Angelina Wittmann - Arte-Cultura-História e Antropologia : Stuttgart

Stuttgart

Fonte: www.guiding-architects.net

Em roteiro 2016 pela Alemanha, deixamos a região de Neudettelsau rumo à Stuttgart no dia 14 de maio.

Nunca estivemos na cidade antes desta data. Lemos um pouco sobre sua história antes da viagem, mas tivemos muito mais conteúdo quando estivemos in loco.

Dentro de nossa história pessoal, é nesta cidade que se casaram Christian Wittmann e Emma Louse Wittmann (Solteira - Müller) - Duas gerações passadas da família. Também, nesta cidade residem familiares, os quais os visitamos e a partir deles, conhecemos alguns dos principais pontos de Stuttgart.
E partir desta cidade visitamos as cidades de Winterbach im Remstal e Kirchheim unter Teck. No momento oportuno escreveremos sobre elas.

Conhecendo Stuttgart...

A cidade murada - Stuttgart - 1643

Em síntese, a cidade murada teve sua origem nos acontecimentos posteriores a queda do Império Romano, quando houve invasão de vários povos considerados bárbaros, que ocupavam cidades fundadas e a ordem instituída pelos romanos foi destituída. A anarquia e a ausência de legislações locais e organizações estabelecidas tomaram conta da Europa. As cidades, fundadas pelos romanos passaram a ser saqueadas. Famílias inteiras fugiam para locais inabitados e distantes - próximas a áreas de mangue. Em um primeiro momento, construíram uma habitação simples de madeira (Enxaimel) - cercada com cercas altas feitas de troncos de madeira com locais para vigília. Geralmente construíam em locais mais alto e de onde podiam ver possíveis saqueadores - pela segurança. Alguns não tinham êxito na construção de suas habitações e pediam "guarita" e proteção para quem já tinha a casa construída. Em troca ofereciam a de mão de obra, obediência, fidelidade. Também os homens participavam dos exércitos e auxílio na segurança do local. Com o passar do tempo, quem podia trocava os materiais da cerca e casa por pedras, - surgiam os primeiros castelos e fortes de pedra e cidadelas muradas - muitas vezes com torres e fosso. Quanto mais seguros eram e mais fortes em seu pequeno exército, mais chegavam outras famílias para pedir segurança em troca da fidelidade, trabalho na lavoura e exército. Novamente se fazia necessário aumentar o local murado, neste momento com a forma de vilas e cidades. Esta organização ampliou a escala de proteção dentro da hierarquia de cidades. A maior cidade protegia a menor em troca de exército e fidelidade- com isto vimos surgir o sistema social que predominaria na idade média - o Feudalismo. O bem morar com segurança e sustento, somente sem a visão do lucro. Deviam obediência somente ao Senhor feudal, ou o senhor da Casa, agora da cidade, em função do seu tamanho. O Senhor mais poderoso nesta escala era o Rei. Até os dias atuais, percebemos que este sistema social deixou marcas na organização de cidades da Alemanha. A cidade menor ou Dorf está submetida a sua imediatamente maior e assim segue até chegar a capital Berlin. Forma-se um estrutura a partir de uma malha que funciona.

Stuttgart é a capital do estado alemão Baden Würtemberg e também é considerada a maior cidade do estado. Está localizada, como quase toda cidade alemã, às margens de um rio. Está localizada às margens do rio Neckar. Sua população é superior a 610 mil habitantes e está localizada em uma região muita adensada com a presença de cidades menores em suas imediações - que soma uma população de aproximadamente 2,7 milhões de pessoas. Também é uma cidade independente, possui estatuto de Distrito.

A geologia é peculiar e pudemos conferir in loco. É espalhada por muitas colinas, onde muitas delas são usadas para a produção de uva com plantações de vinhedos, vales e parques. É interessantes, e mesmo nós ouvimos comentários, ser tratar de uma cidade não muito atraente, por ter o perfil industrial. Não é bem assim. Há equilíbrio e planejamento quanto ao uso dos espaços públicos, desprovidos de paisagens monótonas e com muitos espaços públicos de lazer, e convívio muito bem projetados. Surpresa positiva para quem visita a cidade.

A cidade também é sede do Legislativo Estadual, o Parlamento Regional. É interessante mencionar, que a cidade também recebeu o apelido de Metrópole da Suábia, em função de sua localização estar na área central da Suábia.

É claro, que além de hábitos e costumes suábios, também os nativos falam muito bem o dialeto suábio e no dialeto o nome da cidade é pronunciado Schtuagerd - Suábia - cultura sobre a qual já postamos aqui no Blog.

Para acessar - Clicar sobre: Suábio: lacônico e diminutivo

Quanto a sua história, há registros dos primeiros assentamentos na região ocorridos no final do primeiro século, quando foi construído um forte romano às margens do Rio Neckar. A situação não durou muito. No Século III os romanos foram expulsos pelos nativos - denominados pelos invasores, de bárbaros. - no caso os alamanos. Os romanos tiveram que recuar além do Reno e do Rio Danúbio. Também vimos Limes nos arredores comprovando esta história. Limes eram um conjunto de fortificações construídos no limite do império romano e território dos bárbaros.

Não se tem conhecimento do nome da fortificação romana. Não foram encontrados registros.

Há registros que Stuttgart foi fundada pelo Duque Liudolf da Suábia por volta de 950 D.C. O Duque era filho do Imperador Otto I, O Grande (Rei dos Germanos e assumiu o trono no ano de 936, quando sucedeu seu pai Heinrich I).

Contam que a cidade foi usada para criação de cavalos de cavalaria em pastos férteis, onde hoje está localizado a centralidade de Stuttgart. Não há comprovações. Muito pelo contrário. Escavações arqueológicas apontam que a região central tenha indícios de agricultura praticada pelos merovíngios. Deduz-se que o nome da região tem origem no alto alemão antigo Stuotengarten.

A Casa de Würtemberg surgiu no Século XI, como lideranças de Sttutgart e seu nome tem origem na montanha Würtemberg, onde estava localizado o castelo da família. A Família Würtemberg estava primeiro dentro do Ducado da Suábia. Após a extinção da linha ducal do Hohenstaufen o Condado de Würtemberg tornou-se estado independente dentro do Sacro Império Romano. Em torno de 1300, Stuttgart tornou-se a residência dos condes de Würtemberg que a tornaram a capital de suas propriedades. Foi elevada a categoria de cidade no ano de 1321, quando se tornou a residência oficial real.

O selo da cidade, feito no Século XIV, foi feito com um brasão com dois cavalos. em 1433, foi feito outro selo que mostra somente um cavalo a galope. Ao longo dos anos históricos, o cavalos foi apresentado de diferentes maneiras.

O Conselho de Würtemberg foi promovido a Ducado em 1495, época que Stuttgart tornou-se a capital e a residência real. Em 1803, Stuttgart foi proclamada capital do eleitorado de Würtemberg e em 1805, tornou-se capital do Reino de Würtemberg.

A residência real foi aumentada no reinado de Frederico I de Würtemberg e outros edifícios mais importantes, como o Schloss Wilhelm, Hospital Katharina, a Galeria do Estado, Villa Berg foram construídos no reinado do rei Guilherme I.

A cidade permaneceu estagnada no início do Século XIX. Teve um renascimento econômico no ano de 1846. Sua população era cerca de 50 mil habitantes.

Durante a Revolução de 1848/1849 foi formado em Frankfurt, um Parlamento Democrático Nacional - Parlamento de Frankfurt - para contornar a divisão da Alemanha. Após grande debates, este Parlamento decidiu oferecer o título de Imperador alemão ao rei Frederico Guilherme IV da Prússia. Como o movimento democrático enfraqueceu, os príncipes alemães recuperaram o controle de seus estados independentes. O rei prussiano recusou a oferta dos revolucionários. Os membros dos parlamentos foram expulsos de Frankfurt e os membros mais radicais fugiram então para Stuttgart. Logo após este parlamento foi dissolvido pelos militares de Würtemburg.

Em 1871, Stuttgart tinha em torno de 91 mil habitantes e quando Gottlieb Daimler inventou o automóvel em uma pequena oficina em Canstatt - década de 1880, a população era de 176 mil habitantes. Reflexo da industrialização tardia e o inchamento das cidades, uma das causas da migração para a América

Em 1871, durante a unificação da Alemanha, Würtemberg se juntou ao Império Alemão recém criado por Otto von Bismarck - primeiro ministro da Prússia.

A vocação da cidade se delineava. No dia 15 de novembro de 1886, Robert Bosch abriu sua primeira firma - uma oficina de Mecânica de Precisão e Eletrotécnica.

No final da 1° Guerra Mundial, a houve a queda da família real Würtemberg. William II Würtemberg recusou a entregar a coroa e também recusou a abdicar do trono correndo o risco dos revolucionários invadirem o Schloss de Wilhelm. Após sua abdicação, o Estado Livre de Würtemberg foi novamente estabelecido, como parte da República de Weimar. Stuttgart foi proclamada capital.

No ano de 1920 Sttutgart tornou-se a sede do Governo Nacional Alemão. Na década de 1930, foram fabricados os primeiros protótipos do Fusca em Stuttgart baseado em um projeto de Ferdinand Porche.

Stuttgart 1945

Durante a 2° Guerra Mundial, Stuttgart foi quase totalmente destruída por ataques aéreos dos aliados. O pior bombardeio aconteceu no dia 12 de setembro de 1944, quando a força aérea britânica bombardeou a cidade velha de Stuttgart, com mais de 184 mil bombas. Mais de mil pessoas morreram nesta bombardeio. Stuttgart foi bombardeada 53 vezes, que resultou na destruição de 68% de todos os edifícios e 4477 mortos.

Com o término da guerra, foi lido e apresentado durante um discurso proferido pelo Secretário de Estado americano James Byrnes no Stuttgart Opera Haus, o Plano Marshall, criado para a reconstrução e recuperação de toda a Europa. O discurso sugeria a unificação das zonas de ocupação britânicas e americanas, criando a bizonas que mais tarde resultou em três zonas com a inclusão dos franceses. Quando foi criada a República Federal da Alemanha, no dia 23 de maio de 1949, Stuttgart foi um dos nomes cotados, junto com Frankfurt e Bonn, para ser a capital do país. Partes de ex estados alemães de Baden e Würtemberg foram fundidos no ano de 1952, criando um novo estado Baden Würtemberg, atualmente o terceiro maior da Alemanha.

Desde o momento que terminou a 2° Guerra Mundial, Stuttgart convive com a presença do exército americano na cidade. No auge da Guerra Fria, vivam na cidade, mais de 45 mil americanos. Residiam em instalações localizadas torno da cidade.

Em março de 1946, o exército americano montou uma unidade de Polícia US em uma sede na Kurmärker Kaserne, em Stuttgart. Estas unidades de soldados treinados faziam patrulhas e policiamento até serem restabelecidas as forças policiais alemãs. Em 1948, a sede de todas as forças policias foram transferidas para Stuttgart. Em 2008 foi instalado um memorial ao Constabulary US dedicado ao Remendo Baracks. Esta sede foi desmontada no ano de 1950.

Visitamos alguns pontos da cidade a partir do transporte público ferroviário, de automóvel e a pé.

Visitamos a Schlossplatz em dois - palco democrático onde as pessoas passam, param e convivem de diferentes maneiras, com muita segurança. É a maior praça na cidade e está localizada no ponto de cruzamento entre a área comercial da cidade, parque Schlossgarten que tem direção do rio Neckar, dois Schloss e os museus. A mais importante rua comercial é a Königstrasse - local igualmente frequentado por muitas pessoas, muito bem equipado com equipamentos urbanos e muitos monumentos e pontos focais importantes.

Muitos edifícios do centro foram totalmente danificados durante a 2° Guerra Mundial, e muitos destes foram reconstruídos. A cidade possui muitas tipologias pós-guerra modernas.

Alguns mostraremos em postagens posteriores, até esgotarmos todo o material que fizemos e colhemos nesta região.

Alguns dos principais edifícios:

Stiftkirche

Igreja do século XII, alterada em reformas posteriores para o gótico tardio (Século XV), e é um igreja luterandesde o ano de 1534. Após a 2° Guerra Mundial, o seu interior foi reconstruído de maneira simplificada.

Altes Schloss
Data do Século XV, com peças de 1320 - Foi reconstruído no Estilo Renascentista.
Wilheimpalais
Königsbau
O Grosses Haus de Stuttgart
Markthalle Market Hall
Hauptbahnhof
Württembergische Landesbibliothek
Friedrichsbau Varieté