quinta-feira, 16 de maio de 2024

Ewald Jan Scherner - sobrevivente da 2° Guerra Mundial - Engenheiro Eletrônico formado na Alemanha - Imigrante do século XX/XXI - Blumenau

Ewald Jan Scherner na Suíça - 17 de junho de 2018.

Hoje nos despedimos de uma pessoa que não passou desapercebido na firma, em Blumenau, na Alemanha, na Suíça, na Polônia, na Europa e deixou sua marca, como o fez em nossa trajetória profissional, pois foi nosso primeiro chefe, na cidade de Blumenau, a qual acabávamos de conhecer, como estagiária de eletrotécnica - em 1981. Ele, Ewald Jan Scherner faleceu hoje, depois de uma vida, cujo enredo, é para poucos. Enredo para os fortes.

Waltec S.A. Industria e Comércio  onde conhecemos Ewald Jan Scherner - Salto Weissbach, Blumenau/SC - Década de 1980.

Waltec S.A. Industria e Comércio  onde conhecemos Ewald Jan Scherner - Salto Weissbach, Blumenau/SC - Década de 1980.


Ewald Jan Scherner - nosso chefe no Setor de Projetos  - Seproj - na Waltec S.A. Industria e Comércio 

Éramos estagiária de eletrotécnica no Setor de Projetos - SEPROJ e depois, atendendo ao nosso pedido - no setor de montagem de quadros, mesas e painéis elétricos, de força e comando elétricos.
Conhecemos a Waltec S.A. Industria e Comércio e o engenheiro Ewald Jan Scherner em uma das muitas viagens de estudos, que participamos como estudante, durante o curso técnico de Eletrotécnica da Escola Técnica Federal de Santa Catarina - ETFSC, de Florianópolis, em 1981
Quando visitamos suas instalações e retornamos à Florianópolis, onde residíamos, quase provocamos a 3° Guerra Mundial, quando expressamos o desejo de estagiar na Waltec. Mas tudo transcorreu muito bem e contamos com a compreensão e apoio de nossos pais que refletiram sobre a importância do estágio e permitiram que estagiássemos na Waltec S.A. Indústria e Comércio. Tínhamos 18 anos de idade, quando conhecemos o gerente e engenheiro alemão Ewald Jan Scherner. Esteve em nosso casamento em 1984, em nossa formatura de Arquitetura e Urbanismo em 1997 e em nossas bodas de prata em 2009. 
Sua história de vida foi peculiar, triste, e cheia de desafios, encarados e alguns vencidos por sua determinação.
Hoje Ewald Jan Scherner faleceu depois de muitas batalhas e foi impossível não lembrar de quanto foi valente, este que foi um dos muitos imigrantes que chegaram em Blumenau, processo iniciado na década de 1840, com famílias alemãs oriundas de São Pedro de Alcântara. Scherner chegou à região na década de 1970.
Vamos conhecer esta história, a história de um sobrevivente e mais uma história de imigrante

Ewald Jan Scherner - Nossa singela Homenagem.

Scherner nasceu em 11 de agosto de 1942, na cidade de Baborów, terra ancestral de seu pai, localizada na atual Polônia, à 80 km do campo de concentração de Oświęcim (em alemão: Auschwitz). 
Ewald Jan Scherner foi uma criança que sobreviveu a 2° Guerra Mundial, para a qual perdeu seus pais, o que o marcou profundamente. Scherner cresceu em um orfanato montado em um castelo, distante de sua cidade natal, e cresceu ali sem saber nada sobre sua família.  
A cidade onde nasceu, Baborów é um município a Sudoeste da Polônia, na Voivodia de Opole, no condado de Głubczyce e é a sede da comuna urbano-rural de Baborów. Geograficamente está situado no sopé dos Sudetos, no rio Psina. Sua população média atual é de  2.933 pessoas (em 2017).
Localização da cidade natal de Ewald Jan Scherner, na atual Polônia.
Jan Ewal Scherner, como muitos que estiveram na parte da guerra, na Europa, involuntariamente, em um dado momento, quis entender o que realmente aconteceu com sua família.
Antes disso, viveu 13 anos no Orfanato do Schloss Falkenhof.
Ele e seu irmão foram transferidos para um local de crianças e seus pais? Descobriu depois de adulto, o que houve com eles. Os meninos Scherner não conheceram seus pais e cresceram como órfãos e nunca receberam informações sobre sua ascendência. Viveram por 13 anos no orfanato que funcionava em um castelo, o conhecido Schloss Falkenhof, localizado em Nibelungenstraße 109, 64625 Bensheim, Alemanha.
Infância - Schloss Falkenhof
O pequeno Ewald Jan Scherner sempre lamentou não ter conhecido sua mãe, desde seus dois anos, junto com seu irmão, com três anos, viveram no orfanato, no Schloss Falkenhof.
Felizes são aqueles que ainda têm sua mãe ou que puderam conviver com ela em harmonia por muito tempo. Eu não conheci minha mãe e, portanto, nunca pude dizer a ela: "Mãe, eu te amo". Cresci com meu irmão, que nasceu em 20 de janeiro  de 1940 como órfãos, em um castelo. Esse foi meu lar por 13 anos. Ewald Jan Scherner

Schloss Falkenhof

Entre os anos de 1894/1898, Ferdinand v. Marx de Frankfurt am Main, adquiriu uma extensa área do Barão Ernst Sigismund Pergler von Perglas, que era dono da propriedade Falkenhof e que ainda possuía a mansão. Em 1901, Von Marx construiu no local uma villa semelhante a um castelo que deu o nome de Schloss Falkenhof. Ele havia enriquecido muito com a construção de ferrovias e investimentos industriais. O Schloss foi construído pela empresa de Frankfurt, Philipp Holzmann, que também esteve nas obras da ferrovia de Bagdá.
A construção foi colocada na parte mais alta do terreno, à esquerda e à direita do ribeirão Lauter e da Nibelungenstrasse. Áreas de terra e vinhedos em outras partes do distrito de Bensheim, também faziam parte desta propriedade.  A área total somava 20 hectares.
Von Marx viveu no castelo com sua esposa, filha do banqueiro de Frankfurt Hauck, até 1938 e foi, então, forçado a abandonar sua residência sob o regime nacional-socialista. O castelo e seus pertences foram para o “N.S.-Volkswohlfahrt”, segundo Ewald Scherner:  Organização Nacional Socialista de Bem-Estar do Povo.
Inicialmente, o Schloss Falkenhof foi transformado em uma maternidade para a organização de ajuda de mães e filhos. Iniciou a 2° Guerra Mundial e Schönhof tornou-se a residência oficial do prefeito de Bensheim e a fazenda Falkenhof, a parte do Lauter, foi vendida para Wolff-Geräte, em 1942
Scherner tinha um ano de idade e seu irmão dois anos e já eram considerados como se fossem órfãos. No local,  Ewald Jan Scherner viveu 13 anos de sua vida ao lado de outros 12 órfãos, entre eles, seu irmão. Quando saiu do local, já era um jovenzinho de 15 para 16 anos de idade.

Arquitetura


O Schloss Falkenhof é a construção mais monumental e impressionante da Bergstrasse, no estilo historicizante inglês do final do século XIX. Construída, apresenta fachadas diferenciadas em todos os lados com numerosas empenas curvas, torres e torreões, águas-furtadas, alpendres e ampliações, varandas, janelas salientes e terraços. A diversificada paisagem do telhado (cobertura de ardósia) é animada por inúmeras chaminés. Impressiona também a enorme subestrutura com balaustrada do edifício construído na encosta. Os tijolos foram utilizados como material de construção, mas foram revestidos em todos os lados com basalto verde de Vogelsberg. As peças arquitetônicas de destaque (esquadrias, varandas, topos de empena, portais) foram feitas em arenito amarelo.
No interior, o mobiliário fixo de alta qualidade do rés-do-chão ainda está totalmente preservado: o grande corredor com parquet, painéis de parede e teto, e no canto sudoeste a escada tripla de madeira com balaústres e anexos de leão. A antiga sala da biblioteca com abóbada de berço também é ricamente decorada com painéis, e o papel de parede de couro original também foi preservado. Os restantes quartos do rés-do-chão apresentam uma decoração classicista, com colunas ionizantes, espelhos de parede com medalhões emoldurados por festões, molduras multi-perfiladas nas paredes e no teto e painéis de parede em caixotões. 
Ewald Jan Scherner descrevia o local, através de uma fotografia, onde mostra uma sala grande com uma porta de vidro que levava ao jardim de inverno. Também mostra outra fotografia, de 1949, onde há uma piscina construída pelos americanos. A escada e muitos outros painéis de madeira eram de carvalho. Havia uma lareira em todos os grandes salões. Os ambientes estavam conectados a um sistema de aquecimento central. Um deles, um pequeno quarto era o local  para os doentes, o que seria um pequeno hospital. Scherner mostrou imagens do local e em uma destas imagens  está com demais crianças em uma mesa.
Piscina.





Escada de carvalho.




Ao fundo, da mesa, o pequeno Ewald Jan Scherner.

Atualmente o local do Schloss  Falkenhof é utilizado pela Caritas como local de reabilitação de pessoas com vícios químicos.

Scherner se formou engenheiro eletrônico, na Alemanha, sem informações sobre sua origem e a história de seus pais. Suas memórias se limitavam no tempo vivido no orfanato do Schloss Falkenhof e seu irmão. 
Depois de formado, viajou pelo mundo e em 1967 chegou pela primeira vez ao Brasil. Casou-se no ano seguinte, em 1968 com Rita Scherner, de Blumenau e mudaram-se para a Alemanha.
Nesta empresa alemã, trabalhou como engenheiro eletrônico, casado.
Casa dos Scherner, na Alemanha entre 1970 e 1974. Fotografia Ewald Jan Scherner.

Nessa casa,
Ewald Jan e Rita moraram entre os anos de 1970 e dezembro 1974 antes do retornar para Blumenau. Neste tempo, Scherner fez uma pós-graduação em Mannheim - 4 semestres, período entre 1972 e 1974.
Stadtplatz de Mannheim, cidade onde fez a pós-graduação.


Estágio de eletrotécnica na Waltec SA, setor
onde Ewald Jan Scherner era gerente - 1981.
Em 1975, estava em Blumenau e prestava assessoria para a firma de Blumenau Walter Schmidt, localizada no Alto da Rua XV de Novembro. Durante suas atividades profissionais, sofreu um acidente sério de trabalho, na cidade de Curitiba, quando recebeu uma descarga elétrica de média tensão, a partir de um equipamento em curto circuito. Sofreu queimaduras generalizadas, onde teve que fazer transplantes de pele. Quando o conhecemos, no início da década de 1980, ainda se submetia ao tratamento. Nesse tempo, ainda na década de 1980, já estando trabalhando, como engenheiro eletrônico na Waltec S.A. Industria e Comércio, Blumenau, começou a investigar mais sobre sua família e o lugar onde nasceu. Foi no início dessa década, que o conhecemos, como gerente do Setor de Projetos da Waltec SA, onde iniciamos nosso estágio de eletrotécnica, em julho de 1981.
Como gerente sempre foi uma pessoa operante, metódica, muito séria, emotiva e detalhista. De uma inteligência extrema e que, prontamente atendeu nossa solicitação de estender nosso estágio, também para a linha de montagem da fábrica, onde somente trabalhavam homens. Acompanhamos o projeto de um quadro de comando e proteção elétrico desenvolvido por nós na área de projetos e depois o acompanhamos na sua montagem na produção, sem qualquer problema por parte do gerente, o engenheiro Ewald Jan Scherner. Um tempo depois, haviam outras contratações, de mão de obra feminina na linha de montagem dos quadros. Ewald Jan Scherner aparentemente apresentava uma distância entre si e seus comandados, mas era somente uma reserva de proteção em torno de si. 
Ouvia, considerava e era generoso com uma emoção extrema.
Acompanhamento do estágio assinado por Ewald Jan Scherner.

Acompanhamento do estágio assinado por Ewald Jan Scherner.

Baborów, Polônia.

Nessa década de 1980, sentiu a necessidade e vontade de saber mais sobre sua família, que não conheceu, em função da 2° Guerra Mundial. Após a queda do Muro de Berlin, em  9 de novembro de 1989, Ewald Jan buscou mais dados sobre os fatos ocorridos com sua família e na sua cidade natal. Em 1991, na companhia de sua esposa Rita e de seu irmão, foram até a Polônia, onde visitaram  Baborów, sua cidade natal.
 Baborów, Polônia - cidade natal de Ewald Jan Scherner.
Eu nasci em Baborów perdi meus pais para a guerra. Eu voltei para casa 4 vezes e adoraria viver lá. Mas como a Alta Silésia era alemã antes da guerra, não consigo autorização para o passaporte polonês. Meu primo mora em Raków. Quem pode me ajudar? Ewald Jan Scherner - 4 de março de 2023.
Certidão de Nascimento original de Ewald Jan Scherner. O nome de sua mãe era Franciszna.
Nesse momento Ewald Jan encontrou seu passado e sua história, residindo em Blumenau há aproximadamente 15 anos.


Igreja do Cemitério de Baborów. Fotografia de Ewald Jan Scherner em 18 de junho de 2018.
Eu fui a primeira vez para minha cidade natal na Polônia e achei lá parentes diretos. Eu fui mais três vezes para lá. Essa é a minha pátria, que eu perdi. Meu pai não concordou com o Hitler e não quis participar dessa guerra. Ele se escondeu mas foi achado por eles e foi preso. Em 1944 ele foi jogado do 3° andar de um prédio e morreu. Eu estava com 2 anos. A minha mãe pegou meu irmão e mim e fugiu da nossa terra. Ewald Jan Scherner - 18 de junho de 2018.
Mapa feito por Scherner em 2018.

Campos de sua terra natal, na Polônia, registrado por ele em 2018.
Essa é a região na Minha cidade natal. É muito bonita. Ewald Jan Scherner - 2018.

Campos de sua terra natal, na Polônia, registrado por ele em 2018.

Traje típico da região de sua terra natal. Foto Scherner 2018.

Traje típico da região de sua terra natal. Foto Scherner 2018.

Na Polônia ele encontrou uma das irmãs de sua mãe Franciszna, que ainda residia na casa de seus pais, os avôs de Ewald Jan Scherner. A partir de sua tia, que não acreditava que o encontrava depois de mias de 50 anos de separação, soube muitas coisas sobre seus pais. Seu pai, que nasceu em  6 de março de 1909, em Bavorów, foi morto pelo exército alemão em 24 de agosto de 1944, com a idade de 35 anos. Sua mãe Franciszna nasceu em 12 de maio de 1915 em Raków, Polônia. Ewald Jan ouviu sua tia contar que após a morte do pai e a invasão russa na Polônia, sua mãe fugiu com ele, que era um bebê, e seu irmão para a Tchecoslováquia, de onde foi deportada. Então Franciszna fugiu com os filhos para a Áustria, para região de Salzburgo. Scherner, a partir de sua pesquisa, descobriu que sua mãe também foi expulsa da Áustria, de onde ele não conseguiu descobrir para onde ela foi com seus filhos. Depois descobriu que ela fugiu para o Oeste da Alemanha e morreu em 12 de junho de 1946 em decorrência de um estupro durante a fuga. Tinha 31 anos de idade. Soubemos que Scherner encontrou uma meia irmã, fruto dos mal tratos que sua mãe foi submetida durante a guerra, enquanto fugia. Ele visitou sua meia irmã e não se sentiu confortável, pois lembrava das dores de sua mãe.
Não consegui encontrar o local do túmulo. Eu tinha 3 anos, 10 meses e 1 dia de idade quando minha mãe morreu. Senti muita falta de minha mãe durante a minha vida.  Ewald Jan Scherner - 7 de maio de 2023.
Esse casal eram conterrâneos seu e de seus pais. Sobreviveram a 2° guerra Mundial e conheceram os pais de Ewald Jan Scherner. Reencontros.


Em  1988 resolveu concorrer a um vaga para a Câmara de Vereadores de Blumenau. Para isso abriu mão de sua cidadania alemã, que não mais conseguiu reverter. Talvez isso explique sua tentativa, em 2023, para conseguir a cidadania dos pais, polonesa, mas também não teve êxito.  
Ewald Jan Scherner nunca deixou de visitar a Polônia e a Alemanha. Encontrou familiares por lá e mantinha laços. No Brasil ele se casou com Rita Scherner e o casal não teve filhos. Residiam na rua Pasto Oswald Hesse.
Sua residência, única, em Blumenau SC, Brasil.


Com o irmão e o sobrinho, na Grécia. Em 19 de julho de 2018.
Alemanha, com sua prima, 16 de junho de 2018.


Com seu irmão, sua esposa Rita, minha prima, seu sobrinho e a esposa de seu irmão. 3 de outubro de 2018. Alemanha.
Ewald Jan Scherner sempre foi amigo do Maestro Siggi Hipfl da Götz Buam. Visitavam-se mutuamente. Oi pessoal. Na última vez que o visitou o famoso maestro já se encontrava enfermo, hóspede de uma Casa de Repouso. Fez o registro em 22 de março de 2017, em Bamberg. Foi o último encontro dos amigos.

 Ulla e um de seus filhos em Waalwijk-Holanda. Ulla foi sua colega de orfanato - no Schloss Falkenhof. Moraram juntos por 10 anos.

Sua prima Cecylia, filha de sua tia Adelheid, irmã de sua mãe, com o marido. Polônia. 19 de junho de 2018.
Scherner se aposentou-se em julho de 2007, em Blumenau, mas continuou trabalhando no mesmo local, onde o conhecemos - a Waltec Eletroeletrônica. Isso aconteceu até o momento, que a empresa deixou de ser familiar, em 2008, e tornou-se uma multinacional e não demorou muito para se desligar definitivamente dessa história. Nunca parou de prestar consultoria, na sua área, para empresas privadas e públicas.  Sempre teve opiniões fortes e embasadas sobre a sociedade, suas práticas e a política.
Seus últimos anos de vida, não foram menos dolorosos, que seus primeiros anos de vida. Em uma bateria de exames preventivos, foi orientado por um dos especialistas que o examinou, que ele necessitava ser submetido a uma cirurgia "corretiva". Isso há mais de 10 anos atrás. Scherner fez a cirurgia, que lhe trouxe consequências irreversíveis. O profissional da saúde, durante o procedimento não o fez como deveria, lesionando parte de sua mandíbula que afetou sua audição e o equilíbrio cognitivo. Foi para a Alemanha e foi constatado que ele foi submetido a uma intervenção desnecessária e que lhe trouxe problemas, dentro de um processo que não se poderia corrigir. Ficou surdo e aqui, tentou processar o profissional, o hospital e o plano de saúde. Sem êxito. Com isso, não podia falar ao telefone, pessoalmente, somente através de textos escritos, como também não possuía mobilidade e independência, depois de tudo que fez e viabilizou na sua trajetória de vida.

Nas últimas semanas a minha situação piorou muito. Parei no Hospital por alguns dias.
Semana passada fui feita uma Tomografia Computadorizada da cabeça.
Fui encaminhado para um Neurologista no Hospital Universitário. A consulta será no dia 22.04.
No dia 28.04. tenho uma consulta na Clínica Neurológica e Neurocirúrgica em Joinville. Nessa clínica têm 19 médicos, todos eles ligados à Neurologia.
Estou fazendo treino de equilíbrio multimodal e interdisciplinar. Os médicos da Escola Superior de Medicina em Hannover na Alemanha, onde eu fui examinado durante 3 semanas, recomendaram esse treino urgentemente.
Muita gente não está entendendo a situação. Aqui não se trata de uma doença, mas de sequelas da cirurgia mal feita e por cima, irreversíveis.
Estou tentando conviver com isso, o que não é fácil. O pessoal olha para mim e não conseguem enxergar qualquer problema. Aparentemente estou a pessoa mais saudável do planeta.
Com o treino de equilíbrio multimodal e interdisciplinar eu consigo controlar razoavelmente o meu cérebro em relação ao equilíbrio. Mas uma bengala é necessária, quando vou para a cidade á pé.
Desejamos um Feliz Páscoa .
E. Jan Scherner  - 18 de abril de 2014.

Não estou muito bem. Quase totalmente surdo, sem equilíbrio com quedas constantes. Como consequência ocorre rompimento dos tendões dos ombros. Cirurgias foram necessárias. Uma vez no ombro esquerdo e duas vezes no ombro direito. No dia 7 de março fui atropelado no estacionamento do Supermercado Cooper-Garcia. É uma história longa. A minha situação piorou por causa disso. Na ambulância do SAMU que foi chamado eu acordei e fui levado para o hospital. Ewald Jan Scherner  - 231 de março de 2020

Os médicos na Alemanha falaram que um RX ou uma Tomografia Computadorizada não mostram nada. Deve ser uma Ressonância Magnética de crânio. Na queda bati com a cabeça no piso do estacionamento, e como eu já tenho uma lesão cerebelar, e é paralisia neurológica do oitavo e quinto par crânio, surdez no ouvido direito e perda auditiva severa no ouvido esquerdo, no primeiro momento fiquei inconsciente. Quando a consciência retornou, não escutei mais nada, mesmo com aparelho auditivo. Me lembro que tinha muita gente ao meu redor. Eles tentaram me levantar o que não foi possível. Alguém chamou a ambulância do SAMU e eles me colocaram para dentro da ambulância. Como eu não conseguir entender nada, me comuniquei por escrito.  O resto é o resto. Ewald Jan Scherner - 22 de março de 2020.

Ewald Jan Scherner, nosso primeiro chefe, que tivemos a honra em ter sua companhia como pessoa, em nosso casamento, em nossa formatura e nas nossas bodas de prata, onde o vimos emocionado, faleceu em 16 de maio de 2024. 
Passou em nossa vida, com toda sua importância, disciplina, determinação e amizade sincera.
Ewald Jan Scherner em nossas bodas de prata em julho de 2009.

Um imigrante do século XX, de Blumenau, também foi um pioneiro, em várias frentes e como uum pioneiro do século XIX e início do século XX, não teve uma vida muito fácil.

Um Registros para a História. 

 

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twitter)

Referências

HESSEN. Kulturdenkermäler in Hessen.  Bergstraße, Landkreis Bensheim, Nibelungenstraße 109 Schloss Falkenhof. Flur: 11 Flurstück: 108/6. Disponível em: https://denkxweb.denkmalpflege-hessen.de/28806/ . Acesso em 17 de maio de 2024 - 13h54.

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