Nossa fonte de pesquisa primária, mais importante é o periódico mais antigo de Blumenau - Revista Blumenau em Cadernos. É publicado desde novembro de 1957.
A publicação é um artigo de Luiz J. Stehling, publicada na revista do Tomo VI - N°3 de 1963.
É com prazer imenso que atendo a gentileza do convite feito pelo Sr. J. Ferreira da Silva, para escrever alguns artigos sobre a colonização alemã no Brasil, principalmente em Minas Gerais. Agradeço-lhe a oportunidade que me ofereceu para tornar público por intermédio de "Blumenau em Cadernos" de vários aspectos desta colonização, que serão condensados do meu " OS ALEMÃES EM JUIZ DE FORA", e que está prestes a entrar no prelo.Na minha infância, sempre ouvia em conversa meus avós descreverem as maravilhas que tinham deixado na Alemanha, lá do outro lado do Atlântico. Uma dúvida cruel torturava meu espírito: Se lá tudo era tão bom, por que, eles então emigravam? Um belo dia esta dúvida valeu-me uma tremenda "surra"; ainda era rapazinho quando perguntei inocentemente: "Meu avô, se tudo lá era tão bom, por que o Sr. veio para o Brasil?..." Depois que levei esta surra, nunca mais quis saber o motivo porque tinha emigrado. Ma a pior coisa deste mundo é a dúvida. Esta ficou-me verrumando o espírito sem me dar sossego. comecei a ler em livros, revistas e jornais, tudo o que referia-se a emigração alemã para o Brasil, e depois de já estar em idade madura, cheguei a seguinte conclusão: - Os alemães, apesar de possuírem uma grande cultura, sempre foram vítimas da política ambiciosa de governos estrangeiros, que os mantinham retalhados e governados por nobres fantoches, que tinham sobre eles direitos feudais de vida e morte. A luta religiosa entre Roma católica e a Alemanha Luterana, ocasionava sangrento extermínio de alemães. A pobreza franciscana dos camponeses que não tinham o que comer, mas eram milionários na natalidade de filhos. A grande fome que arrasou a Alemanha em 1815, quando as tropas de Napoleão I devastaram toda a terra, e se tudo isto ainda não bastasse, para aumentar-lhes as desgraças, viram-se rodeados de agentes colonizadores de vários países, que tudo lhes prometiam na América. Lá teriam casas para morar, terras para plantar, ferramentas para trabalhar, gado leiteiro, porcos, aves domésticas, tudo de graça...Acreditavam nestas promessas falsas e quando aqui eram chegados, a realidade era outra....Agora era tarde para retroceder. Algumas famílias desertavam, os solteiros fugiam para as cidades e assim, eram espoliados e enganados pelos agentes colonizadores, na grande maioria de nacionalidade francesa, quando embarcados em navios desta nacionalidade, passavam fome, suas esposas e filhas eram desrespeitadas pela tripulação, o que ocasionou muitos "motins" a bordo. Num deles, os imigrantes dominaram a tripulação, prenderam o comandante e o piloto e quando iam atirá-los ao mar, uma cabeça mais fria ponderou: "Gente, quem nos levará ao Brasil?" Tiveram que soltá-los e sujeitarem-se aos castigos que depois lhes foram aplicados...Assim eram as viagens.
Foto: Domaracional-Alemaes
Foto: Imigração alemã |
Depois de desembarcados, ante as enormes dificuldades que se lhes apresentavam, desesperados reclamavam para a Alemanha. Mas, os retalhos de condados, ducados, principados e cidades livres, não atendiam estas reclamações, porque depois de emigrados perdiam a nacionalidade. Nunca é demais relembrar os sofrimentos dos colonos do Rio Grande do Sul atirados à sua própria sorte dentro das "picadas" abertas nas matas virgens, dos que vieram para a Província do Espírito Santo, atirados dentro de pântanos pestilentos, rodeados de índios ferozes e feras, fato que inspirou uma das mais belas páginas da literatura brasileira - romance "CANNÃ" do escritor Graça aranha. Não foram as reclamações enviadas para a Alemanha, talvez a cidade de Blumenau nunca existiria. Graças a elas, foi que aqui chegou um maio de 1846, o jovem Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, enviado pela "Sociedade Internacional de Emigrantes" e "sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães", para averiguar as denúncias. Contar a odisseia de Blumenau não é preciso, porque já é sobejamente conhecida. Mas as reclamações para a Alemanha continuavam em ritmo ascendente e por isto, em novembro de 1859, a Prússia votava a "Lei Von Der Heydt" que proibiu a imigração para o Brasil. Não foi somente a Prússia quem proibiu a imigração , também a França numa "circular" datada de 31 de agosto de 1875, tomava a mesma atitude e o mesmo fez a Itália no ano de 1902.Comentários:
Desconhecíamos que localidades de origem dos imigrantes tinham proibido a emigração com destino ao Brasil em algum momento de sua história.
Hermann Bruno Otto Blumenau, de agente do governo alemão, passou a ser um colonizador e a aliciador lá na Europa. Também fez propaganda do Brasil, em sua terra natal, negando as reclamações de seus compatriotas já residentes no Brasil.
Para conhecer melhor esta história leia as postagens, clicando sobre os títulos:
- Hermann Bruno Otto Blumenau - De 1819 até 1846 - S...
- Blumenau - do Stadtplatz ao Enxaimel
- Rua das Palmeiras e o Museu da Família Colonial
- Por que o dia 25 de Julho é uma data importante
- Fundação de Blumenau e sua formação a partir
Gravura da chegada dos primeiros 17 imigrantes alemães para fundar Blumenau |
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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