terça-feira, 12 de abril de 2022

Casarão Goedert - Barra Clara - Angelina SC - Parte 3 de 3

Pintura do conjunto assinada pelo artista Emus Lemos  - técnica -  acrílica sobre tela ("Barra Clara, anos 1960"), encomendada por  Mário César Goedert. Ano do trabalho: 1996. Acervo da família de Mário César Goedert.






Dando sequência à pesquisa in loco na região de Rancho Queimado e Angelina (ex território de São Jose SC), apresentamos a terceira parte desta série, referente à história do Casarão Goedert, localizado em Barra Clara, comunidade do município de Angelina, que já fez parte da jurisdição de São José, construído pelo ex vereador deste município - Francisco Goedert e sua esposa, Philomena Giltz Goeder.
Francisco Goedert e Philomena Giltz Goedert.
Chegamos à comunidade de Barra Clara - atualmente parte do município de Angelina, com o objetivo de conhecer o Casarão da família Goedert, apresentado pelo bisneto de Francisco Goedert - Gustavo Roberge Goedert. 
Apresentaremos sobre este local - Parte 3 de uma sequencia de postagens, sendo que a Parte 1 abordou o Casarão Bunn, a Parte 2, Rancho Queimado, Morro Chato, Rio Bonito, Taquaras, Mato Francês e por último, a Parte 3, esta apresentada neste momento - o Casarão Goedert. Também neste roteiro, há publicações de duas postagens relacionadas à série cemitérios, referentes aos cemitérios, um localizado em Taquaras - Rancho Queimado e o segundo, em Barra Clara - Angelina.
Trajetória total  desta pesquisa - chegando ao local de Barra Clara, em Angelina SC.
Barra Clara

A comunidade na qual está localizado o Casarão Goedert - conhecida como Barra Clara - é parte territorial do município de Angelina, com uma altitude de 480 metros, rodeada de montanhas com alturas que giram em torno de 750 metros. Está localizada no entroncamento das estradas que rumam para as comunidades de Quebra-Dente, Rio Novo, Rio do Norte e Rio Engano, em cujo vale, o Rio Catete deságua no Rio São João. Empiricamente é sabido que sua história iniciou, através dos primeiros assentamentos que aconteceram entre os anos de 1910 e 1912. Nesta comunidade, nossa atenção foi destinada ao Casarão Goedert e para o antigo cemitério de Barra Clara, onde estão descansando parte dos pioneiros da região.
Casarão Goedert - Barra Clara, Angelina.
"A uma altitude de 480 metros em sua praça, mas rodeada de montanhas que superam os 750 metros, tendo sua sede no entroncamento das estradas que rumam para as localidades de Quebra-Dente, Rio Novo, Rio do Norte e Rio Engano, em vale onde o Rio Catete tributa suas águas ao Rio São João, conta-se que Barra Clara começou a ser povoada entre os anos de 1910 e 1912. 
Segundo uma das versões oriundas da História oral, a localidade teria recebido tal denominação quando, aproximadamente nessa época, perdidos em meio a longa jornada mato adentro, caçadores alcançaram o cume de morro adjacente, repentinamente avistando, em contraste com a densa vegetação que desbravavam, uma baixada mais aberta e iluminada. A surpreendente paisagem que se descortinava teria motivado a exclamação de um dos membros da expedição: “– Que barra clara!” De fato, o linguajar coloquial rural da época se utilizava da expressão “barra” para indicar os estratos de luminosidade avistados no horizonte especialmente quando do alvorecer e crepúsculo do dia.
Outra versão, contudo, atribui o nome de Barra Clara aos bancos de areia de cor clara formados na desembocadura do Rio Quebra-Dente no Rio São João, nas proximidades da antiga propriedade de Pedro Guilherme Heiderscheidt, cerca de 1.300 metros ao Sul da praça da localidade.
De uma forma ou de outra, daí o nome atribuído à vila, que a partir de então começou a ser colonizada. Os primeiros moradores dos quais se tem conhecimento foram Júlio Hang (1891-1985), que construiu rancho na região, entre os rios São João e Quebra-Dente, e Jacob Jüttel (1881-1933), que, na hoje praça de Barra Clara, instalou a primeira casa de comércio, propriedade que seria vendida por sua viúva em 1937 a Francisco Goedert, que desde então passou exercer liderança na região.
Gustavo Roberge Goedert
Rio São João - Barra Clara - Angelina.
Quando Angelina se desmembrou de São José, em 1961, a localidade de Barra Clara passou a sediar o distrito com o mesmo nome, oficiado em 17 de abril de 1963, sob a Lei Municipal n° 16, que, desmembrando-o dos distritos Sede e do Garcia, estabeleceu seus novos limites e confrontações com o distrito de Garcia -  divisa com Major Gercino e divisor das águas do Rio das Antas e Rio Fortuna até o Rio Schubert, onde desemboca o Rio das Antas, descendo o Rio Schubert até o Rio Engano, subindo por este, até o Rio Sebastião. Com o distrito-sede de Angelina - do divisor das águas do Rio Sebastião e do Rio Fartura e Rio Veado até o município de Rancho Queimado.

















Localização do Casarão Goedert.
A despeito das dificuldades impostas por certo isolamento geográfico, determinado pela topografia e pela situação de suas vias de acesso, a paisagem bucólica de Barra Clara cristalizou-se como cenário de uma rica história, construída à base de muito trabalho e sacrifícios, bem como berço de gente de fibra, marcada pelo cultivo de seus sólidos valores e orgulho de suas raízes, das quais, por onde quer que enveredem suas conquistas, nunca hão de esquecer. Gustavo Roberge Goedert
As principais famílias que fizeram parte da história da comunidade:
Abreu;
Antiga (e demolida - década de 1960) Igreja de Barra Clara.
Allein;
Alflen;
Andrade;
Beppler;
Brick;
Bunn;
Burg;
Caetano;
Coelho;
Cunha;
Cruz;
Dias;
Dill;
Eger;
Elias;
Foster;
Fuck;
Fritzen;
Frutuoso;
Goedert;
Gilz;
Hang;
Hammes;
Hasckel;
Heck;
Erhardt;
Heiderscheidt;
Hoffmann;
Hugen;
Jütell;
Joenck;
Kammers;
Kons;
Kretzer;
Kreusch;
Knaul;
May;
Marian;
Martins;
Melo;
Müller;
Orelo;
Perardt;
Philippi;
Pinho;
Ramos;
Raimundo;
Rubick;
Silva;
Silvano;
Schappo;
Scharf;
Schlösser;
Schmitt;
Sens;
Steinhäuser;
Steinick;
Tholl;
Trajano;
Werlich;
Weber;
Wilbert;
Ventura;
Vieira.

Geralmente onde há uma comunidade fundada por pioneiros alemães, surge um complexo formado pela presença da igreja, da escola, do rio, o lugar para praticar o esporte e a cultura - salão e no caso de Barra Clara, sob o aspecto urbanístico, a estrutura urbana, considerando estes elementos - culmina com o desenho de uma praça com forma triangular, cujos vértices partem três caminhos. É chamada e conhecida  por Praça de Barra Clara. Destoa um pouco da cultura destes pioneiros, é a aridez que se encontra na praça, muitas vezes não percebida como tal, por estar desprovida do paisagismo nativo e também do exótico, como também de equipamentos urbanos - sendo usada com parte de pista de rodagem da via. Como sendo um dos locais históricos do município, poderia receber mais atenção da administração pública e da sociedade.


A primeira igreja de Barra Clara foi construída em 1927 e foi consagrada a São José, também padroeiro do município do qual a comunidade fazia parte. Sua estética reporta ao eclético pela presença de elementos do neogótico e da arquitetura românica, com destaque para a simetria das fachadas focadas na presença de uma torre central frontal, onde também está o campanário, verticalismo, e a presença dos arcos plenos (românico). Aparentemente fez uso da técnica construtiva de alvenaria autoportante rebocada. A família Goedert, ainda não residia no local.
De acordo com Gustavo Goedert, a estrutura da nave principal era marcada fileiras de janelas altas, terminadas com a presença de um altar marcado pela presença de uma arte mural -  destacando as imagens de São Luiz, São Sebastião, São José, Santa Maria, São Pedro, São Vicente, São João, Santa Filomena e São Francisco de Assis. A celebração das missas inicialmente, nas primeiras décadas, eram oficiadas no idioma alemão. Por alguns motivos e entre estes o Nacionalismo, as missas começaram a ser oficiadas em português

Francisco conquistou o direito de ter sempre este mesmo assento na igreja. Em respeito, ninguém sentava neste local.


Com a presença física da igreja consagrada à São José, naturalmente surgiu a festa religiosa que é celebrada no final da semana que sucede o dia 19 de março, data do  padroeiro - São José
Na década de 1960, após laudos, feitos na comunidade, foi detectado instabilidades estruturais e a igreja foi demolida. Atualmente - talvez um maior grau de reflexão sobre, não se tivesse tomada decisão tão extrema - Barra Clara ficou sem um de seus mais importantes ícones históricos na paisagem. Foi construída uma outra igreja, maior, no terreno doado por Francisco Goedert.  Arquitetura da nova igreja não é passível de definição  sob o aspecto artístico. Sua técnica construtiva - aparentemente é pré moldado/fabricado de elementos de concreto com cobertura de fibrocimento e fechamento de tijolos rebocados. Abertura metálicas - janela basculantes com tamanho de abertura de luz, pequeno. Uma torre central, separada levemente do corpo da igreja. 


Também, como parte do complexo social de Barra Clara, está o "salão" Club 14 de Novembro, espaço destinado às atividades culturais e de lazer da pequena comunidade, para práticas festivas, musicais, teatrais, expositivas de arte, encontros, bailes e reuniões comunitárias. Foi demolido em 2015 por iniciativa de parte dos herdeiros da 8° geração da família Goedert. A ação foi motivada pelo pouco uso, custo de manutenção e pelo ganho mediante a venda do material de demolição.  


Na ausência deste espaço multicultural e esportivo, foi criada uma área social imediatamente à frente, no outro lado da rua, onde também estava a sede do time de futebol - o Avante Futebol Clube, que era muito antigo. 
Em 1971, o  gramado e a cancha do clube foram transferidos para a margem oposta do Rio São João, dando vez à construção de uma quadra poliesportiva na década de 1980, atendendo a escola, revitalizada no início da década de 2000, surgindo o Ginásio de Esportes Waldemiro Goedert
Na esfera econômica, o passar do tempo testemunhou a transição de um modelo agrícola de subsistência, centrado em cultivo limitado principalmente a milho, mandioca, feijão, arroz, café e cana-de-açúcar e produção de seus derivados, a uma diversificação das atividades agropecuárias e seu beneficiamento, que, apesar de seguirem exercendo papel primordial, vieram seguidas de incremento da atividade comercial e de serviços. GOEDERT











Família Goedert - 9 gerações no Brasil

O Casarão Goedert, localizado na Praça de Barra Clara, foi construído por um dos nomes de família mais atuantes na história local - Francisco Goedert, conhecido também como Chico Gueda, membro da 5° geração da família Goedert no Brasil, sendo o pioneiro: Johann Jakob Goedert, filho de Johann Wilhelm Goedert e Anna Maria Hunten. Johann Jakob nasceu em 8 de agosto de 1778, em Brohl, Cochem-Zell, Rheinland-Pfalz, Alemanha. Faleceu em 21 de outubro de 1855 em São Pedro de Alcântara -SC, Brasil. Seu pai também se chamava Johann, mas precisamente, Johann Wilhelm Goedert e sua mãe era Anna Maria Hunten. O registro genealógico mais antigo da família Goedert reporta a Johann Goedert, nascido no ano de 1600, cidade de Ürzig, Ürzig, Bernkastel-Wittlich, Rheinland-Pfalz, atual Alemanha. Faleceu em 1663. Será que tradição dos nomes "Johann" permanecerá na família Goedert?
O pioneiro no Brasil, Johann Jakob Goedert,  casou-se duas vezes. Em primeiras núpcias, se casou com Maria Anna Margaretha Götz em 17 de outubro de 1805, na cidade de Karden. Ela era filha de Mathiae Götz e Anna Margaretha Wisenkickel. Faleceu em 31 de março de 1913 e em 7 de novembro de 1813, Johann se casou com  Maria Anna Schwartz,  em segundas núpcias, também na cidade de Karden, Mosela, Alemanha. Maria Anna Schwartz era filha do ferreiro Peter Schwarz e era 4 anos mais velha que a primeira esposa.
O pioneiro Johann Jakob Goedert,  e sua família, chegou ao Brasil em 11 de novembro de 1828. Em 29 de março de 1929 seguiram para São Pedro de Alcântara a partir de Nossa Senhora do Desterro, onde chegaram com o vapor Brigue Marquês de Vianna em 12 de novembro de 1828. Seus filhos foram:
  1. Maria Gertrud Goedert, n. 5 de fevereiro de 1812 (Filha da perimira esposa de Johann) - Karden, Mosela, Alemanha.
  2. Anna Maria Goedert, b. 2 de outubro de 1814 - Karden, Mosela, Alemanha.
  3. Franz Jakob Goedert, b. 25 de agosto de 1816 - Karden, Mosela, Alemanha.
  4. Anton Goedert, b. 11 de setembro de 1818 - Karden, Mosela, Alemanha.
  5. Maria Anna Goedert, b. 28 de setembro de 1820 - Karden, Mosela,  Alemanha, d. 25 de fevereiro de 1908.
  6. Peter Joseph Goedert, b. 8 de abril de 1822 - Karden, Mosela,Alemanha,  d. 13 de abril de 1822.
  7. Johann Jakob Goedert  Jr. n. 6 de junho de 1823, Karden, Mosela, Alemanha, d. 20 de fevereiro de 1903.
  8. Friedrich Wilherm Goedert, b. 14 de outubro de 1825 - Karden, Mosela, Alemanha.
  9. Bernardina Goedert, b. 1828
Meio-irmãos:
  1. Anna Margaretha Goedert
  2. Maria Gertrud Goedert;
  3. Gertrud Goedert.
 Johann Jakob Goedert Jr. 
filho do pioneiro Johann Jakob Goedert, 
e sua esposa Catharina Schmitt.
O filho do casal pioneiro, o Johann Jakob Goedert  Jr.  nasceu em 6 de julho de 1823, em  Karden, Treis-Karden, Cochem-Zell, Rheinland-Pfalz, atual Alemanha  e faleceu em  22 de março de 1903, em São Pedro de Alcântara. Casou-se com Catharina Schmitt, nascida em  1824 e falecida em 1904, em São José. Foram pais de Jakob José Goedert que nasceu em 9 de março de 1948 em  São Pedro de Alcântara e faleceu em 28 de maio de 1929, também em São Pedro de Alcântara. Casou-se com Celestina Stähelin.




Estes, foram pais de
 Jacó Alfredo Goedert, também presente na foto acima. Jacó nasceu em 29 de julho de 1876 e faleceu em 8 de setembro de 1966 - em Rancho Queimado. Em 7 de janeiro de 1899, Jacó se casou com Margarida Kammers - em Águas Mornas. Margarida nasceu em  9 de janeiro 1875 e faleceu em 27 de outubro de 1961


 Francisco Goedert - Chico Gueda

Jacó e Margarida foram os pais de Francisco Goedert, que nasceu em Angelina em 14 de novembro de 1899. Residiu em Taquaras e faleceu em 15 de setembro de 1989, em Barra Clara. Francisco se casou em 12 de novembro de 1921 com Philomena Gilz, que nasceu em 11 de agosto de 1900 e faleceu em 7 de setembro 1975. 
Registro de Batismo de Francisco - Florianópolis,  17 de março de 1900, Curato de Teresópolis.



Bodas de Diamante de Jacó Alfredo Goedert e Margarida Kammers Goedert, com a presença do Filho Francisco Goedert e a Nora Philomena Giltz Goedert e do neto Waldemiro Goedert e esposa Olga Thiesen Goedert, avós de Gustavo Roberge Goededert. Em ordem - na foto, todos os filhos e noras: nessa foto há todos os filho/a/s e genros/noras: Em pé, Gervásio Nicolau Kretzer, Waldir Feliciano Goedert, João Pereira, Norberto Teodoro de Melo, Francisco Goedert, Philomena Gilz Goedert, Waldemiro Goedert, Wilberto Goedert, Walmor Goedert, Wilmar Goedert, Wenceslau Goedert. Sentados: Erondina Goedert Kretzer, Maria Barbara Adriano Goedert, Ermelinda Goedert Pereira, Ernestina Goedert de Melo, Jacob Alfredo Goedert, Margarida Kammers Goedert, Olga Thiesen Goedert, Áurea de Souza Goedert, Acy Reinert Goedert, Valter Mauricio Goedert.
















Mostramos os antepassados da
família Goedert até chegar em Francisco, porque foi ele e sua família que construiu o Casarão Goedert, localizado na comunidade que ajudou a desenvolver e foi uma das lideranças local e regional a partir de Barra Clara, Angelina SC e São José. Estudaremos sob o aspecto histórico e da arquitetura, seus feitos. Visitamos o local e o casarão se encontra na paisagem e faz parte de um conjunto embrionário original dos pioneiros, onde faziam parte também a igreja (demolida na década de 1960) e o salão (Também demolido).  Ouvimos a história do casarão, e também seus esclarecimentos in loco, do bisneto de Francisco e Philomena - Gustavo Roberge Goedert.



O pintor alemão Emil Gassert - de
 Blumenau, em Barra Clara.
O primeiro acesso a Barra Clara foi aberto a partir do Distrito de Garcia, através de mutirão. Com o passar dos anos este caminho foi sendo alargado e adaptado para circulação de cavaleiros, depois de carros tracionados a animal e finalmente para automóveis. 
(...) até que estabelecidas condições para o tráfego de veículos automotores, consolidado pela construção sobre o Rio São João, em 1966 e já aí em sua frente Oeste no sentido de Leoberto Leal, da Ponte Francisco Goedert, que contribuiu sobremaneira para o trânsito dos moradores e viajantes, bem como o transporte de sua produção e mercadorias, de forma a fortalecer o comércio e oferta de serviços no distrito. GOEDERT
Filho da localidade de Taquaras, Francisco Goedert - ou Chico Gueda - foi umas das personalidades na construção da comunidade Barra Clara. Francisco chegou nas imediações de Barra Clara em 1921, mais precisamente em Rio Novo. Em 1937, em plena 2° Guerra Mundial, junto com sua família, mudou-se, então, para Barra Clara. Na década de 1930, a localidade pertencia a jurisdição de São José, onde Francisco também ocupou o cargo político de vereador em quatro gestões (1936, 1947, 1950 e 1958), sendo que em duas, ocupou o cargo de Presidente da Câmara Municipal, onde foi uma das lideranças responsáveis por efetivar a emancipação de Angelina, ocorrida em 1961. 
Francisco Goedert e sua família, iniciaram a construção do Casarão Goedert, em um terreno de 2800m2, logo que chegaram no local, junto à praça de Barra Clara. O casarão, que de acordo com seu bisneto Gustavo Goedert, possui uma área aproximada de 450m2, para uso misto -  residencial e comercial (Comércio, pousada e restaurante). A construção do Casarão Goedert terminou em 1946. A Data foi duplamente comemorada, contando também, com as festividades das bodas de prata de Francisco e Philomena Gilz. O casal se casou em Taquaras em 21 de novembro de 1921, quando ele tinha 22 anos e ela, 21 anos. Todos os filhos do casal residiram na casa.
Registro de matrimônio - Rancho Queimado - Enviado por  Fabio Guilherme Jumes. Family Search.

Poderão ser reconstruído em madeira - Dachgaube.

Se - em algum momento - o casarão passar por um processo de restauro, poderá ser resgatado sua volumetria original, construindo estes Dachgaube em madeira, como era muito feito, na região do Vale do Itajaí.

Cantoria na frente da loja/venda - Waldemiro Goedert com a viola e o Emil Gassert com o cavaquinho.
Pintura assinada pelo pintor alemão - residente em Blumenau - Emil Gassert. Década de 1940.





Olga Thiesen Goedert
A mobília da loja/venda, rica em detalhes, como a presença de um balcão giratório e outras engenhosidades, foram criadas pelo marceneiro Mathias May. A loja/venda, atualmente, ainda possui originalmente, os balcões, armários, assoalho, forro, etc. Continua em funcionamento até hoje, embora em horários reduzidos, cuidado por Enivalda Fürbringer, neta de Francisco e Philomena Gilz Goedert, desde quando a administração lhe foi confiada em 1977 por sua tia Olga Thiesen Goedert, que por sua vez a gerenciava desde 1952.
Venda/loja - atual.
Francisco e Philomena tiveram os filhos: Ernestina, Waldemiro, Ermelinda, Walmor, Wilberto, Erondina, Waldir, Wilmar, Wenceslau, Valério, Valter.. 
No princípio, juntamente com a cunhada Ernestina Goedert de Melo, também professora da comunidade, o filho Waldemiro, que se casou com Olga Thiesen, permaneceu residindo no Casarão Goedert. Olga gerenciava a loja/venda. Nesta casa nasceram e cresceram todos os filhos do casal, e entre estes, o primogênito, pai de Gustavo Roberge GoedertMário César Goedert. 
Mário Cesar estudou no Colégio de Santo Antônio de Blumenau, onde conheceu, seu colega de escola, o pesquisador e escritor de São José, Gilberto Gerlach.
Atualmente a Casa Goedert se encontra na paisagem de Barra Clara, dentro da estrutura urbana quase historicamente original - não mais contando com as presenças da igreja, lado esquerdo e do Salão - Club 14 de Novembro, pontos focais  que estruturam a praça de Barra Clara e também, fruto do trabalho de família Goedert. 



Arquitetura do Casarão Goedert

O Casarão Goerdet não tem um estilo definido. Achamos que não deveria ser definido nem mesmo como eclético, geralmente usado, como conceito relacionado a uma "colagem" resultantes de segmentos artísticos de outros estilos  pré-existentes. Por ser tratar de uma autoconstrução multiuso - hotel, restaurante, pousada, comercio e residencia, no mínimo, desconsiderando o rancho e o salão, este bem próximo da fachada lateral direita, criou-se uma volumetria resultando da soma de "volumetrias" distintas. À esquerda, uma contendo dois pavimentos e mais o ambiente da mansarda na edificação original e deixou de existir - no momento que foi retirado os dois Dachgaube, frontal e posterior e, a direita, uma volumetria de um pavimento e também com a presença da mansarda na edificação original, e que deixou de existir quando, também foi retirados os dois Dachgaube. A retirada destes elementos que caracterizavam a mansarda e não mais presente  no edifício atual, vem confirmar de que foi uma autoconstrução, pois justificam a sua retirada, pelo fato de apresentarem uma sobrecarga à estrutura. Originalmente, pode-se deduzir que os quartos de aluguéis estavam localizado no segundo piso e na mansarda do volume localizado no lado esquerdo. Na volumetria com somente um pavimento e mansarda estavam localizadas a loja/venda e a residência, ocupando um pequeno anexo, volumetricamente distinto da casa, acabado com platibanda curvilínea. Diríamos que volumes menores, direita e esquerda, apresentam influencia da casa colonial brasileira, que continha grande planta quadra/retangular dotada de varandas e telhado munido de quatro águas e grandes beirais. Observamos outra tipologia, com volumetria semelhante na região, quando íamos para Barra Clara.
Edificação construída em 1950 por Leo Hang com volumetria semelhante ao Casarão Goedert. Aparenta ser atual, porque as telhas não são originais da época de sua construção. Pode-se dizer que o Casarão Goedert influenciou o modo de construir, ou então, é uma característica arquitetônica local, com influencia da arquitetura colonial lusa com toque da casa do pioneiro alemão, mediante a presença da mansarda, com o Dachgaube. Mas a impressão que temos é que parece uma releitura do Casarão Goedert. As cimalhas das janelas são semelhante àquelas construídas no Casarão Goedert.


O Casarão Goedert apresenta características da arquitetura pioneira alemã, somente na presença do Dachgaube, originalmente não usado em telhados deste tipo - 4 águas. O complexo rural formado pela igreja, propriedade, salão, escola, pastos, horta, rio, é bem característico e encontrados nas propriedades rurais de famílias pioneiras alemãs, no Sul do Brasil.


Emil Gassert.
Os Goedert, construtores do Casarão Goedert, fizeram-no com arte. Foram feitas pinturas painel com paisagens naturais da Alemanha, usando motivos da flora e fauna - no interior das varandas e na parte interna, pinturas florais e da fauna, muitas vezes em alto relevo e com cores muito expressivas, originais até o momento atual. Também, no interior, além dos florais e arabescos, há muitas pinturas foram feitas com representações religiosas.

Fotografia da foto histórica, no tempo presente - no interior da edificação histórica.


Chamou-nos atenção, a autoria das pinturas. As obras de arte foram feitas por um pintor alemão, que residia em Blumenau (Rua São Paulo - bairro de Itoupava Seca) e também tinha familiares em Indaial. No entanto, muito pouco se sabe sobre ele. É um desafio para nosso tino pesquisador. Sua vida nos pareceu tão misteriosa quanto a do arquiteto Simon Gramlich. Todas as pinturas murais, apliques nas paredes e pinturas diferenciadas do casarão foram feitas pelo artista Emil Gassert (1913 - 1963), artista que foi contratado pelos Goedert. De acordo com informação de familiares de Emil dadas a Gustavo Goedert, a família migrou para o Brasil na década de 1920.
Gassert tinha origem em Stadthagen, Baixa Saxônia, Alemanha, e permaneceu longo período no convívio da família Goedert, a fim de concluir o seu trabalho. Emil nasceu na Alemanha em 20 de novembro de 1913 e faleceu em Blumenau em 12 de junho de 1963. Está sepultado no cemitério de Itoupava Seca/Salto Norte. 
Fez sua arte no Casarão Goedert, um pouco antes de 1946, quando este foi inaugurado. Por se tratar de afrescos - o artista trabalhava durante a construção da edificação.
A varanda externa, com vista para o jardim e a rua, foi onde Gassert conseguiu criar as imagens mais detalhadas, remetendo a idílicas paisagens, dentre as quais ilustração minuciosa do conjunto arquitetônico composto pela própria casa, ladeada pela igreja e o Club 14 de Novembro, então caracterizadores da praça de Barra Clara. GOEDERT

                                  



                 





Emil Gassert e  Waldemiro Goedert, avô de Gustavo Goedert - apresenta uma grande semelhança física com o neto.
O artista (solitário) Emil Gassert, herdou o nome e sobrenome do pai - Emil Gassert. Seu pai está sepultado no cemitério São José - Centro de Blumenau.  Na sua lápide, há a informação que nasceu em 8 de junho de 1890 e faleceu em 7 de junho de 1950. O pintor esteve em Barra Clara na década de 1940, seu pai ainda vivia. Emil Jr. nasceu em 20 de novembro de 1913, quando seu pai partiu tinha  37 anos
No Brasil, o artista era chamado de Emílio (nome abrasileirado) e não se casou. Como mencionado, faleceu em 12 de junho de 1963. Gustavo Goedert comentou que havia uma irmã do artista residindo em Indaial e esta faleceu em 2018, com a idade superior a 90 anos.
Atendendo nosso pedido, John Klaus Kanenberg, repassou-nos valiosos dados e materiais conseguidos em sua pesquisa paralela, no site FamilySearch, onde encontrou a certidão de óbito do pintor e também, no site  billiongraves.com, onde descobriu o local onde Gassert estava sepultado.

 Teor do documento de óbito de Emil Gassert Documento acima).

N° 11941 – Emílio Gassert
Em doze de junho de mil novecentos e sessenta e três nesta cidade de Blumenau, Estado de Santa Catarina, em cartório, compareceu Romoaldo Alberto Gassert e exibindo atestado de óbito firmado pelo Dr. Orlando Margarida dando como causa da morte colapso cardíaco, declarou que no dia de hoje (12 – 06 – 1963) às 0,30horas em seu domicílio, nesta cidade, à Rua São Paulo, Emílio Gassert, do sexo masculino, de cor branca, profissão pintor, natural da Alemanha, domiciliado e residente em esta cidade, com 48 anos de idade, estado civil solteiro, filho legítimo de Emílio Gassert, jardineiro e de Wilhelmine Gassert, doméstica, naturais da Alemanha, ele falecido, ela residente nesta cidade.
O sepultamento será realizado no cemitério de Itoupava Seca, não deixando bens a inventariar. E para constar neste termo, que vai devidamente assinado depois de lido e achado conforme. Eu, _________Maestrini, escrevente que o escrevi de Getúlio Braga, oficial que_________________
As imagens Comunicam...
Chegando em Barra Clara, próximo ao ginásio de esporte e a Praça de Barra Clara.

A frente - Igreja nova, construída no terreno doado por Francisco Goedert - década de 1960.

Casa Comercial (azul) pertencente a membros da família Goedert.

Praça Barra Clara - desprovida de paisagismo e de equipamentos urbanos. Casa Comercial (azul), pertencente aos herdeiros de Wilberto Goedert, filho de Francisco Goedert, primeiro imóvel (posteriormente ampliado) em Barra Clara em que este se radicou, quando o comprou dos herdeiros de Jacob Jüttel, em 1937.



Janela tipo guilhotina fazendo uso de diferentes tipos de vidros.

Detalhes da varanda - sob o segundo pavimento - antiga pousada e local do restaurante.

Vista geral da Praça de Barra Clara com o Casarão Goedert ao centro.

                      
Pintura de Emil Gassert na parede da varanda, o Casarão Goedert originalmente concebido, com a presença da igreja neogótica à esquerda e o o salão do Club 14 de Novembro à direita.

Paisagem da Alemanha - Varanda do lado esquerdo da Casa. Arte de Emil Gassert.

Paisagem da Alemanha - Varanda do lado esquerdo da Casa. Arte de Emil Gassert.
              

Paisagem da Alemanha - Varanda do lado esquerdo da Casa. Arte de Emil Gassert.

A Varanda do lado esquerdo da Casa com as pinturas de Emil Gassert.

À direita - Emil Gassert.


Arte, igualmente no interior da edificação histórica, desde apliques de alto relevo, faixas - roda tetos e pinturas da parede, obra de Emil Gassert.



        

         





Enivalda Fürbringer, neta de Francisco e Philomena Gilz Goedert, com fotografia da mãe.
Enivalda Fürbringer, neta de Francisco e Philomena Gilz Goedert, com fotgrafia do pai.



               


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Iluminação zenital.






Pintura de Emil Gassert.

    


Máquina, junto à loja, onde eram concertadas roupas da loja.

            
Móveis originais feitos por Herr May.








      




Comunidade - entorno da edificação histórica.



Vista da Praça Barra Clara.












Com membros atuais da Família Goedert.

Com membros atuais da Família Goedert.

Com membros atuais da Família Goedert.



Olhando do segundo piso para a Praça Barra Clara.

     








Vídeo
Um Registro para História!
Gostamos muito de ter conhecido a obra do solitário Emil Gassert.
Agora sua arte está na História.
A Praça Barra Clara deve ser cuidada. Este lugar é maravilhoso e tem muito lastro histórico, como conjunto.

Nosso agradecimento especial ao membro da 8° Geração da família  Goedert - Gustavo Roberge Goedert, por ter nos mostrado esta parte da história de Santa Catarina. 


 

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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Referências
  • GOEDERT, Roberge Goedert. Barra Clara - Artigo. 
  • Família Goedert. Johann Jakob Gödert. Disponível em: https://familia-goedert.webnode.com/news/johann-jakob-godert/ . Acesso em: 10 de abril de 2022 - 18:02h.
  • WITTMANN, Angelina. Casarão Bunn - Neoclássico com elementos do barroco - Rancho Queimado SC - Cidades - Parte 1 de 3 11 de fevereiro de 2022. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2022/02/casarao-bunn-neoclassico-com-elementos.html. Acesso em: 12 de abril de 2022 - 14:28h.
  • WITTMANN, Angelina. Gilberto Schmidt Gerlach6 de maio de 2021. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2021/05/gilberto-gerlach.html. Acesso em: 12 de abril de 2022 - 10:08h.
  • WITTMANN, Angelina. Nacionalismo no Vale do Itajaí - a partir do Governo de Getúlio Vargas. 15 de julho de 2016. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2016/07/nacionalismo-no-vale-do-itajai-partir.html . Acesso em: 11 de abril de 2022 - 20:08h.
  • WITTMANN, Angelina. Rancho Queimado, Morro Chato, Rio Bonito, Taquaras, Mato Francês - Em campo - Santa Catarina - Parte 2 de 33 de março de 2022. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2022/03/rancho-queimado-rio-bonito-taquaras.html. Acesso em: 12 de abril de 2022 - 20:35h.
  • WITTMANN, Angelina. São José da Terra Firme - Atual São José SC - Cidades14 de agosto de 2020. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2020/08/sao-jose-da-terra-firme-atual-sao-jose.html. Acesso em: 11 de abril de 2022 - 20:08h.





























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