sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Padre José Maria Jacobs - Primeiro Pároco de Blumenau

Hoje apresentaremos a biografia de mais uma personalidade da História da Colônia Blumenau. Conheceremos um pouco da biografia do primeiro pároco da Igreja Católica Romana da colônia.
Antes, apresentamos o cenário espiritual, a religiosidade e a religião dos primeiros imigrantes que chegaram à colônia fundada por Hermann Blumenau, em 1850. 
Hermann Blumenau era luterano, como também, todos os imigrantes chegantes até 1854. Os primeiros imigrantes católicos, geralmente da parte Sul do território da Alemanha atual, chegaram a partir de 1854, em número inferior do números de luteranos.
Os primeiros católicos de Blumenau frequentavam uma capelinha existente em Belchior. Dez anos depois, construíram na sede da Colônia Blumenau - no mesmo local da atual Catedral, uma capelinha de ripas e cobertura de folhas de palmito. A capelinha foi inaugurada no dia 25 de janeiro de 1865, com uma missa solene celebrada pelo Padre vigário da freguesia de São Paulo Apóstolo de Gaspar - Padre Alberto Gattone.
Blumenau em 1869.
A Colônia Blumenau estava submetida à jurisdição espiritual de Gaspar, nesta época. Existiam alguns conflitos entre as duas comunidades. O Pároco de Gaspar atendia as duas igrejas e não estava sendo muito fácil. Muitos desentendimentos entre o pároco e as dua comunidades. Diante deste quadro, Hermann Blumenau  começou a planejar e direcionar suas ações para obter um padre  fixo e exclusivo em Blumenau. 
Transcrição da Correspondência
Colonia Blumenau 16 de maio de 1867.
Illmo e Exmo. Sr.

Consta-me que o padre da Freguezia S. Pedro Apóstolo Im. Gattone, também vigário desta colônia mudando para a colônia Itajahy haja de ser incumbido com o engajamento de outro padre em seu lugar. Venho por isto respeitosamente rogar a Va. Exca. Digne-se encarregar com esta comissão, de escolher outro padre para a dita Freguezia e para os catholicos desta colônia, o Im Dr. Hermann Blumenau, o que ainda demorando em Allemanha, me parece o mais apropriado para escolher hum sacerdote que tem bastante tolerância, prucencia e benignidade para poder administrar com feliz sucesso o seu emprego importante, em uma colônia onde tanto depende do bom entendimento entre catholicos e protestantes, que devem morar e viver uns perto dos outros e onde a intolerância do padre não deixa de tornar-se muito pernicioso e de grande inconveniência.

Deus guarde a Va. Exca.

Ilmo e Exmo.  Sr. Albuquerque Lacerda

Digmo Presidente da Provincia

Etc.        etc.         etc.

Diretor Interino

H. Wanderburg
Em 1869 foi contratado o Padre Guilherme Römer.  Este tivera licença de seu superior para permanecer no Brasil por somente três anos. Passando este tempo, a situação da Colônia Blumenau retornou como era antes, e novamente passou a fazer parte da jurisdição espiritual de Freguesia de São Apóstolo de  Gaspar. Neste tempo, o Padre Gattone já havia sido transferido  para a Colônia de Brusque. No seu lugar estava o Padre polonês Antônio Zielinski.
No ano de 1870, construíram uma nova igreja - a segunda igreja no lugar da igreja de sarrafos. Foi construída de tábuas de madeira e coberta com telhas de barro. Era maior que a primeira. Neste tempo, já acontecia a construção da terceira igreja. Seu projeto foi assinado pelo  arquiteto alemão Heirich Krohberger, e seguia o estilo neogótico. Construída em alvenaria, com janelas com arcos ogivais, planta retangular. Tinha muita semelhança com a igreja de Gramado - RS. Foi a administração da Colônia Blumenau que custeou sua construção. A população de católicos, nesta época, era de aproximadamente 853 pessoas.
Porto Fluvial da Colônia Blumenau.
Em 31 de julho de 1873, o Governo Provincial sancionou a Lei N°694, criando a Freguesia de Blumenau, sob a invocação de São Paulo Apóstolo. A nova igreja ainda não estava terminada. Hermann Blumenau tinha, há algum tempo, o desejo que isto acontecesse, para que também, esta tramitação auxiliasse na elevação da colônia à Município. Neste tempo, Blumenau já tinha seis capelas: Badenfurt; Testo Salto; Rio do Testo; Encano Baixo, Rio Morto e, a da sede. Com a retirada do Vigário de Gaspar, a colônia recebia visitas periódicas do Vigário de Joinville - Padre Carlos Bögershausen e do Jesuíta sediado em Nova Trento, Padre J. Maria Cybeo.
Para que a Freguesia pudesse ser legalmente instalada, teria que ser referendada pelo poder eclesiástico, este ocupado pelo Bispo Diocesano que ficava no Rio de Janeiro - Capital do Império. Esta ação só foi efetivada depois de três anos.
Rua XV de Novembro.
A população de católicos teve um aumento considerável em 1875, quando vieram grupos de imigrantes tiroleses, austríacos, poloneses e italianos. Surgiram inúmeras capelas em diversos núcleos urbanos que surgiram em vária partes da Colônia Blumenau. O trabalho dos religiosos aumentou muito, acelerando as ações para que Blumenau tivesse seu próprio pároco, o que já acontecia há algum tempo na igreja protestante. 

Biografia - Padre José Maria Jacobs

 O padre José Maria Jacobs
Por Gertrudes Hering Gross - Filha de Hermann Hering
Foi o primeiro vigário da paróquia de São Paulo Apóstolo de Blumenau.
Foi, também, o fundador do Colégio São Paulo, atual Santo Antônio e do respectivo internato. 
Sua batina negra assentava bem na sua alta figura; seu rosto denotava profunda seriedade.
Lembro-me dele ainda muito bem. Meus pais chegaram a conhecê-lo durante a enchente de 1880 e, desde então, vez por outra, fazia uma visita à nossa casa. O fato deu-se assim: Quando, em julho de 1880, o tio Bruno Hering e minha mãe, em companhia de cinco filhos (os dois mais velhos tinham vindo com papai, no ano anterior), chegaram a Blumenau, vindos da Alemanha, aqui chovia muito e, dentro em pouco, o Itajaí ultrapassava as suas margens. 
Papai não acreditava que houvesse uma grande enchente e procurava tranquilizar minha mãe. Até que uma manhã, a água estava em nosso quintal e continuava a subir. Só então, papai, com o auxílio de seu irmão Bruno, começou a transferir móveis e utensílios para o sótão. Mas o novo tear, que foi o começo do desenvolvimento da nossa indústria, não pôde mais ser desmontado. Teve que ser deixado aos azares da sorte. 
Enquanto as águas continuavam subindo sempre, mamãe, com as crianças (eu era levada ao colo) foi rua acima, ainda não tomada pelas águas, a procura de um asilo mais seguro. É fácil imaginar o desespero de mamãe, diante da maneira com que os céus haviam preparado a nossa recepção numa terra estranha. E foi, com voz quase desesperada, que exclamou para o vigário, de pé, ao alto da escada que levava ao adro da igreja: - Senhor padre, nós morreremos todos afogados! 
- Nem tanto, senhora Hering. Suba com as suas crianças. Na nossa igreja ainda há muito lugar! 
Ele nos acompanhou até ao alto. Já muitos moradores haviam procurado abrigo na igreja e o seu número ia aumentando de instante em instante. Como um pai, o padre Jacobs cuidava de todos. Ele mandou cozinhar um panelão de feijão preto e assar pão de milho. Ninguém precisou passar fome e as suas palavras de confiança contribuíram para levantar o ânimo de todos. Somente as noites, sobre os duros bancos e sobre o chão de pedras, deveriam ter sido medonhas, agravadas com a lembrança de como estariam correndo as coisas em casa. 
Apesar de tudo, não faltou o lado cômico. Assim numa noite em que eu, deitada num banco, sob o qual o dentista Hertel se acomodara, de tanto rolar-me, caí-lhe sobre a cabeça e ele, assustado, gritou: - Céus, agora é que as gotas engrossaram! Tais momentos de humor concorreram para desanuviar  o ambiente.  
Aqueles dias de desgraça, criaram laços de amizade entre os refugiados e o padre Jacobs.
Assim é que, ainda anos depois, ele visitava meus pais, entretendo-se, com estes, sobre literatura e a situação mundial, assuntos de sua preferência. Ele tomava-me, então, sabre os joelhos, ocasião em que eu lhe observava atentamente as suas feições. Seus traços deixaram-me impressão tão profunda que eu poderia, ainda hoje, pintar o seu rosto grande e amorenado, os seus olhos escuros e a sua boca pequena. E porque duas das minhas irmãs frequentassem a "Escola do padre Jacobs" os contatos tornaram-se mais respeitosos, sem perder a franqueza alegre. Nós, com as crianças maiores, ficamos conhecendo as salas de aula, quando eram representadas pequenas peças teatrais, em que as nossas manas tomavam parte. Também conhecemos o professor Pies e o professor Hermann e, igualmente, a madama Murphy, a caseira do padre Jacobs e, ao mesmo tempo, prefeita do internato. Ela morava em companhia da cega Regina, uma órfã, na antiga capela de madeira. Essa Regina, que apesar da sua cegueira, sabia bordar e costurar, tinha um ouvido muito afinado. E graças a ele, pôde, certa vez, evitar um roubo na igreja. Seu ouvido sentira o fraco ruído e, dado o alarma, o ladrão fugiu. 
Madama Murphy era viúva de um inglês que, à beira do mato, nas proximidades de Blumenau, foi atacado por um tigre, à noite, morrendo em consequência dos ferimentos recebidos. O rancho que ele, a mulher e o único filho habitavam, fora construído com muitas frestas e o tigre (certamente idoso, que dificilmente, encontrava presas no mato) meteu a pata pelas frestas, através das quais farejara a vítima, e apanhou o homem, que dormia sossegadamente e com tanta infelicidade que o mesmo veio a falecer pouco depois.
"Madama", como a viúva era conhecida pelos alunos e pelos maiores também, encontrou acolhida, com o filho, na casa paroquial, e passou a exercer os encargos que lhe foram atribuídos, sempre taciturna, em completa misantropia. Nunca a gente a viu sorrir. O susto que tomou, quando o marido foi apanhado, dormindo ao seu lado, ficou-lhe para sempre estampado no rosto.
Como, naquele tempo, o morro da igreja, com a escola, o internato e as demais construções, não estivesse ainda murado, podia-se ver a grande e severa figura da viúva, movimentando-se da igreja para a capela e desta para a casa paroquial, sempre daqui para ali.
pequena casa paroquial não ficava muito distante da rua, num jardim algo agreste. junto ao qual estava o apiário. Padre Jacobs era também apicultor. Certa vez, queixou-se ele de que os seus católicos eram cantores medíocres e como aproximava-se uma grande festividade religiosa, perguntou ele a meu pai se alguns dos membros do "Saengerchor" não poderiam também comparecer na sua igreja.
Papai foi ao encontro dos seus desejos e uma parte da Sociedade de Cantores (entre os quais ele mesmo e o tio Bruno) apresentou-se no domingo, na igreja, cantando, com os demais, no coro, os versos latinos do Te Deum e o "Ora pro nobis" que, uma semana mais tarde, foi repetido na sua igreja evangélica também, em louvor de Deus, como faziam frequentemente. Tais relações de cordialidade entre fiéis de crenças diferentes, não detiveram, entretanto, o padre Jacobs de, no domingo seguinte, trovejar, do púlpito, contra Lutero. Isso, entretanto; os protestantes não lhe levavam a mal, certos de que ele estava cumprindo o seu dever, sem faltar-lhes com a lealdade com que sempre os tratara.
Esqueci-me de mencionar, ainda, que o Padre Jacobs, pouco depois da enchente de 1880, encomendou ao meu irmão Paulo Hering, um trabalho importante: pintar a crucificação de Cristo para a igreja.
Paulo desincumbiu-se do encargo, tão a contento do padre Jacobs que, além de lhe pagar o preço convencionado, deu-lhe uma expressiva carta de recomendação para Roma, ao monsenhor de VaI, no Vaticano, a fim de que o portador pudesse prosseguir, nas igrejas dali, os seus estudos de arte religiosa, como pretendia.
O que meu irmão, como rapaz de 20 anos, passou em Roma, foi, mais tarde, registrado nas suas memórias.
Quando veio a lei, proibindo a realização de casamentos religiosos, antes do ato civil, o padre Jacobs a ela se opôs tenazmente. As advertências de nada valeram e a autoridade policial (de cujo nome não me lembro mais) viu-se obrigada a agir. O hoteleiro W. Gross, que era, então, suplente do delegado, foi encarregado de prender o  padre. Este, porém, escapara-se para Rodeio, homiziando-se entre os seus leais italianos.
Muito a contra gosto, Gross empreendeu a viagem até lá, acompanhado de policiais. Como se deu a prisão, eu não sei; W. Gross nada contou a respeito. Sei, apenas que, num dia, quando brincávamos diante de uma casa vizinha de W. Gross, vimos passar dois carros de mola e, num deles, estava sentado o padre Jacobs com os olhos parados. Não houve alvoroço popular, nem rostos curiosos. Dos olhos de mamãe, vi que as lágrimas corriam. Todos lamentavam o que acontecera.
O padre Jacobs agiu sempre lealmente pela sua religião. Embora, às vezes, violento, mostrou sempre força de caráter e pode ser tido como mártir.
Nós nunca o pudemos esquecer. Gertrud Hering Gross
Parte da família de Gertrud Hering Gross - a quem o Padre Jacobs acolheu, pouso e alimento, durante enchente de 1880.
história da fundação e do desenvolvimento do Colégio Santo Antônio/Bom Jesus Santo Antônio, mesmo nada lembrado atualmente e como já mencionava  Ministro de Aviação e de Obras Públicas do Brasil, Victor Konder, está diretamente ligada à de seu fundador, o padre José Maria Jacobs.
Para melhor compreensão, lembramos que Hermann Blumenau era luterano, como também, todos os imigrantes chegantes até 1854. Os primeiros imigrantes católicos, geralmente da parte Sul do território da Alemanha atual, chegaram a partir de 1854, em número inferior aos números de luteranos.
Os primeiros católicos de Blumenau frequentavam uma capelinha existente em Belchior. Dez anos depois, construíram na sede da Colônia Blumenau - no mesmo local da atual Catedral, uma capelinha de madeira e cobertura de folhas de palmito, inaugurada no dia 25 de janeiro de 1865, com uma missa solene celebrada pelo padre vigário da freguesia de São Paulo Apóstolo de Gaspar - padre Alberto Gattone.
padre José Maria Jacobs chegou a Blumenau em 1876. Passou a morar no terreno localizado aos fundos da Igreja. Foi um personagem ativo que contribuiu com a comunidade da Colônia Blumenau, mesmo estando, politicamente, do lado oposto. 
Residência do padre Jacobs - casa construída com a técnica enxaimel, desprovida de reboca-residência urbana sem os anexos de evolução da casa urbana na região. A casa é dotada  do característico jardim e muitas roseiras e gradil de madeira. Nesse local, também estavam suas caixas de abelha.




























padre José Maria Jacobs nasceu na cidade de Aachen - Renânia, na região da atual Alemanha, em 16 de maio de 1832. Seu pai foi Reinerio José Jacobs. Foi irmão, igualmente de dois padres. A placa colocada na igreja - diz ter nascido em Düren. Questão que ficará aberta à pesquisa.
Sua ordenação aconteceu em 31 de dezembro de 1854, com 22 anos de idade. Coincidentemente, no mesmo ano em que chegaram os primeiros católicos na Colônia Blumenau. 
Congregação dos Redentoristas é uma congregação religiosa católica fundada por Santo Afonso de Ligório, em Scala, perto de Amalfi, na Itália, com o objetivo de trabalhar entre os colonos abandonados em torno de Nápoles, em 1732.  Talvez isso o aproximou dos colonos da Colônia Blumenau, pois percebemos que tinha outras opções para sua vida.
Congregação Redentorista.
O primeiro trabalho como padre de Jacobs foi como um capelão em um castelo, na França. Nessa época foi professor dos filhos de Antoine d´Orleans - Duque de Montpellier (1824-1890), herdeiro do trono espanhol - na cidade de Paris - durante um período de 6 anos. Nesse tempo em que foi professor, conheceu as grandes e importantes cidades europeias, adquirindo cultura e domínio de idiomas. Falava fluentemente: o alemão, inglês, italiano, francês e depois, também, o português, como também escrevia com uma letra impecável, ao contrário de Hermann Blumenau, cuja letra era quase indecifrável. 
Padre Jacobs escrevia o português fluentemente.
Antes de vir para o Brasil, em 1860, com 28 anos mudou-se para os Estados Unidos como missionário em Baltimore, onde permaneceu por 16 anos. Tinha uma irmã sua que residia naquele país. Desejando ter mais liberdade para desbravar novos campos missionários, obteve a exclaustração, assumindo como padre secular. Isso significa que saiu da clausura religiosa.
Em fevereiro de 1876, o Papa Pio IX concedeu-lhe uma audiência, na qual lhe confiou a missão de ser o Pároco da Colônia Blumenau. Neste encontro, o padre Jacobs recebeu uma fotografia do Papa e escreveu no verso dela:
Papa Pio IX.

“Santíssimo padre, o sacerdote José Maria Jacobs, ao preparar a sua viagem para o Brasil, com o fim de evangelizar os pobres, pede, aos pés de Vossa Santidade, a Bênção Apostólica, para que, como bom pastor, possa congregar, com zelo incansável, as ovelhas errantes; e para que, com caridade paternal, possa apascentá-las e, com elas, um dia, chegar feliz aos prados celestes." 
 O Papa escreveu: “A 1º de fevereiro de 1876. Deus vos abençoe”.

Padre Jacobs sempre considerou sua missão em Blumenau, como se fosse uma ordem papal. Chegou ao Rio de Janeiro, com 44 anos, em meados de 1876. Foi recebido pela Família Imperial brasileira. Pediram-lhe que ficasse no Rio de Janeiro, mas respondeu-lhes: O Papa me enviou para a Colônia Blumenau”.
Antes de chegar à sua comunidade, parou em Joinville onde se encontrou com o padre Carlos Bögershausen, em cuja companhia, passou algumas semanas. O padre Bögerhausen o acompanhou e apresentou-o à comunidade de Blumenau - em 16 de setembro de 1876.
Neste tempo, Blumenau não possuía escola nas proximidades do Stadtplatz e padre Jacobs percebeu que também, muitas famílias de colonos que residiam afastados da centralidade, não possuíam nenhuma perspectiva de  que suas crianças frequentassem escolas, independentemente da religião que professassem.

Nas andanças pelo território de sua jurisdição, conheceu as condições primitivas em que viviam os católicos dispersos pelas vizinhas colônias e convenceu-se da necessidade de fundar uma escola central onde os filhos dessas famílias pudessem receber instrução religiosa preparatória à Primeira Comunhão durante o mínimo de um ano, usufruindo ao mesmo tempo de ensino primário (FRANCISCANOS NA EDUCAÇÃO. p. 1)

Quando chegou à Colônia Blumenau, residiam poucos católicos na sua sede. Ao todo, eram 61 católicos e 539 protestantes. A maioria dos imigrantes católicos foi distribuída no interior da colônia, de acordo com o padre Besen. O que muito dificultou a formação comunitária e religiosa. A situação mudou, quando chegaram os imigrantes tiroleses, italianos e poloneses entre 1875-1876.
Quando chegou, o padre José Maria Jacobs foi para o interior, onde se encontrava a maiorias dos fiéis de sua comunidade. 

"Seu raio de ação levou-o a fundar as comunidades católicas de Pomerode, Timbó, Indaial, Ascurra, Rodeio e Rio dos Cedros. Como bom pastor, tinha consciência de que as comunidades de imigrantes necessitavam vitalmente de uma casa da comunidade, caso contrário se fragmentariam em desavença." Padre Besen.

Construiu capelas no interior e nomeia pessoas de cada comunidade para orientar o culto dominical. Tinha uma agenda cheia que sintetizava mais ou menos estas atividades: cedo, confissões e celebração da Missa; em seguida, primeira pregação; após o meio-dia, catequese para as crianças; o resto do tempo passava no confessionário; à noite, prolongada pregação, isso em 1876. 
Em 16 de janeiro de 1877, quatro meses após a sua chegada em Blumenau e após sentir falta de Escola Paroquial, fundou-a na antiga capela de madeira de Blumenau quando fundou a “Colégio São Paulo”, futuro Colégio Santo Antônio, com objetivo em destinar a formação primária e religiosa aos filhos dos colonos católicos, em regime de internato. 
Matéria Especial do JSC - 100 anos do Colégio Santo Antônio.
O Colégio Santo Antônio nasceu duma preocupação pastoral. Seu fundador, padre José Maria Jacobs, ex-redentorista nascido na Renânia, (...), viera estabelecer-se na Colônia do Dr. Blumenau no dia 16 de setembro de 1876, engajado pelo Governo Imperial, como cura da igrejinha de São Paulo Apóstolo, capelania dependente da freguesia de São Pedro de Gaspar.  Frades de Pesquisa - Colégio Santo Antônio - 1984.

"Com o crédito pessoal e a qualidade do ensino, passou a receber subvenção estatal, às vezes suspensa por picuinhas e invejas locais que repercutiam na Capital. Promotor vocacional, viu três alunos serem ordenados padres no Rio de Janeiro em 19 de dezembro de 1881: Giacomo Vincenzi, Richard Drewitz e João Nicolau Alpen, os dois últimos ex-luteranos. Os três foram provisionados no Rio de Janeiro onde exercitaram fecundo ministério." Padre Besen

Enviou significativo número de jovens para o Rio ou para o Caraça, em Minas, dois centros de excelência pedagógica: retornando, tornaram-se importantes líderes na comunidade.
Além do seu trabalho espiritual, padre Jacobs se envolveu com várias frentes de trabalhos comunitários, desde pesquisas biológicas e palestras dentro do Kulturverein, a criação da casa São José (hotel, restaurante, salão de festas, a primeira rodoviária, entre outras funções), que desviou a centralidade do Stadtplatz da Colônia Blumenau para a rua XV de Novembro, com objetivo de bem acolher católicos das mais longínquas regiões da Colônia Blumenau, até a fundação de uma escola alemã primária, Colégio São Paulo (somente 4 meses após sua chegada).
Quando pôs em prática seu plano de fundar uma escola, em 16 de janeiro de 1877, funcionando na antiga capela de madeira em desuso desde a inauguração da igreja matriz em 24 de dezembro de 1876, ainda não era o pároco de Blumenau.  Foi somente quando foi instalada a paróquia de São Paulo Apóstolo, em 2 de junho de 1878, que ele se tornou o vigário.

"Pela Lei Provincial 694, de 31 de julho de 1873 foi criada a Freguesia São Paulo Apóstolo de Blumenau. Necessitava, porém, a instituição canônica, que veio em 8 de fevereiro de 1878, por Provisão de Dom Pedro Maria Lacerda, bispo do Rio de Janeiro. A paróquia foi instalada em 2 de junho de 1878 e, para alegria dos católicos, no mesmo ato o padre José Maria Jacobs foi nomeado seu primeiro pároco. O trabalho era sempre mais intenso e vasto." Padre Besen

Colégio São Paulo, fundado pelo padre Jacobs, que depois se tornou Colégio Santo Antônio, foi o primeiro estabelecimento de ensino avançado em Blumenau. Frequentavam-no assiduamente também alunos luteranos
A sala de aula do Colégio São Paulo e o professor padre Jacobs. Fonte: Brasil Imperial (Facebook - 16 de outubro de 2022).
No Colégio, o que não faltou foram inimigos para seu benfeitor e fundador. Encontramos um texto do frei Estanislau Schaette que aponta alguns nomes nesta história. Sua descrição inicia com o comerciante de Itajaí Asseburg, com quem trabalhou nomes da história local, como Salinger, Hoepcke, Weege, Teichmann, Hoeschl, entre outros. Também foram citados no relatório de frei Estanislau Schaette, os nomes de Bonifácio da Cunha (médico oriundo da Bahia, que se tornou político em Blumenau), Gustav Salinger, Hermann Baumgarten. Frei  Schaette descreve:

No ano de 1886 o Sr. Asseburg de Itajahy foi eleito deputado provincial com auxílio do padre Jacobs, este era um político muito influente e comandava um grande número de eleitores católicos e protestantes, por isso, pediu Asseburg, seu auxílio para as eleições, em retribuição prometeu conseguir do governo uma elevação da subvenção anual para o colégio. Era a primeira vez que o padre Jacobs, acamado, entrava numa negociata desse governo, prometendo seu apoio ao candidato que lho pedia de joelhos. O candidato foi eleito, e como ingratidão é a paga dos maus, o sr. Asseburgo frustou no ano seguinte toda subenção estadual. O padre Jacobs comentou" Foi castigo justo, por ter eu vendido a independência política minha e dos meus amigos" Frei Estanislau Schaette.

"Monarquista, teve dificuldades sérias com os republicanos, especialmente por causa da separação Igreja-Estado, de 1889. Nesse mesmo ano fundou o “Partido Católico”, ao qual aderiram 250 cidadãos. Respeitando a República, defendiam os direitos católicos na família e na organização social. Essa atividade trouxe-lhe muitos dissabores, críticas, perseguições (especialmente da atuante maçonaria e de imigrantes suecos), qualquer atitude sendo motivo de intriga. Em 1891-1892 foi três vezes levado aos tribunais, sendo o principal problema o matrimônio civil, introduzido pela República e que ele rejeitava. Não era tão simples a transição do regime de Padroado para o regime republicano, de cunho laicista." Padre Besen

Frei Estanislau Schaette comentou, em sua descrição sobre a fundação do colégio, sobre a resignação e determinação do padre Jacobs, para manter a casa de educação que tanto lhe custou. Teve inúmeros inimigos dentro da sociedade de Blumenau da época que não tiveram trégua com o padre. Inimigos como, como Gustav Salinger, o baiano Bonifácio da Cunha, Hermann Baumgarten e outros, como descreve em seu texto, abaixo.

 "Foi, pois por espírito de maldade e não por economia, que se retirou do Colégio São Paulo de Blumenau a insignificante subvenção de 1.200$000". No ano fiscal seguinte o padre Jacobs dirigiu à autoridade provincial um requerimento em que pedia restabelecimento da subvenção, conseguida, porém grande descontentamento se apoderou dos inimigos e invejosоs daqui, principalmente o Dr. Bonifácio da Cunha e o negociante Salinger, que ocupava o cargo de inspetor escolar local sob o título de Delegado Literário. Em fevereiro de 1889 o padre Jacobs escreveu a J. Ramos de Souza Junior, funcionário do governo: O Delegado literário, Gustav Salinger, alemão, judeu e protestante, inimigo fanático do Colégio, por ser católico e meu, por ser sacerdote, está furioso, como a maior parte dos protestantes, por causa de restauração da subvenção.
Depois da festa de São Paulo daquela ano, foi iniciado e levado a cabo uma violenta campanha contra o padre Jacobs e o seu colégio, os protestantes retiraram os seus filhos e o Delegado Literário negava-se a assinar e a remeter a confirmação mensal do número de alunos, 88 que ainda sobravam, para que o governo deixasse de pagar a subvenção. Em carta de 19 de fevereiro de 1889 ao sr. Elísio da Silva, Desterro, o padre Jacobs comunica essa recusa do Sr. Salinger e denuncia o Sr. Hermann Baumgarten como autor da perseguição contra si.
Veio a República de novo os políticos procuraram privar o vigário do auxílio governamental. Procuraram e acharam motivos. Num dia Santo católico apareceu às 9 horas e 45 minutos o inspetor escolar local para realizar um exame no colégio, o padre Jacobs encontrava-se na Igreja e não podia nem queria atender à intimação do referido senhor de comparecer na escola. O culto só terminou às 11 horas e 30 minutos. Entrementes o Sr. inspetor se retirara contrariado e ofendido. 
No dia 21 de abril, memória de Tiradentes, soube o padre Jacobs, soube o padre Jacobs só de noite às 9 horas que deveria ter sido observado o feriado, imediatamente seguiu para Desterro um ofício de acusação, e já no dia 28 de abril de 1890 o governo enviava ao padre Jacobs um ofício exigindo justificação, A resposta de 12 de maio de 1890 refuta as acusações de maneira concisa e Alara e conclui com a seguinte observação: Se me for retirada a subvenção do Estado, ver-me-ei forçado a demitir todos os meninos pobres e órfãos, que na maioria são brasileiros e nada pagam, nem pela alimentação e nem pelo ensino. Não serei neste caso eu o prejudicado, porque poderei guardar para mim os meus vencimentos, que até hoje tenho empregado totalmente na Escola. O Estado, porém terá um número maior de analfabetos." Frei Estanislau Schaette

Em um texto do professor Max Humpl, ele avaliza a proximidade entre Salinger e Asseburg.

"A esperança de estabelecer em São Paulo o seu futuro fracassou para ele pelo contato com um comerciante descuidado e sem escrúpulo, o que infelizmente se reconheceu muito tarde, e novamente ele tomou a decisão de retornar a Blumenau. Aqui, entretanto Gustav Salinger, que durante muito tempo desempenhou as funções de procurista no negócio de Wilhelm Asseburg havia se estabelecido no Stadtplatz de Blumenau e mantinha um significativo comércio de produtos importados de todos os tipos e produtos da Colônia  para exportação. Salinger tencionou abrir uma filial em Altona, onde o tráfego do e para o interior do distrito da colônia se desenvolvia cada vez mais, e escolheu Peter Christian Feddersen como gerente desse empreendimento." HUMPL,  Max - página 169.

Monarquista, padre Jacobs teve dificuldade com os republicanos. O que mais o incomodou, foi a separação da Igreja do Estado, em 1889. 
Em 1889 mesmo, fundou o Partido Católico, que tinha então 250 partidários.
A atividade política lhe trouxe muitos problemas, críticas, perseguições,  principalmente, por parte da maçonaria e de imigrantes suecos. Qualquer atitude sendo motivo de intriga. Em 1891-1892 foi três vezes levado aos tribunais O principal problema era o casamento civil introduzido pela República e que não aceitava. 
De acordo com o padre Besen, essa atividade lhe trouxe muitos contratempos. Nos anos de 1891-1892, foi três vezes levado aos tribunais. 
Residência dos Buzzi - Ascurra.
Em 9 de fevereiro de 1892, foi condenado à prisão e escondeu-se em Ascurra, na Residência dos Buzzi
Estivemos no local. Na época, foram lhe buscar com uma escolta de 100 soldados para prendê-lo. 
Na residência Buzzi - foi feito um esconderijo sob uma escada - um buraco, que era tampado com tijolos.
Para levar padre Jacobs de volta até Blumenau meu trisavô Giovanni Buzzi exigiu que seus filhos Ferdinando Buzzi, Tranquillo Buzzi e meu bisavô Giovanni Baptista Natal Buzzi, acompanhassem o religioso para garantir-lhe a integridade física. Mero Buzzi - 6 de fevereiro de 2024.

Muito a contra gosto, Gross empreendeu a viagem até lá, acompanhado de policiais. Como se deu a prisão, eu não sei; W. Gross nada contou a respeito. Sei, apenas que, num dia, quando brincávamos diante de uma casa vizinha de W. Gross, vimos passar dois carros de mola e, num deles, estava sentado o padre Jacobs com os olhos parados. Não houve alvoroço popular, nem rostos curiosos. Dos olhos de mamãe, vi que as lágrimas corriam. Todos lamentavam o que acontecera.
O padre Jacobs agiu sempre lealmente pela sua religião. Embora, às vezes, violento, mostrou sempre força de caráter e pode ser tido como mártir.
Nós nunca o pudemos esquecer. Gertrud Hering Gross

A pedido do grande número de pessoas, a prisão foi transformada em multa, e em seguida padre Jacobs foi inocentado e mediante a pressão, Hercílio Luz atendeu ao pedido. A mídia da época divulgou amplamente sobre a "contravenção" criando a manchete, mas o padre Jacob nunca cedeu e se humilhou: sabia o que fazia. Isso, de certa maneira irritava seus adversários. Em 2 de março de 1892, deste mesmo ano, livre, quando estava na igreja para celebrar a Missa de quarta feira de cinzas, não conseguiu terminar a cerimônia. Estava muito fraco e lhe saiu sangue pela boca.

"A imprensa estadual e nacional deu notícia da arbitrariedade cometida. Nunca cedeu, nunca se humilhou: sabia o que fazia, e o fazia com caráter.
Em 2 de março, libertado, estava na igreja matriz para celebrar a Quarta-feira de Cinzas. Não conseguiu terminar a Missa: extrema fraqueza o prostrou e sangue escorria pela boca." Padre Besen

Para o padre Jacobs isto foi um sinal que deveria preparar a sua saída e deixar a comunidade assistida. O padre Francisco Topp, que tinha bom contato com padres estrangeiros e atendia aos imigrantes, conseguiu a vinda da  Província de Santa Cruz da Saxônia para Santa Catarina. Padre Jacobs escreveu para o frei Amando Bahlmann, em Teresópolis, expondo-lhe a situação sobre a vinda dos franciscanos e recebeu resposta positiva. Em 13 de março de 1892, “Madama Murphy”, sua secretária, anunciou-lhe em seu dialeto: “Tua visita lá. Três gente. Não sei se homens ou mulheres”. Eram os três primeiros Franciscanos que chegavam a Blumenau: Amando Bahlmann, Zeno Wallbroehl e Lucínio Korte.

No 2º domingo da Quaresma, dia 13 de março de 1892, pouco depois das 9 horas, os três franciscanos – Frei Amando Bahlmann, Frei Zeno Walbroehl e Frei Lucínio Korte – fizeram parar as suas mulas, à porta da casa paroquial. A “madame” Murphy, idosa viúva de um irlandês dilacerado por um tigre a 9 de novembro de 1879, em sua choupana na Itoupava, passou a gerir a casa e cozinha do vigário, sendo seus dois filhos excelentes estudantes no ‘Colégio S. Paulo’; pois bem, a viúva nunca tinha visto frades franciscanos. Quando descobriu os primeiros à porta da canônica, foi pressurosa procurar o vigário, dizendo a volta alta: ‘Chegou visita de três pessoas; não sei se são homens ou mulheres’. O Pe. Jacobs adivinhou de que se tratava e recebeu os missionários com viva alegria. A 22 de maio, realizou-se a solene entrega dos cargos, ficando fr. Zeno vigário da paróquia e diretor do Colégio. Na festa do Corpo de Deus, a 16 de junho, quando a procissão do Santíssimo Sacramento começava a sair da Matriz, o vapor fluvial punha-se em movimento, levando a bordo o heroico vigário Pe. José Maria, esgotado e alquebrado, para o porto marítimo de Itajaí, para depois prosseguir para o Rio de Janeiro, onde faleceu. Estanislau Schaette

padre Francisco Topp, conseguira a vinda de franciscanos da Província de Santa Cruz da Saxônia para Santa Catarina. Padre  Jacobs escreveu a frei Amando Bahlmann, em Teresópolis, expondo-lhe a situação. Em 13 de março de 1892“Madame Murphy”, auxiliar na casa e no Colégio, anunciou-lhe em seu dialeto: os três primeiros Franciscanos para Blumenau: Amando Bahlmann, Zeno Wallbroehl e Lucínio Korte.

A despeito de toda a sorte de tropeços que encontrou, o padre Jacobs não conheceu desanimo; encorajavam-no o bom nome que o Colégio ia conquistando e o amparo da família imperial. Visitando, S. A. o Conde d'Eu, marido da princesa Izabel, em 1884, a 15 de Dezembro, Blumenau, pode pessoalmente constatar os grandes progressos do Colégio. Honrou S. A. o padre Jacobs, incluindo seu nome na Associação Protetora da Infância Desamparadas e oferecendo para Colégio um óbolo de 300$000.
(...)
Com a mudança do regime governamental (1889) o padre Jacobs viu surgirem novas dificuldades para manter sempre o mesmo plano o bom nome conquistado para o seu Colégio. Mais de uma vez teve que sustentar com o jacobinismo republicano, verdadeiros conflitos escolares, pois, conservador, muito afeiçoado ao regime deposto, não podia ver com bons olhos as inovações que iam sendo implantadas, brusca, arbitrariamente, na surpresa da repentina, inesperada transformação politica por que passou o País.
Em Abril de 1892, transferiu o padre Jacobs a paroquia e o Colégio aos padres Franciscanos, seguindo, como já se disse, cansado e doente para o Rio, onde faleceu. Designados pelo seu superior, frei Amando Bahlmann, hoje prelado de Santarém, no Pará, frei Licínio Korte assumiu as funções de vigário paroquial e frei Zeno Wał Ibröhl a direção do Colégio. Victor Konder

Padre Jacobs, visitou a todas as capelas da comunidade da Colônia, como despedida e deixava algumas palavras às pessoas. Em 16 de junho de 1892 embarcou no vapor que o levou para o Rio de Janeiro, de onde pretendia retornar para a Alemanha.
Contraiu a febre amarela no Hospital da Gamboa, onde trabalhou e atendia contaminados de febre amarela voluntariamente. Faleceu em 1º de agosto de 1892.

Em 1892, com autorização episcopal, transferiu a paroquia aos padres franciscanos da Província da Imaculada Conceição e seguiu para o Rio de Janeiro, onde enfermou gravemente de febre amarela, algum tempo depois de ter entrado para o serviço do Hospital da Gamboa. Faleceu nesse hospital, a 1º de agosto de 1892. Victor Konder 

Suas últimas palavras: “Blumenau! Blumenau!”. Foi sepultado no Rio de Janeiro. Os Franciscanos trouxeram seus restos mortais e estão sepultado sob esta placa de mármore branco (foto) na parede ao lado da porta central da Catedral São Paulo Apóstolo. Fato pouquíssimo divulgado.
Depois dos seus feitos históricos, ser perseguido politicamente, fundado o Colégio Santo Antônio, atual Colégio Bom Jesus Santo Antônio, responsável pela construção do templo católico, construído no estilo neogótico existente até a construção desde, entre outros feitos, o Padre José Maria Jacobs recebeu esta placa como homenagem e é onde está seus despejos mortais – na entrada da Catedral atual, com o seguinte teor: À memória do seu inolvidável primeiro Vigário Revmo. Padre José Maria Jacobs, cujos despojos mortais repousam sob esta lápide, a humilde e respeirosa homenagem da gratidão de todos os blumenauenses. *16 de maio de 1832 – (Düren – Alemanha) + 1° de Agosto de 1892 (Rio de Janeiro – Brasil)

"Tinha realizado a missão que lhe fora dada pelo Papa Pio IX. Uma breve existência de 60 anos, consumidos pelo povo que amou em 38 anos de ministério e, deles, 16 no Brasil, pátria onde foi sepultado." Pe. José Artulino Besen

No Brasil, No Vale do Itajaí e em Blumenau, onde iniciou uma obra que se perpetua no presente e quase não é reconhecido e lembrado.

Epílogo  
E1999, com a união dos colégios franciscanos, o colégio passou a fazer parte da Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, onde foi criado o Grupo Educacional Bom Jesus e está vinculado à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. O grupo está presente no Paraná, em Santa Catarina, em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, com mais de 35 unidade, sendo que o colégio fundado pelo padre José Maria Jacobs é uma das. Foi criado o Núcleo de Relações Empresariais e é implantado o Programa Acadêmico de Iniciação Científica.
Em 11 de maio 2026, o Grupo comemora os 130 anos de atuação do Colégio Bom Jesus – instituição e somente essa história voga. Nesse mesmo ano, o colégio fundado pelo Padre Jacob em Blumenau, comemorará 149 anos de existência. Foi ele, o padre Jacobs, que chamou os franciscanos para prosseguir sua obra. A História do Colégio São Paulo foi "diluída" nessa escala nacional. O trabalho do Bom Jesus iniciou no Paraná, em Curitiba e isso é que conta.
As marcas da empresa. De acordo com o grupo, "a imagem da marca do Grupo Educacional Bom Jesus possui um layout que resgata tons do verde e do branco, cores tradicionais vinculadas à caminhada franciscana na educação durante esses 120 anos de Bom Jesus". Além disso, integra as imagens da andorinha e da árvore, símbolos do amor e do cuidado de São Francisco de Assis pelo meio ambiente. E a história pretérita do espaço?

"Missão do Bom Jesus: Promover a formação do ser humano e a construção de sua cidadania de acordo com os princípios cristãos, sob a inspiração de Francisco de Assis, produzindo, sistematizando e socializando os saberes científico, tecnológico e filosófico." Site do colégio Grupo educacional Bom Jesus

Nesse universo, onde está a História do Padre José Maria Jacobs?
Portanto, a história foi planificada e durante a visita que fizemos às instalações do colégio, em fevereiro de 2018, locado no mesmo espaço onde esteve o trabalho do padre José Maria Jacobs, não encontramos a história e a essência daqueles pioneiros locais, o que nos motivou a registrar essa história para a História, quase seis anos após essa visita.
Atualmente, depois de se chamar Coleginho São Paulo, Colégio São Paulo, Colégio Santo Antônio, atualmente o colégio se chama Colégio Bom Jesus Santo Antônio, desprovido qualquer lembrança do padre professor que quis fornecer educação ao filho do colono que residia afastado da sede da colônia e não podia arcar com esse compromisso. 
Padre Jacobs acreditava que para ter uma sociedade melhor e justa era preciso formar os homens dessa sociedade através da educação.


Registro para a História.

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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Referências

  • BESEN, José Artulino. Padre José Maria Jacobs. Apóstolo de Blumenau. Disponível em: https://pebesen.wordpress.com/padres-da-igreja-catolica-em-santa-catarina/padre-jose-maria-jakobs/. Acesso em: 3 de fevereiro de 2024 - 5h55.
  • CENTENÁRIO de Blumenau. 1850 – 2 de Setembro – 1950. Blumenau: [s.n.], 1950. – 1v.(varias paginações).il. Edição Comissão de festejos.
  • COLÉGIO SANTO ANTÔNIO. 75° Aniversário da Fundação - Dados Históricos. Tipografia e Livraria Blumenauense. Blumenau, 1952.
  • DIEGOLI, Rogéria Rebello. Sob os olhos da Lei: As Regras da Nacionalização do Ensino no Colégio Santo Antônio  (Blumenau-SC). ANPUH – XXIII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Londrina, 2005. Disponível em: https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019- 01/1548206573_ff4fa7f99a8cb6e9a96d4d805cf66832.pdf. Acesso em: 30 de dezembro de 2023 - 22h03.
  • GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.): il., retrs.
  • FRADES DE PESQUISA - COLÉGIO FRANCISCANO SANTO ANTÔNIO. Colégio Franciscano Santo Antônio - Pequeno Resumo de sua História. Blumenau, 26 de julho de 1984.
  • FURLAN, Frei Oswaldo. Colégio Santo Antônio de Blumenau, 95 anos de educação. Blumenau em Cadernos. Tomo XIII. Dezembro de 1972 - N° 12. Páginas 228 - 238. Fundação Cultural de Blumenau. Blumenau, 1972.
  • GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José : Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.) : il., retrs.
  • HUMPL, Max. Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona: desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau; Méri Frotscher Kramer e Johannes Kramer (orgs.). – 1.ed. – Blumenau (SC) : Edifurb, 2015. – 226 p. : il.
  • KILIAN, Frederico. 1850 - 1950. Centenário de Blumenau. Préstito Histórico. Organização pela Comissão dos Festejos do 1° Centenário com a colaboração do 23° BI e Estabelecimentos de Ensino de Blumenau. 
  • KONDER. Marcos. A propósito do Primeiro Centenário da Colonização Alemã em Santa Catarina. Pronunciamento do Deputado Marcos Konder no Festival realizado no Teatro Municipal de Florianópolis, 16 de novembro de 1929.
  • KONDER, Victor. Geschichtlicher Ueberblick de Antoniuskollegs - Mitarbeit. História da Fundação e desenvolvimento do Collegio Santo Antônio.
  • KONDER,  Marcos. O Collegio Sto. Antonio (Reminiscencias) Conferencia lida por occasião do jubileu de ouro do Collegio Santo Antonio, de Blumenau, no dia 15 de Agosto de 1927. Typ Carl Wahle - Blumenau.30p.
  • MEMÓRIA DIGITAL: Colégio Santo Antônio - A história do educandário começou em 1877 por iniciativa do Padre José Maria Jacobs. Fundação Cultural de Blumenau / Arquivo Histórico José Ferreira da Silva / História Concreta – O Resgate do Patrimônio Cultural Edificado de Blumenau. Prefeitura de Blumenau. Secretaria Municipal de Planejamento Urbano. postada em 19/07/2018 15:23. Disponível em: https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/fundacao-cultural/fcblu/memaoria-digital-colaegio-santo-antaonio19. Acesso em 30 de dezembro de 2023 - 21h44.
  • RODRIGUES, Fabiano Batista. Memórias de Práticas Educativas no Colégio Santo Antônio (Blumenau-SC). Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestrando em Educação, apoio CAPES.
  • SANCEVERINO, Doris Therezinha; SILVA, Zaura Terezinha; GARCIA, Maria Terezinha. Colégio Santo Antônio. Disciplina: Orientação Educacional. Orientação: Irmã Justina. Faculdade de Filosofia e Letras do Vale do Itajaí - Itajaí SC, 1972.
  • SANTIAGO, Nelson Marcelo; PETRY, Sueli Maria Vanzuita; FERREIRA, Cristina. ACIB: 100 anos construindo Blumenau. Florianópolis: Expressão, 2001. 205 p, il.
  • SILVA, José Ferreira. História de Blumenau. -2.ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 p.
  • Suplemento JSC - Especial. O Secular Colégio. Colégio Santo Antônio pelo seu Século de Constante Cultura. Blumenau, 17 de janeiro de 1977.
  • VIDOR, Vilmar. Indústria e urbanização no nordeste de Santa Catarina. Blumenau: Ed. da FURB, 1995. 248p, il.

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2 comentários:

  1. É bom lembrar que depois de sua morte no Rio de Janeiro suas cinzas foram trazidas a Blumenau e repousam dentro do frontispício da Catedral São Paulo Apóstolo, na parte direita, que fica voltada para o Colégio Bom Jesus/Santo antônio que ele fundou.

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  2. Grata pela contribuição, Ricardo. Acrescentaremos no corpo do documento.
    Abraços.

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