terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Grupo Folclórico Alpino Germânico - A presença da cultura bávara em Pomerode

Dia 17 de janeiro - Desfile Oficial da 33° Festa Pomerana


Uma das atrações da Festa Pomerana é o  Grupo Folclórico Alpino Germânico.  Há uma explicação histórica para a presença da cultura bávara na cidade de Pomerode.
O grupo folclórico alemão mais antigo do estado de Santa Catarina surgiu em um centro de cultura alemã de Blumenau - C.C. 25 de Julho de Blumenau. Foi fundado por imigrantes bávaros e também descendentes de bávaros residentes nesta cidade. Para registro - o traje do atual grupo folclórico do C.C. 25 de Julho de Blumenau é um traje histórico de Unterfranken - Norte da Baviera. O intercâmbio entre o centro cultural blumenauense e este estado da Alemanha é muito grande e existe até os dias atuais. O intercâmbio não  limita-se somente aos grupos de danças, mas também aos de canto coral. 

Corais do C.C. 25 de Julho de Blumenau em um cidade da Baviera - 2013
Um pouco desta História

Grupo Folclórico Alpino Germânico iniciou suas atividades no C.C. 25 de Julho de Blumenau no dia 29 de setembro de 1968O centro cultural mantinha forte intercâmbio com diversos  grupos culturais alemães, não somente do Brasil, mas também do exterior, principalmente da Argentina, Uruguai, Paraguai, Alemanha e Áustria. Alguns destes grupos eram de danças folclóricas e despertaram interesse na diretoria do clube. Muitos eram os que vinham se apresentar ao público - sócios do clube de cultura alemã de Blumenau. 
Tanz und Trachtengruppe der Donnauschwaben
A primeira apresentação oficial do  Grupo Folclórico Alpino Germânico aconteceu  no dia 5 de maio de 1969 - durante o 15º aniversário do C.C. 25 de Julho de Blumenau - fundado no dia 1º de maio de 1954. Na data de aniversário do centro cultural, além da primeira apresentação do Grupo Folclórico Alpino Germânico, tinham apresentações de outros grupos culturais do centro cultural. A data também foi marcado pela presença do Coro Masculino Liederkranz - o mesmo que muitas vezes se apresenta na Festa  Pomerana e no Oktoberfest Blumenau - estrelando o Show dos Velhos Camaradas. Na época o Coro Masculino Liederkranz organizava a Festa dos Cantores.
Coro Liederkranz na Festa Pomerana 2012
O Programa de uma destas Festa's de Cantores organizado pelo
 Coro Masculino Liederkranz - do ano de 1964
Herr Eugênio Zimmer
O Grupo Folclórico Alino Germânico permaneceu no C.C. 25 de Julho de Blumenau por mais de 14 anos. 
Em 1983, durante a grande enchente - que teve início em julho - (a sede do C.C. 25 de Julho de Blumenau foi inundada) o Prefeito de Pomerode - Sr. Eugênio Zimmer convidou o grupo, prometendo apoio  necessário ao grupo se este transferisse para a cidade de Pomerode e representasse o município em festividades e encontros culturais
C.C. 25 de Julho de Blumenau - grande enchente de 1983
















Na época a Prefeitura de Pomerode ofereceu ajuda de custo para o transporte. De certa maneira mantem o apoio ao grupo e aos demais grupos folclóricos que surgiram posteriormente na cidade.
Esta passagem histórica esclarece e explica porque que a cidade de Pomerode, fundada por pomeranos, passou a ter um grupo de danças folclóricas com tradições bávaras
Atualmente, há muitos bávaros residindo em Pomerode e que se identificam com sua cultura. 
Herr Lochner
Muitos contribuem para sua manutenção, como por exemplo, o músico e cantor Michael Lochner que, com amigos, fundou a Banda Herr Schimitt, cuja estreia aconteceu na 33° Festa Pomerana.
Herr Lochner veio para o Brasil pela primeira vez com a Banda Die Odenwälder - para se apresentar no Oktoberfest Blumenau. Atualmente reside  em Pomerode. Como ele, há outros tantos alemães do sul  da Alemanha que escolheram Pomerode para viver.

Herr Schmitt

Conta a lenda que na época da transferência do Grupo Folclórico Alpino Germânico  para Pomerode, a maioria dos folcloristas do grupo folclórico eram pomerodenses. É só lenda. 
Com o passar do tempo e o grupo folclórico já instalado em Pomerode, então, a maioria de seus folcloristas passaram a ser pomerodenses. 
Ficou um pouco difícil a logística para os folcloristas blumenauenses se deslocarem para Pomerode, tal como seria difícil, para os pomerodenses ir ensaiar semanalmente no C.C. 25 de Julho de Blumenau, por durante mais de 14 anos. 
Mas o C.C. 25 de Julho não permanceu muito tempo sem grupo foclórico. Mesmo com outra grande enchente em 1984, neste ano mesmo - um pouco antes da 1° Oktoberfest Blumenau, foi fundado o Grupo Folclórico Blumenauer Volkstanzgruppe no C.C. 25 de Julho de Blumenau, com o apoio do grupo foclórico do C.C. 25 de Julho de Porto Alegre.
Blumenauer - C.C. 25 de Julho de Blumenau - 1984

Blumenauer  - Oktoberfest Blumenau - 1984
Podemos afirmar seguramente que Blumenau e Pomerode, como também o Grupo Folclórico Alpino Germânico e Grupo Folclórico Blumenauer Volkstanzgruppe tem muito em comum, a partir de sua história.

Em  1986, o Grupo Folclórico Alpino Germânico foi registrado no Ministério da Cultura e seu estatuto foi aprovado e registrado no ano de 1988. 
Dos  48 anos de existência - 34 foram passados no seio da cidade de Pomerode, marcando e levando a cultura local, através de sua alegria e da dança foclórica.

Comentário
Esta história só vem comprovar que a História da rede das cidades da Região do Vale do Itajaí tem o mesmo início e a mesma origem e berço. Seria muito bom se o intercâmbio entre estas cidades fosse mais estreito  e amistoso, nos mais variados campos. Somente a região ganharia com isto, em vários sentidos e quesitos.
Atualmente - o Grupo Folclórico Alpino Germânico é referência, não somente na cidade de Pomerode, no  estado e país, mas internacionalmente. A partir de intercâmbios, leva a cultura e o nome de Pomerode por onde se apresenta. Também trás conhecimentos através de reais trocas culturais com outros grupos culturais em encontros nacionais e internacionais e também, de apresetações em um contexto diferente do seu - geralmente como convidados.
Seu traje oficial é o Miesbacher Tracht. Seu traje masculino é composto por seis peças e o feminino, por onze peças.

Em plena  33º Festa Pomerana  - edição de 2016 e com 48 anos de existência - o mais antigo grupo de danças folclóricas alemãs de Santa Catarina estará no Programa da Jornalista Fátima Bernardes - Rede Globo de Televisão, falando sobre dança e cultura. O Programa acontecerá ao vivo, na próxima quinta feira - dia 21 de janeiro, no final da manhã, com início previsto para às  10:40h.
Jornalista Fátima Bernades - Rede Globo de Televisão
Momentos
Alpino Germânico - 33° Festa Pomerana de 2016.










Ocorre o enriquecimento e a mudança da cultura, quando há "encontros" de duas culturas diferentes - mesmo que ambas sejam alemãs - a Antropologia explica isto. Na Baviera a sonorização das apresentações de um grupo de dança de Plattler é feito a partir de alguns instrumentos, como violão, flauta, tuba e o principal, a Harmônica (Gaita). O bandoneon usado para sonorizar as danças do grupo folclórico de Pomerode tem sua origem na região norte da Alemanha - de onde vieram os imigrantes pomeranos. Percebemos que também outros grupos de Plattler da região se apresentam com a sonorização do bandoneon - até mesmo, como forma de enaltecer e identidade através deste instrumento dos antepassados oriundos do norte da Alemanha.
Exemplo do Plattler no sul da Alemanha e sua música - no vídeo a seguir:































































Vídeos








Isto é a manutenção cultural a partir da dança, amigos e lazer. A identidade cultural é responsável pela identidade da cidade, de uma região e faz muito bem ao homem que ali vive.















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Programa da Jornalista Fátima Bernardes 

A apresentação do Grupo Folclórico Alpino Germânico encerrou o programa de variedades comandado pela jornalista Fátima Bernardes na manhã do dia 21 de janeiro de 2016. No tempo disponível, foi apresentada a Festa  Pomerana e a origem dos fundadores de PomerodeNorte da Alemanha. Comententou-se da idade da festa que surgiu para comemorar a emancipação de Pomerode de Blumenau. Hoje, completa 57 anos de idade.
O grupo usou o traje do Sul da Alemanha. No Brasil, o "alemão" tem um perfil "formatado" e estigmatizado. 




O grupo folclórico de Pomerode apresentou duas danças ao vivo, as quais chamou muito a atenção dos presentes. Uma atriz global lembrou que é neta de uma alemã e traduziu parte da fala em alemão do Sr. André Siewert, ao público.

Também foi mostrado, cenas do Desfile da Festa Pomerana
Sentimos a ausência de imagens de grupos folclóricos pomeranos,da cidade de Pomerode, que usam os trajes dos pomeranos. Explicamos no início deste texto - o porque que o grupo Alpino Germânico usa o traje Bávaro - sul da Alemanha. É importante a presença de grupos com trajes dos pomeranos. Temos que ter cuidados para que o apelo comercial não "trague" as tradições, ainda muito vivas na Festa Pomerana. Quem mantém as tradições vivas são aqueles que praticam-na durante o ano inteiro. Este processo acontece em outros locais do Brasil. A cultura permance no espaço da cidade se for preservada como algo salutar deixada de pai para filho e quase sempre, na senda do lazer. Nós passamos e devemos perguntar sempre - que cidade estamos deixando para as futuras gerações. Abordamos este assunto, pois esta história é repetitiva. "Só muda o endereço" e depois, pode ser tarde demais. Isto é saúde e cultura. Quem faz a festa deve terprazer, se divertir, como ocorre até hoje em algumas regiões da Alemanha, principalmente no sul e também na Bahia. Explicamos no final.



















Um último comentário...

A entrevistadora - Fátima Bernardes perguntou ao Coordenador do grupo, Sr. André Siewert, se outras pessoas que não fossem brasileiras, poderiam participar do grupo e das práticas culturais da cidade





Vamos comentar novamente sobre esta questão. A cultura e a tradição são atemporais e fornecem identidade a uma região. O Brasil não tem como ícones culturais, somente a mulata e o samba. Brasil é multicultural e em cada região tem sua própria cultura e identidade. Esta pergunta feita pela jornalista não seria feita em Salvador - na Bahia, "...se pessoas que não fossem descendentes de Africanos não poderiam praticar a capoeira." Há uma predominância desta cultura nesta cidade e também no Rio de Janeiro, porque esta etnia, responsável pela cultura da capoeira, era maioria nas duas primeiras capitais do país e onde estava a elite deste, dentro de um determinado período, e que fazia uso da mão de obra escrava. Realidade diferente, em outras partes do Brasil, como por exemplo, no Vale do Itajaí. Por ser o local da elite, "Vende-se" esta cultura, como a cultura brasileira. E não é somente esta que há no grande território nacional.
No entanto, quando vemos uma roda de capoeira em Salvador, nela podemos encontrar canadenses, alemães e outras etnias, naturalmente integrados sem qualquer estranheza. A Bahia é um dos grandes exemplos nacionais quanto a preservação de sua cultura. Mantém a cultura a  identidade dentro de suas casas, através da música, culinária, folclore. Os chegantes à cidade praticam-na de maneira muito natural e dificilmente há espaço para outra. Assim deveria ser em todos os lugares do Brasil, dispensando a pergunta feita pela Fátima Bernardes ao Sr. André Siewert. 
Quem chega ao Vale do Itajaí, onde quase todas as cidades foram fundadas por imigrantes alemães, inclusive Pomerode, deveria enaltecer a adotar esta cultura, que também faz parte do Brasil - não é alemã e nem a da Bahia é africana - faz parte do Brasil multicultural.




Em Breve o vídeo de passagens do programa


Para ler mais sobre, por favor acessar estes link's

Ein Prosit!
















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