Dr. Alfredo Höß e os hospitais Misericórdia da Vila Itoupava e Santa Isabel da centralidade de Blumenau. Trabalhou 7 anos no Hospital Misericórdia, edifício inaugurado em 1923 e que ainda está na paisagem da Vila Itoupava e 21 anos no Hospital Santa Isabel, cujo edifício foi inaugurado em 1916 e não está mais na paisagem. Só para lembrar que a centenária universidade onde Dr. Höß cursou medicina, Universidade de Viena, fundada em 12 de março de 1365, também ainda está na paisagem de Viena, Áustria.
Alfredo Höß foi um médico austríaco que chegou a Blumenau, com 29 anos, em 8 de dezembro de 1921. Recebeu o convite do farmacêutico Max Haufe residente na região, para dirigir o futuro Hospital Misericórdia que posteriormente ajudou a construir, no território que à época era parte da povoação de Massaranduba, então distrito de Blumenau e depois, por 21 anos foi Diretor do Hospital Santa Isabel.
Dr. Alfredo Höß em Vila Itoupava, Blumenau.
Ele nasceu na cidade austríaca de Meggenhofen, distrito de Grieskirchen, no estado de Alta Áustria, em 29 de abril de 1892, filho de August Höß e de Maria Höß.
Foi prisioneiro de guerra na Rússia e também esteve parte da equipe que prestava atendimento voluntário aos feridos de guerra, independentemente do lado que estivesse o ferido. Vamos conhecer esta história.
Ainda criança, Alfredo Höß iniciou seus estudos primários no ginásio episcopal "Colegium Petrinum Linz", no bairro de Linz, às margens do rio Danúbio, Uhrfahr.
Universidade Imperial de Viena, onde Höß cursou medicina.
Na sequência de seus estudos, Alfredo Höß, integrou o Ginásio Estadual de Wels, também na Áustria. Em 1911 ingressou no curso de medicina na Universidade Imperial de Viena, cujos estudos teve que interromper quando, com o início da 1ª Guerra Mundial em 28 de julho de 1914. contava com 22 anos de idade. Mesmo sem estar formado, foi convocado para o serviço militar no exército austríaco, atuando como oficial-médico no Regimento Imperial Tirolês. Era um garoto ainda se lembrarmos que nasceu em 1892. Quando a guerra terminou e chegou ao fim de seu estágio forçado, Alfredo tinha somente 26 anos. Com este regimento foi para a frente russa, sob o comando do General Auffenberg e dentro deste, esteve na primeira frente. Alfredo Höß, que não abandonou seu posto no hospital de campanha, e lá, foi feito prisioneiro dos russos e transferido para o interior da Sibéria.Logo que tomaram conhecimento que o prisioneiro era estudante de medicina, prestes a se formar, seus algozes libertaram-no para que pudesse prestar seus serviços junto aos feridos, quando foi designado para atender a estes no campo de prisioneiros.
Na 1ª Guerra Mundial, estava muito longe de seu Heimat, trabalhando em hospital de campanha de guerra em território russo, atendendo a feridos de guerra. Adquirindo aprendizado na área da cirurgia de maneira prática e dolorida. Ainda faltava um ano para concluir seu curso de medicina, feito após o término da guerra.
Se, já na faculdade, Alfredo Höß dera provas de perícia na arte operatória, mostrou-se, nos hospitais de sangue, um cirurgião hábil, abnegado, verdadeiramente compenetrado da sua responsabilidade. Trabalhava, muitas vezes, por vinte e quatro horas consecutivas, sempre alegre e sempre disposto a atender onde quer que fosse preciso a sua presença . Quando, dominado pelo cansaço, necessitava de algum repouso, deitava-se em qualquer canto do hospital, em que trabalhava, apenas os minutos necessários ao retemperamento momentâneo de suas forças. Não raro, teve que fazer longos percursos em trenós, sobre o gelo, atravessando lugares perigosos, habitados por feras, às quais, mais de uma vez, fora obrigado a atirar cães vivos para escapar, ele próprio, com vida. Nesse trabalho sobre-humano, numa demonstração magnífica de solidariedade para com o próximo, mesmo quando inimigo, e de arraigada afeição à missão que abraçara, o Dr. Alfredo Höß permaneceu, até 1918, quando, ao término da guerra, regressou à Viena, terminando o curso no ano seguinte. Clinicou em Viena e, posteriormente, entrou para a Clínica Universitária de Linz, também na Áustria. Revista Blumenau em Cadernos
Um dos muitos hospitais de campanha da 1ª Guerra Mundial, ambiente de trabalho voluntário de Alfredo Höß.
Na Sibéria, empenhou-se em favor dos prisioneiros, junto ao comando russo. Um tempo depois, foi designado para atender aos doentes no campo de prisioneiros. Em 1915 foi promovido, pelo Comando russo, ao posto de oficial-médico e transferido ao Ural do Norte, onde, no Hospital Central da cidade de Bogoslovskiy Zewod, trabalhou sob as ordens e orientação do Dr. Ivan Iwanowitsch. Este médico havia se aperfeiçoado e especializado, antes da guerra, em grandes clínicas da Europa, como por exemplo na França, em Paris e nos melhores centros cirúrgicos da Alemanha, adquirindo experiência em cirurgia, compartilhando-os, durante os seus trabalhos em equipe, durante a guerra, com Alfredo Höß, quando percebeu seu grande interesse no aprendizado prático da cirurgia e em ajudar no quadro no qual estavam inseridos.
Se há um contemporâneo que mereça a estima, o respeito, a consideração dos habitantes do Vale do Itajaí, esse é o Dr. Alfredo Hoess que, durante muitos anos, foi diretor do Hospital Santa Isabel, de Blumenau.
Dotado de extraordinária. capacidade profissional, alia aos seus predicados de médico competente, uma bondade e uma dedicação à toda prova e que lhe conquistaram verdadeira veneração de quantos já necessitaram de seus cuidados.
Nasceu na Alemanha, em 22 de abril de 1890. Terminados os estudos primários, ingressou na Faculdade de Medicina de Viena, tendo sido obrigado a interromper os estudos em 1914, a fim de seguir para a frente de batalha, como oficial. Mal chegado ao front, foi aprisionado pelos russos e levado para o Ural. Sabendo-o estudante de medicina, prestes a colar grau, os inimigos libertaram-no para que pudesse prestar serviços profissionais junto aos feridos. Se, já na faculdade, Alfredo Hoess dera provas de perícia na arte operatória, mostrou-se, nos hospitais de sangue, um cirurgião hábil, abnegado, verdadeiramente compenetrado da sua responsabilidade. Trabalhava, muitas vezes, por vinte e quatro horas consecutivas, sempre alegre e sempre disposto a atender onde quer que fosse precisa a sua presença. Quando, dominado pelo cansaço, necessitava de algum repouso, deitava-se em qualquer canto do hospital, em que trabalhava, apenas os minutos necessários ao retemperamento momentâneo de suas forças.
Não raro, teve que fazer longos percursos em trenós, sobre o gelo, atravessando lugares perigosos, habitados por feras, às quais, mais de uma vez, fora obrigado a atirar cães vivos para escapar, ele próprio, com vida.
Nesse trabalho sobre-humano, numa demonstração magnífica de solidariedade para com o próximo, mesmo quando inimigo, e de arraigada afeição à missão que abraçara, o Dr. Hoess permaneceu, até 1918, quando, ao término da guerra, regressou à Viena, terminando o curso no ano seguinte. Clinicou em Viena e, posteriormente, entrou para a Clínica Universitária de Linz, também na Áustria. Salomão Mattos
Em palavras com a partícula "oe, como no caso no nome de família de Alfredo, "Hoeß" pode ser substituído por "ö". A letra "ß" do "Höß", no alemão substitui "SS". Isto explica que o nome "Hoess", em alemão é escrito como "Höß", como escreveremos neste artigo.
Quando terminou a 1ª Guerra Mundial, em 11 de novembro de 1918, Höß retorna para o curso em Viena e no ano seguinte, enfim, colou grau em medicina, na Universidade de Viena. Especializou-se em cirurgia e um de seus professores foi V. Eiselberg, considerado por ele, um de seus melhores professores e no qual se espelhou. Iniciou sua carreira pós formatura como médico-assistente no Hospital de Linz, na Áustria. Permaneceu em Linz até receber o convite do farmacêutico Max Haufe residente na região da atual Vila Itoupava, em 1921, para dirigir um novo hospital que se encontrava ainda em projeto. Quando aceitou a proposta, despertou reações de seus colegas de profissão, na Áustria, que consideraram sua partida, uma perda imensurável para o hospital onde trabalhavam. Isso não impediu a mudança do médico austríaco para Blumenau, Brasil, ainda em 1921. Contava com 29 anos e muita experiência profissional.
Em solo brasileiro tomou providências para regularizar sua situação profissional perante as autoridades sanitárias brasileiras e revalidou o seu diploma para então, iniciar seus trabalhos no então distrito de Blumenau, Massaranduba, que na época também ocupava o território da atual Vila Itoupava. O terreno, no qual foi construído, faz parte do atual território de Vila Itoupava, como também, o local onde fixou sua residência, na época Itoupava Rega (conhecida como Itoupava-Rega Baixa), que é, o atual distrito de Blumenau, Vila Itoupava.
Enquanto o novo hospital não ficava pronto, o primeiro consultório foi montado em uma estrebaria reformada, cujo ambiente, também foi usado para pequenas cirurgias. A localização atual é onde fica o pavilhão 1 da Haco Etiquetas. A sua primeira cirurgia foi feita em Emil Kobs, um caso de hérnia e foi amplamente propagado quase de maneira festiva. Kobs faleceu somente em 1984 e teve uma vida longa e saudável. O trabalho do Dr. Höß não parou mais na região.
Entregou-se plenamente ao atendimento das famílias residentes na área rural dessa região de Blumenau.
[...], fazendo muitas vezes estafantes viagens, cavalgando de dia ou de noite, às mais afastadas "tifas", em atendimento aos doentes impossibilitados a vir à sua clínica particular, improvisada em sua residência. Blumenau em Cadernos TomoII, maio de 1959, nº5
No primeiro momento de contato com a comunidade, Dr. Höß percebeu a prioridade da construção do hospital e coordenou os trabalhos, com o apoio de muitas pessoas dessa comunidade, como: Max Haufe, Max Wulf,Henrique Feldmann, Emílio Manke, Ervin Manzke, Frederico Kilian e outros. Para gerir o projeto, foi fundada a Sociedade Beneficência Misericórdia de Massaranduba. Construíram o hospital em um terreno adquirido pela sociedade fundada.
Pouco mais de um ano após sua chegada à região (8 de dezembro de 1921), em 22 de maio de 1923, foi lançada a pedra fundamental do Hospital Misericórdia sob a coordenação do mestre-de-obras Hugo Loth.
Lembramos que na época a região tinha laços com a povoação de Massaranduba e era conhecida como Itoupava Rega Central. A direção e a administração do ficou sob os encargos do Dr. Höß, que de acordo com inúmeros depoimentos encontrados e textos locais, o médico o fez com maestria e se entregou ao seu trabalho de corpo e alma.
[...]Dr. Hoess dedicou-se com entusiasmo e amor ao engrandecimento deste nosocômio entregue à sua competência profissional e administrativa, em prol dos doentes da localidade e dos arredores, que nele encontraram mais do que um médico, um pai e amigo. Blumenau em Cadernos TomoII, maio de 1959, nº5
Dr. Alfredo Höß em seu Dodge Standard Series DA Six Phaeton - 1929, dirigindo na Vila Itoupava. Fonte: Vila.Tur.
Hospital Santa Isabel - Blumenau
Irmã Superiora do Hospital Santa Isabel na década de 1930.
Por 10 anos Dr. Höß trabalhou no "Hospital Misericórdia de Massaranduba" e as informações de seu bom trabalho prestado à comunidade local ficou conhecida em toda a região e também fora dela.
Em 1930, o Hospital Santa Isabel da centralidade de Blumenau contratou o Dr. Alfredo Höß. Contam que a Irmã Aluisianis, Superiora do Santa Isabel foi até a Vila Itoupava convidá-lo para trabalhar no Hospital católico do centro de Blumenau.
A comunidade de Vila Itoupava preparou um jantar de despedida do aplicado e competente médico para cerca de 250 pessoas, oriundas de todo o distrito de Massaranduba, de Itoupava Rega, Itoupava Alta e Central, Luiz Alves, Testo-Rega, Braço do Serafim e outras localidades, que se consultavam com o Dr. Höß. O cargo de médico do Hospital Misericórdia foi ocupado pelo médico alemão Dr. Hans Mueller.
Não demorou muito, Dr. Alfredo Höß assumiu a direção do Hospital Santa Isabel, atuando primeiramente sozinho, com o auxílio das irmãs, mas não demorou muito s recebeu assistência do Dr. Paulo Pedro Mayerle (de família de Joinville ).
10 anos antes de se aposentar. Seu nome está correto. Foi "abrasileirado" para "Alfredo".
Por um grande período, Dr Mayerle foi o médico-assistente do Dr. Alfredo Höß, nas intervenções cirúrgicas.
Dr. Alfredo Höß trabalhou em torno de 21 anos no Hospital Santa Isabel, até se aposentar em 1951com somente 59 anos de idade. Isso despertou nossa curiosidade e ficará em aberto até descobrirmos o motivo, pois Dr. Alfredo Höß foi um médico experiente e com um currículo, muito bom.
Em 7 de novembro de 1959, pela Lei N°. 911, a Câmara Municipal de Blumenau lhe concedeu o título de "Cidadão Blumenauense".
Hospital Misericórdia - Vila Itoupava - Blumenau
O Hospital Misericórdia, foi construído na forma de mutirão de famílias da comunidade capitaneadas pelo Dr. Alfredo Höß e foi inaugurado em 22 de fevereiro de 1923. foi construído com técnica construtiva enxaimel, talvez a última tipologia com dimensões monumentais, construídos em Blumenau e que ainda se encontram na paisagem.
A ala histórica e mais antiga, construída em original enxaimel a partir de uma composição simétrica com jogo de talhados e varanda fechada com característicos guarda-corpos em madeira trabalhada - estão usados na parte dos "fundos" do complexo como parte de serviços - outrora localizado paralelamente à rua principal Henrique Conrad, onde as pessoas tinham acesso, a pé por essa rua. Atualmente não mais. O acesso é feito pela rua Max Haufe - com automóvel - onde está a ala principal construída com alvenaria decorada com aparência de "enxaimel".
Localização do Hospital Misericórdia.
A antiga nucleação urbana que deu origem à Vila Itoupava, no início do século XX, distava aproximadamente 30 quilômetros da centralidade de Blumenau. Nessa época, o distrito possuía em torno de 1000 residentes e era o centro das divisas entre as nucleações de Jaraguá do Sul, Pomerode, Massaranduba, Luiz Alves e Gaspar. Considerando-se que os caminhos eram outros. Devido às grandes distância, os líderes locais dessas comunidades se reuniam para construir um hospital que atendesse a todos e ficava mais perto da cada uma das nucleações - um hospital regional.
Hospital equidistante das principais nucleações urbanas da época.
Em 1921, com a presença do Dr. Alfredo Höß na comunidade e com seu auxiliar Max Haufe, viabilizarama instalação e o funcionamento do primeiro consultório, como mencionado, em uma estrebaria reformada e adequada ao uso. As obras do hospital foram concluídas em fevereiro de 1923, administrada pela fundação da Sociedade Beneficência Misericórdia.
Para angariar fundos, foram emitidos Títulos de Contribuição. Ainda em 1923, foi eleita a primeira diretoria, formada por: Presidente: Max Wulf; Secretário: Max Haufe e Tesoureiro: Carl Bauer.
A primeira sede do Hospital Misericórdia foi construída com a técnica enxaimel - estrutura de madeira e se encontra anexada ao atual complexo hospitalar. O uso atual do nobre edifício enxaimel está destinado a serviços, como copa e cozinha e localiza aos "fundos" do atual layout hospitalar. Desperdício de uma originalidade e história locais, raros no território de Blumenau e região. Poderia estar sendo usado como hall e a recepção do Hospital Misericórdia, esses ambientes localizados na nova edificação construída em alvenaria, com faxadismo conhecido como enxaimelóide - Cenário.
Hospital Misericórdia - inaugurado em 1923.
Arquitetura do Hospital Misericórdia - Ala antiga - Enxaimel
Tipologia urbana com a presença do Dachgaube, fachada voltada para a rua principal da povoação com a presença da varanda embutida no corpo do edifício.
Presença do alpendre sobre a porta lateral, elemento da edificação enxaimel urbana.
Estrutura enxaimel monumental cm a presença de aberturas em madeira dotadas de bandeiras com duas folhas de abrir, como eram feitas as tipologias residenciais, em escala menor.
Varanda originalmente localizada na parte frontal do hospital, fechada com guarda corpos de madeira trabalhada, originais. Atualmente está localizada na parte dos "fundos" do complexo hospitalar. Poderia ser mais bem aproveitada.
Subutilizado. A parte mais nobre da edificação histórica é um "depósito".
Janelas com características das janelas das construções feitas pelo imigrante na virada do século XIX para o século XX - tipo duas folhas, envidraças com almofadas. Estado de conservação satisfatório
Aberturas semelhantes àquelas usadas nas tipologias residenciais om a presença da bandeira envidraçada com duas folhas de abrir.
Detalhes construtivos característicos úteis para a montagem da estrutura no local em que serão construídos - os Abbundzeichen. Toda a estrutura é confeccionada em um galpão por profissionais de carpintaria, que marcam seus caibros, para facilitar a remontagem no sítio. Isso também permite sua realocação, com base em uma nova desmontagem e remontagem no mesmo sítio ou em outro. Por isso, para sua manutenção, muitas vezes se faz necessário a desmontagem da estrutura de uma edificação histórica construída com a técnica enxaimel. O Hospital Misericórdia, edificação de grandes proporções localizada na Vila Itoupava apresenta seu fechamento feito com o tijolos queimados - do tipo usado na arquitetura Backsteinexpressionismus- norte da Alemanha.
Detalhes.
A guilda dos carpinteiros não usaria material manuseado por outra guilda – do ferreiro e criou seus próprios pregos – de madeira ou Holznägeln.
Detalhes da fachada lateral esquerda.
Antigos enxertos na estrutura original.
Atualmente o acesso principal do Hospital Misericórdia da Vila Itoupava funciona em uma ala recente, construída em alvenaria colorida, cujo resultado é um cenário pseudo enxaimel, com vigas de alvenaria pintadas de preto. Percebemos que esse uso deveria ser naturalmente feito no edifício histórico - enxaimel, com toda a sua originalidade e com o acesso resgatado para o pedestre oriundo da rua Henrique Conrad - rua principal da Vila Itoupava.
O edifício Histórico está voltado para a principal rua da Vila Itoupava, no entanto é usado como fundos do Hospital Misericórdia, pois são consideradas somente as pessoas que chegam de automóvel. Está subutilizado.
Acesso principal ao Hospital Misericórdia está localizado em um anexo construído posteriormente, em alvenaria, com "maquiagem " de enxaimel, estrutura pintada sobre as paredes revestidas com tijoletas cerâmicas.
A título de curiosidade, uma irmã de Dr. Alfredo Höß, Maria Höß (1896 - 1960), casada Hoffmann, também veio para o Brasil, incentivada pelo médico. Maria conheceu e se casou com o farmacêutico João Bruno Ricardo Hoffmann, que residia no Rio dos Bugres, atual Alfredo Wagner, antes de abrir sua farmácia na Vila Itoupava. Através de seu documento de óbito, conhecemos os nomes dos pais de Dr. Alfredo Höß: August e Maria Höß.
Também de acordo com uma família amiga dos Höß, os Goldackers, o Dr. Alfredo Höß foi casado com Elisabeth Höß. Não tiveram filhos. A casa da família de sua esposa foi bombardeada pelos russos. Ela conseguiu fugir e se tornou enfermeira quando se conheceram. Foi o segundo casamento de Alfredo. Em Blumenau, residiam na Alameda Rio Branco. Quando Dr. Alfredo Höß faleceu em 1965, Elisabeth voltou para Alemanha. Voltava para Blumenau, para visitar os amigos que deixou na cidade.
No Brasil, bem recente...
Aconteceu na sessão especial, do Senado do dia 22 de fevereiro de 1923, uma homenagem alusiva ao centenário do Hospital Misericórdia de Blumenau, o chamado “Hospital da Vila Itoupava”, construído por iniciativa dos moradores da das comunidades da região liderados por Dr. Alfredo Höß.
Em 29 de maio de 2023, o Hospital Misericórdia foi lembrado em ato no Senado do Brasil no qual foi citado como fundador da instituição o Dr. Alfredo Höß.
ESF Alfredo Hoess (Höß) - Vila Itoupava.
O médico austríaco, Dr. Alfred Höß(Assim era seu nome correto), que fez história na Áustria, na Rússia, na Vila Itoupava e na centralidade de Blumenau faleceu em Blumenau, no dia 4 de outubro de 1965.
Há uma praça na Vila Itoupava que leva o seu nome (embora o Google não a encontre) e também há uma Unidade de Saúde, localizada na base do elevado em que se encontra o Hospital Misericórdia.
Em 14 de novembro de 1963 foi fundada a Casa São José, na residência que pertenceu ao Dr. Alfredo Höß e que atualmente pertence aos franciscanos.
Um registro para a História.
Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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Referências
Arquivo Blumenau. HOESS, Dr. Alfred. Disponível em: https://arquivodeblumenau.com.br/wp-content/uploads/2017/03/7h.pdf. Acesso em 16 de junho de 2025, 8h34.
- Dr. Alfredo Hoess. Blumenau em Cadernos TOMO XIX - Nº 8, agosto de 1978. Páginas 220-222.
- Figuras do Presente - Dr. Alfredo Hoess. Blumenau em Cadernos TOMO II - Nº 5, maio de 1959. Páginas 92-93.
Redação - O Município Blumenau. Hospital de Blumenau receberá homenagem no Senado por completar 100 anos. 09/03/2023 13:22. Disponível em: https://omunicipioblumenau.com.br/hospital-de-blumenau-recebera-homenagem-no-senado-por-completar-100-anos/ . Acesso em 16 de junho de 2025, 20h45.
SILVA, Jotaan. Referência em transplantes, Hospital Santa Isabel completa 110 anos; veja como era primeira estrutura. Jornal O Município Blumenau. Disponível em: https://omunicipioblumenau.com.br/referencia-em-transplantes-hospital-santa-isabel-completa-110-anos-veja-como-era-primeira-estrutura/ . Acesso em: 17 de junho de 2025, 5h30.
Vila.tur. Dr. Alfredo Hoess. Disponível em: https://www.vila.tur.br/alfredo-hoess. Acesso em: 15 de junho de 2025.
Osterlamm (cordeiro de páscoa) do Padre Josef Apferlbeck para ser abençoado na missa e a igreja St. Georg do bairro de Passau, Hals, bem onde o rio Ilz, faz um tipo de pescoço, origem do nome do bairro. A missa foi oficiada pelo padre na igreja de do bairro.
A páscoa é uma tradição comemorada desde muito tempo, cuja origem aconteceu em solo europeu quando os limites não eram os do tempo atual e também o sentido era outro, ligado aos elementos naturais e berço, do que entendemos atualmente como religião. Suas práticas continuam, seja religioso ou como tradição, no território da Alemanha, de onde originou a tradição praticada em Santa Catarina. Escrevemos um artigo exclusivo para o tema e recomendamos para melhor entendimento desta tradição que movimenta as famílias na Alemanha e também no Brasil que é a Páscoa.
Missa de Páscoa oficiada pelo padre Apfelbeck n St. Georg.
Nesta turnê 2025 na Alemanha, estávamos no dia 20 de abril, a data da páscoa em 2025, no Sul da Alemanha na companhia dos amigos padre Josef Apfelbeck e a família Mirwald (em Hengersberg), e participamos, realmente, das tradições que envolve este evento naquela região, que ocupou mais de um dia de nossa estada.
No dia 20 de janeiro, Domingo de Páscoa, assistimos a missa de páscoa oficiada pelo padre Apfelbeck na igreja de St. Georg de Hals, que é um bairro de da cidade de Passau. Depois fomos almoçar na residência dos Milwald, almoço da gastronomia da região bávara e para preparado pela Frau Mirwald. Ela, além de fazer o almoço com muito capricho e zelo, seguiu a tradição também usando o traje da região, o Dirdl, feito por ela mesmo.
Bairro de Passau onde estava a igreja, na qual o padre Apfelbeck oficiou a missa de páscoa.
O pescoço formado pelo rio Ilz, onde está a igreja St. Georg, onde assistimos a missa de páscoa oficiada pelo padre Josef Apfelbeck.
Entorno da igreja St. Georg.
Vamos compartilhar estes momentos, a título de entendimento, que muito além do comércio que inspira esta data, em torno do mundo, há a tradição respeitada e praticada dentro das famílias, ainda.
Antes, vamos relembrar um pouco sobre a Origem da Páscoa. A Páscoa na Alemanha se chama Ostern e tem relação com uma deusa da mitologia germânica, a origem.
A religião e a vida das primeiras vilas no território da Alemanha, cuja origem são do Alto Neolítico, período no qual surgiu o embrião da casa enxaimel, giravam em torno das estações do ano e dos ciclos naturais.
Deusa da Primavera - Ostara e os coelhos.
As antigas festividades, geralmente aconteciam durante o equinócio de primavera - no hemisfério norte. As festividades à deusa Ostara, aconteciam no primeiro dia da primavera. Para este povo, o equinócio da primavera tem muita importância, porque marca o retorno do sol – energia máxima da vida e com ligação direta a manutenção da vida, através da colheita do alimento. Até os dias atuais, as pessoas que residem nesta região apreciam e orientam suas atividades de lazer observando esta época do ano. muitos colocam suas mesas de refeição diretamente sob o sol e apreciam muito isso, também origem dos Stammtisch, quando uma mesa se junta a outra, dos vizinhos por exemplo. Acreditavam ser o período do despertar da Terra, com sentimentos de equilíbrio e renovação. Na região, naturalmente, coelhos e lebres se multiplicavam e se multiplicam na primavera – início da estação, na qual surgiram as festividades da Páscoa ou à deusa Ostara, no Hemisfério Norte. Conta-se, através de relatos, que os padrinhos das crianças teriam inventado uma caçada ao coelho, na qual as crianças encontravam os ovos coloridos escondidos nos parques e jardins. O pesquisador de Bonn - Alois Döring diz que um dos símbolos mais conhecidos desta época do ano - o coelho dos ovos - foi uma invenção protestante. De acordo com o pesquisador, tem a ver com as diferenças entre católicos e protestantes, no período. "Crianças católicas sabiam que na Páscoa poderiam voltar a comer ovos, que durante a Quaresma eram proibidos. Mas como explicar às crianças protestantes (luteranos) por que, de repente, havia tantos ovos na Páscoa?", explica Herr Döring. Ele diz ainda, que foi por isso que os protestantes
criaram as histórias do coelho que distribuía, de casa em casa, os ovos acumulados durante o período. “... o coelho era um símbolo da fertilidade – o que, aliás, não explicava como o animal, na condição de mamífero, tinha tantos ovos.”
O pesquisador, prossegue dizendo que contra os ovos em si, os protestantes não tinham nada. Os ovos para todos, sempre foram tidos como símbolo de vida nova e, assim sendo, da ressurreição de Jesus Cristo. Ele afirma que a tradição de pintar, decorar e presentear os ovos já existia há muito tempo, como já constatamos anteriormente. Antes mesmo de existir os ovos de chocolate enrolados em papel colorido, existia a tradição de colorir ovos de galinha cozidos, que na Alemanha, ainda existe atualmente e também não é coisa do passado e antepassados, como muitos "vendem" no Brasil. Em muitas regiões da Alemanha, não se pode faltar ovos coloridos no café da manhã do sábado ou no domingo de Páscoa, muito bem decorada e degustado em um café da manhã formal, com presença de toda a família - o Ostern Frühstückstisch. Em Blumenau e região (Antiga Colônia Blumenau), fundada e destino de muitos imigrantes daquele país, em tempo que ainda nem existia, quando perguntamos, aos mais antigos, sobre ovos de páscoa cozidos coloridos, confirmam a sua presença em suas páscoas de infância. Presenteavam se entre si, com ovos de galinha cozidos coloridos e decorados. Interessante, que alguns somente lembram, mas não conhecem a origem da tradição e erroneamente contam que sua família eram“pobres" e não tinham dinheiro para comprar ovos de chocolate. Errado! Na Alemanha atual há industrias para vender ovos cozidos coloridos para o café da manhã de páscoa, das famílias.
A região, onde há mais tempo, ocorre a prática da tradição da lenda dos ovos trazidos pelo coelho da Páscoa é, aquela que abrange, atualmente, o sul da Alemanha, e recebemos o nosso ovo cozido e colorido para tomar café da manhã no término da missa de Hals.
Segundo pesquisadores, os registros mais antigos sobre o fato, são do ano de 1678. O pesquisador Heidelberg G. F. Von Franckenau, afirma que a ideia do coelho que trás ovos de páscoa tenha surgido há mais de 300 anos, na Alsácia (França), no Palatinado e no Alto Reno (Alemanha).
Na mitologia grega, o coelho representava a fertilidade.
Ficou conhecido como "Coelho da Páscoa" no norte da Alemanha, somente, há cerca de cem anos. Mitologicamente, o coelho é o animal sagrado atribuído tanto à Afrodite, a deusa do Amor - na mitologia romana, como também, é a deusa Ostara - na mitologia germânica.
Vivenciamos isto tudo nos dias 20 e 21 de abril. Aqui neste espaço, compartilhamos as atividades do dia 20, que terminou em Munique, capital da Baviera e que será apresentado contato nos próximos 3 artigos.
Em 20 de abril acordamos cedo para ir, na companhia do padre Josef Apfelbeck, para Hals, mais especificamente para a igreja St. Georg, onde ele oficiaria a Missa de Páscoa da comunidade. Ele preparou uma cesta onde continha o seu Osterlamm - um bolo, tipo pão doce, na forma de cordeiro de páscoa, que se juntaria a outros de famílias da comunidade e que foram abençoados durante a missa.
Cesta do Osterlamm do padre Apfelbeck.
Cesta de uma família da comunidade sendo levada para o local onde seria abençoada. Quase sempre, as pessoas confeccionam seu Osterlamm.
A benção dos Osterlamm, durante a missa de domingo de páscoa.
No final da missa, após a entrega de ovos cozindos coloridos pelas crianças, encontramos um conterrâneo do local que estava na companhia de uma jornalista correspondente mexicana que falavam português e espanhol, muito simpáticos.
Gemischter Salat - entrada.
Após o término e trocas e abraços, nós em companhia do padre Apfelbeck fomos para Hengersberg, onde participamos do almoço de páscoa proporcionado pela família Mirwald. Frau Mirwald, Maria para os amigos, preparou pratos tradicionais da data. Ela serviu um Kassler im Blätterteig (Osterbraten), assado em massa folhada, com Sauerkraut, chucrute Kartoffelgratin (batatas gratinadas), Kartoffelbrei, purê de bastadas e a entrada foi Gemischter Salat, salada mista, com um arranjo lindo de um florzinha comestível, que no dia anterior nós havíamos dito a Frau Mirwald que gostávamos muito desta flor do campo. Sensibilidade
Depois de muita conversar e boas companhia e comida, seguimos para Munique, onde encontramos os Beinhofer na Hofbräuhaus, depois de efetuar alguns registros importantes da capital da Baviera.
Maria Mirwald servindo, devidamente traja, o almoço da páscoa. Na mesa Kassler im Blätterteig (Osterbraten), assado em massa folhada, com Sauerkraut, chucrute Kartoffelgratin (batatas gratinadas) e Kartoffelbrei, purê de bastadas.
Kassler im Blätterteig (Osterbraten), assado em massa folhada, com Sauerkraut, chucrute Kartoffelgratin (batatas gratinadas) e Kartoffelbrei, purê de bastadas.
As imagens comunicam...
Vídeo
Fotografias
Indo para o bairro de Passau, Hals, onde está a igreja de St. Georg.
Padre Josef Apfelbeck oficiou a missa de Páscoa.
Igreja St. Georg.
Das famílias, para receber a benção do padre Josef.
Nesse momento o padre Josef Apfelbeck partiu um Osterlamm e dividiu com a comunidade.
Recebendo ovo cozido colorido de um menina. todos que estiveram na missa receberam seu ovo de páscoa. E é ovo cozido colorido e não significa que as pessoas não tenham dinheiro para comprar ovos de chocolate, como ouvimos de pessoas na cidade de Blumenau. Pessoas que desconhecem a verdadeira tradição.
A menininha nos dois ovos coloridos.
Residência dos Mirwald
Arranjo de páscoa.
Fotografia do padre Josef Apfelbeck, com os Mirwald. Georg Mirwald nos acompanhou até Munique.
Rumo a Munique...
Um registro para a História.
Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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