terça-feira, 24 de junho de 2014

A Prainha...Praça Juscelino Kubitschek de Oliveira



A Prainha, como o Frohsinn e o porto fluvial, é um espaço público desde que surgiu o embrião urbano da cidade de Blumenau, na metade do Século XIX. Faz parte da paisagem da cidade, como o rio, desde as primeiras décadas de Blumenau. Era mediatamente notada, pois está localizada em frente ao antigo porto fluvial, local onde as pessoas desembarcavam e chegavam na cidade de outras cidades do Estado e até, de outros continentes.



Ponto de contemplação, encontro, lazer, prática de esportes e banho de sol e de rio. Sempre foi um ponto focal dentro da paisagem da cidade onde está localizada a curva do rio Itajaí Açu.
A prainha possuía equipamentos urbanos, além do Vapor Blumenau I. Em 1986 a Empresa Artex presenteou a cidade com uma concha acústica. O local tinha parte do espaço humanizado com paisagismo e equipamentos, como sanitários, espaço para ginástica e esporte,  um chafariz, playground e espaço para as crianças brincarem. 
A prainha foi batizada com o nome de Praça Juscelino  Kubitschek de Oliveira.
Seu espaço sediou um Show de rock chamado Skol Rock. A primeira edição aconteceu no ano de 1993.
Espaço público de grande potencial - sem acesso ao público

Faz alguns anos que este espaço público está inacessível para as pessoas. Sofreu avarias com a força das águas há mais de uma década e até então, está  bloqueado para a contemplação de uma das paisagens mais bonitas da cidade de Blumenau junto com àquela que foi bloqueada pela construção de uma fábrica de cerveja sobre a praça do antigo porto fluvial, também, um mirante natural de contemplação a partir de um espaço público.

Este texto do jornalista  Fabrício Wolff  descreve o que foi a prainha -  Texto de 10 de junho de 2009
Para ler no Blog Penso logo Insisto - clicar em  Prainha
"Estive na Prainha para ver o novo Moinho e, claro, a nova Praça Juscelino Kubstcheck. Afinal, estou escrevendo um livro sobre os bastidores do Skol Rock, que aconteceu ali, nos anos 90, e tinha que dar uma olhadela na prometida bela Prainha pós-concessão do lugar à rede de restaurantes paulistas. Imaginei que encontraria uma nova praça, bela, com chafariz funcionando, luzes coloridas em suas águas, um belo playground para as crianças, bancos para seus pais sentarem confortavelmente, lixeiras por todo o lugar e talvez mais alguns equipamentos próprios de um lugar agradável cujos cuidados foram terceirizados para a iniciativa privada. E todos dizem que a iniciativa privada trata muito melhor de coisas e negócios do que o poder público.Desci aquela tradicional e inesquecível rampa que leva os carros à Prainha e de cara levei um susto. O chafariz não existe mais. Em seu lugar fizeram uma rótula, um misto de viradouro e estacionamento para os veículos que vão ao novo restaurante. No centro da rótula, uma grande haste de madeira, tal qual um pau de sebo de festa junina, sem qualquer função. As águas coloridas e dançantes do chafariz terão que ficar na memória de quem viu. Metade da beleza do lugar se foi. Além disso, a rótula conseguiu roubar, em prol dos carros, o lugar que era das pessoas. Em torno do chafariz elas podiam sentar nos banquinhos, conversar, conviver. Agora, não mais. Não bastasse a prioridade para os veículos nas ruas, agora eles conquistaram também a praça.A decepção primeira, que causa choque em quem conhecia a Prainha de outrora, não é a única. O navio Vapor Blumenau, que ficava ao largo do rio e era visto por quem chegava da rua Itajaí, foi deslocado. Agora fica longe das águas, bem na frente da abandonada concha acústica. Claro. No lugar onde estava, foi construído parte do mega-restaurante Moinho do Vale. Enxotada, a embarcação parece receber o devido valor que lhe é oferecido pelos blumenauenses. Depois de totalmente recuperada via recursos de leis de incentivo, o velho barco está enferrujado e até suas escotilhas foram furtadas.
Porém a situação do Vapor Blumenau combina com a da nova praça. Dali, desleixado, ele assiste ao abandono a que foi submetido a Prainha. O playground não existe mais. Para quê, não é mesmo? Enfiemos nossas crianças em frente do computador! Não há mais bancos para as pessoas sentarem. Não há mais lixeiras. A pista de caminhada está destruída. Mesinhas e banquinhos de concreto que serviam até mesmo para um joguinho de xadrez, também. A concha acústica está lá no fundo, mais do que abandonada. Parece se esconder de vergonha, atrás do navio. Até o gramado está surrado. Tal qual aqueles campos de futebol de várzea, com clarões entre um pedaço de grama e outro. A única melhora na praça, foi a iluminação.
Vou ser muito sincero. Saí de lá com um fantástico mix de revolta, tristeza e vergonha. Sei que ainda vão dizer que foi por causa da enchente/tragédia de novembro passado (2008). Não cola. A água não subiu tanto, não removeu o parquinho das crianças e nem arrancou o chafariz, por exemplo. Não cola também porque já se passaram mais de seis meses do ocorrido e a cena é de pós-guerra. E não cola, principalmente, porque os cuidados daquela área foram terceirizados para a empresa que explora o novo, belo, grandioso e magnífico restaurante Moinho do Vale. O problema é que a imponência do empreendimento comercial contrasta com a pobreza e o desleixo em que deixaram a Prainha.
Ainda quero tirar algumas fotos mostrando este contraste e publicar aqui no blog. Farei isso logo. Tem uns ângulos ótimos, mostrando a destruição do abandono com a imponência e o luxo do restaurante ao fundo. Mas o que gostaria de verdade, sinceramente, é que nesse meio tempo os responsáveis pela área – o que inclui o poder público – tomassem providências. A Praça Juscelino Kubstcheck é, hoje, a vergonha dos blumenauenses. Temos uma nobre área abandonada, um lixão às margens do rio Itajaí Açu. E um restaurante a chamar os turistas para ver aquilo que nos envergonha.
Investiram no negócio, mas não deram a mínima para o ser humano." Fabrício Wolff
Vista do Frohsinn


Vista aérea
Foto aérea do início da década de 70 do século passado. Constata-se ainda a presença do antigo leito ferroviária no conjunto: Ponte Aldo Pereira de Andrade, Túnel, Ponte do Arcos e Viaduto conhecido Viaduto da Sulfabril. Observar a camada de mata existente que amortecia a fúria das águas em períodos de enchente. Também a "prainha" era um elemento extremamente natural, dentro de um meio em equilíbrio. O quadro foi alterado, sem muita reflexão, e a partir de então o local começou a ter problemas com o nível do rio, durante as enchentes. A mata amortecia e força das águas e a areia era o resultado do trânsito da água nesta parte da curva do rio. A água do rio, durante a enchente, passava por cima da várzea.

Foto do Cadastro da Prefeitura Municipal de Blumenau.
As imagens Comunicam... 
Prainha - 1890 - Vista do Porto




Prainha
Foto do Sr. Willy Siebert - Aos fundos  o Morro do Frohsinn












Foto de Sérgio Antonello




Enchente de 1979
Foto de Sérgio Antonello
Prainha - Clic RBS
A presença do Vapor Blumenau II no Rio Itajaí 
Açu

Prainha - final da Década de 80  - século passado - Clic RBS
Concerto na Concha Acústica



Skol Rock - 1993 - Foto de Claudio Luiz Galorroca
1994 - Playgroud
























Setembro de 2002
Setembro de 2002
Vapor está bem conservado e com cobertura - 2006

Capivaras pastam  - 2006
Natureza se recupera sozinha - 2006
Enchente de 2011 - Foto Jaime Batista
Chafariz está ainda soterrado


















Foto Weeac Brazil Blumenau
Foto Jaime Batista

Vamo siuni - 2011 - Foto : Jaime Batista

Concha sobrevive às obras e enchentes
No alto - o morro do Frohsinn - Também ameaçado por ações que poderão ser equivocadas
Abril de 2013
 Para ler sobre: Clicar sobre: Campanha contra a venda do Frohsinn
Foto Clic RBS


Abril de 2013
Na outra margem a rampa do antigo porto fluvial
Abril de 2013
Vapor Blumenau sem proteção e cobertura em estado de deterioração a mercê das intempéries.
Junho de 2014

Sem acesso às pessoas - Contemplação
Nem para escrever poesias. 
Junho de 2014





"Esta é a imagem que vejo todos os dias quando acordo e abro a janela do meu quarto. 
Moro há 10 anos neste local. Já vi de tudo acontecer com este Vapor Blumenau. Ser quase carregado na enchente, ser reformado e depois assaltado - furtaram as vigias de bronze, caríssimas - e agora, coitado, está deste seu jeito natural de ser, ou seja, caindo aos pedaços. 
Dai me vem à cabeça o tanto de dinheiro que já foi gasto neste barco.Mais dia, menos dia, será novamente reformado. É a rotina. E enquanto permanecer sob responsabilidade do município, sairá do nosso bolso.Será que não tem mesmo outro jeito? A história tem que ser preservada, claro, mas..."
Marli Ostermann - 10 de janeiro de 2015 - Facebook 
Foto - Marli Osterman -  janeiro de 2015
Devemos cobrar sobre a má administração e jamais nos desfazer do patrimônio usando este argumento! É nosso e nos pertence o patrimônio. Se não fazem certo seu trabalho, nós devemos estar atentos e cobrar. 
Poderia-se, ao menos, colocar uma proteção sobre o vapor Blumenau.
Também, quando fizemos as últimas fotografias, percebemos o Restaurante situado no local sem qualquer movimentação e com as portas fechadas.

Leituras Complementares:
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  9. Blumenau - do Stadtplatz ao Enxaimel
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  11. Centro Histórico de Blumenau - Stadtplatz - Ontem e hoje


 É a cidade, carente de espaços... 
espaços públicos, para sentir o sol, sentir a cidade.
...um pouco de História!











6 comentários:

  1. O que sinto em relação à Prainha é: Tristeza.
    Quando eu era criança, na década de 90 a Prainha era roteiro quase obrigatório dos Domingos. Era linda! O Vapor Blumenau me encantava e o chafariz, apesar de me dar medo de afogamento (coisa de criança pequena) também encantava. Hoje é tudo decadência, Até quando?

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  2. O importante, Ricardo é que cuidemos que construam mnada nestes espaços públicos. Se assim acontecer, aí é irreversível. Não fique triste...abraços.

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  3. Parabéns pelo trabalho, Angelina.
    A Prainha precisa ser revitalizada e devolvida ao cidadão blumenauense.
    No passado, de vez em quando eu passeava no local com a família. Mas, infelizmente, a partir de 2011-2012, por incompetência do poder público, o local se transformou na cracolândia de Blumenau...

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    1. E quando o espaço público não é bem frequentado, este argumento não deve ser usado para torna-lo privado.
      O espaço público é de competência dos órgãos públicos, que existem para administrar o patrimônio de uma cidade e fornecer educação e orientação também aos jovens marginalizados. Incompetência dupla. Infelizmente este quadro depreciativo e doente instaurado, muitas vezes é usado para convencer as pessoas da cidade que resta somente esta saída, que aceita qualquer coisa para sanar a “ferida” e muitas vezes está entregando seu patrimônio aos sócios de quem ocupa os cargos.
      Ficamos felizes que apreciou “Professor”. Precisamos de educação para conscientizar e fazer as pessoas entenderem que há outras realidades, nas quais, onde os espaços públicos são frequentados por famílias e suas histórias são salvaguardadas para que as futuras gerações conheçam sua cidade a partir da paisagem. Abraços.

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  4. Deveria ter novamente a pista de skate e bmx, que se localizava na concha acústica.

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    1. Deveria e todos os outros equipamentos urbanos que existiam por ali. É um espaço público que não está acessível à comunidade. Abraços...

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