sexta-feira, 12 de abril de 2019

Fritz Müller e seu local de trabalho por Alfred Möller - Tradução de Hermann von Ihering

Naturalista Fritz Müller.
Hermann Friedrich Albrecht von Ihering.
Fonte: Wikipedia.
Julgando ser  interessante para a História e para muitos que acompanharam a pesquisa desenvolvida por Fritz Müller - no Brasil e no mundo, Hermann Friedrich Albrecht von Ihering* traduziu as impressões publicadas por Alfred Möller**, quando esteve no Brasil - em Blumenau,  visitando Fritz Müller. 
Hermann von Ihering  publicou seu texto traduzido na Revista do Museu Paulista, IIl, pp . 23-26, no necrológio de Fritz Müller e Alfred Müller publicou na Naturwissenschaftliche Wochenschrift. Band IX, 1894. N°. 37 e 51 e Band X, 1895, no. 22).

Para ler um pouco sobre a biografia de Fritz Müller - Clicar sobre: Fritz Müller

Relembrando...
Johann Friedrich Theodor Müller
Fritz Müller  -  Johann Friedrich Theodor Müller nasceu  na casa paroquial de  Windischolzhausen em Erfurt, no dia 31 de março de 1822. Teve dois irmãos mais jovens: HermannAugust.  
Stadtplatz - Centro da Colônia Blumenau. Fonte: fundação Cultural de Blumenau.

August Müller nasceu em 1826, na cidade de Windschholzhausen - em Turingrastendo e faleceu em Blumenau no dia 3 de maio de 1904. Ele e sua esposa vieram para o Brasil junto com  Fritz MüllerJunto com Fritz Müller, foi uma das famílias que adquiriu os primeiros lotes coloniais vendidos por Hermann Blumenau, no Garcia. Pagaram ao fundador quase 10 vezes mais que os outros colonos - detalhado em uma das postagens listadas abaixo. 
 Junto com Louis Sachtlebem, August Müller fundou a cooperativa de consumo, dissolvida posteriormente porque não mais atendia o objetivo para o qual a qual foi fundada. 
Fotografia atual - Casarão do Louis Sachtleben - amigo do August Müller.
August Müller também foi co fundador do Kulturverein - Sociedade da Cultura e da Companhia de Navegação Fluvial S/A. Durante mais de 25 anos foi professor da escola particular, em Salto Weissbach - junto à Igreja - até  se aposentar, com  idade avançada. 
August, também foi tradutor de Leis brasileiras para o idioma alemão, para que os imigrantes alemães pudessem se inteirar de seu conteúdo, como por exemplo: Constituição do Brasil, o Código penal e o código civil.
Hermann Müller o outro irmão de Fritz Müller citado por Alfred Möller em seu texto   - permaneceu na Alemanha. Era mais novo sete anos e como ele, também era naturalista. Estudou com Fritz Müller em Greifswald, em 1845. Vivia na Europa e trocava assídua correspondência com o irmão mais velho, comunicando todas suas observações. 
Hermann Müller.
Texto do Dr. Alfred Möller - após sua visita a Fritz Müller - cidade de Blumenau - 1894.
Tradução:Hermann von Ihering

"Blumenau, a colônia alemã situada numa das margens do rio Itajaí, no Estado brasileiro de Santa Catarina, tem-se tornado um lugar relativamente bem conhecido entre os sábios da Alemanha, principalmente entre os que se interessam pelas ciências naturais, especialmente pela biologia, pois é a segunda pátria do grande biologista Fritz Müller, o qual, há quarenta anos, emigrou para ali. É por ele e pelos seus trabalhos que o pequeno remoto lugar, situado na mata virgem se tem tornado conhecido por toda a terra, em todos os lugares onde trabalham os botânicos e os zoólogos. Sobre a pessoa de Fritz Müller muitas vezes chegaram notícias à Europa; aumenta a cada passo o grupo daqueles que saúdam com prazer e interesse cada uma destas notícias, e cada vez maior o número dos que o conhecem pelos seu trabalhos ou que por cartas entraram com ele em relações. No dia 31 de março de 1891, dia dos seus setenta anos, o pequeno vapor, subindo o Itajaí. levou-lhe felicitações de todas as cinco partes do mundo e dois álbuns suntuosamente ornados, um dos naturalistas do Brasil e outro que os da Alemanha, principalmente os botânicos, lhe enviaram com seus retratos e assinaturas,  dando um testemunho muito significativo das considerações gerais de que gozava Fritz Müller na sua pátria, e também da gratidão com que muitos sábios se sentem para com êle obrigados. Jamais um naturalista verdadeiramente aplicado se dirigiu a Müller pedindo-lhe informações ou materiais para estudos das matas de Blumenau sem que tivesse obtido o que era possível conseguir. Sem reserva comunicava Müller as suas observações e experiências, não temendo nenhum trabalho, nenhuma caminhada, nem mesmo a mais  molesta, cada vez que se tratava de procurar material apropriado para este ou aquele trabalho, contanto que estivesse convencido de que se tratava de sérias investigações científicas. Quase excessivamente gostava Müller de fazer desaparecer sua pessoa por de trás dos resultados do seu trabalho. Enquanto viveu seu irmão Hermann Müller em Lippstadt, enquanto viveu Darwin, costumava ele depositar os melhores resultados das suas observações em cartas dirigidas a estes dois sábios, contentando-se perfeitamente com a alegria de ver as observações que por cartas comunicara, utilizadas em publicações feitas por outros.A observação era o seu trabalho mais querido e ele exercia-a diariamente, julgando suficiente comunicar os seus resultados aos poucos que sabia conhecedores e entregues ao estudo do assunto de que se tratava . Jamais gostara de fazer trabalhos literários extensos e que o impedissem de observar e nunca lhe veio a ideia de publicar os resultados da sua investigação para tirar daí proventos pessoais.Além do ensaio intitulado "Pró-Darwin", não existe livro algum de Fritz Müller publicado separadamente e, contudo, haverá poucos sábios, talvez nenhum, que dispusesse de um material mais rico e mais digno de ser publicado do que o de Müller, o qual, vivendo na abundância das riquezas tropicais, por tantos anos, dia a dia trabalhava com uma constância sempre incansável e um entusiasmo sempre novo.Ele gostava de publicar em periódicos, resumido em poucas páginas, o resultado de observações penosas e por anos inteiros continuados, achando-se assim no "Kosmos", nas "Notícias Entomológicas" e em outros periódicos zoológicos, nas "Relações da Sociedade Botânica Alemã" e em muitos outros lugares da literatura, numerosos ensaios compostos por Müller, nos quais em poucas páginas comunica a essência de extensas séries de investigações. As notícias coligidas, pouco a pouco, para tal trabalho, ocupam muitas vezes um espaço vinte vezes maior do que a mesma publicação.Mas foi por causa do seu conteúdo resumido e rico que as breves publicações de Müller se tornavam notáveis entre os naturalistas e, apesar de breves, incitavam muito mais leitores do que livros extensos teriam podido consegui-lo.
Blumenau, o lugar onde foram ganhos tantos resultados preciosos para as ciências naturais, chamava a si a atenção de grupos cada vez mais extensos, sendo natural que em muitos despertasse o desejo de conhecerem pessoalmente aquele  lugar. Desde que os meios aperfeiçoados dos nossos dias facilitaram as viagens, um número relativamente considerável de naturalistas foi para Blumenau a fim de entregar-se ali a estudos científicos.Por mais espaçoso que seja, o jardim de Fritz Müller, o espaço reservado na casa para o trabalho científico é muito pequeno e modesto.
Um crítico disse que o tamanho e a opulência dos laboratórios estavam muitas vezes em proporção inversa com a importância dos trabalhos que neles se fizeram. Destas palavras lembrava-me todas as vezes que via o pequeno gabinete de Blumenau, donde tantas ideias férteis saíram para todo o mundo. O quartinho tem apenas três metros quadrados. Ao lado da janela está uma simples mesa coberta dos utensílios mais necessários para o trabalho, entre os quais se acha um velho microscópio de Hartnack. Encontram-se também, no pequeno gabinete, uma estante muito simples para livros, uma cama e um lavatório e, ao lado da única cadeira muito usada, apenas há um lugar para uma segunda. Não há coleções. Não creio que em toda a terra haja um sábio mais digno desse nome, que se satisfaça com um aparelho mais modesto. Mas todos os zoólogos e botânicos sabem quantos resultados científicos foram conseguidos com esse pequeno aparelho. Se se realizar um dia o sonho de uma estação científica no Brasil meridional, o retrato do gabinete de Fritz Müller merece ser ali colocado para sempre, a fim de incitar ainda outros a trabalharem incansavelmente também com meios pequenos. Na estação que sonhamos seria possível conseguir resultados extraordinários com despesas relativamente pequenas, pois o laboratório poderoso e rico, em que Müller também trabalhava, a própria natureza, ali, é tão soberba e oferece ocasião para trabalhar tão favorável como em poucos lugares de todo o mundo".
Dr. A. Möller, Aus St. Catharina, Brasilien. Naturwissenschaftliche Wochenschrift. Band IX, 1894. Nos. 37 e 51 e Band X, 1895, no. 22).

*
Hermann von Ihering com a primeira esposa,
Anna Maria Clarz Belzer Wolf.
Hermann Friedrich Albrecht von Ihering nasceu na cidade de Kiel, na região da atual Alemanha, no dia 9 de outubro de 1850 — faleceu em Gießen, na região da atual Alemanha, no dia 24 de fevereiro de 1930. Foi  um médico, professor e ornitólogo.
Filho mais velho do jurista alemão Rudolf von Ihering (1818-1892), mudou-se para Viena, aos 17 anos, com a família. Conm a chegada da guerra de 1870, alistou-se no Regimento de Mosqueteiros de Darmstadt. Viajou para o Brasil no ano de 1880, após se casar com viúva Anna Maria Clarz Belzer Wolf (1846 - 1906) que também era mãe de um filho. Casou-se contra a vontade de seu pai e viajou para o Brasil.
Era formado em medicina pela Universidade de Giessen, formado em 1873. Foi assistente de Carl Claus entre os anos de 1835-1899 – na área de zoologia.
Hermann Ihering  teve acesso a instituições e círculos científicos nos quais a geração mais jovem de alemães zoólogos mostrava um acentuado interesse pelos os estudos de Ernst Haeckel, um biólogo, filósofo, professor, naturalista, médico e artista alemão que foi um grande impulsionador das teorias de Charles Darwin.
Dentre os diversos motivos pessoais e profissionais que influenciaram a vinda de Hermann para o Brasil, estavam o ambiente competitivo do campo zoológico na Alemanha e a ausência de locais de trabalho. Chegando ao Rio Grande do Sul, para se dedicar às pesquisas patrocinadas pelo governo imperial, em 1880, até encarregar-se da diligência do Museu Paulista, Ihering se identificava em seus trabalhos, a maior parte em alemão, como naturalista do Museu Imperial Brasileiro - naturalista des brasilianischen Reichsmuseums
Viveu em Taquara até o ano de 1883, em Pedras Brancas, hoje chamada Guaíba, em Rio Grande e em São Loureço do Sul. A partir do ano em que se naturalizou brasileiro, 1885, morou por sete anos em uma ilha, perto do rio Camaquã, que passou a ser conhecida como a ilha do Doutor. 
Hermann von Ihering com a segunda esposa,
Meta Buff von Ihering, possivelmente na
Reserva Florestal do Alto da Serra, São Paulo.
Alfred Möller.
**Alfred Möller nasceu na cidade de Berlin no dia 12 de agosto de 1860 e faleceu no dia 4 de novembro de 1922, na cidade de Eberswalde. Foi um cientista da Floresta - o que se assemelha á área da pesquisa da Engenharia Florestal.
Estudou na Escola Superior de Silvicultura em Eberswalde e cursou seu doutorado em Münster. Seria o que atualmente é conhecido por Engenheiro florestal. É autor de inúmeros estudos e publicações.
Quando esteve no Brasil no ano de 1894, iniciou seus estudos com fungos tropicais. No ano de 1899, Möller tornou-se professor da Forest Academy Eberswalde e entre os anos de 1906 a 1921 – assumiu a direção.
Deixou projetos quanto ao estudo das florestas, que na sua época eram a frente de seu tempo, atualmente são práticas dentro da área da ciência. Por exemplo o vencedor do prêmio Nobel, James Lovelock - aparentemente sem conhecer as teses de Möllers – desenvolveu suas idéias em escala global com a hipótese de Gaia, confirmado pelas alterações climáticas e estão em dia.
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Em Construção!!






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