente feitos de madrepérola ou pelo menos um material natural ou metal. 
Um brasão artesanal ou uma representação simbólica de uma insignia pessoal pode ser usado  na fivela do cinto, às vezes possuindo "cabide de brinco" ou bordado na parte de trás do colete. Não é recomendado o uso de jóias que não sejam artesanais. Muitos Wandergesellen usam um relógio de bolso cuja corrente está presa ao colete. 
Como há uma grande porcentagem de carpinteiros entre os Wandergesellen, a tradição entre este grupo é a mais original e preservada.
Relógio de bolso
 Wandergesellen dentro das seguintes práticas artesanais: carpinteiros, pedreiros, marceneiros, ceramistas, ferreiros, canalizadores, escultores de madeira, encadernadores, alfaiates, estofadores, ourives, fabricantes de instrumentos, pintores de igrejas, fabricantes de cordas, padeiros, confeiteiros, cozinheiros, moleiros, queijeiros, jardineiros, fazendeiros entre outros, somando de maneira estimativas, entre 30 e 35 práticas artesanais. 
Até mesmo práticas relativamente modernas, como mecânicos de bicicletas ou eletricistas, estão, em alguns casos, em movimento, enquanto alguns de praticas artesanais mais antigas, como fazedor de barris, sapateiros, tanoeiros ou açougueiros, praticamente não possuem Wandergesellen, por falta de interesse ou estão completamente extintos. 
A maioria dos Wandergesellen trabalham nas profissões em que foram treinados. Mas eles também assumem outros trabalhos seja para expandir suas habilidades ou porque precisam de comida ou abrigo - como esses padeiros que ajudam em um distrito de Brandenburgo na construção de estradas. Fotografia de Ines Kaffka  - Fonte: Karriere SPIEGEL .

Sebastian Gorus, 27 anos, está na estrada há dois meses e atualmente está consertando o telhado da Igreja da Abadia de Michaelsberg em Bamberg. Em muitas áreas rurais, os caminhantes ajudam a aliviar a escassez de trabalhadores qualificados, pelo menos temporariamente. Fotografia de Ines Kaffka  - Fonte: Karriere SPIEGEL .
O equívoco de que apenas os carpinteiros estão no rolo, é reforçado pelo fato de que muitos artífices de outros ofícios também usam o Kluft preto - traje - usados pelos carpinteiros com a camisa branca, sem colarinho, muitas vezes produzido em grande escala - sem qualquer tradição e disponibilizado para comprar nas lojas por qualquer um. Muitos usam o Kluft dos carpinteiros mesmo fora da viagem, como trajes habituais do trabalho, como é o caso de alguns carpinteiros na cidade de Blumenau, que não são exatamente um Wandergesellen, mas usam o tradicional Kluft. 
A viagem de um Wandergesellen só poder ser interrompida mediante justificativas convincentes como por exemplo, uma doença grave. Se interromper a viagem sem justificativa plausível - uma pausa conhecida como "unehrbar", o livro de caminhada do Wandergesellen é retirado e termina então sua viagem de maneira "desonrosa" - passa a ser chamado de "Harzgänger".
Zuftkleidung - Roupa das Guildas
Livro de caminhadas - Wanderbuch



O item mais importante que todo Wandergesellen é seu livro de caminhadas  - o Wanderbuch - que leva consigo. É um documento insubstituível da própria errância e durante toda a história desta prática - desde a idade média. Após a sua experiencia como um Wandergesellen, o livro é sua mais importante lembrança com todas as "marcas" da viagem.
É quase sagrado. A forma e o conteúdo devem ser preservados contra o uso indevido, e por isso devem ser manuseados somente em um ambiente reservado ou como uma necessidade oficial, de maneira particular. Não podem ser publicados.
Os Wandergesellen que viajam - membros do CCEG carregam um livro padronizado de caminhadas emitido pela associação de Wandergesellen. Neste único trabalho, os certificados, bem como, o selo das cidades por onde passam e estão os lugares que trabalharam, são registrados, muitas vezes, pelos  prefeitos com os ofícios oficiais. Muitas vezes, os membros do CCEG têm um segundo livro privado sobre caminhadas - diário, no qual ocorrem outros registros. Geralmente os Wandergesellen têm apenas um livro de caminhada e segue um padrão, no qual não é oficial, e pode receber todos os outros conteúdos. Cabe a cada Wandergesellen determinar quem pode fazer a inscrição no seu livro. Geralmente, os Wandergesellen  fazem seus próprios registros no livro de caminhadas, e isso se tornará oficialmente de sua propriedade até o final de suas viagens e depois de não mais fazê-las.
Wanderbuch - livro de viagem -  de um dos três Wandergesellen que estavam em Pomerode - e sua anotação.

Vocabulário próprio dos Wandergesellen

Os Wandergesellen usam partes de um vocabulário próprio para se comunicar uns com os outros ou para citar algumas coisas. É uma linguagem oral com grande diversidade, que só pode ser escrita de forma muito limitada e rudimentar e deve também manter seu caráter como uma linguagem puramente oral por parte do viajante itinerante. O vocabulário de expressões do Wandergesellen deve ser tratado com respeito.
Os Wandergesellen vestem calças largas, camisas sem colarinho e jaquetas da cor da guilda.

Atualmente - algumas das expressões usadas:

Aspirant, Aspi  - Wandergesellen novo em julgamento em machado e colher de pedreiro.
bunt- oder wildreisend - Wandergesellen não tradicionais que viajam.
Einheimischer - Ex-Wandergesellen, que se estabeleceu após as andanças
Exportgeselle, Export, Alt  - Para viajar e treinar um novo Wandergesellen.
erwandert werden - Apresentando o novo Wandergesellen aos costumes e à vida do 
                                  viajante  itinerante.
Interessent - Aprendiz que está interessado em ir em uma caminhada.
Jungreisender, Jungscher
Kamérad, Kamerud (com um longo e)  - Bom amigo. Forma de saudação entre os
                                                                  artífices.
Schacht - Artesão, empregador.
fuste -  Associação de Wandergesellen e ex-caminhantes.
schaniegeln, scheniegeln, scharniegeln, schniegeln  -  Trabalho.
Schallern  - Canto de canções de um journeyman.
Os Wandergesellen não devem gastar dinheiro em acomodação, eles também precisam da ajuda de outros ou têm que trabalhar para dormir - mas se precisarem, eles podem passar uma noite ao ar livre.
Algumas personalidades que foram um Wandergesellen

Jakob Böhme  (sapateiro) - místico, filósofo e teosofista cristão
Robert Bosch (Mecânico) - Industrialista, fundador da Robert Bosch GmbH
Friedrich Ebert (Sattler) - primeiro presidente do Reich alemão republicano ("República 
                                           de  Weimar")
Albrecht Dürer, o Jovem (pintor) - um artista significativo na época do humanismo e 
                                                         da Reforma
Peter Friedhofen (varredura de chaminés) - fundador dos Irmãos da Misericórdia de 
                                                                      Maria Hilf
Max Gebbert (mecânico) - co-fundador da Gebbert e Schall
Wilhelm Hasenclever (Lohgerber) - último presidente do ADAV e representante do 
                                                         Reichstag no  início da social-democracia alemã
Johann Klepper (alfaiate) - fundador da empresa Klepper (barcos dobráveis ​​e capas de 
                                             chuva)
Adolph Kolping (sapateiro) - fundador da Sociedade Kolping
Johann Most (encadernador) - anarquista e escritor
Adam Opel (mecânico) - fabricante de máquinas de costura e bicicletas, fundador da
                                        empresa  Adam  Opel com produção automóvel de última geração
Wilhelm Pieck (carpinteiro) - político na RDA
Hans Sachs (sapateiro) - soletre poeta, mestres e dramaturgos
Walter Ulbricht (carpinteiro) - político na RDA
Johann Friedrich Ludwig Wöhlert (carpinteiro) - industrial (construção de 
                                                                                  máquinas e  locomotivas)
Desejamos um bom retorno a Jörg Noriss, Marius Kleisch e para Paul Schwebe, de volta para Alemanha. Parabéns por contribuírem para a manutenção dessa tradição centenária. 


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