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Casarão construído por Giovanni Buzzi e o Brasão de Ascurra. |
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Lotes Coloniais definidos em 1874 pelos agrimensores da Colônia Blumenau - Local marcado da propriedade do colono Ermenegildo Poffo e da Igreja Matriz de Ascurra. |
O Brasão é um sistema de identificação visual, em princípio de caráter pessoal e hereditário, que utiliza símbolos segundo determinadas convenções, basicamente dispostos sobre uma superfície delimitada à feição dos escudos defensivos antigos. Compreende a criação, a descrição em termos adequados, a garantia, à posse exclusiva e ao uso desse tipo de insígnia. O estudo do Brasão, também chamado Armaria, integrava as funções de um servo dos senhores feudais antigos, encarregado também de organizar determinadas cerimônias e a genealogia das famílias nobres — o arauto, título do qual se deriva, pela sua forma alemã, "Herold", a denominação popular dessa Arte/Ciência — a Heráldica. Edison Mueller
"GELINDO TESTONI, Prefeito do Município de Ascurra, Estado de Santa Catarina.
Faço saber que, em consonância com a faculdade concedida na Constituição Federal de os Municípios terem símbolos próprios, a Câmara Municipal decretou e eu sanciono a seguinte Lei:
Artigo 1º - Ficam instituídas as Armas deste município que conforme modelo e descrição anexos, têm o seguinte: brasonamento:
"Escudo português; de blau uma torre de prata, aberta e iluminada de sable, em abismo, inclusa na voluta de um báculo episcopal de ouro, em pala, movente da ponta. Coroa mural de ouro forrada de goles, de quatro torres, cada uma com três ameias e sua porta também aberta de goles. Divisa: "ASCURRA" de prata em listel de blau".
Artigo 2° - É obrigatório o uso das Armas do Município nos papéis de expediente da Prefeitura e da Câmara Municipal em todas as publicações de caráter oficial; bem como em todos os próprios municipais e veículos motorizados pertencentes à Prefeitura.
§ único - Os atuais papéis de expediente da Prefeitura e da Câmara serão utilizados até' sua extinção.
Artigo 3° - Nas reproduções monocrômicas, as Armas ora instituídas deverão ter seus esmaltes (metais e cores) indicados segundo as respectivas convenções heráldicas universalmente adotadas.
Artigo 4° - É vedado o uso das Armas de Ascurra sem previa autorização do Prefeito Municipal, sob pena de multa a ser fixada. Os objetos contendo reprodução desse emblema feita em desacôrdo com os modelos legais serão apreendidos e incinerados pelo Poder Público Municipal competente.
Artigo 5° - É igualmente proibido que se apresente ou se trate com desrespeito o mesmo símbolo municipal, sobre o qual é vedado colocar inscrições impróprias.
Artigo 6° - E obrigatório o ensino do desenho das Armas do Município em todos os estabelecimentos públicos municipais ou particulares de ensino primário e secundário ou normal.
Artigo 7° - É o Poder Executivo autorizado a tomar todas as providências necessárias à reprodução e divulgação do precitado símbolo do Município de Ascurra.
Artigo 8° - Fica o Chefe do Executivo municipal autorizado a abrir crédito especial para cobertura das despesas oriundas desta Lei.
Artigo 9° - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrario.
Ascurra, 7 de dezembro de 1970 (a) Gelindo Testoni Prefeito Municipal.
Anexo da Lei nº. 130/70, de 7/12/1970, que institui as Armas de Ascurra, Estado de Santa Catarina.
Brasonamento - de Ascurra
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Desenho original feito por Edison Mueller - Brasão de Ascurra. |
Escudo Português - Também chamado entre outras designações ibérico (1) e boleado (2) com sua ponta formada por um semicírculo: caracteristicamente peninsular, de uso intenso na Idade Média e em Portugal mormente à época do descobrimento e da colonização do Brasil. Melhor indicado pelos especialistas "brasileiros" de origem portuguesa, para compor os brasões das cidades do Brasil. Na Heráldica brasileira, evoca a origem da cultura lusa, contando somente com a cultura do portuguesa para a formação, como elemento étnico predominante, o que não é verdade. além dos imigrantes de outras etnias, havia o povo que português escravizou, de descendência africana.
De Blau - Do alemão, reporta ao azul do céu, que simboliza todas as ideias que consideramos elevadas: constância, amor da pátria, devoção, fidelidade, nobreza e propósitos altos e sublimes.
Uma torre - Característica obra arquitetônica de fortificação, que tanto pode rematar os castelos ou em número se encontram a proteger-lhes os ângulos, como pode ser uma construção isolada, normalmente de forma cilíndrica, ameia alta, com porta e duas frestas. Lavrada, isto é, tem as juntas de alvenaria (ou arestas da pedraria que a compõe) marcadas geralmente de sable (negro), razão por que nenhuma referencia ao fato é necessária neste brasoamento. O número de ameias das torres são três.
De Prata - Simboliza a amizade, a equidade e a pureza de sentimentos, atributos condizentes com o espirito do povo de Ascurra.
Em abismo - Apesar de estar colocada no centro do brasão, a figura descrita tem dimensões menores do que a outra a acompanha.
Inclusa na voluta - Quer dizer, a torre se encontra dentro da extremidade superior, curvada em forma de espiral da peça a ser descrita a seguir.
Báculo Episcopal de ouro - Em Heráldica, o brasão é descrito sempre da posição de algum cavalheiro que acaso segurasse o escudo hipotética mente voltado para o observador. Seu lado esquerdo é o seu destro e o de seu lado direito, sinistra. O báculo simboliza a autoridade e a missão pastoral dos bispos e abades e admite duas posições, sobretudo exteriores ao escudo. Se for de ouro e tem a voluta curvada para a sinistra, é um báculo episcopal. Se for de prata e tem a volua curvada para a destra, é um báculo abacial. O báculo é, com o pálio, a mais antiga insígnia eclesiástica. O comentador do Cerimonial dos Bispos afirma que já no século IV, era considerado como a insígnia de jurisdição episcopal. Isidoro de Sevilha (560-636) menciona-o como um símbolo do poder governamental dos bispos, enquanto no 4° Sínodo de Toledo (em 633), o báculo foi citado como símbolo do bispo. É certo ainda que, depois do século VII, os abades também passaram a usa-lo.
Em Pala - Significa que a figura precitada está colocada no meio do escudo, em posição vertical.
No ventre da Porta - Quando a figura entra no escudo por um de seus lados, ângulos ou bordos, deixando sempre invisível uma parte de seu todo, como é o caso, que surge de sua parte inferior, diz-se movente.
Ornamentos externos do brasão - explicado por Edison Mueller
Coroa Mural de Ouro - é o emblema privativo e consagrado das municipalidades e de sua autonomia administrativa. De acordo com o uso heráldico, tanto a muralha como suas torres são lavradas isto é, têm as juntas de alvenaria marcadas perfeitamente de sable (negro).
Forrada de Goles - quando a superfície interior da coroa tem cor diferente da exterior e, no caso, é esmaltada de goles (vermelho). As coroas heráldicas, como assinalou com precisão o insigne mestre e pesquisador infatigável Émile Gevaert, deixam entrever, com raras exceções, seu forro vermelho.
De quatro torres - apresentadas de conformidade com a perspectiva, isto é, duas torres visíveis: uma no centro e meia de cada lado.
Cada uma com ameias e sua porta - de acordo com a usança generalizada na armaria.
Aberta de Goles - representa que as portas tem coloração diferente das respectivas torres, por isso se diz que estão abertas e com isso revelam o interior da coroa mural e seu forro - vermelho.
Divisa "Ascurra" - De prata, em listel de blau (azul), porque, como ensina o douto mestre Jouffroy d'Eschavannes, "as divisas devem ser sempre gravadas com letras de metal sobre listão de cor, tomados um e outro das cores do brasão".
- o báculo episcopal lembra a atividade pastoral do insigne taumaturgo escolhido como orago do Município e, ao mesmo tempo tempo, por sua posição envolvendo a torre, alude à proteção invocada por Ascurra a Santo Ambrósio, bispo e Doutor da Igreja.Está assim perfeitamente elucidado o emblema distintivo que, em sua singela composição, simboliza de modo eloquente o Município de Ascurra - e de acordo com a melhor tradição heráldica, porque a simplicidade das armas é o o principal elemento da sua maior distinção e da sua maior nobreza. Edison Mueller
Bandeira de Ascurra. |
Quem passa por Ascurra sempre encontra um grupo de canto - 2016.
Um Registro para a História!
Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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Referências
- FARIA, Antônio Machado de Faria. Vocabulário Heráldico in Armorial Lusitano; Editorial Enciclopédia Ltda., _ Lisboa. 1961; p. 600.
- LANGHANS, F. P. de Almeida. Heráldica - Ciência de Temas Vivos; ed. Gabinete de Heráldica Corporativa, Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, Lisboa, 1966;
- MATTOS, Armando de. Manual de Heráldica Portuguesa; Livraria Fernando Machado, Porto; 3ª edição, s/d (1961);.
- MUELLER, Edison. Armas de Ascurra. Blumenau em Cadernos. Tomo XII, Abril de 1971, Nº 4. Página 62.
- MUELLER, Edson. A Heráldica ontem e hoje. ÁGORA: Arquivologia Em Debate, 4(7), 25–27. Recuperado de https://agora.emnuvens.com.br/ra/article/view/63. 2011.
- Casa Degrazia (abrasileirado - Degracia) - Ascurra SC - Um Registro para a História
- Seminário de Ascurra - Atual Colégio Salesiano São Paulo - Um pouco de História...
- Imigração Italiana - Ascurra e um pouco de sua História - Fez parte da Colônia Blumenau
- Rodeio - Colônia Tirolesa no Brasil - Visita ao Ensaio de música do Circolo Trentino
- Rodeio - uma colônia italiana na Colônia Blumenau
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- Leopold Franz Hoeschl - 1° Cônsul Honorário do Império Austro-Húngaro na Colônia Blumenau
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