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Igreja Católica Linha Progresso - Princesa SC. |
A história das localidades localizadas na região do extremo oeste do Estado de Santa Catarina é muito recente, se comparada à história das localidades litorâneas, do Vale do Itajaí ou, dos países de origem das famílias de seus pioneiros. Para se atingir uma história centenária, milenar, é necessário - sem qualquer dívida, passar pelos 10, 20, 50 anos de história e destes períodos, guardar o material, paisagem, arquitetura presente na paisagem que sejam relevantes, já, nestes períodos.
A sociedade do período presente é guardiã desta história, para que a do futuro possa ter acesso ao material histórico.
Já escrevemos sobre a história, arquitetura e culturas das cidades de Itapiranga, São João do Oeste e de São José do Cedro - ambos limítrofes do país vizinho, Argentina. Para ler - os link's estão no final desta postagem.
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Itapiranga - Primeira Igreja. |
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São João do Oeste. |
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São José do Cedro - Parque Fabril da ISMA. |
Recebemos fotografias de uma pequena igreja católica de madeira localizada no interior do Município de Princesa, antigo Distrito de São José do Cedro, portanto, parte desta história até 1995, quando foi emancipado em 29 de setembro, tornando-se o município de Princesa.
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Princesa - Foto Prefeitura Municipal. |
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São José do Cedro SC. |
Para entender a importância deste patrimônio histórico arquitetônico é necessário lembrarmos de parte da história de São José do Cedro, cuja povoação teve início na metade do século XX.
De acordo com informações do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a povoação de São José do Cedro teve início com a chegada de 21 pessoas oriundas da região dos Sete Povos das Missões localizadas no Rio Grande do Sul, em 1950. De maneira empírica, é sabido que o dia 19 de março é o dia consagrado ao Santo Católico São José, e especialmente neste dia os pioneiros, se reuniram na povoação que era chamada e conhecida como Cedro - o primeiro nome, para rezar um terço. Princesa foi um dos seus primeiros Distritos de São José do Cedro.
Seu nome é aludido a um causo popular que dizia existir um homem conhecido por João Maria de Lara, que não era imigrante nem alemão e descendente e nem italiano e descendente. Por isso, no local é denominado caboclo, em alguns momentos de maneira pejorativa. Este "caboclo" residia próximo ao Ribeirão Princesa - em uma casa de taipa, como viveram os primeiros pioneiros, imigrantes e descendentes de imigrantes alemães no Vale do Itajaí. Estes usavam esta técnica neolítica da Europa - primeira e rudimentar habitação, antes de fazer a casa permanente e o acréscimo de anexos, como narramos em nosso livro "Fachwerk - A Técnica Construtiva Enxaimel" de 2019.
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Figura 8 do livro – Maquete de casa neolítica com fechamento em taipa - em território da atual Alemanha – Fränkische Freilandmuseum Bad Windsheim. Fotografia do dia 12 de maio de 2016. |
João Maria contava a quem quisesse ouvir, que via uma princesa sobre a copa de uma araucária. A história ficou conhecida, dando origem ao nome do lugar do pinheiro da princesa, nome do atual município.
A povoação da região de Princesa foi resultado de negócios de terras. A Colonizadora Imobiliária Princesa Ltda, com sede em Santo Cristo - no Rio Grande do Sul, foi a responsável pela venda das terras, através de um de seus sócios, o procurador Roberto Zeno Rockenbach, que depois, veio residir na região.
A Imobiliária Princesa Ltda adquiriu suas terras da Colonizadora e Madeireira Bandeirante Ltda, com sede em Caxias do Sul, RS - região colonizada por italianos e talvez, este detalhe explique algumas características da arquitetura italiana presentes na pequena igreja histórica do interior de Princesa.
O procurador era Ruy Luchesi – Gleba Pepery-Chapecó. Faziam parte da Imobiliária Princesa Ltda as seguintes famílias: de Henrique Otto Drogemoller, Carlos Wieser, Roberto Zeno Rockenbach, Antonio Kuhn, famílias oriundas de Santo Cristo, RS. A colonizadora escolheu o local para a sede, fazendo um projeto urbano com 40 quadras, formadas por 10 lotes urbanos de 1000m² cada, em um total de 400 lotes, com ruas e avenidas já demarcadas. Seria o que conhecemos hoje - de um loteamento, construído nos arredores de São José do Cedro.
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O Desenho foi planejado, mas aparentemente, não foi feito o planejamento da ocupação do solo. É percebido a presença da ocupação de uso misto nas quadras, que contém desde plantações até construções industriais em meio às residenciais. |
É muito curioso, pois Princesa tem uma população estimada de 2.924 pessoas - IBGE (2019), apresentando pouco adensamento. No entanto, as quadras do primeiro traçado projetado é a estruturação da malha urbana do município, mesmo que apresente quadras desocupadas de residencias urbanas, mas muitas vezes com plantações, juntamente com construções grandes - que não residenciais - caracterizando quadras com multiuso. Outras, muitas vezes, desprovidas de ocupação, podendo ainda serem planejadas, quanto a ocupação do solo, para o futuro.
No centro da malha urbana formada por quadras, existe uma quadra vazia, pois a colonizadora destinou esta para ser uma praça, e outra, para ser construída a igreja católica, doando as quadras. A quadra da praça, tornou-se um campo de futebol improvisado. Como já é sabido, contada na história de São José do Cedro, os primeiros colonizadores vieram atraídos pela exploração da madeira.
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Campo de Futebol na quadra destinada a ter uma praça. |
Um pouco de História...
A nucleação urbana de Princesa, que ficava localizada no vale do Ribeirão Princesa, afluente do Rio Maria Preta, foi elevada à Distrito de São José do Cedro em 15 de dezembro de 1958, através da Lei nº 7, d e sua Câmara de Vereadores. Na década de 1970, chegou a energia elétrica na região.
A igreja e a escola ocuparam por um tempo - o mesmo edifício e o primeiro professor foi Wilibaldo João Junges, que começou a trabalhar em 1º de março de 1953.
Em 19 de março de 1995 é realizada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Santa Catarina, o plebiscito pró-emancipação de Princesa de São José do Cedro. Votos sim: 1301 votos (78,12%) e votos não: 353 votos (21,23%).
No dia 5 de outubro de 1995 uma comissão de deputados designados pela Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina visita o Distrito de Princesa, onde realiza a notificação das divisas.
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Igreja Católica Linha Progresso - Princesa. |
Em 28 de agosto de 1995, uma comissão pró-emancipação vai até a capital do Estado – Florianópolis, onde nesta oportunidade é aprovado pela Assembléia Legislativa, o projeto de resolução que cria o município de Princesa.
Em 29 de setembro de 1995, foi sancionada e assinada a Lei nº 9.923 de 29 de setembro de 1995, que cria o Município de Princesa.
Parte desta história, que é muito recente, está na paisagem na forma de arquitetura, sendo as mais antigas, construídas pelos pioneiros locais, as de madeira, na década de 1950 e 1960 e 1970 - recente. E esta história precisa ser preservada, como história local. Nesta, está a Igreja Católica de Linha Progresso que dista, aproximadamente, 12 km do centro de Princesa.
Imagens do Google Earth
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Localização da igreja histórica na região do extremo oeste. |
Arquitetura Igreja Católica Linha Progresso - Princesa SC
Edificação pertencente ao Patrimônio Histórico Arquitetônico do Extremo Oeste e do Estado de Santa Catarina foi construída com estrutura de madeira e também seu fechamento feito também, de madeira, material muito acessível em função da extração da madeira ocorrida na região, nas décadas de 1950, 1960 e 1970, de maneira indiscriminada, como também ocorreu no Vale do Itajaí, em década anteriores.
Sua tipologia é marcada pela planta retangular, contendo somente um ambiente. Sua cobertura é composta por dois panos de telhados, em duas águas, cobertas com - a princípio com telhado de zinco, muito comum na região, no período da colonização. As aberturas são de madeira, sendo a porta de acesso principal, frontal composta de duas folhas com bandeira com a forma de arco pleno, ladeada por janelas do tipo guilhotina, acabadas na parte superior, com arco pleno, arco de volta perfeita ou arco romano, caracterizando a presença da cultura italiana nesta comunidade. Cultura italiana oriunda do Rio Grande do Sul, acusada pela presença da janela guilhotina e também pela simetria da fachada, característica do renascimento, período que deixou de adotar os vitais das catedrais góticas, período nacional dos povos germanos e que habitaram o território da atual Alemanha. Uma observação: o arco pleno tem sua origem na Mesopotâmia no terceiro milênio a.C., muito comum na Arquitetura romana, que o difundiu por toda a Europa e Mediterrâneo, tornando-se numa das principais características da arte romana e dos estilos que nela se basearam como o estilo românico e, também, como comentado, muito usado na arte renascentista, criada pelos italianos.
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Igreja Católica Linha Progresso - Localidade de Princesa. |
Basta ler este resumo anterior, para se ter a noção da importância desta tipologia isolada e esquecida em um ponto do município de Princesa SC.
A pessoa que nos enviou as fotos, assim escreveu:
Angelina,
Estou entrando em contato porque preciso de uma opinião sua. Fique sabendo hoje, que uma Igreja antiga, que pertence a Linha Progresso, interior de Princesa-SC, está abandona e prestes a ser demolida. As fotos e os comentários estão no perfil de Memórias de São José do Cedro - fotos antigas. Fiquei triste...é mais um pouco da história do lugar que será perdida se isso acontecer. Acredito que essa igreja poderia ser restaurada e incluída no roteiro do Turismo Rural que o município está começando a desenvolver.
Isso é Turismo Cultural, que está se desenvolvimento muito, criando empregos e aumentando a renda das famílias. Se restaurada ela seria um atrativo a mais...A opinião que queria de você é a seguinte...por onde começar, para sensibilizar as pessoas, poder público? O que achas?
Posso até fazer um pré projeto e encaminhar para a pessoa certa. Sei que essas coisas são difíceis, mas penso que vale a pena tentar.
Parabéns para você. Há pessoas sensíveis e cultas na comunidade. E não somente pela rentabilidade, que é fato, mas nunca devemos esquecer, de que somos guardiões da história do momento presente, para as futuras gerações. Isso que move, povos da Europa a reconstruir suas arquiteturas históricas a partir de ruínas, como vimos em cidades alemãs. Claro que a idade daquela história é muito maior, mas temos que passar pelos primeiros anos da história para chegar à história milenar.
Um comentário muito importante.
Concluindo...
A tipologia desta igreja localizada na Linha Progresso de Princesa SC, talvez seja uma das poucas tipologias construídas pela comunidade italiana na região. As demais igrejas, as antigas e não as atuais construídas com uma arquitetura de gosto duvidoso, entre elas a própria igreja de Princesa, são construídas dentro da cultura alemã - utilizando o estilo usual pelos alemães - gótico, neogótico e neoclássico.
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Antiga Igreja Matriz - demolida para a construção de uma nova de alvenaria e arquitetura de gosto duvidoso. Estilo Neogótico adotado pelo imigrantes e descendentes de imigrantes alemães. |
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Nova Igreja (Gosto duvidoso) de São José do Cedro SC |
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Igreja de São João do Oeste. |
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Igreja em estrutura enxaimel - com linhas neoclássicas - uso da cultura alemã - Linha Popi - Itapiranga SC. |
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Igreja de Princesa SC - Arquitetura com gosto duvidoso. |
Informações de Princesa SC
Municípios limítrofes: Dionísio Cerqueira, Guarujá do Sul e São José do Cedro.
Área: 86,22 km²
População: 2.848 hab. est. IBGE
Altitude: 588 m
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Vista Aérea de Princesa - Foto da Prefeitura Municipal - Primeiro plano: local da praça ocupado pelo campo de futebol e a Igreja - à direita. |
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Para ler - Leitura Complementares - Clicar sobre o título escolhido:
- Porto Novo - Itapiranga - Sua História - Nossa Palestra e Impressões
- São José do Cedro - Extremo Oeste de Santa Catarina - Um pouco de História de Santa Catarina
- São João do Oeste SC - Igreja Matriz São João Berchmans