Colonizadores da Colônia Blumenau - Trecho do livro: Vale do Itajaí - Hugo Bethlem

Professor Vilmar Vidor - autor
do livro: Indústria e Urbanização
no Nordeste de Santa Catarina
Edifurb 

Conhecer a história do Vale do Itajaí nos instiga procurar distintas narrativas publicadas por diversos pesquisadores e autores, nos mais variados recortes de tempo. Depois, poder concluir alguma coisa com o intuito de compreender algumas movimentações sociais dentro da colônia fundada pelo Sr. Blumenau.

Há pouco tempo herdamos parte da biblioteca do professor, arquiteto, urbanista, mestre, Doutor Vilmar Vidor, que dedicou bons anos de sua vida profissional à cidade de Blumenau. Entre os valiosos livros recebidos de sua família, encontramos um pequenino, publicação do ano de 1939, cujo título é Vale do Itajaí.

Após algumas pesquisas, concluímos que no início do século XIX, o governo brasileiro fez e disseminou propaganda enganosa na Europa, com intuito de povoar e trazer o desenvolvimento para o sul do país que era cobiçado pelos países vizinhos de língua espanhola.  Teve apoio de "incorporadores" da época, que visando seus negócios, alimentavam esta propaganda, negando todas as informações que depunham contra as ações do governo brasileiro. De certa maneira, o Sr. Blumenau estava entre estes. Já escrevemos sobre, em outras postagens. Os imigrantes alemães chegavam na região, com plano pautados nas informações recebidas na Europa e quase sempre eram "abandonados" a sua própria sorte dentro do lote colonial adquirido.

Pela primeira vez encontramos uma publicação que expõe este fato e deixamos aqui neste espaço, para registro e, compartilhamos com demais pesquisadores ou mesmo, para as pessoas que apreciam conhecer um pouco da história da região do Vale do Itajaí - antiga Colônia Blumenau.

BETHLEM, Hugo. Vale do Itajaí - Jornadas de Civismo - Livraria José Olympio Editora. Rio de Janeiro. 1939.

Aspectos da Colonização Alemã

"Os imigrantes alemães  radicados no nordeste de Santa Catarina, com seu espírito progressista e organizador, transformaram esta riquíssima região de uma forma notável. Não tão somente como julgam e como dizem, à custa exclusivamente de seus esforços; - mais fortes e mais protegidos, até pelo poder público, que o brasileiro originário do lugar - caboclo viril e destemeroso - se aproveitaram do valor inconteste deste bravo a lançaram-no como instrumento, na conquista da mata e da terra. Desbravada a região, no mais doce a meno dos lugares, a margem do rio Itajaí, eles lançaram solidamente as bases de sua colonização.
Orientados pelo espírito enérgico e correto do Dr. Blumenau, os antigos alemães ali chegaram, na ânsia de um ideal de um recanto calmo onde viver, onde plantar, onde produzir, sem preocupações com o país de onde vinham, sem ambições políticas, sem pretensões de conquista.

Mas o poder público dominante não se lembrou  jamais de lhes fornecer a escola brasileira, de lhes orientar o espírito no descortínio da vida nacional. Deixou-os  ali, protegidos por leis e por vantagens, mas em franco e total isolamento, sem exigências educacionais, sem obrigações para com a Nação. Nascem-lhes os filhos, crescem, educam-se, mas isolados como viviam - povo adiantado e forte - criam escolas, organizam sua vida social, mantem seus costumes, língua e tradições, e incutem nas crianças o sentimento de uma Pátria estranha, de uma longínqua Alemanha que eles não conheciam, nem compreendiam, mas que passaram a respeitar, pela grande preparação intelectual e moral que com os anos vieram."

Obs - Quando os primeiros imigrantes alemães chegaram à região do Vale do Itajaí - Não existia a nação alemã - que surgiu somente no ano de 1871.

Para ler sobre - Clicar sobre: Antes - História - Estado alemão - Século XIX

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