segunda-feira, 15 de abril de 2024

Igreja de madeira - Alto Ribeirão Antinha - Presidente Nereu SC

Igreja de madeira - Alto Ribeirão Antinha - Presidente Nereu SC.

Uma
pequenina igreja de madeira, da comunidade luterana de Lontras, localizada na zona rural de Presidente Nereu vem chamando atenção  das pessoas nas redes sociais, por sua beleza singular que compõe com a paisagem natural, lembrando o romantismo alemão do século XIX. Chamou nossa atenção pelos aspectos arquitetônicos e pelo capricho de quem a construiu, destacando elementos do neogótico alemão em uma arquitetura que fazia uso da madeira, material em abundância na época de sua construção e acessível para o orçamento daqueles que povoavam a região, sem muitos recursos e construíram as vilas e cidades, em todo o Vale do Itajaí. Não esqueciam de como eram suas cidades de origem.
Localização do município Presidente Nereu.

Presidente Nereu SC

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Presidente Nereu teve sua história iniciada no final da década de 1920, onde a região era visitada por caçadores oriundos de São Pedro de Alcântara e Angelina, atividade do homem primitivo ancestral, que viveu antes da revolução agrícola e deu originou aos homens, entre os quais, muitos migraram para a região do Vale do Itajaí e da Grande Florianópolis. Quando assentaram, deixaram de ser nômades e caçadores e passaram a ser agricultores e pastores. Fixando-se no solo, deram origem aos primeiros abrigos em locais que não eram providos de cavernas, mas sim de densas florestas, criando o embrião do que hoje conhecemos como a técnica construtiva enxaimel.
(Temos o livro Fachwerk - a Técnica Construtiva Enxaimel, para vender)
Habitações, após revolução agrícola, período alto neolítico, região de onde vieram famílias de imigrantes alemães para o Vale do Itajaí - cerca de 5000 antes de Cristo. Fonte: Do livro "Fachwerk - A Técnica Construtiva Enxaimel".

Casas temporárias de imigrantes que assentaram em região do Alto Vale do Itajaí, início do século XX. Felizmente ainda temos a fotografia. Fonte: Do livro "Fachwerk - A Técnica Construtiva Enxaimel".
O
início da colonização de Presidente Nereu, de acordo com o IBGE,  começou com José da Costa Miranda em 3 de maio de 1928, quando iniciou a demarcação da colônia agrícola de Edelberto Brasilides de Oliveira, portanto, não foi o primeiro morador. Quem foi o primeiro morador de Presidente Nereu, foi o pioneiro, foi Antônio Fernando Jönk e sua grande família a esposa e 12 filhos, todos nascido em Angelina, povoação de Palhoça. Sua esposa era Selestina Hang. A família pioneira  chegou no Alto Vale em 12 de julho de 1928, de Angelina.
O pioneiro de Presidente Nereu, Antônio Fernando Jönk e Selestina Hang se casaram em Angelina em 22 de junho de 1901. O Casal teve 12 filhos, que são: Sebastião Jönck (1902–1983); Selestina Jönck (1904–1985); Aluizio Antonio Fernando Jönck (1906–1973); Verônica Jönck (1908–1979); José Jönck (1909–1986); Balthazar Leopoldo Jönck (1912–1974); Antônio Nicolau Jönck (1914– - ); Maria Jönck (1915– -); Donato Jönck (1917– -); Leopoldina Jönck (1919– -); Dominico Jönck (1921– -) e Tecla Jönck (1924–1975). 
Todos os membros da família nasceram em Angelina, povoação de Palhoça e vieram residir na região de Lontras e Presidente Nereu. A família era católica. Abaixo, o documento de casamento de Antônio Fernando e Selestina realizado pelo Padre Frei Xysto Meiwes.

Pais do pioneiro de Presidente Nereu, Antônio Fernando Jönk: Heinrich era filho do imigrante alemão instalado em Brusque: Hans Jönck (1778 - 1858) e Elisabeth Sophie Leissner (1819 - 1879). Portanto o primeiro morador de Presidente Nereu era neto de imigrantes oriundo de Großkönigsförde, Lindau, Gettorf, Eckernförde, Schleswig-Holstein, Preußen, atual  Alemanha.

Observar a sede da localização de Palhoça e os caminhos internos, para chegar até o Alto Vale do Itajaí. É uma outra rota de imigrante alemães para chegar ao Alto Vale. O mapa de 1907 foi desenhado por Heinrich Krohberger - à mão.
Para acessar o mapa inteiro - Clicar no link: Mapa de SC desenhado por Heinrich Krohberger

Os
pais do pioneiro de Presidente Nereu, Antônio Fernando Jönk: Heinrich Jönk era filho do imigrante alemão instalado em Brusque: Hans Jönck (1778 - 1858) e Elisabeth Sophie Leissner (1819 - 1879). Portanto, o primeiro morador de Presidente Nereu era neto de imigrantes oriundo de Großkönigsförde, Lindau, Gettorf, Eckernförde, Schleswig-Holstein, Preußen, atual  Alemanha. 
Großkönigsförde, Lindau, Gettorf, Eckernförde. Local de origem da família Jönk.
Igreja de madeira - Alto Ribeirão Antinha - Presidente Nereu SC.
A esposa de Antônio Fernando Jönk era filha de uma imigrante alemã. Sua mãe era Catharina Müller, que residia em Angelina, na época parte da jurisdição de Palhoça que tinha sua divisa no limite da Colônia Blumenau - em Südarm (Rio do Sul). Seu pai era Julius Hang, filho dos imigrantes alemães: Heinrich Joseph Hang e Maria Magdalena Passig.
Somente esta família pioneira, sua descendência e ascendência explica um pouco dos traços e linhas da arquitetura da pequena igreja de madeira, nesse momento, apresentada.
A história do município de Presidente Nereu é muito recente. O pioneiro do município nasceu em 1878. Quando ele nasceu, a Colônia Blumenau já tinha 38 anos de existência e esta casa do Stadtplatz de Blumenau já tinha 20 anos. 
Quando o pioneiro de Presidente Nereu nasceu em 1878, a casa de Hermann Wendeburg do Stadtplatz da Colônia Blumenau já tinha 20 de existência e hoje ainda continua na paisagem do Centro histórico do Vale do Itajaí.
Centro Histórico do Vale do Itajaí com a localização da casa de Hermann Wendeburg, ainda na paisagem graças a iniciativas da família  Rohkohl.
A história da paisagem do município de Presidente Nereu é muito recente. Que história será deixada na paisagem para as futuras gerações?
No início da década de 1930, residiam as famílias de Antônio Fernando Jönk, Antônio Pedroni, Oswaldo Kretzschamar (Nas suas terras foi construída a pequena igreja de madeira), Celeste Gilli, Arnold Hang (da família de Selestina Hang - esposa do pioneiro), Maximiliano Cadilhac, entre outros.
Em 4 de junho de 1935 foi criado distrito de Nilo Peçanha. Em 1938 o nome foi mudado para Itaquá.
Em 1° de dezembro de 1961, pela lei estadual N° 792, foi promulgado a criação do município com a denominação de Presidente Nereu, em homenagem ao homem de Getúlio Vargas, em Santa Catarina. O município foi instalado em 30 de dezembro de 1961. História muito, muito recente e merece ter esta pequena igreja de madeira na sua paisagem como elemento que marcou a vida de seus primeiros pioneiros.
Informações gerais:
  • Região turística: Vale Europeu
  • Microrregião: Microrregião do Alto Vale do Itajaí
  • Municípios limítrofes: Vidal Ramos, Ituporanga, Aurora, Lontras, Apiúna, Botuverá e Indaial.
Características geográficas
  • Área: 224.67 km² (fonte: IBGE)
  • População: 2301 habitantes
  • Altitude: 390 m
Presidente Nereu SC.
Igreja -  Alto Ribeirão Antinha -  Presidente Nereu-SC
Igreja da comunidade Alto Ribeirão Antinha - Presidente Nereu, da comunidade de Lontras.
A pequena igreja de madeira foi construída em propriedade particular, como era comum no tempo passado, onde as pessoas pudessem rezar suas missas e cultos. Muitas vezes essas igrejas cumpriam duas funções: o de igreja e de escola. Eram construídas com material de construção que tinham disponível no meio, quase sempre, madeira, caracterizando a arquitetura vernacular.
De acordo com Inhelora Kretzschmar Jönk, portanto, também pertencente a família de Antônio Fernando Jönk, a pequena igreja de madeira foi construída por seu avô Oswaldo Kretzschmar, em suas terras. Lembramos que a família pioneira Jönk era católica.
Atestado de óbito do pioneiro que habilmente construiu a pequena igreja de madeira.

Angelina, essa igreja foi construída quando eu era criança, no terreno de meu avô Oswaldo Kretzschmar. Nessa igreja minha mãe e, depois eu, ministrávamos o Culto Infantil às crianças e adolescentes da doutrina. Nessa igreja foi realizada a cerimônia do meu casamento. E , mais tarde, o batizado de minha filha primogênita. Professora Inhelora Kretzschmar Jönk - 13 de abril de 2024

A professora Inhelora complementa dizendo que em 2012/2013, os cultos na igreja luterana de Presidente Nereu foram desativados pela Paróquia Luterana de Lontras, da qual fazia parte, pela diminuição dos membros no local. A comunidade foi anexada à Comunidade Luterana de Cotias, em Lontras, SC. 
Em março de 2024, um grupo representando a Comunidade Luterana de Cotias e da Comunidade Luterana de Lontras esteve em Presidente Nereu, onde está e histórica igreja construída pelo pioneiro Oswaldo Kretzchmar, conversando com pessoas de Presidente Nereu, solicitando a demolição da igreja. Como assim?
E a história de Presidente Nereu? E a história das famílias e dos descendentes de Oswaldo Kretzchmar?
As pessoas, do momento presente de uma cidade, são guardiões de suas histórias e decidem o que deixarão na paisagem para as futuras gerações desse. Bom lembrar que muitos apreciam ir para a Europa, nas cidades de  origem destas famílias pioneiras, onde visitam e fotografam cidade milenares com seus edifícios e monumentos históricos. Sua cidade sequer tem 100 anos.

Mesmo restaurando, a prefeitura municipal não assume o cuidado pela mesma. Sendo assim, teria que ser um dos antigos membros da Comunidade Luterana local- o que se torna inviável por tempo e despesas. A própria Comunidade Luterana de Lontras - da qual essa igreja fazia parte - foi a responsável pelo fechamento da igreja e que pede sua demolição para não arcar com outras responsabilidades. Claudio Vivian Krahn

O valor despendido não é alto. A igreja está inteira e o material é de fácil manuseio e aquisição. A administração pública de Presidente Nereu poderia encampar essa valorosa iniciativa.

Angelina, essa igreja fica no município de Presidente Nereu, SC. Era da igreja luterana, cheguei a ir num culto nela quando criança, e nas festas anuais que faziam, onde a comunidade católica também participava. Infelizmente a comunidade luterana na cidade diminuiu e enfraqueceu, com seus poucos membros indo embora ou se convertendo para outras religiões. Acho que também a falta de um pastor ativo contribuiu. E hoje está abandonada sofrendo a ação do tempo.  Vania Hang Schmitz

A igreja é um monumento histórico de todos da cidade, independente do pastor e do padre. É pequenina e não é muito complicado para efetuar a manutenção necessária. Faz-se mutirão para tanta coisa. Vânia, você deve ser descendente de Celeste, esposa do pioneiro, família de Angelina. Família católica.

A pequena igreja histórica de madeira de Presidente Nereu, faz parte do inventário do Patrimônio Cultural de Santa Catarina, Fundação Catarinenses de Cultura, que poderia prestar um auxilio a comunidade para manter sua história, através da arquitetura presente na paisagem.
Parte do inventário do FCC.
A pequena igreja histórica de madeira de Presidente Nereu está registrada como Patrimônio na página da AMAVI, Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí. Também poderia auxiliar a comunidade nessa questão de preservação.
Arquitetura Igreja Alto Ribeirão Antinha

A arquitetura da pequena igreja é peculiar porque somente com o material retirado do local, Oswaldo Kretzschmar, construiu às igrejas do Heimat de sua família pioneira. Partindo do pressuposto que a arquitetura religiosa de um povo ou cidade reflete diretamente sua cultura e um momento dentro de sua história, também assim foi nos primeiros tempos da região da Colônia Blumenau e depois a partir das inúmeras cidades desmembradas desta.
A expressão arquitetônica praticada no período das chegada dos primeiros imigrantes na região do Vale do Itajaí,  e também na Grande Florianópolis, era oriunda da técnica construtiva enxaimel com fechamento em madeira, além dos tijolos, em alguns casos, isto nas construções residenciais. As igrejas, quase em uma unanimidade seguiam o estilo romântico (século XIX) com características do Neogótico. Estilo com traços do gótico mais a influência das culturas exóticas do oriente e do Egito, caracterizando, então, o estilo eclético (mistura de estilos e linguagens). Isso considerando serem construída em alvenaria. Mas e quando somente tinha madeira como material, e também somente estas condições. Como Oswaldo Kretzschmar, outros também construíram o eclético com predominância do Neogótico.

Características da  Neogótico

O Neogótico é o resgate das características do Gótico (século XI até século XV) na arquitetura e nas artes. Foi um dos “Neos” que inspiravam os românticos do século XIX, principalmente entre os povos de origem germânica. Após a leitura da biografia dos Irmãos Grimm é um pouco mais fácil de compreender este momento.
Neste período também, foi que aconteceu os primeiros movimentos migratórios de grupos de alemães de maneira organizada, para o Brasil, para a grande Florianópolis, para  o Vale do Itajaí  - Entre 1820 e 1850. 
Os românticos se opunham ao academismo. Defendiam, entre outras coisas, os valores emocionais sobre os intelectuais e o individualismo a partir da cultura familiar dos antepassados, negando a arte estrangeira e internacional imposta e em vigor. A arte romântica apresenta ainda, outras características como: o realismo, o sentimento de contemporaneidade, o nacionalismo, e o culto à natureza, uma das característica da mitologia germânica. 
A arquitetura romântica restaura o gótico com influencia dos estilos exóticos como: chineses, árabes, hindus, combinados, culminando em um ecletismo no qual, as preocupações de efeitos decorativos tem mais importância do que as finalidades práticas do edifício e a lógica de sua estrutura. 
Nas últimas décadas românticas, quando se anuncia a arte realista, a arquitetura passa a experimentar a pressão de novas necessidades sociais, como também ao uso de novos materiais construtivos, como o ferro. Este racionalismo, substituindo o decorativismo a acontece a mudança de ciclo, do romantismo para o realismo e surgem os percussores da arquitetura moderna, que tem com uma de suas  características, o funcionalismo das plantas, das estruturas e dos materiais. 
O
neogótico do romântico, não obedecia a razão de ordem técnica e foi adotado pelos poderes evocativos e sugestões decorativas, acordado com o sentimento nacionalista capaz  despertar no observador e usuário. Cada país europeu, considerava seu estilo nacional, na época. Surgiam as Nações a partir das unificações, como é o caso da Alemanha, de onde vieram os imigrantes e das famílias pioneiras de Presidente Nereu.
Dotados deste sentimento, os primeiros arquitetos e construtores projetaram as primeiras igrejas no Vale do Itajaí. Nesta época, na Alemanha, com em toda a Europa, se alimentavam os sentimentos nacionalistas. Adotaram o estilo neogótico como o estilo nacional por excelência. 
Observamos as características do gótico e neogótico como: a presença da rosácea, torres em flecha, nave central, vitrais laterais - na ausência, vidros somente e os arcos ogivais, lanceolados. 
Sensibilizou-nos o trabalho apresentado na pequena igreja de madeira de Presidentes Nereu, talvez com dificuldades, de dinheiro, ferramentas e materiais, o feitio das janelas envidraçadas, com duas folhas e suas bandeiras contando com o arco ogival, uma das características do gótico e neogótico cujos edifícios eram construídos em alvenarias autoportantes.
Uma preciosidade, que sua singeleza, guarda a história de seus pioneiros, Presidente Nereu.

Fotografias de Claudenir Mohr.



Rosácea.







Quando ainda estava em uso.







Um registro para a História.

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twitter)
 

Referências 

  • IBGE - Presidente Nereu Brasil SC. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/presidente-nereu/historico. Acesso em: 15 de abril de 2024 - 1h30.


Em construção...















sábado, 13 de abril de 2024

Usina Salto - inaugurada em 1914 - ampliada em 2024 - Conheça sua história

Usina Salto - antiga Empreza Força e Luz Santa Catarina S.A.


A
Usina Salto, local que visitamos, a última vez, em 9 de abril de 2024,  está localizada em uma região privilegiada sob vários aspectos. O bairro Salto, onde a usina se encontra, faz parte de uma região de Blumenau livre de enchentes e que despertou interesse das primeiras lideranças de Blumenau, ainda no século XIX. Apresenta uma natureza exuberante, onde o grande rio Itajaí Açu conta com um salto, que tornou a região um ponto focal dentro da paisagem natural da colônia, referenciando-a como o Salto e depois, o bairro do Salto. O local foi registrado em um mapa da Colônia Blumenau desenhado em 1858, sendo o salto, o último elemento natural geográfico nele marcado, sentido Oeste.
Mapa feito somente três anos após a chegada da primeira leva de imigrantes alemães para fundar a Colônia Blumenau, onde é contemplada a presença do Grande Salto.
No início do século XX já eram espacializadas três  povoações, atuais bairros de Blumenau: o próprio Salto, Badenfurt e Salto Weissbach, que ocupavam as margens esquerda e direita do rio Itajaí Açu, ainda sem a presença da ponte Lauro Müller ligando suas margens. Estava em construção desde 1898. 
Estação de Salto Weissbach da época.
Badenfurt
foi fundado por imigrantes oriundos de Baden e é registrado como a segunda nucleação urbana surgida na região do Vale do Itajaí, após o Stadtplatz de Blumenau
O bairro Salto Weissbach, também recebeu famílias ainda no século XIX, pois estava localizado na foz do ribeirão Branco no rio Itajaí Açu, junto à picada da margem direita do rio Itajaí Açu. Teve um impulso no seu desenvolvimento quando recebeu a estação ferroviária da EFSC, inaugurada em 1909, parte do primeiro trecho ferroviário inaugurado entre Blumenau e Warnow.

Mapa de parte da Colônia Blumenau desenhado em 1864, com presença dos lotes coloniais; é possível observar a localização do salto, descoberto no rio Itajaí Açu, junto a picada localizada na margem direita do rio, que levava para o Alto Vale, passando pelas nucleações de Salto Weissbach e Badenfurt, como o Salto, já contempladas no mapa. Também é possível reconhecer a localização do rio do Testo e o caminho para Pommer Oder, ou Vale do Testo, além da centralidade de Blumenau - seu Stadtplatz.

Ainda no século XIX, há registros de proprietários que adquiriram lotes coloniais na região e mantinham contato estreito com tudo que ocorria na Colônia Blumenau.
Em Salto Weissbach, por exemplo, em 1872, Luiz Altenburg comprou um lote colonial e construiu um engenho de açúcar, um de farinha de mandioca e um alambique, nas proximidades em que se situava a propriedade de Karl Eugen Richard Hinsch que criou uma Granja Modelo, depois uma Estação Agropecuária até 1911 e, mais tarde, o laboratório Renascim
Em 1883, foi construída a pequena escola de Salto Weissbach e uma igreja, na qual lecionou August Müller, irmão de Dr. Fritz Müller.
Casa Augenstein construída por Christoph Augenstein - Salto Weissbach, demolida no início do ano de 2024. Propriedade da Igreja luterana Salto Weissbach. Christoph Augenstein doou o terreno para fazer a escola de Salto Weissbach, atual E.B. Christoph Augenstein. 

Atual Escola  Christoph Augenstein, pessoa que doou as terras para sua construção.
Ainda em 1883, Luiz Abry e Teodor Lüders abrem outra  casa comercial na região. Em 3 de maio de 1909, foi inaugurado o primeiro trecho da EFSC entre Blumenau e Warnow - Indaial. 
São alguns aspectos regionais - ou do entorno da Usina Salto - do final do século XIX e início do século XX, caracterizando uma região em franco desenvolvimento.


Residência do primeiro agente ferroviário da estação ferroviária do Salto Weisbach - Rudolf Sprenger.
Propriedade localizada aos fundos da igreja.
A Ponte Lauro Müller

Hercílio Luz.
Na década de
90 do século XIX, houve grandes movimentações das lideranças nacionais, estaduais e locais, em consequência das mudanças sociais. O Brasil passava por uma crise econômica que desestabilizava a política do Império. Na região, um coletor de impostos José Henrique Flores Filho, assumiu o lugar do fundador (1883), que tinha como principal meta integrar os interesses da economia local à economia do país. A abolição da escravatura, em 1888, incendiou os ânimos dos republicanos, fortalecendo-os e culminando com o golpe Proclamação da República (1889) que surpreendeu os moradores do Vale do Itajaí. O Partido Republicano estabeleceu-se na cidade, tendo como líderes o baiano José Bonifácio da Cunha, Hercílio Pedro da Luz e Victorino de Paula Ramos.
Esses novos líderes políticos saem fortalecidos após essas mudanças, e são agora os novos representantes das lideranças econômicas e políticas locais - estaduais e os grandes atores nas ações para promoção do desenvolvimento social e econômico local e realizações no Vale do Itajaí, no início do século XX.
Alguns acontecimentos, como o término da escravatura no Brasil, as instabilidades dos primeiros momentos do regime republicano e a queda na arrecadação de impostos neste novo regime de governo, refletiram, naturalmente, na redução de melhorias na infraestrutura de uma maneira geral, com reflexos na região do Vale do Itajaí
O republicano engenheiro Hercílio Pedro da Luz, chefe da Comissão de Terras e Colonização de Blumenau, assumiu o governo do Estado em 1894, após a Proclamação da República, por ser um dos líderes republicanos de Floriano Peixoto. 
Nesse tempo, em 1896, Hercílio Pedro da Luz idealizou e deu início à construção da Ponte Lauro Müller, em Blumenau. Somente iniciou; mais especificamente, na povoação de Salto.

Após o início da construção da ponte, Coronel Feddersen fez parte da equipe de idealizadores da construção da ferrovia EFSC - cujo primeiro trecho foi inaugurado em 1909. Feddersen, como demais empresários, também desejava a construção da ponte Lauro Müller, para efetuar a ligação das duas margens do rio Itajaí Açu - próximo às povoações de Salto Weissbach, Badenfurt e Salto. E também, apoiou a construção da hidrelétrica aproveitando a força das águas do salto existente no Itajaí-Açu. No caso da ponte, Feddersen possuía terras nas imediações e convenceu lideranças locais sobre o  local em que deveria ser construída. Contou com o parecer técnico de  Heinrich Krohberger (irmão da bisavó de Niels Deeke) e Emil Odebercht,  que atestavam que se a ponte fosse construída no centro de Blumenau, custaria três vezes mais que o valor da ponte do Salto. 
Também Gustav Salinger possuía terras na cabeceira da ponte localizada à margem direita do Itajaí Açu. Salinger adquiriu o terreno em 1902, junto com dois outros investidores. Em 1912, Salinger construiu o casarão Scardueli no local, que ainda faz parte da paisagem atual.
Local do Casarão construído em 1912 por Gustav Salinger, na cabeceira da ponte, margem direita do rio.
Casarão Scardueli em 2024, em restauro que vem sendo efetuado por uma família de Witmarsum, Alto Vale do Itajaí.

A ponte Lauro Müller  foi inaugurada em 26 de junho de 1913, com a presença da ferrovia EFSC, que tinha seu traçado passando sob sua pista de rodagem da ponte, na margem  direita do rio Itajaí Açu, próximo ao Casarão Sacardueli, que já estava na paisagem. Nascia uma povoação com uma infraestrutura considerável. A Usina Salto estava em construção.
Registro da inauguração da Ponte Lauro Müller em 26 de junho de 1913, no momento em que passava o trem da EFSC.

Usina Salto


A usina hidrelétrica - segunda do Vale do Itajaí, completa 110 anos em dezembro de 2024, segunda usina hidrelétrica do Vale do Itajaí. A primeira foi de Friedrich Busch. A Usina  Salto está localizada na Rua Bonfim, S/N, no bairro do Salto, Blumenau e é administrada pela CELESC - Centrais Elétricas de Santa Catarina.
Fonte Google Earth 2024.
Até a
inauguração da Usina Salto, a cidade de Blumenau tinha sua iluminação pública a gás, exceto, os locais que recebiam o excedente elétrico produzido pela usina localizada na propriedade de Friedrich Wilhelm Busch, no Gasparinho. 
Em 1912 um grupo de empresários de Blumenau recebeu a concessão da Câmara Municipal e tinham capital da Alemanha para investir na usina hidrelétrica no Salto.  Temos três versões sobre os nomes daqueles que construíram a Usina Salto, em Blumenau.

1ª Versão - Publicação CELEC de 1994
De acordo com a publicação da CELESC de 1994, os empresários que construíram a Usina Salto foram: Gustav Salinger (construiu o Casarão Scardueli), Paul Zimmermann e Jens Carl Jensen. 
2ª  Versão - Resultado de Nossa Pesquisa
Em nossos registros, os construtores da Usina do Saltou foram: Gustav Salinger, Peter Christiano Feddersen e Paulo Zimmermann. Foram estes que receberam a concessão da Câmara Municipal de Blumenau, em 1912. 
Politicamente, estes senhores eram alinhados. Um fato que comprova esta afirmativa é de que no  dia 24 de maio de 1914 se reuniram os "descontentes" com a política de Alwin Schrader no salão de propriedade de Júlio Pupitz (cunhado de Leopold Hoeschl) - no Passo Manso, e lançaram a candidatura de Paulo Zimmermann - que pertencia ao grupo político de  Peter Christiano Feddersen - à sucessão da Prefeitura de Blumenau. Paul Zimmermann tinha comércio na localidade de Fidélis; era casado com Johanna Jensen, irmã Jens Carl Jensen, que foi pai de Wilhelm (Guilherme) Jensen (Cia Jensen), e dotado de grande prestígio comercialmente, na comunidade, por conta da indústria de laticínios que florescia.


Itoupava Central - Jens Jensen faleceu em 23 de março de 1899 e assim desapareceu sua firma individual. A esposa Carolina dá continuidade ao projeto, agora tendo como sócios Jens Carl Jensen e Paul Zimmermann, surgindo assim a Jensen & Cia. GERLACH, 2019.


Nesta época Zimmermann era agrimensor prático e também trabalhava na abertura de estradas na zona do médio  e Alto Braço do Sul e também era Conselheiro do Município. Comenta-se que  Peter Christiano Feddersen fez grande lobby e buscou parceiros políticos para este investimento, devido a localização de terras que possuía na região.
3ª Versão - Publicada no livro Colônia Blumenau Sul do Brasil
Uma de nossas fontes de pesquisa importantes, que respeitamos muito. Na publicação diz:

"Hidrelétrica do Salto do Rio Itajaí-açu. Propriedade da Firma Feddersen, Jensen e Zimmermann. A 1º de maio de 1915 entrou em funcionamento com 2 turbinas e geradores com capacidade de 1.750 Kva cada um. Antes, em 1909, em Gaspar Alto, Frederico Guilherme Busch Senior instalara uma pequena usina, proporcionando assim o conforto da energia elétrica, propulsora do desenvolvimento comercial. Aqui nascia a futura Celesc." GERLACH, 2019

Confirmamos nossa versão (a número 2) pelo aspecto histórico dessa sociedade. Os fundadores foram: Gustav Salinger (construtor do Casarão Scardueli, Peter Christiano Feddersen e Paul Zimmermann.  Salinger e Feddersen já eram sócios em outros negócios. Para o projeto e sua execução da usina, contrataram engenheiros paulistas, que a construíram em apenas 2 anos
A Usina Salto entrou em operação dois dias antes do Natal de 1914; na época, como Empreza Força e Luz de Santa Catharina S.A. Existiu até 1965, quando o Estado de Santa Catarina passou a fazer parte do sistema interligado nacional, com a criação da concessionária estatal, no caso a CELESC.

Pela primeira vez, naquele ano os blumenauenses festejaram o nascimento de Jesus iluminados por uma força que, mesmo não sendo celestial, era misteriosa e transformadora. É bem verdade que a energia elétrica não era algo totalmente desconhecido na cidade. Desde 1909, quando as ruas centrais ganharam 116 lâmpadas, sucateando o sistema de iluminação pública a gás, a eletricidade passou  a ser entendida - e esperada -  como uma grande solução do mundo moderno. O que Blumenau pedia - e agora começava a ter - era energia de boa qualidade em quantidade satisfatória. De 1909 a 1914, a cidade recebia alguns quilowats gerados numa pequena usina em Gasparinho, localidade rio abaixo, de propriedade de Frederico Busch. Circuito - Jornal Celesc 1994.

Não vimos essa placa em nossa visita de abril de 2024. Nela há a comprovação da inauguração da usina histórica. Este registro foi feito em 2014, quando a usina completava 100 anos.


Publicação da CELESC - Jornal Celesc - Ano 1994 

O
edifício da usina, ainda mantém preservados os relógios e o painel de controle, em mármore italiano, e ainda hoje, a usina funciona com os equipamentos originais alemães. Durante depoimentos na passagem do 80° aniversário de existência, foi dito que entre o patrimônio material, ainda estava o escafandro usado nas atividades submersas e até ali, a usina estava usando o primeiro equipamento alemão instalado. Se ainda estiver em poder da CELESC essa peça de museu, provavelmente fará parte do museu da eletricidade que pretendem montar em um espaço que será reformulado para tal e aberto à comunidade, mantido pela concessionária.
Fotografamos o painel de controle, em mármore italiano em dois momentos: 2014 e 2024. Em 2024 não está muito bem cuidado, ao menos quanto à limpeza do mármore.
Local que será preparado par receber o Museu da Eletricidade de Santa Catarina. Pessoalmente, cremos ser um espaço pequeno, lembrando  que existem peças grandes, por ser uma geradora de energia.
Fritz Mailer - 2010.
Relataram nesse momento, pela 
publicação da CELESC, de 1994, que cinco meses após a instalação da primeira máquina, em 12 de maio de 1915, foi instalada a máquina II, para atender à demanda que aumentava. Surgiram as redes de alta tensão, através das linhas de transmissão, que chegavam em Itajaí, Brusque, Ibirama, Rio do Sul, Jaraguá e outras nucleações. Em 1929 foi instalada a máquina III, como as duas primeiras, também veio da Alemanha. Fritz Mailer, que dançava no Grupo de Dança Sênior 25 de Julho e se aposentou na CELESC, contou sobre o trajeto das máquinas, da Alemanha até o local da usina. Disse que as máquinas vinham de navio até Itajaí e do porto marítimo, eram transportadas em chatas pelo rio Itajaí Açu, até Blumenau, onde eram descarregadas no porto fluvial de cargas de Itoupava Seca. Do porto de Itoupava Seca até o Salto, eram transportadas em carroções  tracionados por 8 cavalos.
Máquina I e II instaladas.

Máquinas alemãs e datas de sua instalação.
Publicação CELESC outubro 1994.




Em 1939 foi instalada a IV máquina  e a usina passou a ter a capacidade de geração de 6,8MW.
Atualmente a CELESC continua administrando a usina e tem um projeto para sua ampliação com objetivo de aumentar sua produção de energia
Vamos acompanhar esse momento histórico, efetuando registros da execução final desse projeto, no momento em que for apresentado à comunidade. Nós o conhecemos ao ser apresentado ao COPE - Conselho Municipal do Patrimônio Cultural Edificado de Blumenau. Será uma grande interferência da área ocupada pelas instalações históricas.
O atual edifício do patrimônio histórico arquitetônico de Blumenau e de Santa Catarina é tombado, apresenta uma concepção arquitetônica eclética, com linhas predominantes  do neoclássico e Art Decó. Está inserido em uma paisagem natural quase intacta, deslumbrante, compondo com o conjunto maior da comunidade,  que possui elementos históricos na paisagem do Salto - como é o caso da casa dos engenheiros, construída em técnica construtiva enxaimel, do casarão Scardueli, e da ponte de ferro Lauro Müller.
Casarão do Engenheiros. Fotografia de 2014, localizada na rua Estrela.



Como uma obra de engenharia, a Usina do Salto é um exemplar que se destaca pela ousadia da construção de sua estrutura fixada sobre pedras, autoportante de tijolos maciços e pedras. Essa estrutura autoportante não deve ser modificada, furada ou retirada pela segurança estrutural do edifício histórico, que, em momentos de cheia do rio, ainda recebe a força adicional do impacto das águas. Porão com espaços livres, estruturados com abóbodas e arcos. Lugar muito bonito.




Tombamento - Usina Salto - Patrimônio Histórico Arquitetônico
Casa de Força.
O complexo da Usina Salto é tombado pelo município. O tombamento seguiu a recomendação do Ministério Público de Santa Catarina - MPSC. Para o órgão, a Usina Salto constitui um marco do desenvolvimento social e econômico do município.
Em 2019, o Município de Blumenau informou ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) que cumpriu integralmente a recomendação para realizar o tombamento dos equipamentos e maquinários da Usina Salto
A recomendação para o tombamento dos bens móveis da Usina foi expedida pela 5ª Promotoria de Justiça da Comarca de Blumenau, em dezembro de 2016, em complementação a outra recomendação, cumprida em novembro desse mesmo ano - 2016, para o tombamento do edifício histórico e seu entorno, que sofrerá modificações com a execução do projeto que em breve será iniciado. O entorno da usina histórica sofrerá grandes modificações.
A Procuradora de Justiça Monika Pabst, à época, titular da 5ª Promotoria de Justiça, relata que o inquérito civil que resultou no tombamento foi aberto a partir de representação da historiadora Ana Maria Ludwig Moraes, com a notícia de que a Usina Salto estaria submetida a esta ampliação e consequentemente, susceptível às  alterações do seu entorno. A Procuradora mencionou ter ciência da importância histórica da hidrelétrica para a região, e recomendou a proteção do patrimônio histórico por meio do tombamento. 
Casa de Força.

Oficina.
As edificações históricas que fazem parte do complexo da Usina Salto  foram tombadas por decreto municipal, em novembro de 2016. Porém, a Promotoria de Justiça notou que os instrumentos e maquinários históricos do início do século XX, identificados em vistoria, acompanhada pelo Instituto Histórico de Blumenau realizada no curso do inquérito civil, não foram contemplados no processo de tombamento. Foi então que, em dezembro de 2016, o Ministério Público recomendou a catalogação e o tombamento dos bens móveis
No final do mês de fevereiro de 2019, o processo de tombamento dos bens móveis da Usina Salto foi finalizado. Mais de 100 objetos foram catalogados por funcionários da Celesc Geração, sob a supervisão da Fundação Cultural de Blumenau (FCBlu). Foram listados painéis, estantes, medidores e ferramentas, entre tantos outros objetos usados na geradora, que permanecem soba guarda da CELESC e agora integram o Patrimônio Histórico do Município de Blumenau.
Em nossa visita ao local da usina  em abril de 2024, observamos a troca de uma porta original  da construção histórica, do  acesso ao porão, por uma feita com material do tipo tela, atual. Também há aberturas retiradas do vão. Seria muito bom que todo o edifício fosse mantido original, como vemos acontecer com outros patrimônios tombados que sofrem fiscalização rígida por parte dos órgãos e  instituições de fiscalização. 
Porta de acesso ao porão - retirada do
 local e substituída por outra feita com material atual.
Entre os equipamentos, está o painel de instrumentação em mármore e madeira, em estilo Art' Deco, do início da década de 1920. O mármore, originário da Itália, com os instrumentos de medições elétricas, vindos da Alemanha, é um dos equipamentos mais antigos na lista dos objetos tombados. De acordo com o site da prefeitura municipal de Blumenau, será feita uma vistoria, uma vez por ano, um trabalho de revisão do tombamento e o pedido de inclusão de novas peças no acervo, caso necessário, será solicitado.



O piso está alterado. O ladrilho hidráulico, além de ser resistente, são peças de arte, incomparáveis e não é muito fácil de encontrar no mercado. 
"Edificação, equipamentos e maquinários históricos da Usina Hidrelétrica do Salto Weissbach agora são patrimônio histórico protegido."  IPatrimônio - Prefeitura Municipal de Blumenau.
  • Prefeitura Municipal de Blumenau-SC
  • GPH – Gerência de Patrimônio Histórico
  • Nome Atribuído: Imóvel à R. Bonfim, s/n
  • Localização: R. Bonfim, s/n – Blumenau-SC
  • Processo de Tombamento: Processo n° 2012−002
  • Resolução de Tombamento: Decreto n° 11.120, de 21/11/2016
  • Inscrição no Livro do Tombo: V. 2, n° 12
Projeto de ampliação analisado no Conselho Municipal do Patrimônio Cultural Edificado - COPE

Projeto de ampliação da Usina Salto apresentado pela CELESC, em 30 de novembro de 2022, no Conselho Municipal do Patrimônio Cultural Edificado - COPE, de Blumenau.
O projeto alerta que a Usina Salto foi a maior usina do Estado na sua época. Iniciou a operação com uma capacidade instalada de 6.280 kW. Para efeitos comparativos, até aquele momento Santa Catarina possuía três usinas, a Usina Maruim (São José), com capacidade de 600 kW, a Usina Piraí (Joinville), com 400 kW e a Usina São Lourenço (Mafra), com 420 kW. 
Esquemático do projeto básico
  • Escavação de um novo canal de adução.
  • Construção de uma Segunda Casa de Força.
  • Instalação de 2 novas unidades geradoras.
  • Casa de Força original permanece em operação.
  • Sem alterações no reservatório atual.
Dados Técnicos

Potência Atual 6,28 MW
4 unidades geradoras
Potência da Ampliação 23,00 MW
2 unidades geradoras
Potência Total Projetada 29,28 MW

Suficiente para atender
84 mil residências Aproximadamente.

Fonte: CELESC

Fonte: CELESC.

Casa de Força – Planta de Cobertura
Casa de Força – Seção Transversal.

Casa de Força – Vista de Montante




Visita ao local Histórico da Usina Salto - 9 de abril de 2024

Estivemos no local da Usina Salto a convite da Celesc representada por seu Assessor de Comunicação Victor Vinícius,  para dar um depoimento sobre o valor histórico desse patrimônio para a Região e Blumenau e também, comentar um pouco sobre sua história, que demonstra a preocupação da empresa por esta questão específica. 
Assessor de Comunicação da CELESC, Victor Vinícius.
O nosso parecer sobre a importância do local e da região em que se situa a Usina Salto fará parte de um documentário a ser apresentado à comunidade de Blumenau, em 27 de abril de 2024 - no evento CELESC - Portas Abertas. Vemos com um pouco de preocupação, a ocupação do local. Mesmo tendo sido informados da contrapartida social, a materialização de um Museu da Energia Elétrica de Santa Catarina necessita de cuidados – manutenção do lugar e estar aberto ao público. Tudo depende da sensibilidade das pessoas que estão à frente da obra de ampliação da Usina Salto. O local sobreviverá a nós, e nós optamos por refletir sobre o que deixamos para aqueles que ocuparão nosso lugar na sociedade, na cidade. 
O local é maravilhoso e na proposta que apresentamos em nosso Trabalho de Conclusão de Curso - Arquitetura e Urbanismo, em 1996, propomos para o local, ou para parte dele, áreas de visitação e contemplação, e uma pousada em um dos edifícios históricos, que continuará em atividade e permanecerá em uso na proposta do atual projeto de ampliação da Usina Salto. O trabalho foi inserido em uma edição do Jornal de Santa Catarina, em 12 de novembro de 1996.


O Projeto foi publicado em nosso primeiro livro "A Estrada de Ferro no Vale do Itajaí  - Resgate Ferroviário, Blumenau - Warnow", Edifurb. Blumenau, 2001.

Estaremos atentos às movimentações em torno dessa obra de revitalização e ampliação coordenada pelas CELESC. Esta publicação permanecerá aberta.
Registraremos para a História.
Outros registros feitos em 9 de abril de 2024
Vídeo

Fotografias













































Dois momentos - 2014 e 2024





Um registro para a História!

Referências
  • Brasiliana Fotográfica. Imagens de Blumenau: por Bernardo Scheidemantel e em um álbum do início do século XX. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=16234.
  • Brasiliana Fotográfica. Instituto Moreira Salles. Álbum de Blumenau – Rua com casas na margem. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/brasiliana/handle/20.500.12156.1/2627.
  • DEEKE, José. Traçado dos primeiros lotes Coloniais da Colônia Blumenau. 1864. In: FUNDAÇÃO CULTURAL DE BLUMENAU. Arquivo Histórico José Ferreira da Silva. Colônia Blumenau. Mapas.
  • GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.): il., retrs.
  • IBGE. Biblioteca. Catálogo. 
  • IPatrimônio. Blumenau – Usina Hidrelétrica do Salto. Patrimônio Cultural Brasileiro. Disponível em: http://www.ipatrimonio.org/blumenau-usina-hidreletrica-do-salto/#!/map=38329&loc=-26.85838013872656,-49.10785675048828,12 . Aceso em: 23 de agosto de 2022 - 20:04h.
  • Jornal da CELESC. Usina Salto: 80 anos. Edição: Maria Alauci Macarini. N°22, outubro de 1994
  • Ministério Público de Santa Catarina. Equipamentos da Usina Salto são reconhecidos como patrimônio histórico. 11/3/2019. Disponível em: https://www.mpsc.mp.br/noticias/equipamentos-da-usina-do-salto-sao-reconhecidos-como-patrimonio-historico . Acesso em 23 de agosto de 2022 - 19:59h.
  • SILVA, José Ferreira da. História de Blumenau. 2.ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 p.
  • WETTSTEIN, Phil. Brasilien und die Deutsch-brasilieniche Kolonie Blumenau. Leipzig, Verlag von Friedrich Engelmann, 1907.

Leituras complementares, Clicar sobre o título escolhido:

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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