segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Kulturverein - Die Kolonie Blumenau - Cooperativismo

A ideia de cooperativismo veio junto com o idealizador e fundador da Colônia Blumenau, na metade do século XIX - Hermann Blumenau. Fundou uma Colônia agrícola a partir de propriedades rurais familiares auto suficientes e com o plano de beneficiar, através da indústria e de negociar, o excedente da produção de cada propriedade. 
A Colônia Blumenau nasceu como uma "Firma" que operou como uma empresa particular da agricultura à indústria pertencente ao seu fundador Hermann Bruno Otto Blumenau.
Porto fluvial de transporte de passageiros - Blumenau - Vapor Progresso
Último ponto de navegabilidade do Rio Itajaí Açu e estrategicamente o local do Stadplatz da Colônia Blumenau
Participamos do XII CAAL - Encontro Internacional das Comunidades da América Latina de Língua Alemã, na cidade de Nova Petrópolis - Rio Grande do Sul - no mês de setembro de 2014. Durante uma  das palestras que assistíamos, ouvimos que a primeira cooperativa no Brasil, surgiu no Rio Grande do Sul no início do Século XX. Conversando com uma pessoa ligada às Cooperativas de Blumenau e ouvimos a mesma versão. Conhecíamos a história da fundação da Colônia Blumenau e percebemos um equívoco. 
A primeira cooperativa no Brasil surgiu no  Vale do Itajaí, em 1863, e foi a própria Colônia Blumenau.
Pesquisadores no último dia do XII CAAL  - Nova Petrópolis.

Acreditamos que a primeira cooperativa do Brasil tenha sido a Kulturverein - fundada na segunda metade do Século XIX por Willhelm Friedenreich sob coordenação de Hermann Blumenau.

"Kulturverein – foi fundada no dia 19 de julho de 1863 e tinha como principais objetivos - devidamente listados em seus estatutos, tal como segue abaixo: 
1 - Melhorar a economia rural, bem como as condições sociais, morais e científicas da Colônia Blumenau.  
2 - Para conseguir essas metas, a sociedade “promoverá” reuniões periódicas nas quais haverá: 
a) conferência sobre assunto instrutivo; 
b) troca de idéias e consultas mútuas sobre os diversos problemas;  
c) deliberações referentes a esses mesmos problemas.
Os sócios da Kulturverei  promoviam encontros mensais, através de reuniões ordinárias, das quais participavam igualmente, convidados, colonos (Em maioria e foram seus idealizadores) e comerciantes de destaque na Colônia Blumenau, como também os administradores da Colônia, muitos destes, como sócios.
Segundo Lago (1968), e conhecemos bem o que foi o objetivo de Hermann Blumenau - narrado no link: História - Blumenau  - a Colônia Blumenau nasceu como uma empresa agrícola com vistas para o desenvolvimento industrial.  A localização determinou sua função desde o início, de entreposto comercial e de centro preferencial de investimentos aplicados no setor da economia industrial. 
Passados alguns anos após a fundação, a colônia apresentava certo desenvolvimento econômico, pela comercialização do excedente agrícola das propriedades coloniais e surgimento de pequenas indústrias familiares. O objetivo socioeconômico da implantação dos núcleos urbanos dentro da grande Colônia Blumenau era o de produzir (produção agrícola x transformação industrial) e inserir esses grupos no mercado nacional.
Colônia Blumenau
Foi com este pensamento que Blumenau retornou aos propósitos que o haviam inspirado a vir para o Brasil como fiscal do governo alemão, ainda na primeira metade do Século XIX. Este, estava embasados na ideia de organizar uma colônia empresarial agrícola com imigrantes alemães que fossem proprietários dos lotes por eles escolhidos, dedicando-se ao cultivo da terra e criação de animais e, sempre que possível, industrializando o excedente da produção, por conta própria, com absoluta liberdade e iniciativa, também comenta José Ferreira da Silva em seu livro - História de Blumenau.

Kulturverein

De todas as Sociedades fundadas pelos primeiros imigrantes alemães no Vale do Itajaí, a Kulturverein se destacou porque mantinha relações com todas as áreas importantes de uma colônia em formação a partir das ações de suas principais lideranças.
Hermann Blumenau
A primeira preocupação dos pioneiros e de Hermann Blumenau, foi o de promover uma cultura de maneira racional, de uma produção a partir da propriedade agrícola, que rendesse uma quantia significativa em pouco espaço de tempo para compensar o trabalho nas propriedades com a melhor tecnologia e meios disponíveis. Com este objetivo, se organizaram a partir do Kulturverein a qual propiciava fomentar um amplo debate entre os colonos (que neste momento eram todos os primeiros imigrantes), sobre questões que trariam melhorias na produção agrícola através de novas tecnologias e novos produtos, bem como, a troca de idéias e experiências de cada um.  A Kultuverein die Colonie Blumenau foi fundada no dia 19 de julho de 1863  -
Muito de suas atividades, desde sua fundação, foram pesquisadas e traduzidos do alemão para o português por Frederico Kirlian, analisando documentos originais, os quais organizou e resumiu, publicando posteriormente em alguns exemplares do periódico mensal -  Blumenau em Cadernos.

A Kulturverein teve como seus principais idealizadores: Willhelm Friedenreich, Rohlacher, Faust, Sametzkl, Baucke, Schäffer, Külps, G. Schäffer, L. Sachtleben,  Benz, Lobedan, Wehmuth, Ernest, Henr, Weise, Wendeburg, Breithaup, Lösecke e Johann Jarschow. A iniciativa foi de Willhelm Friedenreich que convidou os demais para o ato de criação da Sociedade em sua residência, no dia 19 de julho de 1863. Neste mesmo dia foi definida a pauta da primeira reunião da Kulturverein, que aconteceu no dia 16 de agosto de 1863. Foram abordados entre outros assuntos: Debate sobre a escolha da cultura predominante na colônia, naquele momento; palestra sobre a Vida das plantas e a definição e pagamento das mensalidades por parte dos sócios.


Parte da  Ata de Fundação do Kulturverein
"Atendendo  a um convite do Sr. Willhelm Friedenreich, reuniram os senhores Rohlacher, Faust, Sametzkl, Baucke, Schaeffer, W. Schaeffer, Külps, G. Schäffer, L. Sachtleben, Benz, Lobedan, Wehmuth, Ernesto e Henr, Weise, Wendeburg, Breithaupt, Lösecke e Johann Jarschow, no dia 19 de julho de 1863, na casa do primeiro, que fez um exposição das finalidades, natureza e vantagens da Sociedade de Cultura a ser fundada, passando-se, então, à discussão e aprovação dos Estatutos, que foram assinados pelos presentes, resolvendo estes fixar o prazo de uma semana, dentro do qual os demais interessados que o quisessem poderiam assinar os mesmos estatutos que, para esse fim, se achavam a disposição na casa do Sr. Victor Gaertner. A primeira diretoria eleita na ocasião, ficou assim constituída: Presidente, Wilhelm Friedenreich; vice, Sr. Sametzkl; tesoureiro: H. Wendeburg. Foi designado o dia 16 de agosto do dito ano de 1863 para se realizar a primeira reunião da Kulturverein..."
Primeira Reunião após o ato de fundação
Dia 16 de agosto de 1863

Sanetzki palestrou para os presentes sobre a cultura de milho, do tabaco, do algodão e do bicho da seda. Também,  Friedenreich recomendou o plantio de frutos oleosos e plantas fibrosas, como, por exemplo: pita, agave, bananeiras, etc. Houve o depoimento de Riemer que afirmou já ter feito experiências com bananeiras de flor vermelha. Também, aconteceu o debate sobre a cultura do tabaco, onde Fridenreich leu matérias jornalisticas sobre, publicados em jornais norte americanos.
Foram nomeadas comissões para fazer experiências com sementes e plantas de tabaco. Sametzki, Bruch, Romer e Müller foram designados para as experiências. 
Foi definida a pauta para a próxima reunião: apresentação dos relatório das comissões de experiências e prosseguimento das palestras sobre a cultura do tabaco.
A segunda reunião da Kultuverein aconteceu no dia 13 de setembro de 1863, na qual foram decididas várias questões. Neste dia, Hermann Blumenau contribuiu no debate da cultura do fumo, recomendando que se espalhasse serragem misturada com um pouco de alcatrão sobre as sementeiras. Disse que isto, manteria as lesmas afastadas do cultivo. Nesta reunião foi definida a pauta para a terceira reunião do Kulturverein que aconteceu no dia 11 de outubro de 1863. 
Nesta reunião, foi lido o trabalho sobre a cultura do milho, que deu margem a um grande debate sobre o assunto e sobre o melhor modo de se fazer experiências a respeito. Como a comissão do fumo, também foi feita a comissão do milho. 
Nesta reunião foram reformulado a diretoria. Presidente: Wilhelm Friedenreich, Vice: Sametzki e Secretário:  Labes.
Na reunião do dia 8 de novembro de 1863 - 4° - houve uma  palestra sobre o tema fixado na ordem do dia. Friedenreich continuou sua palestra sobre a ação do agricultor e fez ver, no decorrer da mesma, "a necessidade e a importância de se acumular adubos". Foi formada uma comissão para efetuar a primeira revisão dos estatutos e foi conversado sobre a cultura de plantas bulbosas. Também foram distribuídas sementes de feijão de várias qualidades: manteiga, tupim, olho-de-pombo, carrapto, caboclo, mouro, garombe, guari, tupim carioca, favas de lastro e outras para onze colonos. Estes plantariam e fariam observações para os sócios em reuniões futuras do Kulturverein.
Na reunião do dia 13 de dezembro foi apresentado o estatuto devidamente revisado por sua comissão.
Nesta revisão foi apontada a necessidade de  elevar  o nível social, moral e científico da Colônia Blumenau, através da Kulturverein. Ficou também definido que todos os moradores da colônia, do sexo masculino, que houvessem completado 15 anos, podiam ser sócios da Kulturverein, sem o direito de voto. Este era somente permitido  aos homens com idade acima de  21 anos. Sócios menores de 21 anos, pagavam uma mensalidade de oitenta réis e os sócios maiores, 160 réis. A renda arrecadada na Kulturverein era destinadas para  a aquisição de sementes, máquinas agrícolas, livros, manutenção de uma biblioteca, etc. A aplicação do capital da sociedade dependia de autorização prévia tomada em reunião de sócios. A Diretoria não necessitava de autorização prévia para quitar despesas inferiores a um mil réis.
..."Após a aprovação dos Estatutos, os sócios ainda trataram de vários assuntos, tendo o Sr. Kleine feito uma interessante conferência sobre a cultura de tubérculos, seguindo-se ao mesmo um intenso debate. em vista da importância do  tema, foi adiada a continuação dos debates para a reunião seguinte. Os senhores S. Scheefer, Schroeder e Riemer, ofereceram-se para fazerem experiências com a cultura do taiá. o Sr. Friedenreich proseguiu na sua conferência sobre o tema: "O papel do Agricultor", abordando, nesta, especialmente, a criação de animais domésticos, notadamente o aperfeiçoamento de raças cavaleres. A "Caixa de perguntas" continha a seguinte pergunta: " Não considera a sociedade muito proveitoso incentivar  a criação de ovelhas na Colônia, não só para o consumo de lã, como também para aumentar o mercado de carne para consumo da colônia?"... Ata - Dia 13 de dezembro
Na reunião do dia 17 de janeiro de 1864, Friedenreinch comentou sobre o conteúdo de amido nas diferentes plantas e na reunião do dia 14 de fevereiro de 1864, foi debatido sobre a questão da importação e criação de ovelhas na colônia, com a elaboração de um regulamento contendo, em seus 7 artigos, importantes disposições sobre a distribuição de reprodutores. Como por exemplo: O sócio adquirente de reprodutores, tinha o prazo  de um ano para pagar, em duas prestações, o valor do animal, acrescido das despesas havidas com a importação. Somente era permitido abater as ovelhas se o criador provasse que havia criado um número maior de ovelhas do que pretendia abater. Quanto aos carneiros machos, só poderiam ser abatidos, quando  nenhum colono demonstrasse interesse nestes.
Nesta reunião, ainda,  Friedenreich leu um artigo sobre a importância da mudança de sementes na cultura das plantas. Riemer propôs que fosse solicitado a Hermann Blumenau a importação de sementes novas de milho, principalmente de qualidade e de caules curtos, da América do Norte e da Europa, como também, novas mudas para as batatas, cuja importação deveria ser feita do Estado do Rio Grande do Sul.
A próxima reunião aconteceu no dia 13 de março de 1864, entre outras coisas, foi  debatido o assunto da cultura de algodão e novamente foi pedido a Hermann Blumenau, uma semente de qualidade, já adaptada ao clima do sul do país. Na 9° reunião - do dia 10 de abril de 1864, foi sugerido a. Blumenau que  conseguissem mudas do bambu da Espanha - O que foi declinado na reunião do dia 8 de maio de 1884. Os sócios concluíram que o bambu da Espanha poderia se tornar uma praga, o que foi suficiente para o Kulturverein não seguisse adiante com a ideia. Também nesta reunião foi distribuída sementes de trigo oriundas da Romênia e foi decidido que Kulturverein fizesse importação de sementes de hortaliças da Alemanha. Também foi feita a leitura do trecho do livro "Viagem às Índias Ocidentais".
Propriedade colonial - Em um primeiro momento todos eram colono e trabalhavam na terra
Blumenau - Final do século XIX
Finalmente, na reunião do Kulturverein do dia 12 de junho de 1864, foi distribuída a semente de milho com grãos miúdos. Nesta mesma reunião, aconteceu a palestra de Eberhard dando sequencia ao assunto - "A vida das Plantas" e do Pastor Hesse que falou sobre a "História do Brasil". Foi sugerido, que nas próximas reuniões fosse feito uma pesquisa estatística apresentando as diversas culturas já efetuada na colônia e seu respectivo rendimento, o que ficou ao cargo de um dos palestrantes da noite - Pastor Hesse.
Foi comentado sobre a maneira correta de plantar mudas de aipim, para não apodrecerem, com o aproveitamento da grama cortada, como adubo. Durante a 12° reunião, foi levantando o assunto da planta "mata cavalo", que acreditaram ser responsável pela morte dos animais. Foi sugerido que Kulturverein destinasse cinco mil réis como premiação ao colono que trouxesse um exemplar da planta mortífera e que ainda não era conhecida pelos colonos.
Stadtplatz de Blumenau - 1869

Na  reunião de 14 de agosto de 1864, Friendenreich apresentou uma planta dizendo tratar-se do "mata-cavalo". Foi decidido que Kulturverein compraria um cavalo para ser cobaia na experiência com a planta apresentada.
A 14° reunião aconteceu no dia 9 de outubro de 1864 e foram abordados assuntos como: a renovação, por eleição, da Diretoria. Na reunião seguinte - 15° reunião - que aconteceu no dia 8 de janeiro de 1865, foi proposto que a sociedade intercedesse para um aumento da criação de ovelhas. Também foi levantado a hipótese, que a sociedade adquirisse uma máquina de fiar para o beneficiamento da lã e do algodão produzido na colônia. Na 16° reunião - reunião do dia 12 de fevereiro de 1865, foi debatido sobre a compra de uma máquina de fiar. Decidiu-se encarregar Hermann Blumenau para adquirir a máquina na Alemanha, custeada pela Kulturverein. Para realizar a 17° reunião, houve um hífen de 10 meses. Esta aconteceu  no dia 10 de dezembro de 1865.

Parte da Ata da 17° reunião...
"...Sr. Friedenreich apelado para os presentes, que não deixassem decair a sociedade, propondo ainda que se acrescentasse um parágrafo no estatutos, que determinasse que os haveres da sociedade, de forma alguma, pudessem ser aplicados para outros fins, a não ser os declarados nos estatutos, e,  si por ventura a sociedade deixasse de existir, seus bens deveriam ser guardados, pela diretoria, até que se formassem outra sociedade agrícola e com os mesmos fins, à qual ditos bens seriam então entregues. A proposta foi aceita. A seguir, procedeu-se à eleição da nova diretoria que ficou assim constituída: Presidente - H. Baucke, Vice-Presidente - Pastor Hesse, Secretário - Th. Schröder."
Na 18° reunião, que aconteceu no dia 11 de fevereiro de 1866, foi eleita uma comissão para mais uma revisão nos estatutos. A necessidade foi constatada a partir da admissão de um grande número de novos sócios. A revisão foi apresentada na 19° reunião, no dia 11 de março de 1866. Ficou decido, que após as modificações, os novos estatutos seriam enviados ao  Dr. Fritz Müller, em Desterro, (Florianópolis) para  ele encaminha-los ao Presidente da Província Santa Catarina para sua aprovação. A intenção desta aprovação era para adquirir a obtenção dos direitos corporativos  (Cooperativa). Houveram várias modificações na nova versão estatutária do Kulturverein, como por exemplo - um, presente no § 3°, que fixava a Assembléia Geral de fim de ano para o dia 2 de dezembro. Nesta data, se comemoraria, também a data natalícia do Imperador do Brasil - D. Pedro II. Também, foi aumentada a mensalidade dos sócios de 160 réis para 200 réis, e fixada uma joia de um mil réis. 
A aplicação da renda ficou a mesma praticada até então. Kulturverein utilizava a renda para a aquisição de sementes, instrumentos e máquinas agrícolas, animais  para reprodução, livros e revistas sobre agricultura e para a formação de um biblioteca popular e como já mencionado - Despesas superiores a cinco mil réis necessitava de autorização e aprovação da Diretoria, em reunião mensal. 
A 20° reunião aconteceu no dia 13 de maio de 1866. O destaque para esta reunião foi o fato que o presidente  comunicou a renúncia do Pastor Hesse de seu cargo de Vice-Presidente. A vaga foi preenchida, através eleição, por Labes. A sociedade decidiu nesta reunião, organizar e custear uma exposição pecuária.
No dia 10 de junho de 1866aconteceu a 21° reunião do Kulturverein. Entre os principais temas abordados, estava o projeto da exposição pecuária. Na 22° reunião, ocorrida no dia 8 de julho de 1866, foi deliberado sobre a aquisição de livros técnicos referentes à criação de animais domésticos. A 23° reunião aconteceu no dia 9 de setembro e a 24° reunião, no dia 14 de outubro de 1866. Nesta última foram definidos detalhes sobre o programa da reunião de encerramento que aconteceria no dia 2 de dezembro e a festa do aniversário do Imperador do Brasil - D. Pedro II. Muito interessante esta prática da sociedade dos imigrantes oriundos de uma parte da Europa, que conviviam em contato com Reinados e culturalmente com o conto dos Irmãos Grimm. Possuíam contatos com suas culturas e histórias, fortes ligações com o sistema político, em suas principais cidades, muitas vezes muito distante dos demais brasileiros que viviam na região e, portanto, quase indiferentes.
Nesta reunião também foi conversado sobre a importação de sementes de grama e capim dos Estados de La Plata.
D. Pedro II - 1877
A 26° reunião aconteceu no salão do farmacêutico Keiner. Houve a eleição da nova diretoria. O novo secretário eleito - Theodor Kleine, que recebeu o saldo em caixa -  Rs. 114$600. Após a reunião, todos foram para o jardim da residência de Keiner, onde festejaram e brindaram com música e discursos, o aniversário do Imperador do Brasil - D. Pedro II.
A Kulturverein se reuniu no dia 13 de janeiro de 1867, na 27° reunião ordinária. Nesta reunião os sócios receberam sementes. O restante destas sementes foi comercializado entre os não sócios. Observa-se que os sócios da Kulturverein já caracterizavam uma pequena elite dentro da nova colônia alemã fundada no Vale do Itajaí, no interior de Santa Catarina. Nesta reunião, um dos sócios - e componente da diretoria - Labes - recebeu um empréstimo da Kulturverein, sem juros e com um prazo de 2 anos para quitar, para investir na cultura do bicho da seda.
Nas reuniões seguintes, os sócios organizaram pedidos de encomenda e aquisição de sementes da Alemanha e da Argentina.  Na  31° reunião, ocorrida no dia 15 de setembro de 1867,  Schellenberg fez a demonstração de uma invenção de sua autoria aos demais presentes  na sede da sociedade. Seu evento era uma máquina para descaroçar o algodão. 

Kirlian - Comentando sobre as Atas da Kulturverein
"...A estes relatos se seguiam interessantes debates, e uma conferência sobre o tema deste debate. Os conferenciais mais citados são: Dr. Eberhardt, Wilhelm Friedenreich, Dr. Blumenau, Pastor Hesse, Theodor Kleine, Sametzki, August Müller, Fritz Müller, W. Scheefer, Labes e outros, sendo que, por ocasião da mudança do Sr. Dr. Eberhardt, para a cidade de Desterro, (Atual Florianópolis), a assembléia da sociedade, por unanimidade, lhe conferiu o Título de sócio honorário, em vista dos reais serviços prestados à Sociedade. O próprio Dr. Blumenau, mostrava grande interesse na atividade da Kulturverein nunca deixando de enviar à mesma novas qualidades de sementes e auxiliando-a, que encarregando-se da compra e importação de animais de raça ou mudas de plantas, que pleiteando junto ao governo imperial, isenção de direitos alfandegários para tais importações ou ainda a cessão gratuita de animais reprodutores."
Na reunião do dia 15 de setembro de  1867, Blumenau encaminhou à Kulturverein, por Gärtner, sementes de sésamo, para ser distribuídas entre seus sócios.
Na reunião do dia  13 de março de 1867 foram deliberados sobre os recursos da sociedade para a aquisição de dois touros - um de raça "Oldenburger" e outro, da raça "Allgäuer". Também foi adquirido uma máquina de fiar para o beneficiamento do algodão produzido na  colônia.
A Biblioteca fomentada, organizada e administrada pela Kulturverain, continha obras especializadas e livros técnicos, referentes à agricultura e à pecuária. A biblioteca foi a célula para a fundação da Biblioteca Pública da Colônia de Blumenau. Foi encontrada em correspondência de agradecimento da diretoria da Kulturverein ao Cônsul Geral alemão pela doação de cinquenta libras esterlinas enviadas à sociedade - por Hermann Blumenau. Nesta correspondência a diretoria da Kulturverein comunica ao Cônsul, que a sociedade aplicou o capital recebido, na aquisição de livros, para a "Biblioteca Popular", que mesmo a cargo e sob administração da Kulturverein, ficaria à disposição de todos os moradores da colônia.

Parte da Correspondência...
"Com a aquisição de bons livros, obras populares de todos os ramos da ciência esperamos, juntamente com os esforços da sociedade, realizar o possível para o esclarecimento instrutivo em nosso meio, e assim corresponder da melhor forma ao intento  da doação".  
A Kulturverein foi uma das sociedades blumenauenses que maiores serviços prestou à coletividade. E para que se possa ter uma ideia da variedade de objetivos que constavam das suas atribuições, foi traduzido do "Colonie-Zeitung" de Joinville de 1° de fevereiro de 1868 a seguinte correspondência assinada por Freihold:

Hermann  Wendeburg
"Blumenau, dezembro de 1867, a 2 do corrente mês, realizou a sociedade de Cultura  local uma reunião na sede dos Atiradores, na qual ficou deliberado  que, futuramente, serão realizados reuniões em diversas localidades da Colônia. Essa decisão trará, em todo caso, bons resultados, sendo que a sua concretização despertará maior interesse pela sociedade, concorrendo para o aumento do número de sócios e estimulando a iniciativa em relação às atividades agrícolas mais metódicas.. H. Friedenreich, não desiludido  com diversas experiências frustradas, apresentou um vinho de laranjas, que foi muito apreciado por todos. Pretende ele aumentar a produção na próxima colheita, também para exportação, na forma de uma bebida saudável em substituição da cachaça, pelo aproveitamento de uma fruta cujo cultivo aqui dá ótimos resultados. À noite, organizou a sociedade um baile, em comemoração do aniversário do Imperador, o qual foi concorrido e só terminou com o sol nascente.
Escola Alemã da Comunidade Ilse 
O brinde de honra à Sua Majestade, levantado pelo diretor H. Wendeburg, foi calorosamente aplaudido. Através de um levantamento feito nas últimas semanas, constatou-se o fato lamentável da ausência de compreensão, entre os colonos, do valor da estatística, tão proveitosa quanto indispensável no desenvolvimento da economia pública. Soube-se de casos, até então, não só de falta de compreensão, como de manifesta má vontade. É necessário agir através de exemplos e ensinamentos para extinguir opiniões errôneas e substitui-las pela compreensão  e convicção da necessidade de organização de relações estatísticas decretadas pelo governo. Seria um ponto a ser incluído no programa da Sociedade Cultural. Conforme notícias colhidas, entre a população total de 3391 almas, 127 meninos e 136 meninas, portanto 263 crianças receberam instrução escolar nas 12 escolas existentes. considerando-se que, nas regiões mais distantes da Colônia, ainda faltam escolas, a relação numérica de alunos não é insatisfatória. A coisa muda, entretanto, observando-se a relação da frequência. constatam-se casos de 0 a 100% de ausências. Que os pais, a quem mais se deve atribuir essas faltas, se convençam que eles nada de mais precioso podem oferecer aos filhos do que proporcionar-lhes instrução adequada. Eles deveriam considerar que, mais tarde, por falta de cultura dos cidadãos, representados na atual juventude escolar, os postos exponenciais da administração dos núcleos de colonização alemã, por força das circunstâncias, serão ocupados por brasileiros e a cultura e os nossos costumes atávicos, ao invés de serem aproveitados cada vez mais em prol do nosso desenvolvimento, de nada mais nos servirão, extinguindo-se, finalmente. Existem atualmente 5 prédios escolares na colônia, dos quais dois foram construídos, inteiramente, às custas do governo, que contribuiu, também,  para os outros 3. É de se mencionar ainda que, por parte da direção da Colônia, foram reivindicados auxílios para mais dois prédios escolares, sendo um para Encano e outro para o Alto Rio do Testo, de  600$000 para cada um cujo deferimento se espera. Há poucos meses publicou este jornal  a tradução de um regulamento para as Colônias, organizado pelo governo. Se bem que este projeto, para peritos de sistemas de auto-administração, não seja perfeito, divergindo, mesmo, em diversos pontos, das constituição liberal de nossa nova Pátria, não devemos esquecer que as colônias não se podem manter ainda pelos próprios impulsos, necessitando, seguidamente, de auxílios da parte do governo. Podemos, mesmo assim, receber com satisfação a introdução deste Regulamento, como primórdios do início da auto-administração. Em outubro já chegou a aprovação, por parte da instância governamental, dos nomes propostos pela direção da Colônia, para o Conselho Colonial. São os dos senhores Baucke, Freygang, Kuelps, Müller, Schreiber e Spierling. além desses cidadãos é o médico da colônia (Dr. Knoblauch) Membro perpétuo e o diretor (H. Wendeburg) presidente deste conselho. O último convocou para 5 de novembro uma reunião para proceder-se a eleição do secretário  e suplente do mesmo, ficando um dos membros ainda incumbido do planejamento do programa de regulamento comercial. Foram tomadas outras decisões e deferidos pedidos de empréstimos financeiros.Na segunda reunião, a 3 de dezembro (as reuniões realizam-se sempre às primeiras terças feiras de cada mês) foi aceito este projeto do regulamento comercial e deliberado sobre outros assuntos. Convêm realçar as seguintes decisões: Mandar traduzir e imprimir as Posturas para torná-las acessíveis aos colonos; construir fornos para os colonos recém chegados; adquirir  um terreno para curral do Conselho; construir diversas estradas e pontes, assim sobre o Encano e a Itoupava; empregar inspetores de caminho, com pequena gratificação, set., Será o projeto governamental de regulamento para as Colônias adotado, por enquanto, apenas experimentalmente, pretendendo-se empreender estudos e discussões sobre o assunto, para, caso consideradas oportunas algumas alterações, apresentá-las ao governo para a devida aprovação.Suponho ser do conhecimento geral que o projeto do Regulamento Colonial, organizado pelo Conselho anterior, não obteve a respectiva aprovação. Mesmo assim, os seus representantes se reuniram recentemente de novo, propondo novas eleições para o ano próximo. a maioria, entretanto, com critério acertado sobre a situação, declinou da proposta. Deveria ter sido, portanto, este o último sinal de vida desta corporação. Seria?  Freihold "

A partir desta primeira organização cooperativa surgiram  outras organizações com inúmeros objetivos para efetuar e aplicar projeto importantes a colônia, através da união de seus sócios e desenvolvimento de suas atividades dentro da colônia que sistematicamente era construída a partir da infraestrutura, escolas, casas comerciais e indústria.
Colônia Blumenau

Colônia Blumenau
No momento do surgimento das classes sociais e a divisão do trabalho na Colônia Blumenau a partir do comerciante forte e do industrial que usava a matéria prima excedente das propriedades ruais - tal como fora planejado inicialmente - parte do script do fundador Hermann Blumenau, ficou muito difícil, todas as lideranças locais (agora em partes opostas) participarem de uma mesma cooperativa e sociedade, pois os interesses não eram mais os mesmos para todos.
"Com o fortalecimento comercial e industrial na colônia, a Kulturverein – Sociedade de Cultura, associação dos principais colonos fundada em 1863, não atendia mais às expectativas da nova elite blumenauense. 
Mesmo existindo já a divisão de trabalho na colônia desde a fundação, há um momento em que fica mais nítido o papel do produtor, mão de obra (colono, agricultor), o comerciante (atravessador) e o industrial (transformador), sem contar, agora, com a formação de uma massa de trabalhadores que passam igualmente a trabalhar na indústria emergente. Com uma distinção de classes sociais mais evidenciada e a definição da estrutura social para a produção do capital, surge a necessidade de mudar o perfil da associação que representa esta nova elite na Colônia Blumenau. Cria-se, então, a nova Associação em 5 de novembro de 1901, denominada Associação Comercial e Industrial de Blumenau - ACIB, atual Associação Empresarial de Blumenau. Esta associação tinha como principais objetivos, naquele momento, início do século XX: 
a) aumentar os lucros sobre a compra de produtos adquiridos dos colonos a um custo menor.
a) desenvolver o comércio dentro dos núcleos urbanos afastados, por meio da venda de utensílios domésticos e para a lavoura;  
 b) padronizar, aumentar a qualidade do produto industrializado na indústria local e fiscalizar a qualidade da matéria-prima oriunda dos colonos, atrelando esta condição ao seu valor; 
c) melhorar os caminhos e estradas entre os vários núcleos urbanos da colônia e desta para outras regiões, para o rápido escoamento dos produtos industrializados; 
d) viabilizar a construção de uma ferrovia na região; 
e) inserir representações políticas locais no cenário político estadual e nacional. Participaram dessa primeira assembleia de fundação, como sócios- fundadores, os senhores Herman Sachtleben, Henrique Probst, Alwin Schrader (Prefeito), Ricardo Scheffer, Friederich Blohm, Bruno Hering, Hermann Hering, Paul Husadel, Ferdinand Schrader, Caetano Deeke, Wilhelm Nienstedt, G. Arthur Koehler, Pedro Christiano Feddersen e Gustav Salinger.
Família Hering - Início do Século XX
Frente de sua residência - Rua XV de Novembro
Gustav Salinger
 'A principal motivação que reuniu as lideranças locais foi a possibilidade de juntas poderem ter mais força para reivindicar ao governo a abertura e manutenção de melhores vias de escoamento da produção local, fixar bons preços de compra junto aos colonos e de venda dos produtos manufaturados nos mercados externos. (SANTIAGO, 2001).'
O primeiro presidente da ACIB foi o cônsul alemão Gustav Salinger, sócio do Cel. Feddersen. A associação teve no ato da fundação a adesão de 34 empresas. 
Pedro Christiano Feddersen, Cel. Feddersen, viajou em 1904 para a Europa, onde entrou em contato com possíveis interessados no projeto da ferrovia, mostrando e destacando a estes todas as vantagens da sua construção no Vale do Itajaí. Teodoro Lüders elaborou estatísticas para Feddersen levar e apresentar aos pretensos parceiros europeus.
De acordo com Santiago (2001), a primeira missão dos novos diretores da ACIB foi a de buscar entendimento com os líderes da Kulturverein, pois se tratava da sociedade associativa mais forte da cidade, que unia agricultores e comerciantes, e nesta última estavam somente os comerciantes."  Wittmann - 2010.
Sindicato Agrícola

Uma dos embriões do primeiro banco no Estado de Santa Catarina foi o Sindicato Agrícola que surgiu  a partir da necessidade de angariar recursos para viabilizar as primeiras ações da construção da Estrada de Ferro, modal de transportes idealizado, por Hermann Blumenau quando implantou a sede da colônia no último ponto navegável do Rio Itajaí Açú.
Do livro - A Ferrovia no Vale do Itajaí -  Estrada de Ferro Santa Catarina



No dia 1° de setembro de 1907, foi realizada uma reunião no Salão Paupitz - na região do Passo Manso - atual bairro de Blumenau. Muitos dos presentes foram sócios da Kulturverein.
No Salão Paupitz, foram estabelecidas as bases para a fundação de um Sindicato Agrícola e eleita uma comissão encarregada da execução dos trabalhos preliminares para a realização da Assembléia Constitutiva da nova organização. Essa Comissão compunha-se de Henrique Miehe, João Hennings, Guilherme Wise, Otto Hindlmeyer Bruno Hering, Alvin Schrader e Eugênio Fouquet. A Assembléia Constitutiva voltou a se encontrar no 27 de outubro do mesmo ano, no Salão Oscar Gross - no Stadtplatz de Blumenau, quando foi oficializado a fundação do Sindicato Agrícola Blumenauense e também com a finalidade de fundar uma Caixa Agrícola ou Caixa Econômica de Empréstimos - o Primeiro banco do Estado de Santa Catarina.

"...A Caixa Econômica de Empréstimosprimeira instituição bancária de Santa Catarina – havia surgido (aparentemente) para guardar o capital excedente da produção dos colonos organizados sob o Sindicato Agrícola de Blumenau, que o faziam, até então, nas “Vendas”, conhecidas casas comerciaisAlém da exploração mercantil, os comerciantes absorviam a poupança local, os depósitos dos habitantes, sendo conhecida a inexistência de bancos. As pessoas em situação financeira mais cômoda e em condições de poupar depositavam o dinheiro em algumas casas comerciais, que subtraiam certa taxa de juros pelo dinheiro guardado. Entretanto, este dinheiro disperso, recolhido e acumulado não sendo suficiente para impulsionar o processo industrial, foi necessário a exploração dos trabalhadores, ou seja, no lugar de um salário como forma de pagamento pelo trabalho, muito freqüentemente, os trabalhadores percebiam a importância correspondente a seu trabalho em forma de mercadorias, provenientes da casa de comércio pertencente ao patrão.

'[...] a utilização do capital local acumulado e a exploração da força de trabalho não sendo ainda suficientes, os empresários precisam solicitar empréstimos aos bancos alemães e brasileiros. E, neste aspecto – a busca de capitais, de tecnologias e outros recursos – os empresários locais sempre se mantiveram ligados à Alemanha. (VIDOR, 1995).'
Historicamente, em 1º de setembro os sócios do Volksverein (Sociedade Popular) aprovaram a fundação de um sindicato agrícola, com o objetivo principal de criar uma Caixa Econômica de Empréstimos, oficializada no dia 27 de outubro de 1907. O fato foi propagado por meio de um folheto anexado ao jornal Urwaldsbote, de agosto de 1907, anunciando o evento. Essa Caixa Econômica iniciou seus trabalhos em janeiro de 1908Contraditória e ironicamente, essa instituição financeira propagava ao seu público-alvo, os colonos, as vantagens e a necessidade de poupar, sob o argumento de ser uma sociedade popular, embora tivesse sido fundada por um grupo de pessoas entre as quais representantes da ACIB, que, por sua vez, estavam envolvidos com a construção da EFSC e, oportunamente, precisavam de capital para viabilizá-la. Esta iniciativa foi empreendida por um representante das lideranças locais. De acordo com Santiago (2001, p. 48), a iniciativa foi liderada por Bruno Hering, Alwin Scharader e Eugen Fouquet (jornalista), João Hennings (trabalhava na Fecularia Lorenz), Guilherme Weise, e Otto Hildelmeyer (professor de ginástica). Empolgado com o sucesso da Caixa Econômica de Empréstimos, o comerciante membro da ACIB e prefeito de Blumenau, Alwin Schrader, passou também a gerenciar a Caixa Auxiliadora Agrícola Ltda., que aceitava depósitos para poupança a partir de três mil réis, pagando 4% de juros ao ano. De acordo com Santiago (2001, p. 51), a atividade financeira passou a fazer parte do cotidiano de Blumenau." Wittmann - 2010
 ... 
"Este efervescer comercial, o surgimento do embrião da indústria urbana e o desejo de ampliar o mercado conectando comercialmente os núcleos urbanos do Vale do Itajaí motivaram a elite da colônia de Blumenau, formadas pelos principais comerciantes, artífices, industriais e alguns poucos colonos mais bem-sucedidos que tinham interesses. Passaram a buscar ações concretas para melhorias mais acentuadas e efetivas no sistema de transportes. A nova elite oriunda deste novo momento social, a exemplo das antigas lideranças que estavam organizadas na Kulturverein (formada por colonos e comerciantes) – Sociedade de Cultura – funda, então, a Associação Comercial e Industrial de Blumenau – ACIB. Essa entidade representou os interesses da nova elite blumenauense do início do século XX, no momento em que são bem definidas a segregação social e a dicotomia campo-cidade, no surgimento da indústria e no fortalecimento do comércio local."Wittmann - 2010
Em nossa opinião, a Kulturverein foi a primeira "Cooperativa" do Brasil e foi idealizada, quando o fundador da Colônia Blumenau - Hermann Bruno Otto Blumenau, executava os planos para fundar a sua colônia empresarial agrícola.
O fundador teve contato com a escola de economia científica européia, a fisiocracia de Fraçois Quesnay e a partir desta, "organizou" o projeto de fundação de sua colônia alemã nos trópicos.
"Partindo-se do princípio de que, do século XVIII em diante, as Doutrinas Econômicas começaram a influir sobre o comportamento social dos grandes vultos históricos, teremos que admitir que Hermann Blumenau, não podia ser uma exceção às regras. Mas quais as Doutrinas Econômicas que mais atraíram o Dr. Blumenau, na época, o Século XIX, em que ele viveu? Os precursores das Doutrinas Econômicas foram os fisiocratas, em século antes, tendo como seu grande animador, François Quesnay, médico e economista, aliás, ele um dos médicos de Maria Antonieta, donde adveio o seu prestígio em toda a Europa.Como economista, o Dr. Quesnay, aplicou à circulação do sangue no organismo, a própria circulação das riquezas dos povos, por isso que quando a circulação humana era perfeita a saúde também o era. Concluído que de nada valeria produzir, se não se pudesse circular, perfeitamente, para os centro consumidores as produções. Logo para os fisiocratas toda a saúde econômica dos povos dependeria da perfeita circulação de suas riquezas econômicas.O Dr. Quesnay muito escreveu sobre os princípios fisiocráticos e acredito que Hermann Blumenau, como filósofo, portanto homem culto, tenha lido e se influenciado pelas doutrinas fisiocráticas, não só por seus conhecimentos filosóficos como por seu espírito civilizador. " Nemézio Heusi – Blumenau em Cadernos
Do livro
100 Anos construindo Blumenau
ACIB
Referências

  • LAGO, Paulo Fernando. Santa Catarina: a terra, o homem e a economia. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1968.
  • SANTIAGO, Nelson Marcelo; PETRY, Sueli Maria Vanzuita; 
  • FERREIRA, Cristina. ACIB: 100 anos construindo Blumenau. Florianópolis: Expressão, 2001. 205 p, il.
  • SILVA, José Ferreira da. História de Blumenau /J. Ferreira da Silva. -Florianópolis : EDEME, [1972?]. - 380 p. :il.
  • WITTMANN, Angelina. A ferrovia no Vale do Itajaí :Estrada de Ferro Santa Catarina -Blumenau : Edifurb, 2010. - 304 p. :il.
  • VIDOR, Vilmar. Indústria e urbanização no nordeste de Santa Catarina. Blumenau: Ed. da FURB, 1995. 248p, il.
  • Revista Blumenau em Caderno - Ano 1959.

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2 comentários:

  1. A cooperativa era denominada "Consumverein", e a Associação agrícola, como "Kulturverein zu Blumenau". a primeira foi criada pela segunda, como também o conselho comunal, Gemeinderath. As atas das duas associações, e do conselho, eram publicadas separadamente, no jornal Kolonie Zeitung, a partir de 1869.

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    1. Felizmente é um assunto amplamente publicado, material do pesquisador Frederico Kilian. Obrigada por seu comentário. Utilizei estas informações, no meu livro sobre a ferrovia.
      Abraços.

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