quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Fraiburgo SC - Butiá Verde e Campo da Dúvida - embrião urbano originário nas fazendas da época da construção da Ferrovia - Disputas fundiárias - Um pouco desta História

De acordo com Piccoli Hentz Yuri, esta foi a casa de Arnoldo e de Lydia localizada no município de Videira, antes de se mudarem para Butiá Verde, atual Fraiburgo.

Ainda pesquisando e conhecendo algumas cidades do Meio Oeste de Santa Catarina, fez parte de nosso roteiro de novembro de 2022, a cidade de Fraiburgo que, corretamente, se observado o nome original alemão, seria usado o nome Freyburg - a Vila/burgo dos Frey. Sua história tem relação direta com a história da família Frey, família imigrante da Alsácia, na época que esta deixou de pertencer para a Alemanha (fim da 1° Guerra Mundial) e que se fixou em Perdizes, atual Videira e também de outras famílias que se fixaram na região, grande maioria, a partir da migração interna, oriunda do Rio Grande do Sul. 
Localização do Campo Butiá Verde - grande parte de suas terras foram adquiridas pelos Frey e o traçado da ferrovia  São Paulo - Rio Grande (EFSPRG).



Antes do início do processo da criação da nucleação urbana no local por iniciativa da família Frey e também, do processo interno migratório, a partir do Rio Grande do Sul e do Paraná, existia no local, a fazenda Liberata, a fazenda Butiá Verde e o "Campo da Dúvida". No local, como aconteceu na região de Videira, habitavam famílias oriundas de revoluções da segunda metade do século XIX e posseiros de grande fazendas. Neste período, destacamos a ocorrência da Guerra do Contestado no território da comunidade de Taquaruçu, quando, em fevereiro de 1914, as forças militares nacional e do estado atacaram e assassinaram covardemente seus residentes. Taquaruçu, parte da atual Fraiburgo, é um dos seus mais antigos e históricos povoados, e também, da região. Adiante mais detalhes sobre esta fato histórico. Neste momento, o citamos para referenciar espacial e historicamente, o local territorial de Fraiburgo.
A cidade de Fraiburgo se encontra a uma altitude de 1.048 metros acima do nível do mar e de acordo com dados do IBGE, a sua população estimada em 2021 é de 36.723 habitantes. Mas há uma faixa de população sazonal devido a presença dos trabalhadores temporários (cerca de 10.000) que vão à cidade, durante o período de safra da maçã, entre os meses de janeiro e abril. A área territorial, em 2021, é de 549,188 km². Ainda de acordo com o IBGE, o IDHM - Índice de desenvolvimento humano municipal de Fraiburgo, em 2010, é 0,731.
O local já foi coberto por florestas de araucárias, onde viviam as tribos nativas dos  Kaigang e Xokleng.
Fraiburgo está 41km ao norte da BR-470, pela SC-456 e SC-453. O acesso fica 40km depois de Curitibanos, para quem vem do litoral, ou 27km depois de Campos Novos, para quem vem do oeste. Para quem vem do norte, Fraiburgo está a 54km de Caçador, via SC-303/SC-453.


Estado de Santa Catarina.
Baixas temperaturas. Foto: Felipe Bottamedi/NDmais
De acordo com o IBGEFraiburgo está entre as cidades mais frias de Santa Catarina. O clima é temperado e devido a sua altitude, o município apresenta baixas temperaturas durante a maior parte do ano. No inverno, as temperaturas vão de -5°C na relva e no verão marcam até 30°C
No inverno, as temperaturas ficam abaixo de zero e as geadas são constantes neste período, o que torna a região propícia para a produção de determinadas espécies de frutas
Os irmãos Frey tem responsabilidade no processo de urbanização do local e do surgimento do embrião urbano que deu origem à cidade de Fraiburgo atual.


O início do embrião urbano de Fraiburgo

Construção da Ferrovia SP-RS. No Vale do Rio do Peixe,
Meio Oeste de SC. Fonte: Autor desconhecido
Acervo pessoal de Joeli Laba.
Antes do surgimento do
embrião urbano de Fraiburgo, já existiam outras comunidades como Perdizes e Vitória, que deram origem a Videira.  A família Frey residia em Perdizes, que surgiu, também fomentada principalmente pela construção da ferrovia  São Paulo - Rio Grande (EFSPRG). O território da atual cidade de Fraiburgo sediava fazendas de grandes extensões de terras, antes de receber uma certa ocupação urbana e urbanização - apresentando, então, a consolidação de uma povoaçãoInformalmente, é considerado primeiro  proprietário  de  uma parte do território -  Luiz  Alexandre, que em 1900,  vendeu  a  propriedade para o  Coronel Zacarias   de   Paula   Xavier   que, por sua vez, vendeu   para a   família   Bürger/Burguer, a primeira família pioneira a residir no local que se tornaria a atual área urbana de Fraiburgo. 
Antes disto, historicamente, a primeira concessão de terras na área ocorreu  em  março  de  1864,  na  comarca  de  Lages, fundada em 22 de novembro de 1766, 102 anos antesPedro  Alexandrino  Pereira  recebeu 6800 hectares entre o Rio Gervasio e o Rio dos Patos, então conhecida Fazenda da Barra. Quando Pedro Alexandrino faleceu, houve muita confusão com a documentação e também, partilha da herança entre os herdeiros. Em 1928, com a chegada de um juiz e a instituição da Polícia houve uma organização da divisão judicial de terras, principalmente as terras localizadas entre a fazenda Liberata e a fazenda Butiá Verde - que somavam aproximadamente uma área de 81.552.070, área conhecida como "Campo da Dúvida". Neste momento o estado de Santa Catarina concedeu  o  título  de  legitimação  de  posse  da  Fazenda  Liberata  ao seus proprietários: Porfírio  José  de  Oliveira,  João  Batista  Ribeiro,  Heliodoro  Dias  de  Andrade,  Bento  Dias  de Morais e Francisco Dias de Morais. De uma ótica mais ampla, pode-se afirmar que as primeiras famílias que habitaram a região do "Campo da Dúvida" foram os Naper ou Anaper, Fritz Burger/Burguer, Aristides Ramos, Moreira, Ribeiro e os Frey. Neste local foi construída Fraiburgo, juntamente com áreas da fazenda Butiá Verde.
Para compreender a origem do nome das fazendas: O nome Liberata foi uma homenagem a uma índia velha que se chamava Liberata e residia em uma construção indígena às margens do Rio Mansinho. Butiá Verde tem seu nome ligadas às frutas do butiazeiro. Algumas cidades do Oeste de Santa Catarina receberam nomes relacionados às espécies da flora local.
A
região histórica de Taquaruçu, local que fazia parte do traçado da ferrovia 
 São Paulo - Rio Grande (EFSPRG) iniciada  em  1907 e inaugurada em 1910. A construção desta ferrovia era feita pela firma norte-americana - Brazil Railway Company, de propriedade do norte-americano Percival Farquhar. Percival, oportunisticamente, também era  proprietário da firma Southern Brazil Lumber and Colonization Company, empresa de extração madeireira, que juntamente com os políticos brasileiros passaram a ter muitos interesses nas terras junto à nova ferrovia. Enredo semelhante aqueles filmes americanos de Faroeste, onde passava a linha do trem e o local tinha índios, esparsos moradores e muito forasteiro interessado na região.
Percival Farquhar recebeu do governo brasileiro, o direito de explorar uma faixa de 15  km  para  cada  lado  da  ferrovia (Região do Contestado - olhar mapa abaixo), independentemente se já houvessem pessoas residindo no local, ou não. 
Traçado da ferrovia e a faixa de 15 km  disputado (Região  do  Contestado)  - em função da  valorização das terras. Proprietários foram  expulsos  pelo  estado,  cujo interesse estava voltado para alto valor fundiário e pela mata nativa existente em abundância.
Antes desta data, muitos dos proprietários não possuíam a documentação das terras, situação implantada no Brasil há pouco tempo com a Lei de Terras que após a independência do Brasil de Portugal, em 1822 - a Lei de Terras - N°601 de 18 de setembro de 1850, foi a primeira a especificar o direito do proprietário - até então regido pela Lei de Sesmarias, que apresentava algumas irregularidades fundiárias formais e  inexistia a prática de "compra e venda" de terras, quanto mais, no interior de Santa Catarina do início do século XX. As pessoas residiam ali, há muito tempo, mas sem documento da terra - uma realidade do interior do Brasil.  Com a abertura dos primeiros  cartórios  na  época  da  república,  houve  muita  grilagem  de  terras.  A construção da ferrovia contribuiu para que houvesse um aumento das localidades junto à linha férrea em construção como aconteceu com a antiga Vila do Rio das Pedras - atual Videira
Cerca  de  oito  mil  pessoas trabalharam na obra e também se fixaram nas terras, que eram praticamente inexploradas. 
A estação de Rio das Pedras, posteriormente denominada estação de Perdizes - atual Videira foi inaugurada  em 1910.  Está cerca de 40 km de  Fraiburgo atual.  

Isto gerou uma guerra, conhecida como a Guerra do Contestado, que aconteceu entre 1912 e 1914. O governador de Santa Catarina neste período era Vidal Ramos e do Brasil - um dos golpistas do golpe militar - a Proclamação da República, o alagoano Marechal Hermes da Fonseca. As pessoas que residiam no local não aceitaram sair de suas terras para que estas fossem repartidas entre os novos interessados. Estes senhores tiveram sangue em suas mãos por suas decisões econômicas e políticas na região onde atualmente está Fraiburgo, parte do território do Contestado.  Os residentes, por gerações, na região, não pretendiam entregar suas terras para o norte-americano Percival Farquhar e muito menos, aos políticos federais e estaduais do momento. Para isto, enfrentaram o exército federal e a polícia estadual com as armas que possuíam e os denominaram "foras da lei". Foi um episódio histórico violento e por muito tempo, sem muitos esclarecimentos dos fatos históricos.

As diferenças entre as partes do conflito - Militares contavam até mesmo com aviões.




Como já foi mencionado, e 8  de  fevereiro  de  1914 Taquaruçu foi  atacado  pelo  exército federal (Marechal Hermes da Fonseca) e por forças militares estaduais (Governo Vidal Ramos). A maior parte dos homens, residentes, não estavam na  vila e sim, estavam nas  plantações  e  nas  construções  de  casas  em  outra  vila  próxima,  Caraguatá.  Durante o ataque militar oficial, os soldados destruíram tudo,  matando  as mulheres  e  crianças com ações violentas, onde pode-se encontrar descrições com detalhes abomináveis, inclusive em trabalhos acadêmicos. Taquaruçu, atualmente faz parte do território de Fraiburgo e é marcado por uma pequena capela azul na paisagem.
Também, políticos de Santa Catarina "tomaram" para si, grandes extensões de terras nesta região, durante e após o conflito do Contestado. O  governador  Adolfo  Konder (Governo de 28/09/1926 até 09/1930) fez  algumas  concessões  de  terras  a  políticos do  Estado, como por exemplo, a  família  Bornhausen,  na  pessoa  de  Demosthenes  Bornhausen que recebeu uma área de aproximadamente 23.500 hectares, distribuídos: 7.400hectares na Fazenda Butiá Verde, 7.600 hectares na fazenda Baia e Taboão e 8.500 hectares na fazenda Liberata e Taquaruçu. Também a família Ramos, de Lages, receberam uma área de aproximadamente 12.400 hectares, área que abrangia a fazenda Bom Futuro - região territorial localizada no atual território de Fraiburgo. Lembrando que já existiam pessoas residindo nestas terras antes da Guerra do Contestado, que após a construção da ferrovia e a consequente valorização das terras, estas foram assaltadas de seus direitos, pelo Estado. 
Mapa da concessão de terras para as famílias Ramos e Bornhausen. Fonte: SILVA (2011).


Em  1930,  o  agrimensor  Francisco  Busato  e  sua  equipe  definiram, através de medições, o limite de terras a partir do território da fazenda  Butiá  Verde efetuando a titulação de  terras para algumas famílias. Com isto, foi legalizado o território com seus respectivos proprietários formalmente definidos. Nesta década de 1930, a região de Fraiburgo era uma grande floresta, munidas de araucárias, cedros,   imbuias e canelas, que já eram cobiçadas pela empresa do investidor americano como também, de outros poucos, envolvidos em negócios de extração de madeira.
Em 1932, a família Burger/Burguer se mudou para Butiá Verde com intenção da extração e comercialização de madeira da região. No local foram construídas três casas, dividindo o território da fazenda. Uma das casas foi ocupada por  Friedrich Bürger/Burguer - abrasileirado e muito mal feito, ficou Frederico Burguer ou Fritz Bürger/Burguer, mais sua família. A outra casa foi ocupada  pelo filho Frederico João e sua família e a última, pelo outro filho - Albano e sua família. Frederico João Bürger que era casado com Almerinda de Oliveira Ramos (1889- 1990), da tradicional família Ramos de Lages e Albano, era casado com Maria Thereza de Arruda (1889 - 1989).
Encontramos esta citação na pesquisa de SANTOS, 2011, que conta exatamente o que aconteceu, pelo filho de Renê Frey, o qual esclarece muita coisa.

"―Meu pai disse: Eu preciso achar uma grande área de terra com grandes reservas de pinheiros,  onde  eu  possa  montar  uma  indústria,  com  matéria  prima  para  um  longo prazo... Em Santa  Catarina  não  existia  nada,  nem  uma  estrada,  fora  dessa  área  ao lado  da  ferrovia  de  15  km,  era  tudo  terras  devolutas...  e  o  brasileiro  é  muito safadinho  e  naquela  época  não  era  diferente,  o  governador  de  Santa  Catarina  era Aristiliano Ramos, e ele conseguiu com governo federal a  doação dessas terras que eram devolutas para sua família... toda família de Lages, eram Lageanos. Eles eram donos  dessas  propriedades  a  muito  tempo.  ‖  [Entrevista  realizada  no  dia  03  de agosto de 2016, com o Sr. Willy Frey]" SILVA, 2011

As terras tinham proprietários, de acordo com a lei vigente anteriormente.
  .
Rápida História dos Bürger/Burguer

Frederico Burger ou Frederico Burguer, erroneamente mencionado, nasceu em 24 de junho de 1856 era filho de Heinrich Bürger (1829 - 1923) e de Philippine Wetter (1830 - 1889)de São Leopoldo e neto dos imigrantes alemães Johann Bürger e  Suzanne Ternes (1809 - 1912)  que residia em Petrópolis,  Rio de JaneiroFrederico Burger/Burguer  se casou com Christalina Rick (1861- 1944) na comunidade luterana de São Leopoldo, em 23 de agosto de 1881 -  cidade gaúcha de São Leopoldo. 
O casal teve 11 filhos. Destes, dois (destacados em negritos na lista abaixo) foram morar na região onde atualmente está  Fraiburgo, na companhia dos pais. A região, na época pertencia a Lages e Curitibanos e a documentação da família - na genealogia, cita Lages, como local de nascimento, falecimento, como também, casamentos. Os demais filhos do casal pioneiro residiam com os pais.
  1. Leopoldo Burger (1882–1907)
  2. Tiburcio Ramos Da Silva (1883– --)
  3. Emilio Burger (1883–1954)
  4. Albano Burger (1884– --) Maria Thereza de Arruda (1889 - 1989)
  5. Frederico João Burger (1886–1957) casado com Almerinda de Oliveira Ramos (1889- 1990)
  6. Lydia Burger (1888– --)
  7. Alfredo Burger (1890– --)
  8. Bertha Burger (1892– --)
  9. Arlinda Burger (1893– --) 
  10. Olga Burger (1897– --)
  11. Idalina Burger (1899–1980)
 A primeira casa ocupada pelo patriarca da família, Sr. Frederico Burger sua esposa e  filhos.  A  segunda  casa  foi  ocupada  pelo  Sr.  Frederico  João  Burger  e  família  e  a terceira  casa  era  ocupada  por  Albano  Burger  e  família,  formando  assim  um triângulo dentro da Fazenda. (ZIOLKOWSKI, 2011, p. 28).

Os  Burger/Burguer  permaneceram no local até o  início  de  1937,  quando um dos filhos de  Frederico Burger/Burguer  e Christalina Rick foi alvejado quando estava no seu cavalo e morreu. Este assassinato foi ocasionado pela, ainda, existente disputa de terras. Sabendo que estas terras da fazenda já possuíam proprietários antes do governos distribuir. Com isto, as terras de Frederico João Burger/Burguer foram vendidas aos Frey de Perdizes, atual Videira.
As terras de Albano Burger/Burguer foram vendidas para a família Rocha. Na  região,  entre  as  fazendas  Liberata Butiá  Verde  havia  uma  grande  área  com florestas nativas, que também despertou o interesse da família Frey, que buscava matéria prima para sua fábrica de caixas - madeira e onde residiam - Perdizes, a madeira estava escasseando. Os primeiros contatos dos Frey com a região - onde mais tarde estaria a cidade de Freyburg, ou erroneamente, "aportuguesado" - Fraiburgo.
Paulatinamente os Frey adquiriram mais terras, além destes primeiros proprietários, Burger/Ramos, tornando-se proprietários únicos da fazenda Butiá Verde, local onde surgiria o embrião de Fraiburgo. Na frente mais informações deste processo.

Os Frey e Fraiburgo
Pioneiro da Família Frey - migrou após o
 término da 1° Guerra Mundial. Era viúvo.
O pioneiro da família Frey foi o professor Karl Wilhelm Frey que migrou para o Brasil junto com seus 4 filhos, após o término da 1° Guerra Mundial, em 12 de outubro de 1919. Atravessaram o Atlântico a bordo de um navio francês. Wilhelm, como aconteceu com outros nomes de famílias alemãs na região, teve seu nome "aportuguesado" e ficou conhecido como Guilherme, era viúvo. A mãe de seus 4 filhos foi Josephine Krets Frey que foi vítima da gripe espanhola.  O pioneiro da família Frey era professor na cidade alemã Strassburg, atualmente pertencente à França. Moraram no Rio Grande do Sul e no Paraná, antes de residir em Santa Catarina. Mudaram-se para a região do Meio Oeste Catarinense. Os 4 filhos do casal, nascidos na Alemanha, são: 
    1. Renê Carl Frey (1904–1989)
    2. Joanna Adelayde Josephina Frey (1906– --)
    3.  Arnoldo Ernest Otto Frey (1908–1980)
    4. Agnes Frey (1909– --)
A filha Joanna Adelayde Josephina Frey se casou com Carlos Michael Augusto Dalitz. Sua irmã Agnes com Walter Haupt. O filhos Renê Carl Frey se casou com Maria Damaski e Arnoldo Ernesto Otto Frey, com Lydia Damasky Frey. Dois irmãos de uma família (Frey) se casaram com duas irmãs de outra família (Damasky). A família Frey, como já mencionado, é natural de Strassburg, ainda pertencente à Alemanha. Após o término da 1° Guerra, a cidade passou a fazer parte do território Francês. O  governo  francês  determinou o cumprimento de novas regras à população da cidadeentre elas a proibição do idioma alemão, língua mãe destas famílias e também, Guilherme Frey, era professor de  alemão, ficando assim, desempregado com 4 crianças e também, viúvo. 
Strassburg - França - Alsácia.


Restou à família, a migração para a América que aconteceu em outubro de 1919. Guilherme Frey e seus quatro filhos, Renê Carl, Arnoldo Ernest, Agnes (Inês) e Joanna Adelayde, partiram de navio   com   destino   a   América   do   Sul,   sem um   destino   definido. Chegaram em Salvador, de onde partiram para o Rio de Janeiro,  cidade  de  São  Gonçalo. Chegaram na  hospedaria  Ilha  das Flores, onde os imigrantes passavam por uma averiguação, como inspeção médica, registros e entrevistas. 
Após, eram encaminhados para o novo trabalho. Muitos iam para as fazendas de café como mão de obra substituta nos  cafezais - processo iniciado ainda no século XIX e também para povoar o Sul do país, região subdesenvolvida e que corria riscos concretos de invasão por parte dos espanhóis. Não tem relação com a narrativa "branqueamento da pele" defendida por alguns trabalhos acadêmicos. Os migrantes alemães e italianos, "plantaram" cidades no meio da mata, incentivados pelo governo brasileiro para habitá-las (questão de segurança nacional) e para desenvolver a região. Construíram quase tudo, no que tange infraestrutura urbana local e regional, como é exemplo de Fraiburgo. Também ocorreu um movimento migratório interno do Rio Grande do Sul para Santa Catarina. No Rio Grande do Sul - em especial de onde chegou o primeiro grupo organizado de imigrantes alemães no Brasil - região de São Leopoldo, local de onde migrou a pioneira família Bürger/Buguer para a região do Contestado.
Certidão de Nascimento de Maria  Damaski.
Muitas narrativas criadas e sem
comprovações históricas são disseminadas em relatórios, artigos publicados, teses e dissertações sobre a imigração alemã no Brasil. 
Especificamente, o professor e musicista (violino e órgão) Guilherme Frey e seus filhos chegaram em 29    de    outubro    de    1919 no município de Triunfo, no Rio Grande do Sul, com uma breve passagem pela cidade de Panambi.  
Guilherme Frey  colocou um anúncio no jornal propagando seu ofício de professor de alemão e de música, nas localidades onde se concentravam imigrantes alemães, conterrâneos seus. Frey é convidado para trabalhar na comunidade luterana de Castro, no Paraná, próximo à cidade de Ponta  Grossa para onde se mudou em 1923, com os 4 filhos. 
Renê  e  Arnoldo, também encontraram trabalho em um  frigorífico,  onde  aprenderam  o ofício de fazer embutidos, principalmente linguiças. Também foi em Castro, que os jovens Frey encontraram suas esposas. 
A família Frey conheceu a família de imigrantes russos - os Damaski, João e Rosina Klingspon, pais das moças Maria e Lydia. Foi a convivência que resultou no casamento de Renê e Maria (1925), e 6 anos depois, de Arnoldo e Lydia (1931)
O casamento de Renê Frey e Maria Damaski(1906 - 1977) aconteceu e2 de setembro de 1925 e em 1926, nasceu seu primeiro filho, Willy Egon Frey, cujo nome é o diminuitivo do nome de seu avô Wilhelm, que passou a ser chamado em Português - Guilherme. Portanto, percebemos, uma homenagem ao pai de Renê, o pioneiro Guilherme Frey. Sua filha Gerda Maria, nasceu em 13 de julho de 1932, em Perdizes - Videira. Gerda se casou com um filho de família polonesa, nascido em Araucária, no Paraná, Bogmil Izidoro Ziolkwski (1925 - 2007).

Assinaturas de alguns personagens desta história.

Arnold Ernest Otto Frey (1908 - 1980) e Lýdia Damaski (1908  - 1988) se casaram em Iomerê  em 1931 - que pertencia a Videira. O casal teve dois filhos: Egon Frey (1934 - 1996 - casou-se com Aldani Da Rocha Frey) e Erica Frey Caldart.
Como foi que a família Frey chegou em Santa Catarina?
Renê Frey ficou sabendo que estavam vendendo terras, aquelas disputadas durante a Guerra do Contestado e que pertenciam a empresa que construiu a ferrovia São Paulo-Rio Grande de propriedade de Percival Farquhar, Holding Brazil Railway Company. Em 1930 adquiriu um terreno com uma casa de madeira em Perdizes - margem esquerda do Rio do Peixe, onde atualmente está Videira. Viajaram até o local de trem e construíram um açougue. Venderam sua propriedade em Castro. No açougue, comprava porcos e bovinos dos descendentes e imigrantes italianos, como já mencionado, eram migrantes oriundos do Rio Grande do Sul. Tinha experiência no ramo, por ter trabalhando em um frigorífico, desde os 17 anos. Neste tempo, seu irmão que contava com 13 anos e começou a trabalhar na firma dos Matarazzo, onde também adquiriu conhecimento na produção de embutidos.
A família se fixou na margem esquerda do Rio do Peixe onde estavam assentadas as famílias alemãs e na outra margem do rio estavam as famílias italianas. Em tratado com a família Titton, que tinha um açougue no lado italiano, efetuavam o abate de animais juntos, Frey e Titton, e vendiam cada um - na sua comunidade, pois a população local, era pequena, não consumia o total produzido por abate de um animal cada uma das famílias. Também, os meios de conservação eram rudimentares. Produziam e vendiam os produtos industrializados, derivados de carnes (bovina e suína) - embutidos, como tipos variados de  salames,  linguiça,  queijo,  mortadela,  salsicha,  chouriços,  geleia, morcilha, carnes  salgadas  e defumadas e banha. Dentre os produtos, os mais vendidos eram o salame e a banha de porco, que eram  enviados de trem para São Paulo, que com o aumento do mercado, também  aumentou a firma e os negócios e o número de funcionários. 
Lembramos também, a partir do negócio feito nas comunidades das duas margens do Rio do Peixe, que este tinha sua travessia feita  por balsas. Não demorou muito para que fosse construída uma ponte, a primeira sobre o rio. Construíram uma ponte com estrutura enxaimel. Renê Frey auxiliou nesta iniciativa. Link sobre esta ponte - a ponte Luiz Kellermann, está no final desta postagem.

Ponte com estrutura enxaimel - talvez a única no Brasil - Perdizes e Vitória - Videira SC

Fritz Lorenz - Friederich Fritz Carl Lorenz.

Fritz LorenzFriederich Fritz Carl Lorenz de Blumenau, Pomerode e Timbó, ao perceber que sua firma perdia o mercado de São Paulo para uma firma do Meio Oeste do estado, viajou para lá para conhecer o concorrente. Os Frey, com a presença do modal ferroviário viabilizaram seus negócios no mercado paulista. Este quadro fez com que Lorenz fundasse um frigorífico naquele região, igualmente.
Acreditou ser esta a única questão que o diferenciava da firma dos Frey que tinham a matéria prima dos italianos, fornecedores de matéria prima desde o início dos negócios da família. Mas também tinha a questão do modal de transporte, seguro, pontual e barato que era o ferroviário, cuja estação de Perdizes esteva próximo a Firma dos Frey. Nem mesmo a pesquisa desenvolvida  por SILVA (2011) apontou esta questão e que de fato, era o modal ferroviário próximo a firma dos Frey e que ligava o local de produção diretamente com o mercado paulista, responsável pelo custo final do produto naquele mercado e, que não existia em Blumenau, Pomerode e Timbó (EFSC a ferrovia do Vale do Itajaí, era uma ferrovia isolada de outros troncais e não chegava até São Paulo). Não demorou muito e Fritz Lorenz vendeu seu frigorífero para os Frey.
Luiz Kellermann era funcionário de Fritz Lorenz em Perdizes - atual Videira.

Posto de vendas de produtos suínos de Frey e
Kellermann,  em Perdizes. Fonte SILVA, 2011.
Em 1938, após a partida e o encerramentos dos negócios dos Lorenz, os irmãos Renê e Arnoldo Frey formaram uma sociedade com Luiz Kellermann, funcionário do Frigorífico Fritz Lorenz, com intenção de aumentar o capital para investir na expansão dos negócios da família. A sociedade recebeu o nome de Sociedade Catarinense Casa da Banha Ltda
No  mesmo  período,  Renê, como acontecia no Vale do Itajaí, nos primeiros tempos de assentamento dos imigrantes, mencionou a necessidade em derrubar a floresta para criar roça e plantações e também, pasto para os animais.
Mata nativa da região - Araucária - matéria
prima das serrarias dos Frey.
Encontramos alguns
textos mencionando que foi esta a questão para a derrubada da mata. É mencionado também, que muito da madeira, apodrecia ou era queimada
Negativo. 
Foi com a madeira extraída destas terras, que os Frey quitaram a dívida com os seus antigos proprietários.  O próprio construtor da ferrovia, Percival Farquhar, e a Southern Brazil Lumber and Colonization Company, sua empresa de extração madeireira, que juntamente com os políticos brasileiros, explorava a extração de madeira e a enviava para os Estados Unidos da América. 
Renê adquiriu as terras das fazendas onde está o atual território de Fraiburgo, porque Perdizes não tinha mais madeira. 
As narrativas existiam para esconder o impacto ambiental. De acordo com SILVA (2011), uma delas foi apresentada, em entrevista,  pelo filho de Renê, Willy.

"― .... Imagine você se fosse receber com sua família uma terra, mata virgem, cheia de pinheiros. E você queria criar galinhas, porcos, querendo plantar milho, feijão. E era tudo  mato,  mato,  mata  virgem. Nesta  época  não  tinha  motosserras,  começaram  a derruba  a  base  da  foice  e  machados,  começaram  a  derrubar,  derrubar,  derrubar.  A terra  só  tinha  valor,  se  não  tivesse  mais  mata.  Os  imigrantes  usavam  um  pouco  da madeira  para  construir  suas  casas,  mas  90%  sobrava  e  era  queimado  ou  apodrecia, não tinha indústria de madeira‖ [Entrevista  realizada  no  dia  03  de  agosto  de  2016, com o Sr. Willy Frey]" SILVA, 2011.

Com isto, os irmãos Frey ampliam seus negócios, para o setor de extração de madeira, também. Montam inicialmente uma  serraria, a primeira. A madeira beneficiada na Serraria Frey era comercializada para a construção de casas e também usada para matéria prima de sua outra firma, que produzia caixas de madeira para o transporte de uvas, cultura que acendia entre as famílias italianas de Vitória - atual Videira. Tanto foi este o fim, que quando escasseou a madeira nesta região, a família Frey buscou outras áreas com floresta, como em Butiá Verde e "Campo da Dúvida".
Isso aconteceu, especificamente no feriado de 7 de setembro de 1937, quando Renê Frey levou sua esposa Maria para conhecer "Campo da Dúvida". Saem à cavalo às 4 horas da manhã e chegam a Marechal Hindemburg, atualmente Dez de Novembro, conforme registro efetuado no Caderno de Memórias, de Maria Frey. Lembrando que  "Campo da Dúvida" era a área existente entre as fazendas Butiá Verde e Liberata. Renê adquiriu as terras dos Bürger/Burguer/Ramos. O pagamento? 50% dos lucros da madeira tirada das terras.

"―Na  época a  moda  era  essa, ninguém precisava  comprar o pinheiro, ou uma  grande área de terra, cortava as meias, cada fim de mês dividia a produção. Assim foi feito o negócio e assim começou Fraiburgo, com um acordo que meu pai fez com a família Ramos. ‖ [Entrevista realizada no dia 03 de agosto de 2016, com o Sr. Willy Frey]". SILVA, 2011.

A  fazenda  Butiá  Verde,  de  propriedade  do  Sr.  Belizardo,  que  veio  a  falecer,  foi dividida  entre  os  filhos  e  genros.  Com  o  passar  do  tempo,  um  dos  genros  não  tendo  mais interesse nas terras oferece a René Frey, que efetivou o negócio, uma compra com pagamento no longo prazo. Não demorou muito para os demais irmãos e genros oferecerem suas partes a família Frey, que  em pouco tempo já  era dona de toda  a fazenda  Butiá Verde.  A  compra das partes da fazenda se deu a prazo, com juros de 1% ao mês e sete anos para ser quitada. René faz  um  excelente  negócio,  por  não  haver  correção  monetária,  que  somado  ao  quadro inflacionário, o valor a ser pago foi reduzido a preços irrisórios pela desvalorização da moeda. Com  o  tempo  a  família  Frey  adquiri  as  terras  que  pertenciam  aos  Ramos,  tornando-se proprietária de quase toda a localidade. SILVA, 2011

"―Uns  anos  depois,  um  genro  chega  e  fala: -O  Frey,  o  senhor  não  quer  comprar minhas  terras,  pode  pagar  a  prazo.  E  assim  foi  feito  o  negócio,  com  o  passar  do tempo veio um, veio outro, os filhos e no fim da história o meu pai recomprou toda a fazenda Butiá Verde, ficou dono de tudo. Mas houve um fator de sorte nisso aí tudo. Compravam  propriedades  a  prazo...,  com  juros  de  1%  ao  mês  e  tal,  mas  veio  a inflação  galopante  e  no  fim  quando  chegava  para  pagar  as  terras  era  baratíssimo, pois  a  inflação  comeu  tudo,  teve  muita  sorte  de  comprar  nessas  condições,  foi  um negócio da China. ‖ [Entrevista  realizada  no  dia  03  de  agosto  de  2016,  com  o  Sr. Willy Frey]." SILVA, 2011

Fonte SILVA (2011).
Em 1938, René  e Arnoldo, dão início a construção da serraria nas novas terras adquiridas e iniciam a derrubada da mata. Em 1939, para a facilidade do transporte de Perdizes até o local da serraria, a firma comprou dois caminhões Ford movidos a gasogênio.  Constroem casas temporárias para os trabalhadores e também a serrariaEm 1939 houve a inauguração da serraria em Butiá Verde.
Fonte: livro Fraiburgo Marco da História de ZIOLKOWSKI.
A fábrica de caixas de madeira dos Frey sofreu um incêndio, com perda total,  em 12 de agosto de 1941, abalando seus negócios. A família ficou com o Frigorífico de Perdizes e a serraria da fazenda Butiá Verde, que tinha como ponto negativo, a distância entre os dois locais e a dificuldade de acesso, transporte e logística. Os  Frey  decidem, então, comercializar sua parte na Sociedade Catarinense Casa da Banha, buscando capital e para se mudar para Butiá Verde. A firma Ponzoni, Brandalize & Cia adquire a fábrica e assim surge o embrião da futura firma da Perdigão S.A. 
Esta construção rudimentar  e vernacular lembra muito as casas temporárias construídas na Colônia Blumenau do século XIX e também, o embrião da casa enxaimel na Europa em pleno período neolítico, de acordo com nossas pesquisas sobre esta técnica construtiva, publicadas no livro "Fachwerk - A Técnica Construtiva Enxaimel", em 2019. Fonte: livro Fraiburgo Marco da História de ZIOLKOWSKI.
Moeda criada pelos irmãos Frey,
denominada Cachê.
Fonte: SILVA (2011).
As construções das casas temporárias  precisavam ser concluídas antes do  inverno, com temperatura considerada, uma das mais baixas de Santa Catarina. Com a serraria construída na região do futuro território de Fraiburgo e responsável pelo surgimento do embrião, do que seria a cidade, mais tarde, a partir da vila de trabalhadores da serraria com o nome de firma de Renê Frey & irmão. Neste tempo, foi criada a própria moeda, denominada "cachê".  Os irmãos Frey também possuíam uma venda onde era aceita esta moeda. O pagamento, portanto, aos funcionários da serraria era feita com a moeda própria e que só poderia ser trocada por mercadorias na venda da família. 
Assim surgia Fraiburgo a partir da família Freya, no controle das moradias, do trabalho (extração da madeira local) e do comércio.
Este princípio de "contrato de trabalho" foi o mesmo usado nas fazendas de café no Sudeste brasileiro e também, na extração de latex em Manaus, uma relação de dependência, através das instalações e relações de  trabalho
 Rio das Pedras, funcionários dos Frey levando máquina a vapor - locomóvel com caminhão Ford 1939 da firma. Fonte: Livro Fraiburgo Marco da História de ZIOLKOWSKI.
Foto acima - Caminho entre as atuais cidades de Videira (Perdizes) e Fraiburgo (Butiá Verde). Pela fotografia imagino se tratar do local se tratar do Rio das Pedras em comunidade homônima. Naquela época o passagem era feita pelo leito do rio. Para um caminhão como este, sobrecarregado, deve ter sido trabalho de extrema perícia dos partícipes. Um deslize no local e a caldeira poderia ser inutilizada. Piccoli Hentz Yuri

Não demorou muito para consolidar a pequena nucleação urbana em torno da serraria da família Frey. O primeiro nome desta povoação foi  Butiá  Verde e com o acúmulo dos lucros facilitado pelo sistema usado na relação firma/trabalhador, os Frey foram adquirindo o restante das terras da fazenda dos Ramos/Bürger/Burguer.
Em 1943, os Frey constroem uma barragem no Arroio Passo Novo, com a finalidade de fornecer água para a caldeira e locomóvel da serraria e para combater os frequentes incêndios, dando origem a um lago artificial - o atual Lago das Araucárias.
Butiá  Verde - propriedade dos Frey, atual Fraiburgo. Este seria o Centro Histórico da cidade, se fosse preservado sua história na paisagem.
Lago das Araucárias em 2022.





Os
irmãos Frey instalam um açougue, além do armazém geral/venda (que aceitava o moeda local) para atender os primeiros funcionários da firma. Os funcionários poderiam trocar seu pagamento por mercadorias, somente na venda dos Frey e no açougue, então criado. 
Construíram a primeira escola. O primeiro professor foi Antonio Karasiak. Também foi construído um espaço para reuniões e bailes. Em 1944 foi instalado um gerador de eletricidade, que fornecia energia elétrica para as residências dos funcionários. Não conseguimos informações, se esta era cobrada, ou não.
Em 1946, a firma Renê Frey & irmão adquire uma motosserra que auxilia a agiliza o trabalho de corte das árvores, que até então, era totalmente braçal. Também são adquiridos novos caminhões, com tecnologia atualizada, substituindo os antigos Ford 1939.
Os primeiros caminhões eram movidos a gasogênio. antes deles, a madeira era transportada por bois.


O motor à gasogênio, também chamado de gaseificador, é um equipamento onde se queima de forma controlada, lenha, carvão ou resíduos agrícolas, tais como bagaços de cana, cascas de frutos e sabugos de milho, e se obtém uma mistura gasosa que funciona como combustível. No caso dos caminhões dos Frey, queimavam madeira.

"―Com a  gasolina  racionada  no período da  Guerra, os caminhões  Ford tinham seus  motores  adaptados  para  funcionar  a  gasogênio.  Ao  queimar,  a  madeira seca  produzia  o  gás  que  alimentava  os  motores,  para  tração  do  veículo.  Os caminhões   possuíam   duas   caixas   acopladas,   para   formar   marcha   super-reduzida.‖Segundo Willy Frey (2005,73p)." SILVA, 2011.

A aquisição de terras, pela família Frey, na região onde está atualmente Fraiburgo, prossegue na década de 1950. Principalmente, terras com floresta de araucárias. Adquirem as terras de Frederico João Büger/Burguer. Alberto Wengrath constrói uma olaria e em 1951 é construída uma chaminé para a caldeira com os tijolos produzidos nesta olaria.

A chaminé em questão foi obra do famoso construtor Anselmo Maba. Que para tal trouxe argila de fora e fabricou os tijolos no local. Posteriormente o Sr Maba foi prefeito de Porto Amazonas PR.
Anselmo era reconhecidamente um dos maiores construtores de chaminés do Brasil. Mais do que um condutor de fumaças, uma obra de arte. Piccoli Hentz Yuri
Em sua pesquisa, SILVA (2011) afirma que  a família Frey teve papel importante na organização da produção extrativista da região, bem como, no ordenamento pertinente à produção, ao consumo e a circulação de mercadorias
Com  a  implantação  de  suas  duas primeiras  serrarias,  o embrião urbano de Fraiburgo surgiu e se desenvolveu. O processo tem em si, a ação de "atrair" mais  pessoas, construir infraestruturas e promover o desenvolvimento econômico. Porém, não aborda a degradação ambiental, iniciada às margens do Rio do Peixe, no território da atual Videira e que se propaga para a região de Fraiburgo, em um processo de expansão.
A nova povoação tinha característica privadas, e pertencia a uma família, aos Frey. Durante muito tempo, as casas  construídas  pela  firma  não  pertenciam aos  funcionários, mas à firma. É a primeira vez, durante nossa pesquisa, que constatamos o surgimento de uma cidade sob a responsabilidade de uma família.
Mesmo assim, com o desenvolvimento econômico e a chegada de outras famílias - migração interna oriunda do Rio Grande do Sul e com a autorização dos Frey, fazem surgir novos pequenos comércios, que não competem com os negócios da família e vem agregar vantagens ao local, como prestações de serviço, como: barbearia,  alfaiataria, atafona, ferraria, etc. 
Na década de 1960, com a extração indiscriminada da madeira, também nesta região, escasseou as araucárias. Como outras alternativas, os irmãos Frey investiram na produção de frutas. Em um primeiro momento, na produção de uvas, que já existia na colônia italiana de Videira e depois, com a produção de maçã. O clima local era ideal para esta cultura. A nucleação urbana já é conhecida como Fraiburgo - a Vila dos Frey (Freyburg). 




Preocupado com término do ciclo da madeira/extinção, o filho de Renê Frey, Willy Egon Frey, que residia na capital do Brasil, Rio de Janeiro, em uma de suas visitas a Fraiburgo, tentou convencer os agricultores  e proprietários  de  terras  sobre  as  vantagens  do  "reflorestamento"  em  relação  as  áreas  impróprias para a lavoura. Os  madeireiros  da  região  não punham fé neste manejo e solução, principalmente em se tratar de um investimento  à  longo  prazo Willy, seguindo sua intuição e conselho dado a alguns, monta seu próprio viveiro para produção de mudas e o primeiro no local de reflorestamento.  Foi escolhido uma espécie de Pinus, árvore exótica,  natural dos Estados Unidos, de regiões muito frias, e que aclimatadas para o clima de Fraiburgo. Desconheciam o dano que espécie causa à mata nativa e sua recuperação mediante o desmatamento, pois "enxuga" o solo não permitindo o desenvolvimento de outras espécies nativas no mesmo terreno.
A comunidade apoiou e decidiu que os irmãos Frey criariam a primeira floresta plantada na região - reflorestamento, mediante a desconfiança dos demais na eficácia da técnica. A família possuía grandes extensões de terras disponíveis, questão importante para o projeto.
Em 1956, os Frey montaram uma vinícola, para a produção de vinhos artesanais e inauguraram a Comercial Marly/Venda - homenagem às esposas Renê e Arnoldo (Maria  e  Lydia).
Comerciel Marly/Venda. Fonte: SILVA (2011).
Em  1958,  os  Frey,  ampliam seus  negócios, consequências de contatos com Mahler (francês)Evrard (argelino), especialistas  na produção de  fruticultura. Neste ano, os Irmãos Frey contavam com duas serrarias, fábrica de caixas, um moinho, cantina vinífera, fábrica de crina vegetal, fábrica de pasta mecânica, açougue com matadouro, olaria e granja de suínos.


Na  década  de  1960,  definitivamente a  escassez  da  madeira era uma realidade, que tinha reflexo nos negócios. A redução das vendas de caixas de madeira para a cervejaria Brahma, que passou a  usar caixas plásticas, foi definitivo para o quadro. Em 1962, os irmãos Frey, criam duas empresas: Vinícola Fraiburgo/S.A, denominada, Sociedade  Vinícola  Fraiburgo  Ltda  e  a  Safra. Desejavam, com isto,  comprar  e produzir   frutas,   principalmente   a   uva. Pretendiam investir da produção de frutas de clima temperado, no caso, uva  e  maçã.  Isso foi possível quando receberam a visita do  pesquisador  francês  Georges  Delbard, quando este visitava o Sul do Brasil, para pesquisar e perceber a viabilidade da implantação de projetos com a fruticultura. Renê  Frey  visitou  o  grupo  de  Evrard-Mahler,  na Argélia, que tinha  grande  experiência na  produção  de  uvas  e  vinhos. Nesta época, oFrey  já tinham  iniciado  a  produção  de  vinho,  mas não  de  vinhos  finos,  apenas  os artesanais.  Possuíam muitas terras para o cultivo, mas não tinham experiência. Com isto, firmaram uma sociedade, onde os Frey  investiram  mil  hectares  no  plantio  de  frutas  temperadas  e  uvas,  enquanto  os  Mahler-Evrard aplicaram capital financeiro no projeto. Houve uma expansão, fundando uma segunda empresa,  a  Sociedade  Agrícola  Fraiburgo,  conhecida  como  Safra.
Pomar experimental da Safra SA, criado por Roger Marie Gilbert Biau, em Fraiburgo (SC), 1963. Fonte: Jo Klanovicz.
 
Fraiburgo

Em
  1960,  a comunidade de Butiá  Verde  pertencia  a  Curitibanos. Um destes candidatos da política regional, quando pedia votos e apoio, ventilou para Renê Frey que se ganhasse as eleições, faria com que o distrito  se tornasse  município.  
Fonte: SILVA (2011).
Renê não esperou a eleição e  foi para  Florianópolis e conversou com alguns políticos que conhecia - da esfera estadual e agilizou o processo. 
Em  31  de  dezembro  de  1961,  Butiá  Verde  é declarada  município,  desmembrando  parte de seu território,  de  Videira  e  outra parte, de Curitibanos. Renê Frey foi o primeiro prefeito eleito ao lado de Darci Zonta como vice-prefeito, em dois mandatos (1963- 1967) (1967-1969) Antes de Renê, houve dois prefeitos nomeados: o prefeito Julio Boaventura Tozzo (29/12/1961 – 15/05/1962) e o prefeito  Alípio Otacílio Jung (15/05/1962 – 31/01/1963). Willy Egon Frey,  seu filho, que estava residindo no Rio de Janeiro, estava também em contato com o processo de construção da nova capital brasileira e também antenado com os projetos urbanos das cidades - assunto que estava em voga. Willy solicitou a um arquiteto urbanista, um projeto urbano para Butiá Verde (ao lado), que então tinha uma população de mil habitantes. Após  o  levantamento efetuado in loco com diretrizes e patologias foi elaborado um projeto com perspectiva para uma população de cinco mil habitantes, cinco vezes mais a população da época. Grande  parte  dos  bairros, ao longo da história de Fraiburgo  foram  criados  pela  família  Frey nesta  década  de  1960 a partir das instalações de estrutura urbana, mobiliários urbanos, paisagismo e parcelamentos de terras em loteamento urbano na área central urbana da atual Fraiburgo. 
Entre todos os bairros, há aqueles existentes que foram criados antes da chegada dos Frey na região, que é caso do bairro   Dez  de Novembro originário em  uma das colônias alemãs  da  região. Outros bairros que surgiram antes da chegada dos Frey, que foram o Liberata, o Campo da Dúvida  e  o  Taquaruçu - uma das regiões mais históricas de Fraiburgo.  Parte desses bairros pertenciam a Videira e Curitibanos. Onde atualmente está localizada a centralidade de Fraiburgo, era parte da grande propriedade da  família  Frey e onde esta instalou  a  maior  parte  de  seus negócios. 
 
Bairros de Fraiburgo na atualidade. Elaborado por Regis. G –GEOLAB-UDESC 2016. Fonte: SILVA, 2011.
Com a iniciativa de organizar urbanisticamente o território de Fraiburgo, Willy Egon Frey  tinha como objetivo  atrair  empreendedores e  novos  moradores  para  Butiá Verde e propaga em mídias estaduais e nacionais sobre as vantagens do local e sua organização politico, econômico e espacial. O resultado foi a aproximação de grupos, entre eles um grupo  de  franceses,  que residiam no Norte da  África,  onde  desenvolviam  a  fruticultura na região.  As famílias Mahler Evrard,  investem  em Fraiburgo, quando adquiriram uma área de mil hectares por 100.000 dólares americanos. Além disso, foi estabelecido uma  sociedade  entre os franceses e os Frey, onde, nessa, em acordo foi firmado 1/3 para os Mahler, 1/3 para os Evrard e 1/3 para os Frey. A presidência da sociedade ficou com os Frey. Também houve o negócio entre o Frey e o produtor de frutas, Jorge Del Mar, que  também adquiriu terras em Fraiburgo  para  desenvolver  a  fruticultura. Nesse empreendimento foi feito um grande viveiro experimental, responsável em impulsionar a produção de maçã no Brasil.
Livro de autoria de Willy Frey
ISBN: 85-250-1155-X
Em  1967Willy Egon Frey  se  muda  com  a  família, para a capital do Brasil,  Rio  de  Janeiro, onde funda  uma  empresa  de  reflorestamento,  chamada  Reflorestamento  Fraiburgo.  Com muitos contatos na cidade, propaga seu novo  negócio  no  Brasil, onde as regiões reflorestadas estavam em Fraiburgo.  Propagava as  vantagens  de  se  reflorestar,  sob a isenção tributário,  e  sobre  o  Pinus  que no  Brasil  desenvolvia  três  vezes  mais  rápido  que  nos Estados  Unidos, não explicando que era tremendamente danoso ao meio ambiente local, enquanto flora e, indiretamente, a fauna.  Com isto, atrai grandes investidores externos para seus negócios, e também, do estado de Santa Catarina, como as empresas WEG  e  TIGRE. 
Outras empresas também começam a investir no reflorestamento, como a Klabin e a Rigesa. Com isto, paralelamente a  fruticultura,  surgiu um  novo  ciclo  madeireiro  na  região,  através  da silvicultura de pinus e eucalipto. Em  Brasília, a partir de suas relações políticas, conseguiu ampliar a lei de incentivos fiscais, além do reflorestamento, também para as plantações  de  árvores  frutíferas o que impulsionou ainda mais o desenvolvimento do setor macieiro em Fraiburgo
Araucária - haviam florestas desta espécie - praticamente dizimada.
A mesma família, os Frey, que acabaram com as florestas nativas, principalmente a araucária, agora, reflorestava com incentivos do governo federal, não pagando impostos para isto e sim, aumentava ainda mais seus lucros e também Fraiburgo, a cidade da família Frey se desenvolvia com espaço destas movimentações financeiras.
A partir de Fraiburgo, a  produção de maçã encontra espaço para sua produção em outros locais com baixas temperaturas, como São Joaquim e Vacaria, sem que com isto, Fraiburgo, deixasse de ser o maior produtor de maçãs do país e ficou conhecido como "Terra da Maçã", slogan que permanece até o presente. 
Em  1969,  aproveitando  os  incentivos  fiscais,  a  empresa  dos  irmãos Frey, criam a Renar Agropastoril Ltda. Iniciam o cultivo das macieiras e nectarinas
Em 1971 foi fundado o sindicato dos trabalhadores rurais de Fraiburgo. Aproveitando  a extensão da lei do reflorestamento com árvores frutíferas que estava em grande crescimento. A  primeira  colheita  aconteceu em  1972,  com aproximadamente  100  toneladas de frutas. Na década de 1970 foram criados dois Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND), com objetivo de auxiliar  o  desenvolvimento  da  agroindústria.  De 1972 até 1979,  muitos  trabalhadores  migraram  para  Fraiburgo atrás de trabalho. 
Em 1973 foi fundada a Renar/Reflor Agropastoril S.A., A nova firma contava com 5.800 hectares de terra, em  Fraiburgo500  funcionários  que  residiam  em  200  casas  que pertenciam   a   empresa, seguindo a mesma política da empresa, dos pioneiros da família.  
Em 1975 houve uma divisão da sociedade dos irmãos Renê e Arnodo Frey. Arnoldo Frey iniciou a firma Pomifrai Fruticultura

A primeira casa de alvenaria de Fraiburgo
Residência de Arnoldo e Lydia Frey.
Como parte da arquitetura histórica, destacamos a primeira edificação de alvenaria construída em Fraiburgo, ambição de muitos que residiam em edificações construídas com madeira, atualmente tão rara e quase impossível em função do valor da madeira. Aliás, encontramos muito poucas tipologias de madeira na cidade, a qual foi - até a execução desta casa de alvenaria, a primeira, uma cidade de casas de madeira. Concluímos então, que há muito pouca história na paisagem da cidade de Fraiburgo. 
Esta primeira edificação  construída em alvenaria foi  feita por Arnoldo Ernest Otto Frey e sua esposa Lydia Frey. sua construção teve início  em 1948, e foi concluída dois anos depois, em 1950. Fraiburgo ainda era denominada Butiá Verde
Ciente do valor histórico e arquitetônico, com o passamento de Arnoldo Frey em 20 de julho de 1980, Lydia Frey tinha  preocupação em manter  o local e sua memória. Residiram na casa, mais de 30 anos e tinha consciência que o local era um ponto de referência para a história cultural da cidade que o marido, e a família ajudaram a desenvolver.
Comunicou aos filhos Egon e Erica que desejava destinar o local à comunidade de Fraiburgo que está localizada às margens do histórico Lago das Araucárias. O ato oficial de doação ao município aconteceu em 17 de outubro de 1988, quando Lydia, o filho Egon e a esposa Aldany, a filha Erica e o marido Rui, proprietários do imóvel na época, realizaram a doação ao município. A casa possui 295 metros quadrados e do terreno tem 35 mil metros quadrados. No ato da doação Lydia Lydia determinou que o espaço fosse utilizado para fins educacionais, culturais e de lazer. Lydia partiu menos de um mês depois deste ato de amor à cidade de Fraiburgo, em 5 de novembro de 1988. O óbito foi consequência de um infarto do miocárdio.
Em 1988 era inaugurada a Casa da Cultura Lydia Frey, que já abrigou a Secretaria Municipal da Educação e Cultura, a Biblioteca Pública Municipal e objetos pertencentes a família de Arnoldo e Lydia Frey. O local é um dos pontos focais de Fraiburgo e recebe muitos visitantes.
Encontramos a casa fechada e passa por algum tipo de revitalização. Soubemos que no seu interior há objetos e móveis da família. A arquitetura foi originalmente preservada, guardando os verdadeiros traços da década de 1940/50. Em um de seus  cômodos foi instalada uma espécie de secretaria, responsável pela preservação do patrimônio material, entre eles fotos e documentos acessível ao público. 

Divisão territorial

A região onde está o território da atual cidade de Fraiburgo consta em divisões territoriais de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937 no município de Curitibanos como distrito de Liberata. No período entre os anos de 1944-1948, o distrito de Liberata continua parte do território do município de Curitibanos, isso até ocorrer a divisão territorial de 1° de julho de 1960. Em 20 de dezembro de1961 o distrito é elevado à categoria de município com a denominação de Fraiburgo, pela lei estadual Nº 797. É desmembrado de Curitibanos e de Videira. A sede no antigo distrito de Liberata torna-se, portanto a atual cidade de Fraiburgo, constituído de 2 distritos: Fraiburgo e Dez de Novembro. Desmembrado de Videira e instalado em 31 de dezembro de 1961
Em divisão territorial de 31 de dezembro de 1963, o município de Fraiburgo ainda permanece, constituído de 2 distritos: Fraiburgo e Dez de Novembro, este último  extinto em 30 de junho de 1980 e seu território anexado ao distrito sede de Fraiburgo. Em divisão territorial de 18 de agosto de 1988, o município é constituído do distrito sede.
A bandeira de Fraiburgo foi criada pelos professores Rui Vital Batagelo e Francisco Costella, assessorados por Antônio Peixoto de Faria. As cores verde, branca e amarela, de acordo com seus criadores, representam a colheita, a paz e a riqueza. O brasão é o símbolo do Executivo Municipal.  Uma curiosidade – a cegonha ilustrada no brasão de Fraiburgo simboliza a terra natal dos Frey - a Alsácia. Naquela região, as cegonhas costumam fazer seus ninhos nas chaminés de telhados das casas, por isso são consideradas aves que trazem sorte.
O município de Fraiburgo foi criado em 20 de dezembro de 1961, através da Lei Municipal N.º 797, a partir do desmembramento de Curitibanos e foi instituído oficialmente em 31 de dezembro de 1961. 

As imagens de Fraiburgo em dezembro de 2022
Casa históricas de Madeira - poucas - de uma cidade que até 1950 todas suas casas eram de madeira.
Planta quadrada com varanda na lateral da casa. Telhado 4 águas - característica da casa brasileira/portuguesa. Abertura em madeira com janelas tipo guilhotina com veneziana.






Registro fotográficos histórico da casa
Casa também com planta quadrada, varando embutida no corpo principal da casa. Telhado 4 águas, com o detalhes da presença de um Dachgaube no pano de telhado frontal para criar fonte de luz natural no sótão. Janelas com venezianas. 
,


,











Residência Arnold e Lydia Frey e filhos. Doado para ser preservada ao município. Encontramos a mesma fechada para restauro.





Local do Centro Histórico da década de 1930 e 1940. Arquitetura Fake.

Residência de Renê Frey e Família










Remanescentes da mata nativa.



Araucárias.




Portão de acesso para casa que foi de Renê Frey.





Neste local havia um chiqueirão - local de criação de porcos para o Frigoríco dos irmãos Frey -  e nas proximidades, a venda.



Biblioteca - no local onde  mais ou menos - estava localizada a venda que recebia os pagamentos com dinheiro próprio dos Frey. Onde está a História que ainda não completou 100 anos?




Os padrinhos da praça são as famílias dos filhos de Maria Frey e de Renê Frey.
As cegonhas da Alsácia que trazem sorte.



Este monumento é recente e está construído junto à Praça Maria Frey, que era irmã de Lydia, esposa de Arnold, irmão de seu marido, Renê. O local está na base do morro, onde foi construída a casa de Renê Frey, cujo topo está recebendo loteamentos novos - vistos no Google Earth.

E as História que tem menos de 100 anos? Onde está?


Detalhes das margens do Histórico Lago das Araucárias




Lago das Araucárias - História na paisagem.




Hotel Renar visto das margens do Lago das Araucárias.




Residência de Arnoldo e Lydia Frey, localizada na margem do Lago das Araucárias, aparentemente uma das poucas edificações do patrimônio cultural e histórico da cidade de Fraiburgo, neste local que seria o Centro histórico da cidade. Felizmente Lydia teve a sensibilidade e o cuidado para que esta história permanecesse para as gerações futuras e com o aval de seus filho doou o patrimônio para que a cidade de  Fraiburgo use seus ambientes com cultura, educação e história. 
Lago das Araucárias - História na paisagem - aos fundos a residência que foi de Arnoldo e Lydia Frey.

Lago das Araucárias - História na paisagem.


Lago das Araucárias - História na paisagem.

Lago das Araucárias - História na paisagem.





Prefeitura de Fraiburgo - Onde está a arquitetura da antiga prefeitura?





Prefeitura Municipal de Fraiburgo.

Prefeitura 


Prefeitura Municipal de Fraiburgo.


















Vídeo

Referências

  • AURAS, M. Guerra do Contestado: a Organização da Irmandade Cabocla. Florianópolis. Ed. UFSC 2001
  • BURKE, Thomas Joseph. Fraiburgo do machado ao computador. Curitiba: Gráfica Vicentina, 1994. Gloria de Pioneiros (vale do Rio do Peixe) Gentila, Porto Lopes.
  • BRANDT, Marlon. A instalação da serraria René Frey & Irmão na localidade do Campo da Dúvida, atual município de Fraiburgo –SC (1937-1961).Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Geografia) –Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
  • BRANDT, Marlon. A criação da Sociedade Agrícola Fraiburgo (Safra) eo início da pomicultura em Fraiburgo –SC, na Década de 1960. Revista Discente Expressões Geográficas. Florianópolis-SC, n. 1, p. 27-41, jun. 2005.
  • IBGE - Fraiburgo Brasil SC. História e Fotos. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/fraiburgo/historico. Aceso: 27 de dezembro de 2022.
  • FILHO, A. A Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande na formação econômica regional em Santa Catarina. Geosul, Florianópolis, v. 24, n. 48, p 103-128, jul./dez. 2009.
  • KLANOVICZ, Jo Klanovicz. Georger Delbard e a Trajetória da Fruticultura de Clima Temperado no Sul do Brasil. Expedições - Teoria da História & Historiografia. Ano 7 – N. 2 – Agosto - Dezembro de 2016
  • LOPES, G. Glória de Pioneiros-Vale do Rio do Peixe-SC. 2°. Ed. Curitiba: Gráfica Vicentina,1989.
  • MARQUES, V J –Memórias de Fraiburgo, Curitiba: 2011.
  • MEIRELLES, Hely Lopes. Direito municipal brasileiro. Ed. São Paulo: Malheiros, 2017.
  • THOMÉ, Nilton. Os índios no espaço livre do Contestado. Caçador, 2005.
  • VALENTINI, Delmir. Atividades da Brasil Raiway Company no Sul do Brasil. Porto Alegre,2009.
  • SILVA, Marcelo da. A Geografia do Capital em Fraiburg SC: Da Araucária à Produção de Grãos. Centro  de Ciências     Humanas     e     da     Educação,  da Universidade  do  Estado  de  Santa  Catarina. Orientador: Prof. Dr. Fábio Napoleão. Florianópolis, 2017.
  • ZIOLKOWSKI, G.Fraiburgo marcos da história.Fraiburgo. 2011

Leitura Complementar - Para ler: Clicar sobre o título:


Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twiter)


Em breve – Estaremos lançando o livro: “Fragmentos Históricos - Colônia Blumenau”




















Nenhum comentário:

Postar um comentário